Patadas y Gambetas

Grêmio vai precisar repetir Santos de Pelé para ganhar a Libertadores
Comentários 6

Tales Torraga

O 1 a 0 em Porto Alegre foi magro demais para o Grêmio, que deve sofrer na Argentina para segurar o Lanús e conquistar sua terceira Libertadores.

A partida da próxima quarta (29) na Fortaleza de Lanús será a 13ª vez que um time argentino decide a Copa em casa. Das 12, ganharam dez e perderam só duas.

Acosta e Kannemann – Olé/Reprodução

E essas duas derrotas estão em um passado dos mais distantes: em 1963 e 1979. E trazem o importante detalhe de ocorrer apenas depois de quedas argentinas no jogo de ida, exatamente o que ocorre agora com o Lanús.

Apenas um time brasileiro conquistou a Libertadores batendo um argentino na decisão jogada no país vizinho: o Santos de Pelé, que superou o Boca na Bombonera em 1963. A partida de ida daquela final terminou 3 a 2 – um gol de diferença no Maracanã, um gol de diferença depois desta quarta em Porto Alegre.

O Lanús promete um clima de guerra dos maiores – desta maneira, virou placares ainda mais amplos nas quartas de final, contra San Lorenzo (2 a 0), e na histórica semifinal com o River Plate, quando chegou a estar 3 a 0 atrás no placar agregado.

As finais de Libertadores decididas na Argentina e as conquistas do país:

TÍTULOS (10)
1964 – Independiente, em cima do Nacional-URU (0x0 e 1×0)
1969 – Estudiantes, em cima do Nacional-URU (1×0 e 2×0)
1972 – Independiente, em cima do Universitário-PER (0x0 e 2×1)
1978 – Boca Juniors, em cima do Deportivo-COL (0x0 e 4×0)
1984 – Indepediente, em cima do Grêmio (1×0 e 0x0)
1986 – River Plate, em cima do América-COL (2×1 e 1×0)
1996 – River Plate, em cima do América-COL (0x1 e 2×0)
2001 – Boca Juniors, em cima do Cruz Azul-MEX (1×0, 0x1 e pênaltis)
2014 – San Lorenzo, em cima do Nacional-PAR (1×1 e 1×0)
2015 – River Plate, em cima do Tigres-MEX (0x0 e 3×0)

VICES (2)
1963 – Boca Juniors, para o Santos (2×3 e 1×2)
1979 – Boca Juniors, para o Olimpia (0x2 e 0x0)


Lanús esbanja confiança e se vê com chance de vencer o Grêmio
Comentários 11

Tales Torraga

''É agora.''

A frase positiva é quase um mantra na concentração do Lanús em Porto Alegre, onde o clube grená abre a decisão mais importante da sua história.

Treino do Lanús em Porto Alegre – Olé/Reprodução

Os atletas estão serenos e muy positivos. Muitos jogadores jamais sonharam estar neste púlpito geralmente destinado a River, Boca e Estudiantes. Mas os times pequenos argentinos já comprovaram que também sabem – e como! – erguer a Copa. Estão aí o Vélez (1994) e o Argentinos Juniors (1985) para demonstrar.

O estado de ânimo nessas horas é de expectativa e ambição. Zero conformismo. Tanto é assim que o presidente do Lanús, Nicolás Russo, encontra um jornalista e logo dispara o placar desta noite em Porto Alegre: '' 2 a 1, com gols de Sand'', rindo.

O ''É agora!'' não é a única frase de impacto a dominar o QG grená. A outra é mais argentina que nunca: ''Do vice, ninguém se lembra''. O coquetel de emoções transforma jogadores experientes em líderes de verdade. Sand, Román Martínez e Velázquez sabem: não devem voltar a uma final de Libertadores.

Vão dar a vida nesta.

Ninguém sobe no salto da façanha contra o River, quando fizeram quatro gols em menos de 25 minutos. Um cuidado que o Grêmio precisa ter: este Lanús é um time mais do que acostumado a sofrer. Não se abala com um ou dois golpes. É assim desde o primeiro jogo, quando perdeu por 1 a 0 para o Nacional, em Montevidéu.

Quando se diz time, é time mesmo.

Oito mesmo depois daquela estreia, o Lanús titular só tem uma única modificação: García Guerreño, no lugar de Herrera.

O Lanús reconhece que este novo formato longo da Libertadores favorece um elenco de opções limitadas como o seu. Os grenás conseguiram dosar e recuperar os atletas, e não sobrecarregá-los. A leitura que se faz da repetição dos titulares desde o começo do ano é também olhar que há uma escassez evidente no grupo. É um time ''sem banco de reservas''.

A meta da equipe nesta noite é ter presença e volume de jogo. Caso não consiga, vai repetir o que já fez no Nuevo Gasómetro e no Monumental: se agrupar na defesa e esperar um vacilo do Grêmio. Houve conversas entre o corpo técnico e o presidente para evitar posturas retranqueiras demais.

A ''espionagem'' do Lanús para esta final contou com papos constantes com os jogadores argentinos que atuam no Brasil.

As conversas giravam em torno das armas que o Lanús poderia explorar. A troca de ideias não foi animadora. Mais de um jogador não teve dúvidas em tratar o Grêmio desta forma: ''É o melhor time do Brasil, acima do Corinthians. Pressionam em casa e bancam as patadas como visitantes''.

O presidente do Lanús é o bom humor em pessoa: ''Os atletas sabem que precisam aproveitar esta situação e dar tudo. Tudo mesmo. Se cada um dá tudo o que pode, normalmente consegue atingir o objetivo'', comentou Nicolás Russo ao blog. ''E se você dá tudo e não consegue ser campeão, pelo menos tem a tranquilidade de não ter guardado nada.''

Argentinos Juniors em 1985 – o ''pai'' do Lanús, de uniforme bem parecido – AAJ/Arquivo

Intramuros, este Lanús conta com um exemplo portenho para lhe inspirar: o Argentinos Juniors, campeão da Libertadores de 1985.

''Este Lanús é totalmente identificado com aquele Argentinos. Vejo os dois quase iguais. Jogue onde jogar, a ideia do time é a mesma. O Lanús tem o mesmo estilo e a mesma intenção, em qualquer estádio. As campanhas de Lanús e Argentinos são parecidas, pelos obstáculos'', conclui o presidente.

O Argentinos Juniors campeão em 1985 deixou para trás Fluminense, Vasco, Independiente e o América de Cali na decisão. Este Lanús já superou Nacional (do Uruguai), The Strongest (Bolívia), San Lorenzo e River.

E se vê bem capaz de fazer o mesmo o Grêmio.


Maradona reforça o Lanús na final da Libertadores
Comentários Comente

Tales Torraga

''Yo nací en Lanús, hermano!''

Uma das frases preferidas da torcida do Lanús foi dita por ninguém menos que Diego Armando Maradona, El Más Grande, que nos emociona neste mundo desde 30 de outubro de 1960, quando chegou a este planeta justamente como morador do município, mais precisamente da Villa Fiorito, onde viveu até os 15 anos.

Maradona faz questão de reforçar sempre seu amor pelo Lanús. Nas últimas semanas, foi além: abraçou o papel de ''paizão'' da equipe que inicia às 21h45 (de Brasília) de amanhã (22) a decisão da Libertadores da América contra o Grêmio.

Diego já publicou um vídeo desejando sorte à torcida e aos jogadores do Lanús. O clube despista, mas o blog apurou que o fluxo de contatos entre Maradona e o plantel tem sido mais constante que aquela saudação. Antes mesmo da partida contra o River – clube que Diego, Boca Juniors de coração, detesta -, Maradona já havia trocado palavras de incentivo com Jorge Almirón, o excelente técnico que hoje comanda o Lanús. Agora nesta finalíssima Brasil x Argentina, El Diez fará questão de oferecer seu apoio ao grupo – distante fisicamente esteja.

A figura de Maradona é mais que explorada pelo esporte argentino em decisões.

Ele marcou presença em finais recentes do país como a Copa Davis de tênis e o Mundial de Rúgbi, e seu carisma segue intacto mesmo com esportistas que sequer o viram em ação. E é este magnetismo que o Lanús quer aproveitar. Diego está em Dubai, onde é treinador do Al Fujairah, mas suas aparições nas redes sociais demonstram sua total familiaridade com a tecnologia para ser um confidente e oferecer toda a motivação ao clube grená neste instante único, histórico de verdad.

Maradona – aliás! – vestiu a camisa do Lanús até mesmo dentro das quatro linhas.

Foi um amistoso em 11 de junho de 2008, quando se juntou ao time contra o Talleres de Escaladas. A partida contou com arquibancadas lotadas e cofres cheios. O Lanús ficou com parte da receita, mas a maior parte da renda foi para o Talleres, que corria o risco de fechar as portas e agradece Diego pelo seu gesto até hoje.

Maradona jogando pelo Lanús – Diário 26/Reprodução

Maradona estava com 47 anos e tabelou com José ''Pepe'' Sand, o veterano atacante que eliminou o River e põe medo no Grêmio para a decisão de amanhã. El Diez  fez um gol, de pênalti, logo no começo. Participou do primeiro tempo e trocou de time aos 25 do segundo. A partida terminou 3 a 1 para o Lanús. Além de Maradona, o próprio Sand anotou um gol. O terceiro foi de Sebastián Blanco.

A bola e a camisa usada por Maradona neste dia estão expostas, claro, com destaque na sede do clube que fica na periferia de Buenos Aires.

Como prova das injustiças do futebol (que no fim das contas é só um jogo, e não um tribunal de direitos e deveres), Maradona jamais disputou uma Libertadores.

Mas que ninguém duvide que o Lanús lhe dê uma taça e o chame para ''a volta olímpica da loucura'' caso conquistem, juntos, a Libertadores em cima do Grêmio.

Mais que merecido.

Se o Lanús dá a vida para ficar com esta Libertadores, os jogadores vão dar duas.

Diego Armando El Diez Maradona está conosco. Nos vê e torce por nosotros.


Herói do Lanús promete caminhar 83 km se ganhar a Libertadores
Comentários 4

Tales Torraga

Autor de dois dos quatro gols do Lanús na virada de 4 a 2 sobre o River Plate, o atacante José ''Pepe'' Sand, de 37 anos, é uma das principais ameaças ao título do Grêmio na final da Libertadores que será aberta nesta quarta (22). E como a maioria dos argentinos, Sand é um grande adepto das promessas. Caso vença a Copa, ele prometeu percorrer a pé um percurso que vai do centro da província de Corrientes até a basílica da Nossa Senhora de Itatí.

Pepe Sand e sua promessa – Olé/Reprodução

É bom que Sand esteja condicionado: o percurso é de exatos 83,5 quilômetros, o que ele deve levar em torno de 17 horas para cumprir.

''Quando estiver de férias, bem tranquilo, sem ninguém saber, parto e faço a caminhada'', comentou Sand à Rádio Mitre, de Buenos Aires. ''Preciso fazer a minha parte, pois ela [a Nossa Senhora] sempre faz a dela.''

O trajeto de Sand equivale ao dobro de uma maratona e supera de longe também a promessa que Lionel Messi fez de caminhar de Rosario até o Santuário da Maria de San Nicolás (cerca de 38 quilômetros) se conquistar a Copa do Mundo a ser disputada na Rússia.

É a primeira vez que o Lanús alcança uma final da Libertadores. A equipe é chamada em Buenos Aires de ''demolidora de gigantes''. Foi assim com o San Lorenzo, nas quartas, e com o River, na semifinal.

Resta o Grêmio, que perdeu as duas finais de Libertadores que disputou contra times argentinos. Em 1984, foi derrotado pelo Independiente de Bochini; em 2007, pelo Boca Juniors de Riquelme.


O que está por trás da má fase de Dybala?
Comentários 3

Tales Torraga

Por que o argentino Paulo Dybala, olhado como futuro ''melhor do mundo'', passou a jogar tão mal nas últimas semanas? A resposta poderia ser a mesma se a pergunta fosse feita a Gonzalo Higuaín: passa pela seleção e pela pressão de corresponder às pressões de uma Argentina que tritura os seus talentos sem dó.

Dybala com cara de poucos amigos pela Juve – Olé/Reprodução

Os números de Dybala pela seleção argentina não correspondem em nada ao seu cartaz de craque da Juve. Desde que estreou na equipe nacional, em outubro de 2015,  jogou 12 partidas – oito como titular. E não marcou nem um golzinho sequer.

Sendo bem sincero: Paulo, aos 24 anos, até aqui não fez por merecer estar na Argentina a ser chamada para a próxima Copa do Mundo.

E tal queda passou a ser vista também na Juventus.

Houve um ''antes e depois'' bem traçado em seu nível de jogo depois que ele declarou que ''jogar ao lado de Messi era difícil''.

Foi dizer isso e sua vida – sim – ficar difícil.

As críticas de uma Argentina cada vez mais desbocada abalaram o jogador. De acordo com Jorge Sampaoli e seu estafe, Dybala ainda precisa assimilar melhor os processos e as dificuldades que um atleta do seu gabarito necessita suportar.

Dybala começou no banco a partida de ontem (18) contra a Sampdoria. Marcou um gol, seu primeiro depois de oito jogos, mas a equipe como um todo foi mal: perdeu por 3 a 2, e agora é a terceira colocado no Italiano. A Juve tem 31 pontos, contra 33 da Inter e 35 do surpreendente Napoli, líder invicto depois de 13 rodadas.

O momento de Paulo é oposto ao seu arranque de temporada. Ele começou muito bem, marcando 11 gols só pelo Italiano até a sua queda. Mesmo com a oscilação, Dybala é o vice-artilheiro da Série A italiana, com 12 gols em 13 jogos. O artilheiro é Immobile, da Lazio, que balançou as redes 15 vezes.

''Paulo reconhece que caiu de nível. Ficamos felizes porque demonstrou coisas boas quando esteve em campo. Precisamos deixá-lo tranquilo. Avaliamos sempre sua situação com a seleção argentina'', comentou o técnico Massimiliano Allegri.

Sampaoli tem um discurso parecido – reconhece que exigir de Dybala agora talvez não seja o melhor. É mais produtivo pressionar outro jogador que aceite tudo com mais segurança.

Com isso, crescem as chances de outro jogador ainda mais jovem: Cristian Pavón, do Boca, que aos 21 anos já mostra segurança para atuar pela seleção.

A comissão técnica de Sampaoli olha com bons olhos para Pavón na lista entre os convocados, mesmo sem experiência prévia pela azul e branca.

Foi assim, em cima da hora, que Ariel Ortega, aos 20 anos, cavou seu espaço na Argentina da Copa de 1994 – o primeiro dos três Mundiais do genial ''Burrito''.


River quer Pratto para 2018 e usa Copa do Mundo para convencê-lo
Comentários 8

Tales Torraga

Lucas Pratto está nos planos do River Plate para 2018. A informação divulgada em primeira mão pela Rádio Continental nesta quinta-feira (16) em Buenos Aires foi confirmada pelo blog – o hoje atacante do São Paulo integra com destaque uma lista que o técnico Marcelo Gallardo conduz para reforçar o time portenho.

O atacante de 29 anos deu seu aval público à transferência, mas reconheceu que as finanças do River talvez não alcancem as cifras necessárias. O São Paulo pagou 6,2 milhões de euros (R$ 22 milhões)  por 50% do seu contrato. ''É difícil, mas não há cláusula de saída'', comentou Pratto à Rádio Continental. ''Isso pode ser uma vantagem. Gostaria de voltar ao futebol argentino algum dia. É um orgulho que meu nome seja citado por clubes como River e Boca.''

Messi e Pratto juntos pela seleção – AFA/Divulgação

Não houve proposta formal do River ao São Paulo e ao jogador até o momento porque o clube de Núñez entende que o fim do Brasileirão será uma hora melhor para abordá-lo. A argumentação do clube com o jogador vai ser cristalina: Pratto sonha em jogar a próxima Copa do Mundo, e o River está disposto a ser a vitrine perfeita para o atacante fazer seus gols e ser levado em consideração por Sampaoli. Foi esta tentativa de ir ao Mundial da Rússia que fez o atacante pedir para ser negociado pelo Atlético-MG e fechar com o São Paulo.

Sampaoli, está mais do que claro, ainda precisa testar muito até a Copa do Mundo. E como torcedor declarado do River que é, as chances de Pratto aumentam demais. Uma mudança de cenário talvez seja necessária para realizar o sonho de jogar a Copa. Continuando no São Paulo, o hoje camisa 9 corre o risco de um 2018 ''mais do mesmo''. A transferência pode ser boa para a porção argentina do negócio. Pratto precisa aparecer. Sampaoli precisa de gols. O River também.

Lucas admitiu sua frustração por não ser chamado por Sampaoli nas oito partidas que o elétrico treinador dirigiu a seleção: ''Quando estive [com Patón Bauza], fiz gols. Joguei partidas difícieis e, para mim, joguei bem'', afirmou à Radio Continental. ''Estou tranquilo, embora fique uma sensação estranha, pois ele chamou muitos jogadores. Sigo com a ilusão de voltar. Sampaoli em determinado momento procurou meu representante para me levar para o Sevilla. Não acho que minha ausência seja um pedido do grupo. Enquanto estive lá, não precisei da aprovação de ninguém. Comigo, foram pessoas bárbaras.''

Para o River, Pratto serviria para amenizar as saídas recentes de Lucas Alario e Sebastián Driussi, dianteiros que trocaram Núñez pelo Bayer Leverkusen e Zenit da Rússia, respectivamente. O único 9 de peso hoje no time de Gallardo é Nacho Scocco. O ótimo Marcelo Larrondo, que custou US$ 2,5 milhões junto ao Rosario Central, mal consegue treinar por viver machucado.


Lanús traça ‘invasão’ a Porto Alegre e faz alerta para brigas e fraudes
Comentários 7

Tales Torraga

A torcida do Lanús está enlouquecida como nunca. E a prova disso foi dada ontem, na sede do clube, quando os fanáticos acamparam e madrugaram para assegurar um dos 4.000 ingressos disponibilizados pelo Grêmio para a primeira final da Libertadores contra o Grêmio, no próximo dia 22, em Porto Alegre.

As entradas voaram. Custaram 1.230 pesos (R$ 205), e a maioria fechou o pacote com a empresa de ônibus que já trabalha com a equipe. A excursão total custa 4.000 pesos (R$ 666). Calcula-se em Lanús que mais de 30 ônibus vão percorrer as 20 horas de viagem entre o município argentino e a capital gaúcha. Há também três aviões separados para levar os torcedores, e muitos outros vão de carro.

É aí que está o perigo.

Uma das recomendações da diretoria do Lanús ao seu torcedor é evitar viajar sem ingresso: algo que obviamente entra por um ouvido e sai pelo outro. Em Buenos Aires, estão bem frescas a verdadeira balbúrdia que foi o jogo da seleção argentina contra a Nigéria na Copa do Mundo de 2014, no Beira-Rio. Cerca de 100.000 torcedores cruzaram a fronteira, e só 10.000 deles tinham entrada, desatando uma série de assaltos e problemas nos arredores do estádio.

Predomina na Argentina a cultura da ''avivada'', com os torcedores furando bloqueios policiais e forçando a entrada no estádio sem pagar. Tais invasões kamikases, ''a lo loco'', como dizem, são complicadas de ser postas em prática – no exterior ainda mais, mas inadaptados de sempre se arriscam.

Há duas semanas, um desses loucos tentou varar a Bombonera e ficou entalado.

Torcedor tenta invadir a Bombonera – Olé/Reprodução

Outro alerta repetido na busca por ingressos desta quarta foi o risco de confrontos com a polícia. O torcedor argentino costuma repetir sempre que o policial brasileiro ''não alivia'', e há um certo fetiche alardeado pelos brigões que se testam diante de tal polícia. É bem fácil lembrar das brigas com os torcedores do River Plate no Morumbi em 2005 ou, mais recente, os problemas que o Independiente teve na Arena Condá na Sul-Americana do ano passado, contra a Chapecoense.


Opinião: ‘Desastre de Krasnodar’ tira a paz da Argentina até março
Comentários 10

Tales Torraga

Ruim com Messi, péssimo sem ele. A Argentina deu folga para o craque do Barça e fechou 2017 perdendo de virada e de maneira absurda para a Nigéria: un duro mazazo de 4 a 2 depois de dominar a partida e abrir, pelos gols de Banega e Agüero, um tranquilo 2 a 0 até os 44 do primeiro tempo. É amistoso, não vale nada, alguns jogadores não viam a hora de sair de campo, mas a histeria portenha voltou com tudo. Uma das principais rádios de Buenos Aires, a La Red deu o tom geral ao batizar a goleada de ''desastre de Krasnodar'', pela cidade onde ocorreu a surra, ''atrocidade defensiva'', ''suicídio em massa'' e ''ciclo fechado a muitos, ¡basta!''.

Dybala lamenta, Nigéria festeja – Olé/Reprodução

A Nigéria fez quatro gols em 29 minutos, dos 44 aos 73!

E já há um nome empurrado aos lesões: Javier Mascherano, humilhado com uma caneta inesquecível no quarto gol da Nigéria. Miram com clareza que seu périplo de 14 anos de seleção já está encerrado – como volante ou agora como zagueiro.

O segundo tempo foi um baile que a Argentina não dançava há tempos, talvez desde a surra levada contra o Brasil no Mineirão. A badalada Argentina foi colocada na roda e demonstrou uma fragilidade absurda toda vez que estava sem a bola.

Foi uma Argentina mais verde que o imponente uniforme nigeriano na Rússia. A bola que ia ao gol do reserva Marchesín, entrava así de una, nomás.

O sinal, que estava da mesma cor depois da classificação para a Copa e da frugal vitória contra os russos, voltou a ficar vermelho como o rosto queimando de vergonha por um futebol caótico e inexplicável, ''atropelado pela Nigéria, que esteve muito mais intensa no segundo tempo'', como definiu Mascherano.

Já se ventila que eis a clara falência – queda de físico e ritmo – que vai limitar esta Argentina envelhecida, de média de idade acima dos 30 anos no próximo Mundial.

Depois da chorada vaga ante o Equador, o elétrico Sampaoli não poderia fechar 2017 de maneira pior. A derrota vai ser uma mosca no seu ouvido até 23 de março, quando pega a Itália em amistoso na Suíça. Vai ser difícil lidar com o falatório portenho. Os próximos quatro meses vão ser de muita cobrança e pouco descanso.

Basta ver a escalação e a nota a cada jogador dada pelo diário ''Olé'':

Marchesín (3); Mascherano (4), Pezzella (3,5, entrou Insúa, sem nota) e Otamendi (4,5); Enzo Pérez (5), Banega (3), Lo Celso (4,5, entrou Gómez, 4), Dybala (3,5, entrou Belluschi, 4), Pavón (5, entrou Perotti, sem nota) e Di María (4, entrou Rigoni, sem nota); Agüero (5, entrou Benedetto, 4).


Seleção argentina quer treinar em Barcelona para agradar Messi
Comentários 4

Tales Torraga

Deixar Lionel Messi 1000% cômodo. Este tem sido o principal objetivo de Jorge Sampaoli desde sua chegada à seleção argentina, há cinco meses. E os cuidados se estendem a todos os detalhes. De acordo com o jornal ''La Nación'', e pelo que pôde confirmar o blog, a tentativa de deixar o craque à vontade naquela que deve ser sua última Copa influencia até a escolha do lugar onde o grupo vai se preparar.

A AFA designou um complexo esportivo em Bronnitsy, um povoado de 22.000 habitantes, a 65 quilômetros da Praça Vermelha, de Moscou. O local está com as obras bem atrasadas – os donos justificam que só puderam iniciar as reformas e construções depois de a Argentina definir sua vaga para a Copa, há um mês.

Por consequência, a ideia que a AFA negocia desde já é treinar duas semanas em Barcelona no começo da concentração para o Mundial. Sampaoli e Messi vêm mantendo constantes conversas neste sentido, e o desejo comum de todo o grupo é facilitar a vida do seu capitão – inclusive treinar no ''pátio da sua casa'', como dizem os argentinos. Leva-se em consideração a gravidez da sua mulher, Antonella Roccuzzo, que espera o terceiro filho do casal, previsto para nascer justamente no período da preparação argentina para a Copa.

O único entrave a ser desarmado por Messi é o conflito de interesses entre a Nike, que veste o Barcelona, e a Adidas, responsável pela seleção. Há também uma sobreposição de datas: a final da próxima Liga dos Campeões será em 26 de maio, quando a Argentina pretende já estar trabalhando para o Mundial. Cogita-se em Buenos Aires que haja, inclusive, um compartilhamento entre a seleção e o clube em Sant Joan Despí, complexo do time catalão que conta com cinco gramados.

A nova AFA estuda também uma partida de despedida de Buenos Aires – que seria feita na Bombonera, com um caráter mais de espetáculo do que uma preparação real. Está em pauta também repetir o tradicional último amistoso antes da Copa em Tel Aviv contra Israel, superstição vigente desde 1986.

Sem Messi, de folga, a Argentina enfrenta a Nigéria nesta terça (14) às 14h30 (de Brasília) em Krasnodar, na Rússia. Os amistosos seguintes serão em março, ante a Itália (23, na Basileia), e uma seleção da Ásia ou África classificada para a Copa.


Sem euforia: o 2017 de Messi pela seleção é preocupante
Comentários 19

Tales Torraga

Lionel Messi está de férias da seleção até março. Liberado do amistoso de terça (14) contra a Nigéria, o gênio volta ao Barcelona com a sensação de ter jogado, por estranho que pareça, um 2017 abaixo do esperado com a camisa azul e branca.

Messi se livra de Kuzyaev – Olé/Reprodução

O 1 a 0 – gol de Agüero – contra a Rússia neste sábado (11), na inauguração do Estádio Luzhniki, foi um retrato do que foi o ''Messi Argentina 2017'': boas ações e inteligência, mas sempre muito longe da contundência não do Barcelona – mas de outros anos e sob o comando de outros técnicos pela própria seleção.

Messi jogou sete partidas com a Argentina neste 2017 e fez quatro gols. Um de pênalti inexistente contra o Chile e três naquele jogo – que na verdade não foi um jogo – contra um Equador já eliminado e que não via a hora de sair de campo. Este 3×1 segue muy hablado em Buenos Aires – até Diego Maradona, hoje ''homem Fifa'', levantou suspeitas de que houve sim marmelada para a Argentina ir à Copa.

A média de gols de Messi neste 2017 com a Argentina é de 0,57 gols por jogo. Bem abaixo, por exemplo dos 8 gols em 11 jogos de 2016 (média de 0,67) ou dos 12 gols em 9 jogos de 2012 (1,33). O número é só um exemplo do que foi sua performance tanto com Bauza como com Sampaoli. Lio esteve sem companheiros à altura e ameaçou muito pouco, mesmo brilhando em uma ou outra partida – que suas melhores atuações tenham sido contra seleções anêmicas como Venezuela e Equador mostram muy claro que este nível é insuficiente para ir bem no Mundial.

As rodas de conversa em Buenos Aires discutem sem fim se esta versão ''1.7'' de Messi já não é um sinal do passar do tempo e da sua perda natural de vigor. Em 2018, ele abre seu 13º ano de serviços prestados à seleção, e é normal que haja um declínio que já parece ter chegado – embora haja um contraponto importante.

Messi no chão ante a Rússia – AFA/Divulgação

Messi – que locura – está sob o comando do oitavo treinador diferente na Argentina. Pela ordem: Pékerman, Basile, Maradona, Batista, Sabella, Martino, Bauza e Sampaoli. De todos, Sampaoli é com quem Lionel se dá melhor, e há uma série de cuidados para mimá-lo e preservá-lo, como mostra esta ausência contra a Nigéria, um pouco contraditória mediante o discurso comum de todos os treinadores de seleções que reclamam da falta de treinos e jogos para entrosar suas equipes.

''Uma Copa são 30 dias e nada mais'', costuma repetir El Cholo Simeone. Quando jovem, Messi escutava isso e lamentava a falta de uma segunda chance. Agora, aos 30, demonstrando cansaço aqui e ali, talvez este tiro curto e único lhe favoreça.