Patadas y Gambetas

Suárez acelera recuperação e ensaia nova façanha para enfrentar a Argentina
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Tales Torraga

Os gols do ''lesionado'' Luis Suárez contra a Inglaterra na Copa de 2014 seguem comemorados por todos aqui na fria e chuvosa Montevidéu. E não é que El Pistolero Luisito tem a chance de repetir a façanha no re caliente clássico das 20h de quinta (31) contra a Argentina, em pleno Centenário, pelas Eliminatórias?

Suárez em treino no Uruguai – AUF/Divulgação

Suárez foi cortado do clássico pela AUF há nove dias, depois de machucar o joelho no Real x Barça que decidiu a Supercopa da Espanha, no último dia 16. Ontem, a mesma AUF – a Associação Uruguaia de Futebol – confirmou que o atacante chegará a Montevidéu nesta segunda (28) para seguir o tratamento. Segundo os médicos do Barcelona, a condição do atacante de 30 anos evoluiu bem mais rápido que o esperado. A previsão inicial, que indicava um Suárez inativo por quatro ou cinco semanas, já não existe mais. Ele vai se juntar à equipe e passará por testes para decidir se joga ou não.

A possibilidade de contar com Suárez para enfrentar a Argentina é o assunto do momento na capital uruguaia. Há grande incerteza sobre 1) Se Suárez não vai se revoltar com os médicos e ir para o sacrifício de qualquer maneira ou 2) Se o experientíssimo Óscar Tabárez, técnico e maestro do Uruguai, não fará um mau negócio em deixar o atacante no banco e lidar com a eventual pressão da torcida charrúa, que vai exigi-lo em campo desde o primeiro minuto.

''O jogo de quinta é muito importante. Se ganhamos, ganhamos por Suárez ou Tabárez. Se perdemos, perdem Suárez e Tabárez. E perdem muito, porque nós, uruguaios, não vamos bancar ficar fora do Mundial com o time que temos'', resume o estudante de marketing – e atleta amador – Juan Pollio, de 25 anos – sua opinião sintetiza a visão geral por aqui.

E Suárez joga?

O blog apurou que a comissão técnica do Uruguai vai abrir a próxima semana pretendendo deixá-lo no banco para entrar nos minutos finais contra a Argentina. O melhor vai ser exigi-lo de maneira controlada, pois os zagueiros argentinos certamente vão querer machucá-lo. Todos lembram que Suárez ficou no banco de reservas e não entrou nas partidas da Copa América Centenário – e ele destruiu – de verdade –  um pedaço do banco, tamanha sua raiva por não jogar.

Um Uruguai x Argentina em Montevidéu certamente vale muito mais que um torneio comemorativo nos Estados Unidos. É praticamente impossível que Suárez não jogue pelo menos um pouco contra a Argentina – com 10% de suas condições físicas que seja. Não é só o resultado da partida de futebol que está em jogo – e sim o seu amor com o povo uruguaio sempre fascinado por uma história de bravura.


O que esperar do Campeonato Argentino que começa hoje?
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Tales Torraga

É com chuva e trovoada que a Argentina abre nesta sexta (25) a 89ª temporada de seu futebol profissional. E profissional neste caso será também a forma de gerir a competição – os direitos comerciais do torneio estão sob responsabilidade de uma empresa privada distante da AFA, a conturbada Associação de Futebol Argentino.

O torneio que arranca nesta sexta (25) terá o nome oficial de Superliga Argentina e pretende tirar o futebol do país da desordem para finalmente virar uma atração lucrativa para os clubes – ainda assim, alguns tradicionais, como o Newell's, quase não conseguiram participar deste começo justamente por dívida com os jogadores.

Cartaz de promoção do Campeonato Argentino 2017/2018 – Reprodução

Tal forma de promover o torneio já está bem clara na diferença das transmissões de TV. Inspiradas na NBA, prometem menos repetições e um maior foco naquilo que é a essência do futebol do país: a paixão transbordante de jogadores, técnicos e torcedores. Os jogos serão transmitidos na Argentina pela TNT e pela FOX Sports.

Favoritos? Boca Juniors e River Plate, nesta ordem.

O Boca parece não ter sentido a saída de Centurión e jogou bem os amistosos. Tem como grande destaque o camisa 10 da seleção da Colômbia, Edwin Cardona. Boca e Colômbia, aliás, atualizam neste campeonato a simbiose histórica que vem desde os tempos de Carlos Bianchi e Serna, Bermúdez e Córdoba. O quarteto ''cafeteiro e xeneize'' da vez é formado por Cardona, Fabra, Barrios e Sebá Perez.

Pouco depois aparece o River, que corre o sério risco de perder o excelente atacante Lucas Alario para o Bayer Leverkusen. O time que segue sob a batuta de Marcelo Gallardo foi o que mais contratou para esta temporada, quase US$ 18 milhões, e os destaques são os jogadores já incorporados para a Libertadores, casos do zagueiro Javier Pinola, o volante Enzo Pérez e o atacante Nacho Scocco.

O Campeonato Argentino tem final previsto para 13 de maio. Será disputado no sistema todos contra todos, em turno único. O superclássico River x Boca será em 5 de novembro no Monumental – a Bombonera só terá o duelo mais importante do país na edição seguinte da Superliga.

OS 28 TIMES SÃO:

BUENOS AIRES (15 clubes) – Argentinos Juniors, Arsenal, Banfield, Boca Juniors, Chacarita Juniors, Defensa y Justicia, Huracán, Independiente, Lanús, Racing, River Plate, San Lorenzo, Temperley, Tigre e Vélez Sarsfield

LA PLATA (2) – Estudiantes e Gimnasia y Esgrima

ROSARIO (2) – Newell's Old Boys e Rosario Central

CÓRDOBA (2) – Belgrano e Talleres

SANTA FE (2) – Colón e Unión

BAHIA BLANCA (1) – Olimpo

SAN JUAN (1) – San Martín

MENDOZA (1) – Godoy Cruz

PARANÁ (1) – Patronato

TUCUMÁN (1) – Atlético Tucumán

***

Brigam pelo título: Boca Juniors e River Plate

Tentam vaga na Libertadores: Racing, Independiente, San Lorenzo, Banfield, Lanús, Rosário Central, Estudiantes, Defensa y Justicia, Godoy Cruz e Talleres

Figurantes: Arsenal, Atlético Tucumán, Newell´s Old Boys, Huracán, Gimnasia, Belgrano, Colón e Unión

Lutam para não cair: Olimpo, Temperley,  Argentinos Juniors, San Martín, Vélez Sarsfield, Tigre, Chacarita Juniors e Patronato

***

1ª RODADA

SEXTA-FEIRA (25)
19h05 – Tigre x Vélez
21h05 – Banfield x Belgrano

SÁBADO (26) 
14h05 – Defensa y Justicia x Gimnasia
16h15 – Colón x Central
18h05 – Talleres x Lanús
20h05 – Independiente x Huracán

DOMINGO (27)
11h05 – San Martín x Patronato
14h05 – Atlético Tucumán x Godoy Cruz
16h05 – San Lorenzo x Racing
18h05 – Boca x Olimpo
20h05 – Temperley x River

SEGUNDA-FEIRA (28)
19h05 – Newell's x Unión
21h05 – Estudiantes x Arsenal

(Argentinos x Chacarita foi adiado e não teve nova data anunciada)

***
MAIORES CAMPEÕES: River (35), Boca (26), Independiente (14), San Lorenzo (12), Vélez (10), Racing (8), Newell's (6), Estudiantes (5) e Central (4).


Seleção uruguaia doa dinheiro a atletas que estão sem receber na 2ª Divisão
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Tales Torraga

Montevidéu está (muito) fria e (ainda mais) chuvosa nesta quinta (24) da ''noche de la nostalgia'', comemoração que vai lotar os bares, discotecas e restaurantes da capital. E um dos temas que aquecem a cidade nesta semana prévia ao clássico contra a Argentina é o generoso gesto que a seleção celeste acaba de oficializar.

Seleção uruguaia – AUF/Divulgação

Todos os jogadores da seleção uruguaia resolveram doar seus direitos de imagem para os atletas da Segundona do país que estão sem receber.

Os capitães das equipes que no Uruguai equivalem à Série B recolheram a verba na sede da AUF (a Associação Uruguaia de Futebol) nesta quarta-feira para repassar aos colegas de time. O dinheiro colocado à disposição era referente a uma dívida de 2015 que a AUF tinha com os atletas da seleção – o dinheiro foi liberado só agora.

Ao todo, 370 jogadores da Série B vão receber US$ 1.700 dólares cada um – um dólar vale cerca de 28 pesos uruguaios, e esta doação vai corresponder a dois salários e meio para cada jogador.

“Nós estamos com esta seleção até a morte. É muito difícil explicar que este tipo de jogador doe dinheiro assim. Isso não ocorre em nenhuma outra parte do mundo e demonstra a união entre os uruguaios. Estamos mais gratos que nunca”, afirmou Nicolás Schenone, capitão de uma das equipes da Série B, o Canadian, ao jornal ''El País''. Segundo o jogador, somente uma minúscula minoria dos times da Segundona que está com as contas em dia.

A seleção do Uruguai tem, de fato, o histórico de doações a vítimas de enchentes, além de periódicas colaborações financeiras a clubes pequenos do país.


Pesquisa revela que 71% dos casais brigam por futebol na Argentina
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Tales Torraga

A paixão dos argentinos pelo futebol é famosa em todo o mundo. O que não se sabia até hoje era o impacto deste fanatismo nos casais e nas relações sociais desenvolvidas aqui pelos lados portenhos.

A pedido do ''Clarín'', maior jornal da Argentina, o instituto de pesquisa D'Alessio IROL foi às ruas de todas as províncias do país para ouvir a população e analisar o tema. E os resultados surpreenderam.

Um discórdia crescente na Argentina – Clarín/Reprodução

De acordo com os números revelados pelo instituto nesta segunda (21), 71% dos homens argentinos se admitiram ''fanáticos'' por futebol – e este volume de 71% se aplicou também entre os que reconheceram que esta paixão gerou brigas no namoro ou no casamento em virtude da preferência excessiva pelo clube ou por desavenças com a companheira torcedora de outro time.

Sete entre cada dez afirmam que já desmarcaram compromissos sociais por conta de um jogo, enquanto 50% revelaram que já cancelaram um jantar romântico para ver uma partida. Outros 20% dos argentinos vão além: reconhecem que ficam de mau humor por vários dias quando o time perde.

A pesquisa é decorrente do grande sucesso da comédia ''El fútbol o yo'', ''O futebol ou eu'', o filme do momento em Buenos Aires e Montevidéu – o trailer está aqui.

O enredo é a relação intrincada que o futebol impõe a alguns casais – e a comédia, claro, causa riso e também reflexão sobre as razões que transformam algo que deveria ser um lazer em uma fonte de vícios, rejeições e frustrações tão absurdas.

Os psicólogos e antropólogos viraram habitués das TVs e jornais de Buenos Aires para analisar o tema.

''Discutir o peso do futebol na relação é algo bastante frequente, e esse ruído de discussão depende de como está o vínculo de maneira geral'', analisou o psicanalista Eduardo Drucaroff, especializado em casais.

''A sensação de falta de atenção que alguém pode sentir pelo marido ou pela mulher vendo futebol tem a ver com a exclusão que esta pessoa sentiu na infância. Se foi uma exclusão muito grande, então esta sensação vai ser sofrida e permanente.''

''É importante não julgar com os valores próprios, e sim se colocar no lugar do outro. Se há diferença no quanto uma pessoa gosta de futebol, é importante que haja espaço para desenvolver também algo que apenas a outra goste.''

Um dado específico deixa mulheres e homens em calçadas bastante separadas no que diz respeito ao futebol na Argentina. Elas reconhecem que cancelam os compromissos sociais em virtude dos jogos em 34% – a mesma taxa daquelas que deixam de estudar para acompanhar uma partida.

Mas só 11% das mulheres não saem com o namorado ou marido para ver um jogo. Os índices masculinos para tais perguntas foram de 71%, 71% e 50%.

“Há 40 ou 50 anos, o trabalho e o Estado eram os grandes construtores da identidade. Mas isso mudou e a identidade se faz também pelo futebol, que é muito forte na Argentina'', descreve o antropólogo José Garriga Zucal, autor de vários livros que analisam o vínculo entre a violência e o futebol.

“O passar do tempo faz mudar a intensidade com a qual alguém segue um time, mas geralmente a pessoa torce para um único clube a vida toda. E isso conduz a uma identidade muito mais forte e mais estável que diversas outras opções culturais.''


“Dia T”: Tevez define hoje sua volta ao Boca
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Tales Torraga

Carlitos Tevez, de novo, nem bem chegou a um clube e já está de malas prontas para sair. Ele almoça nesta segunda (21) em Buenos Aires com Daniel Angelici, presidente do Boca, e o tema é claro para toda a Argentina. Ambos querem destravar o contrato que o atacante tem com o Shanghai Shenhua para incorporá-lo ao clube portenho outra vez.

Tevez, insatisfeito na China – Olé/Reprodução

O atacante de 32 anos está na Argentina para tratar de uma lesão muscular – e elas se multiplicaram desde que ele viajou à China. Um dos jogadores mais bem pagos do mundo, recebendo quase R$ 400 mil por dia (!), Carlitos está em fase desastrosa na Ásia, onde estreou há meros cinco meses. Desde então, fez nove jogos pelo Campeonato Chinês e marcou dois gols.

Tevez tanto não vem jogando nada que sua equipe é ameaçada pelo rebaixamento. Os torcedores estão bem bravos com ele – e em atitude rara no futebol asiático, criaram até um movimento nas redes sociais pedindo para Carlitos, aproveitando que está em Buenos Aires, sequer volte à China.

O blog apurou com dirigentes do Boca que a volta de Tevez já foi acertada. Há o interesse do clube no jogador e há o interesse do jogador em disputar pelo clube a Libertadores do ano que vem – a que o Boca considera a grande chance de ser a sétima taça e empatar com o Independiente como o maior campeão da Copa.

O grande tema é a possibilidade de contar com Tevez a partir de agora.

Uma cláusula em seu contrato facilita o retorno ao Boca – o que os chineses não esperavam era uma volta tão imediata, apenas cinco meses depois de sua estreia, e com o clube brigando desesperadamente para não cair, com só 24 pontos conquistados em 22 jogos.

Sabendo que pode contar com Tevez já no Campeonato Argentino que começa neste fim de semana, o técnico Guillermo Barros Schelotto tem em mente uma forma de acoplar Carlitos à sua nova equipe na qual brilha o colombiano Edwin Cardona, novo dono da camisa 10 e que certamente precisará deixá-la à disposição de Tevez quando ele definir a data de retorno ao clube, se agora ou em dezembro.

Há uma considerável rejeição atual dos portenhos a Tevez. Longe de gerar comoção, há bronca com este ''Dia T'' – como é chamada esta segunda, pois além de Tevez o presidente do Boca também tem esta inicial, o Tano Angelici.

Muitos fanáticos pelo Boca ficaram magoados com o jogador com a forma insensível com a qual ele saiu do clube no fim do ano passado, negando sempre sua ida à China, e anunciando o vínculo com os asiáticos somente quando já estava muito longe da Argentina para oferecer qualquer tipo de justificativa – algo que Tevez repete agora em via contrária, em novo movimento escuso em sua carreira repleta de transações sem o menor tato. Corinthians, West Ham, Manchester United, Manchester City, Juventus, Boca, Shenhua são os clubes que o Apache defendeu, mas em quase todos eles houve um verdadeiro caos na hora de dar adeus.

É de se esperar que a atual rejeição diminua à medida em que Tevez escorregue em outro lugar-comum argentino detestável e previsível: ele vai vestir a camisa do Boca, insultar o River sempre que possível, lembrar dos gols que fez em seu último clássico no Monumental, e seguir sua vida em Buenos Aires – com os bolsos muito mais cheios, mas muito menos admirado do que um dia já foi.


Até bolada na cara complicou Passarella no Corinthians
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Tales Torraga

O Flamengo fez barulho com Reinaldo Rueda nesta semana, mas quando a MSI anunciou em março de 2005 que El Kaiser Daniel Alberto Passarella seria o técnico do Corinthians, a aprovação foi total.

Zagueiro e capitão campeão do mundo com a Argentina em 1978, Passarella ouviu a sirene do Parque São Jorge com currículo impressionante como técnico – três títulos argentinos com o River e passagens pelas seleções de Argentina e Uruguai.

El Kaiser Passarella e El Apache Carlitos Tevez – EFE/Arquivo

O que ninguém esperava era o Kaiser (e seu gênio impossível) transformar o Corinthians numa balbúrdia difícil de acreditar – até mesmo hoje, 12 anos depois.

Autoritário ao extremo e sem a menor vontade de ser amigável, Passarella exigia sempre a última palavra e a autoafirmação de que era o comandante da tropa.

Tal falta de tato rendeu as famosas brigas com Roger e Fábio Costa, sacados do time titular com absoluto desprezo.

Um outro detalhe pouco conhecido diz bastante sobre o ambiente muy complicado daquele Corinthians.

Passarella terminava os treinos sempre fumando um cigarrinho e desafiando seus jogadores para uma partida de fute-tênis. Quando a prática era aberta à imprensa, ele se controlava. Sozinho com o grupo, virava uma fera (ou uma criança?).

Sem jamais aceitar perder, o Kaiser urrava à medida em que ficava atrás no placar. Os compatriotas Tevez e Sebá Domínguez eram dois de seus adversários mais frequentes e logo perceberam que ''brincadeira'' era palavra que não existia.

A jogada preferida de Passarella era mandar a bola curta, perto da rede: e aproveitar a devolução improvisada para enfiar o pé  – e dar uma bomba na cara de quem estava no outro lado da rede.

É claro que a ignorância numa simples ''brincadeira'' apodreceu de vez a relação com os jogadores – tanto os que se arriscavam às boladas na cara quanto os demais, obrigados a se sujeitar a alguém tão tresloucado.

A maluquice de Passarella era tamanha que até treinando a seleção argentina ele machucou um jogador com esta ''brincadeira''. Daniel arrancou sangue do nariz de Hernán Crespo em plena preparação para a Copa do Mundo de 1998 – esta história está no livro ''Él es Passarella'', do jornalista argentino Nicolás Distasio, obra de 528 páginas que faz rir mais que comédia e refletir mais que filosofia.

Passarella dirigiu o Corinthians só por dois meses. Foram 15 jogos, sete vitórias, quatro empates e quatro derrotas – a última delas doeu mesmo como uma bolada na cara: um 5×1 para o São Paulo no Pacaembu, pelo Brasileirão.

O substituto de Passarella foi Márcio Bittencourt. O Corinthians da MSI ainda teria o técnico Antônio Lopes no título daquele confuso Campeonato Brasileiro – o das partidas repetidas e do pênalti não marcado em Tinga, do Internacional, que sofreu entrada violenta de Fábio Costa dentro da área e ainda foi expulso.


Fase ruim faz Messi pensar em deixar o Barcelona
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Tales Torraga

O desânimo de Lionel Messi com o Barcelona está explícito. Para um ''animal competitivo'' como ele, como os argentinos sempre gostam de ressaltar, fazer tudo sozinho depois da saída de Neymar virou uma tarefa pesada demais.

Quem diria. O Messi temporada 2017/2018 está repetindo no Barcelona aquilo que sempre fez com a seleção argentina. Eu preciso carregar o time nas costas? Então vamos caminhar despacito em campo.

Um rosto que diz mil coisas – Clarín / Reprodução

O que não está bem encaminhada é a renovação de seu contrato. Ontem, o ''Clarín'', maior jornal da Argentina, publicou que a continuidade de seu vínculo com o Barça ainda não foi assinada. A informação foi confirmada pelo blog nesta madrugada.

(E alguém acredita em coincidência ou casualidade nesta falta de assinatura, especialmente no momento em que o clube vive hoje?)

Tanto o entorno do jogador quanto o Barcelona têm o discurso oficial de que o novo acordo precisa de pequenos acertos, e que a boa vontade mútua seria suficiente para deixar tudo em bons termos. Que tais documentos são sempre trabalhosos, e que o acerto verbal de ambos já seria suficiente para a equipe inclusive divulgar, como divulgou em 5 de julho, que Messi seguiria no Barça até 2021, quando o gênio argentino terá 34 anos.

Na ocasião, o Barcelona fez o anúncio, mas reconheceu que o contrato ''seria assinado nas próximas semanas''. Já se passaram 44 dias, e a assinatura de Messi e o documento azul e grená ainda não se encontraram.

Nem é preciso gastar a memória para colocar esta informação do Barça sob a devida desconfiança. A continuidade de Neymar também estava ''200% certa'', e ele hoje está em Paris.

Por mais que o retraído craque argentino controle sempre as palavras, a frustração com o momento do Barça está escancarado em sua linguagem corporal.

Messi tem 30 anos, e o fim de sua carreira está se aproximando. ''Carregar pedra'' pelo clube, tarefa que foi sua por quase uma década na seleção, não é o que ele pretende daqui para a frente. Por isso o Barcelona insiste tanto na contratação de Mbappé e Philippe Coutinho. Trazê-los é mais do que reforçar o time. É evitar que Messi se encha de uma vez.

O craque argentino tem dois exemplos para se inspirar: Pep Guardiola e Luis Enrique. Quando ambos perceberam que o Barça não teria condições de manter – ou montar times que permitissem – uma briga franca com as demais potências, arrumaram as malas.

O Real Madrid de Zidane percebeu que não poderia viver só de Cristiano Ronaldo e armou uma seleção mundial. O PSG também. Contratou Neymar, sim, mas teve o cuidado de mimá-lo com outros nomes com os quais se sinta cômodo.

Já Messi se sente cada vez mais sozinho.

E não se vê no argentino nenhuma sedução específica pelas cifras geradas na sua renovação com o Barça. Embora o clube não divulgue os valores, a imprensa espanhola publicou que seu salário saltaria para US$ 36 milhões de dólares a cada temporada, além de diversos outros bônus.

Motivação. Baqueá-la é tudo o que Messi e a Argentina não querem às vésperas do maior desafio da sua carreira, a próxima Copa do Mundo. Tal insatisfação fica transparente a cada conversa com as pessoas que tomam as rédeas de sua carreira.

Muitos por aqui enxergam a Copa do Mundo da Rússia como a última de Messi, a derradeira chance de fazer o que Maradona fez e que ele jamais chegou perto de fazer, por mais que a Argentina tenha disputado a última final contra a Alemanha apostando muito mais na retranca do que no seu brilho – e ainda assim quase ganhou, não fosse a má pontaria de Palacio e Higuaín e a escandalosa joelhada de Neuer na cabeça de Pipita sem o árbitro marcar pênalti.

¡Que lío, Lionel!


Apatia de Messi e lesão de Suárez deixam Argentina e Uruguai em pânico
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Tales Torraga

O blog já está em Montevidéu para acompanhar o ''clássico das patadas'' entre Uruguai e Argentina, no Estádio Centenário, no dia 31. O confronto re caliente, claro, é o grande assunto do noticiário e das conversas sobre futebol nos dois países.

E há sincronismo também no desespero com os craques.

Começamos com o Uruguai, que virou a noite muy apreensivo com Luis Suárez, mancando e sentindo dores no joelho na derrota de 2×0 do Barça para o Real Madrid no Santiago Bernabéu. Na manhã desta quinta (17), El Pistolero Luisito foi cortado do clássico pela AUF, a Associação Uruguaia de Futebol.

Foi uma água gelada no mate – e não desceu gostoso como o tererê.

Suárez caído – Reprodução/Olé

Nacional e Peñarol jogaram amistosos na fria noite de ontem (16) às vésperas do início do campeonato local, mas a notícia esportiva mais lida do site do jornal ''El País'' era sobre a contusão de Suárez: ''Oramos por Luis. O Uruguai reza pelo joelho do Pistolero'', era a chamada, e na manhã desta quinta o tom foi igualmente catastrófico: ''A pior notícia. Suárez está descartado para o clássico contra a Argentina''. As rádios locais seguiram o tom de catarse e desespero. ''Estamos complicados, agora só o orgulho pode nos salvar diante da Argentina de Messi e Sampaoli'', falava, fúnebre, o locutor Jorge Salvati, da Rádio El Espectador.

A histeria com a lesão de Suárez comprova como o Uruguai é dependente de seu futebol. Edinson Cavani não desperta tanta simpatia por aqui – respeito sim, dale, mas basta soltar ele e Suárez juntos pela rambla para saber quem é mais adorado.

Suárez é mais aguerrido; Cavani é visto como pecho frío, alguém pouco brigador.

A questão de Messi é tratada com o drama habitual dos argentinos, que ficaram loucos de verdade quando foi anunciada sua punição antes da partida contra a Bolívia. A suspensão foi retirada e Messi está apto para jogar no Centenário, mas por enquanto ele não é o Messi que todos se acostumaram a ver.

Na praia de Pocitos, muitos portenhos que cruzaram o Rio da Prata para participar de uma corrida de rua no último final de semana e que esticaram a estadia para aproveitar a hermosa capital uruguaia, se juntaram para ver o Real Madrid x Barcelona de ontem à noite justamente para analisar o desempenho de Messi às vésperas do Uruguai x Argentina. E Messi, como todos sabem, não jogou nada. Não fez uma única boa jogada em 90 minutos de futebol.

''Ele está um pouco pesado, isso pode ser sinal de desgaste pela pré-temporada. Messi pode virar um alvo fácil das patadas dos zagueiros uruguaios'', analisou o argentino Juan Carlos Cardona, 43, instrutor de educação física, um dos mais inconformados com o Real x Barça de ontem.

A imprensa argentina pensa parecido. O jornal ''Olé'' desta quinta estampa uma foto de Messi frustrado, e uma significativa manchete: ''Perdeu a alegria''.

(Não, muchachos, o ''pânico'' do título do post não é exagero.)

O Uruguai é o terceiro na tabla de classificação das Eliminatórias, com 25 pontos, enquanto a Argentina está com 22, na quinta posição, a que daria vaga na repescagem contra uma rival da Oceania.

Muitos por aqui acham que o empate convém aos dois times – e que só mesmo uma surpresa colocaria três pontos no uniforme de alguém no último dia deste agosto.


Por que Argentina e Uruguai têm mais técnicos estrangeiros que o Brasil?
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Tales Torraga

Terra de vários dos melhores treinadores do mundo, por mais que Vanderlei Luxemburgo pense diferente, a Argentina está sempre de aeroportos abertos para os técnicos dos mais diferentes lugares do planeta. E o nanico Uruguai? Igual.

Não há orgulho charrúa, nem soberba portenha, nem bairrismo, nem discurso de ''somos pequenos, não venha você, grande e rico, invadir nosso mercado''. A troca de conhecimento é livre e incentivada há muitas gerações.

Não há burocracia, licença A ou curso B – só vontade de aprender.

Se o Campeonato Brasileiro tem um único técnico estrangeiro, o colombiano Reinaldo Rueda, agora no Flamengo, e ele antes de estrear já lida com discursos estreitos, o Campeonato Argentino, em sua última edição, contou com três clubes dirigidos por uruguaios – Paolo Monteiro, que comandou o Colón e o Rosário Central – e o já conhecido Diego Aguirre, que continua à frente do San Lorenzo.

Apesar da diferença de território e nacionalidade e da imensa rivalidade no futebol, argentinos e uruguaios são ''irmãos de diferentes placentas'', como costuma definir o ex-presidente Pepe Mujica. O centenário intercâmbio entre técnicos e jogadores é visto com ótimos olhos inclusive hoje – algo que o Brasil, com as fronteiras tão próximas, tem igual condição de fazer. Basta querer.

Não é preciso gastar a memória para lembrar do Kaiser argentino Daniel Passarella à frente da seleção uruguaia, ou do Maestro Óscar Tabarez, atual treinador do selecionado celeste, dirigindo o Boca Juniors em duas ocasiões.

O River Plate contou com diversos técnicos de Hungria e Itália nos anos 30 e 40. Brasileiros como Didi e Delém mais que tiveram espaço em Núnez – são reverenciados até hoje. Chilenos (Manuel Pellegrini) e uruguaios (Luis Cubilla) também encontraram portas abertas nas décadas passadas. Nenhum deles esbarrou em nenhuma reserva de mercado.

Melhor treinador hoje em atividade na Argentina, El Muñeco Marcelo Gallardo, do River, começou sua carreira no Nacional de Montevidéu, onde pendurou as chuteiras para imediatamente virar treinador – e logo campeão, em 2011.

O Campeonato Uruguaio também tem dois técnicos vindos da Argentina: José Enrique Basualdo, à frente do Cerro, e Damián Timpiani, no Sud América.


Messi x Maradona: os gênios analisados pelo único homem que treinou os dois
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Tales Torraga

Uma única pessoa na história pode dizer que treinou tanto Diego Maradona quanto Lionel Messi. E este técnico (hoje ex) é o argentino Alfio Coco Basile, de 73 anos, comandante del Diez Diego em 1993 e 1994 e da Pulga Messi entre 2006 e 2008.

Maradona e Messi – Montagem

Basile foi testemunha privilegiada do fim de Maradona e do surgimento de Messi, 12 anos depois. E não consegue estabelecer um ponto de contato entre os dois.

''Maradona foi criado em uma época como a minha. Messi é de uma geração mais nova, viveu metade da vida na Europa'', analisou Coco ao jornal ''Clarín''.

''Não podemos compará-los, mas conto como eles são. Primeiro: eles não jogam no mesmo lugar do campo. Maradona geralmente decidia bem. Ninguém precisava falar nada para ele, Diego sabia exatamente o que precisava fazer. Era um estrategista, superinteligente. Colocava o time no ombro e fazia todo mundo jogar.''

''Já Messi é um individualista que atua no último quarto do campo e descansa quando está sem a bola. Diego era lento. Já Messi é um avião. Só vi Caniggia com uma velocidade parecida, mas Messi é veloz com a bola, a leva com um barbante. Ele faz o gol ou entrega o gol ao outro.''

E o temperamento?

''Um é a antítese do outro. Salvo que tenha mudado, Messi é um craque calado, quer passar despercebido inclusive no vestiário. E de Maradona…''

''Bem, de Maradona nem é preciso falar.''

Alfio Colo Basile – Clarín / Reprodução

Personagem pouco famoso no Brasil, Coco Basile está, seguro, na lista dos treinadores mais excêntricos da Argentina – e olhe que a concorrência é dura.

Seus detratores ressaltavam sempre que ele fumava e bebia com os jogadores, e que o doping de Maradona em 1994 poderia ser evitado com um pulso mais firme.

Basile, aliás, teve seu ''tapete puxado'' como técnico da seleção em 2008 justamente por Maradona. Ao menos é esta a versão que circula em seu entorno.

E esta é também mais uma maneira de separar Messi e Maradona.

Diego foi técnico da Argentina na Copa de 2010. E quantos conseguem imaginar Messi em papel parecido?