Patadas y Gambetas

Sampaoli chama Maradona para motivar jogadores
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Tales Torraga

Uma das críticas feitas a esta seleção argentina é a falta do ''espírito antigo'' que fez o país ganhar duas Copas do Mundo. Jorge Sampaoli e seu assistente Sebastián Beccacece reconheceram que esta é sim uma limitação que a equipe está sofrendo na Rússia, e a saída vai ser chamar Diego Armando Maradona, o eterno El Diez, para conversar com o grupo antes da decisão das 15h (de Brasília) contra a Nigéria.

Quem se ofereceu a oferecer a arenga (a conversa motivacional) ao grupo foi o próprio Maradona em seu programa na TV TeleSUR: ''Vou até com Passarella, se for preciso'', disse Diego, relevando a histórica briga com o outro capitão campeão mundial com a Argentina.

As únicas pendências de momento são logísticas – onde e quando o encontro vai acontecer – e uma outra questão que tem a ver muito mais com a vaidade de Diego. Maradona disse que só vai até o grupo se for chamado de maneira formal, algo que deve ocorrer ainda hoje.

Maradona desempenhou tal papel de motivador na Copa do Mundo de 2006 – ele era, inclusive, chamado a sair do vestiário dos jogadores instantes antes das partidas argentinas naquele Mundial, como tática para intimidar o adversário com todo o seu magnetismo. Ele fez isso em todas as partidas. A única exceção foi a eliminação para a Alemanha, quando ele misteriosamente não apareceu no estádio.


Dá para acreditar no pacto argentino?
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Tales Torraga

A seleção argentina se reuniu depois do jantar de ontem (22) em San Petersburgo em um encontro com a presença de toda a comissão técnica e de Chiqui Tapia, o presidente da AFA. Segundo apurou o blog, o diálogo foi moderado, porém incisivo, com todos falando sobre tudo, porém em bons tons e sem resvalar em agressões.

Foi pactado que todos deveriam unir forças e evitar a célebre tendência argentina de se autodestruir. Que esta seria a única maneira de seguir na Copa depois do verdadeiro presente que foi dado pela Nigéria ao vencer a Islândia.

Esta, porém, não é a única versão que circula nos meandros da concentração argentina. O técnico Caruso Lombardi deslizou nesta madrugada que Pavón deu um soco no rosto de Mascherano depois da derrota para a Croácia, e que Jorge Sampaoli e Sebastián Beccacece, seu cabeludo assistente, também saíram na mão no vestiário na frente de todo o elenco. Tal agressividade é aprovada pela maioria dos argentinos. ''Se não se mataram na porrada, é porque não têm culhões. Se alguém está com uma bolsa de gelo na cara, agora, perfeito'', analisou Maradona.

Embora tenham feito tal pacto, que a imprensa argentina está tratando como um ''juramento'', é difícil acreditar que a seleção vai encontrar suas respostas para seguir no Mundial. Tal pacto é mais um sintoma da cada vez mais inacreditável ''soberania argentina'' de achar que tudo o que ocorre no planeta é decorrência daquilo que os argentinos executam ou se determinam a fazer – mesmo que da maneira mais empírica e improvisada, e em um mundo cada vez mais sofisticado.

A tentativa de se reunir é positiva por vários aspectos. Tal prática foi levada adiante, por exemplo, na Copa do Mundo de 1986, e sem ela a Argentina certamente não seria campeã. Mas aí resvalamos na diferença de personalidade entre aquela geração de jogadores e a atual. A rebeldia que tanto caracterizou o futebol argentino por tanto tempo é algo que passa bem longe deste grupo, por mais que haja esta argentineada típica de sair na mão no vestiário ou chutar a bola na cara de um adversário caído (que Otamendi ao menos peça desculpas pelo que fez).

Estamos no fundo do mar, mas tratando de sair, é o que se lê como mensagem de um dos integrantes do corpo técnico. É realmente difícil acreditar que se consiga. O treinador está cada vez mais desorientado e o craque do time está cada vez mais recluso e impotente em campo. As mudanças começaram a acontecer: contra a Nigéria, por exemplo, está certo que finalmente entra Armani no lugar de Caballero.

A Argentina depende dela mesma. E isso pode ser o pior de tudo.


Polêmico, livro de Sampaoli já antecipava seu calvário na Rússia
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Tales Torraga

Jorge Sampaoli há três meses lançou em Buenos Aires um livro chamado ''Mis latidos'' (''As minhas batidas'') e deixou claro como iria encarar a Copa do Mundo da Rússia. É um fato: o seu calvário no Mundial já estava escrito.

''Eu não planejo nada. Tudo surge na minha cabeça quando tem que surgir. Brota naturalmente no momento oportuno. Odeio o planejamento'', registrou em sua obra, mostrando que o improviso e as suas loucuras na Rússia não foram tomadas ao sabor dos acontecimentos – é, de fato, a sua maneira de viver.

Capa do livro de Sampaoli – Editoria Planeta/Divulgação

É mesmo chocante que 1) Sampaoli se mostre como uma pessoa 1000% intuitiva e 0% capaz de estudar e se planejar, representando uma Argentina que preza demais pelo conhecimento e pelo estudo – e que se orgulha demais disso, e 2) que Jorge registre tais palavras depois de convencer a AFA a gastar milhões na atualização de tecnologia para…estudar dados.

''Se eu planejo, me ponho no lugar de quem trabalha no escritório. Sou o mesmo de 1991. O futebol não se estuda: se vive e se sente. Parto disso. Eu sou da rua: negar isso é impossível. É estranho que tenham me colocado a etiqueta de uma pessoa que planeja.''

O sincericídio de Sampaoli é profundo:

''Talvez minhas conversas soem como a de uma pessoa super estudiosa. Nunca fui estudioso. Nem na escola, nem na faculdade, nem no curso de treinador. Eu não posso ler um livro. Viro duas páginas e já fico entediado. Escrevo três coisas em um papel e me canso'', destaca outro trecho.

(Seria Sampaoli a versão argentina de Renato Gaúcho, que ''não precisa estudar''?)

''Mis Latidos'' revela também a enorme paixão de Sampaoli pelo ex-presidente argentino Juan Domingo Perón: ''Vejo discursos de Perón e aprendo o que pode gerar um condutor, um líder. Há um dom que deve ter alguém que ocupa este tipo de lugar – a capacidade de comover. Alguém precisa se comover antes de comover o outro''.

O livro está repleto de frases dos rocks das bandas Callejeros, La Renga e Los Redondos. E há também uma inusitada análise sobre a final da última Copa.

''A Alemanha não ganhou porque foi melhor que a Argentina. Ganhou porque foi mais fria. Se o futebol for assim, saio dele. Não me sinto parte. Vou tentar brigar da minha maneira.''

Produzido pela Planeta, a maior editora da Argentina, ''Mis Latidos'' tem 192 páginas e segue à venda em Buenos Aires. Custa 249 pesos (cerca de R$ 42).

E tem, claro, muitos trechos do discurso de ''soberania argentina'', uma mania de grandeza que não encontra eco nos gramados – afinal, a seleção não ganha nada há exatos 25 anos.

''Da Argentina saíram os melhores do mundo: Di Stéfano, Sívori, Maradona, Messi, Kempes e outros como Bochini, Alonso e Madurga. Os dedos das mãos não dão conta. As raízes argentinas não se comparam a nenhum outro país. Os melhores jogadores de criação e do terço final de campo da história são argentinos.''

''O desafio é impor esta superioridade com base na essência que permite que o futebol argentino seja muito respeitado na história. A Argentina esteve no topo mundial graças aos jogadores que fizeram isso possível. Não é só ganhar a Copa do Mundo e não é só o festejo de uma noite. É o respeito do rival.''


Psicologia e linguagem corporal explicam o ‘apagão’ de Messi
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Tales Torraga

Capitão da Argentina, Lionel Messi não deu nenhuma entrevista depois da derrota de ontem para a Croácia. Algo ainda mais chamativo? Ele procurar cobrir o rosto das câmeras que o mostravam durante a execução do hino.

Messi se esconde durante o hino – TV Pública/Reprodução

Contra o Equador, na partida em que fez três gols pelas Eliminatórias e classificou a Argentina ao Mundial, Messi também passou todo o hino olhando para o piso, mas esta foi a primeira vez que ele se tapou durante o momento que costuma ser o de maior emoção para um esportista argentino.

A linguagem corporal não deixa dúvida: o gesto de Messi foi decorrente de um pensamento negativo, e seu subconsciente ordenou que ele tapasse os olhos, como se não quisesse ver a negatividade projetada pela mente. O gesto indica também a tentativa de esconder a visão dos seus enganos e de tapar, claro, o seu rosto para que as pessoas não percebessem o que ele estava sentido.

Há diversas outras maneiras de mostrar o que Messi sentiu em campo em uma partida em que ele tocou menos vezes na bola (31 a 36) do que o goleiro Caballero – algo praticamente impossível de se acreditar em uma partida tão decisiva.

Cenas do desespero de Messi ante a Croácia – Montagem/Site Diez

As mãos no cabelo demonstram frustração e impotência, seria um derivado do gesto da pessoa que golpeia a sua própria testa, como uma recriminação. As mãos escondendo o rosto e o gesto olhando para baixo são as maneiras já citadas de se esconder, além de demonstrar tristeza, vergonha e desconforto. E as mãos na cintura vistas durante a partida denotam que a pessoa já perdeu a paciência e que está muito brava.

Lionel Messi na seleção argentina é um caso claro de 'indivisão'.

A indivisão é caracterizada pela queda das habilidades no momento no qual se juntam extrema pressão psíquica e necessidade de eficiência na motricidade fina.

Um exemplo é o primeiro concerto de Chopin em Paris. Ele se bloqueou. Parou. Não conseguiu tocar. E ninguém dúvida da habilidade de Chopin em tocar piano.

Outra forma de explicar a motricidade fina sob pressão é esta:

Todos nós usamos normalmente a chave. Mas se formos ameaçados por alguém armado dizendo 'Ponha de primeira ou te mato', trememos e não conseguimos.

Foi descrita por Freud em 1918 como a 'linha que vai da angústia à indivisão'.

Não há relação entre capacidade da pessoa e indivisão. Qualquer pessoa com extrema capacidade de fazer algo a vive.

Não tem a ver com a capacidade. É uma conduta humana em não responder com a plenitude das habilidades quando se está sob pressão muito grande.

É nítido que Messi carrega um peso excessivo de responsabilidade.

Ele é o capitão, o melhor do mundo, de quem todos esperam. Mas é um ser humano.

Maradona errou cinco pênaltis seguidos nos anos 90 quando jogava no Boca.

Messi é um jogador de muito prestigio perante os colegas pela eficiência técnica, mas sem personalidade de liderança. Não é um líder. Líder é a pessoa com voz de mando, que verte emoções, que geralmente se encarrega da parte anímica do resto.

Líderes são Passarella, Ruggeri, Mascherano.

Pedimos demais a Messi. Que ele desparrame sua técnica, que se encarregue do anímico, que seja capitão, que cobre o pênalti…

E ninguém aguenta isso.

Por trás do ídolo tão identificado há o humano que sente angústia e executa mal.

Os jogadores hoje são muito treinados para isso. Messi está treinado para isso.

Mas ele vem de um clube onde não precisa demonstrar nada. Vem de um crédito ilimitado no Barcelona. Lá ele tem espaço para errar e não acontecer nada demais.

Ele parece precisar revalidar suas condições na Argentina. Messi não é acostumado a isso, e sim a entrar em campo tranquilo e fluído por não precisar provar nada.

Na Argentina, por distintas considerações, por não ter crescido aqui, se sente obrigado a fazer coisas que não aguenta.

Os condutores do grupo não manejam este tema com precisão.

De onde vem a pressão que a sociedade impõe ao jogador? A pessoa destacada gera identificação, a sociedade quer de alguma maneira ser como esta pessoa.

Em qualquer sociedade, não só a argentina.

Pensamos numa criança: 'Quero jogar como Messi, quero ser famoso como este, inteligente como aquele'.

O que não se permite nesta questão de idealização, e isso passa por uma questão de educação, é que o erro e o não ganhar sempre fazem parte do ser humano.

Um ideal é um ideal, uma parte humana é uma parte humana.

Os humanos falham. A estrutura do humano é a falha, a falta.

Isso é o que nos faz desejar. Isso é o que nos faz particularmente humanos.

Quando alguém se identifica com algo, se identifica com algo completo, que usualmente não poderia falhar nunca, que nunca teria defeito ou problema.

Isto não é do campo humano. É simplesmente um campo identificatório.

Quando a torcida diz: 'Perdemos sete finais', não pensa: 'Chegamos a sete finais'.

É muito difícil chegar a sete finais.

Mandar embora os jogadores e o técnico gera uma hipótese um pouco perigosa.

O que se fala na Argentina desde antes desta Copa do Mundo é que ela teria que ser vencida, que a seleção não poderia perder, que ela não poderia escapar.

E na realidade isso não é verdade.

Quando não se toma a realidade com todos seus aspectos, caímos em situações como esta, de extrema frustração.

É uma situação ridícula perder e querer que todo mundo saia.

Messi precisa se recapacitar, e ele está em um enorme lugar para crescer.

Ele é tão bom jogando futebol, e se há algo com o qual aprende um ser humano, é com suas falhas.

Fonte: Oscar Mangione. Referência da psicologia esportiva em Buenos Aires, cidade de destaque mundial entre os profissionais da mente. Atuou no Boca de 1989 a 1994 (mesmo sendo torcedor declarado do River, onde também trabalhou).


E ainda reclamavam do Romero?
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Tales Torraga

A bola que cantamos desde o ano passado enfim entrou no gol – de Caballero.

Que vergonha. Una verguenza.

Maradona disse que Sampaoli não poderia voltar para a Argentina porque seria agredido. El Diez se antecipou ao papelão que vimos em campo. Vexame é pouco. O 3 a 0, afinal, já havia sido antecipado pelo 4 a 2 sofrido pela Nigéria e pelo 6 a 1 levado da Espanha nos amistosos.

Sampaoli está condenado a partir de agora a sofrer o pior dos tormentos por insistir com Willy Caballero, que já havia sofrido seis da Espanha, que quase não jogou durante o ano, que deu rebote para o meio da área contra a Islândia…

E com Armani, o goleiro pedido por 99% da torcida, no banco.

Messi parecia antecipar… – Olé/Reprodução

Claro que o erro crasso do goleiro é uma árvore re copada – mas não é o bosque.

Com ainda 25 minutos por jogar, as três substituições já haviam sido feitas – total sinal de loucura e desequilíbrio de um time que deu todas as mostras de que não merecia sequer a vaga na Copa, quanto mais o selo de candidato que alguns insistiram em colá-lo. O blog está no ar desde o começo de 2016 e o papelão já estava mais que destacado por nosotros há um bom tempo.

A capacidade da Argentina de se autodestruir é inigualável. É gol perdido em final (Higuaín), é técnico que não convoca craque cabeludo (Redondo), é outro (Bielsa) que não coloca Batistuta e Crespo juntos…

E a fila segue!

Pelo menos não vão falar só de Messi em toda a Argentina. Vão falar de Sampaoli e de Caballero. E Higuaín e Di María enfim vão ter com quem dividir o sofrimento dos inúmeros memes. Menos mal que os terapeutas brotam por esse país. O jogo contra a Nigéria agora é o de menos. Não há time, não há planejamento, não há confiança que resista a um golpe tão forte como este.

A Argentina era feliz com Chiquito Romero e não sabia.

A matemática diz que a Argentina ainda tem chances. O jogo, o ânimo, a desorientação do técnico e o momento de Messi dizem o contrário.

Siamo fuori. Ya tá. Con papelón.


Opinião: Empate é lucro para a Argentina
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Tales Torraga

Não há mesmo paz ou alegria no cotidiano argentino nesta Copa. A segunda partida da seleção, às 15h (de Brasília) de hoje (21), está sendo tratada pelas TVs e pelas rádios do país como ''uma vergonha'', ''uma piada de mau gosto'' e ''a prova de que este time é um cabaré e que o treinador é um fantoche metido a fanfarrão''.

¡Mamita querida!

Fato 1: nunca passamos por tamanho azedume, tamanha gritaria, tamanho mau humor com uma seleção argentina em uma Copa do Mundo, e os mais antigos, e põem antigos nisso, dizem que desde que o mundo era outro, na Suécia-1958, que não estava instalada uma bronca tão grande com um grupo de esportistas do país.

Sem piada, só nervosismo na capa de hoje do ''Olé'' – Reprodução

Fato 2: Sampaoli, os jogadores e a AFA realmente fizeram de tudo para compor este cenário, porque a Argentina desde o vice ante o Chile na Copa América de 2016 embicou numa queda difícil de encontrar o solo. E o preocupante é que a aterrissagem pode vir nesta tarde em caso de uma derrota para a Croácia e uma muito provável – mediante o revés – eliminação ainda nesta primeira fase.

Para quem acha que esta queda se compararia à de 2002, não. Aquela ocorreu com o time jogando bem e brigando. Talvez não falte briga. Mas ainda falta muito, mas muito jogo a esta Argentina que não melhorou nada das Eliminatórias até aqui.

Também pudera. Sampaoli hoje comanda a seleção pela 13ª vez e usando a 13ª escalação diferente. O desentrosamento entre os atletas vai se ver também na novíssima escolha tática adotada, um 3-4-2-1 que resvala em uma observação mais do que evidente, a entrada do volante Enzo Pérez como titular em uma decisão.

Enzo nem estava convocado, só foi chamado porque houve o corte de Lanzini. E agora vai ser titular – e sem a saída de ninguém por lesão ante a Islândia.

Se isso não é a prova cabal de improviso e de despreparo, o que seria?

O blog apurou que Sampaoli sempre quis colocar em prática este seu esquema, mas sua preocupação inicial seria sempre rodear Messi com as comodidades que tanto prometeu. ''Agora vamos jogar como no 2 a 0 sobre a Espanha no Mundial do Brasil'', diz, mas tem sido difícil acreditar no Pelado Sampa. Ali, ele estava com um time realmente treinado e que fazia dois anos que estava em suas mãos. Hoje, não dá para dizer que ele tem um time ou que tenha um sistema de jogo.

A Argentina vai a campo hoje com Caballero; Mercado, Otamendi e Tagliafico. Chama a atenção a ausência de Fazio, titular durante toda a preparação e que tem o jogo aéreo como virtude, sendo essencial na tentativa de frear Madzukic.

O meio-campo vai contar com Salvio, pela direita, Huevo Acuña, pela esquerda, e Mascherano e Enzo Pérez como caudillos pelo centro. A ideia, sempre segundo Sampaoli, é ter ''desordem e desobediência'' para levar a bola a Messi e Meza, com Agüero, o único atacante, voltando para buscar o jogo.

Messi sim não voltaria. O técnico o quer bem perto da área rival, por isso conta com o avanço de Salvio e Acuña e os passes de Meza e de Enzo. Pavón começa no banco – vai oferecer no segundo tempo a eletricidade que é a sua característica.

As intenções de Sampaoli são, pela ordem, 1) sufocar Modric e Rakitic, 2) gerar mobilidade no meio; 3) rezar por Messi.

Por tudo isso, rezamos por um empate. Ni más. Ni menos.

Que Croácia e Islândia cheguem à última rodada com quatro pontos contra dois da Argentina. Mediante o enorme risco do desastre fatal de hoje, dos males o menor.

Sin otro jueves cobarde, ¡porfavor!


O blog lança livro e convida (una vez más)
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Tales Torraga

Nômades digitais, aleluya! Consagrando o que os argentinos chamam de a todo pulmón – o ''na raça!'' – , vamos dar uma pequena pausa no fluxo de informações entre Buenos Aires e Rússia para absorver um pouco de buena onda na hermosa cidade de Santos, que nesta sexta (22), às 18h, recebe o segundo lançamento do ''Copa Loca'', o livro que reúne as grandes histórias argentinas nos Mundiais.

Eu, Tales Torraga, das Patadas y Gambetas aqui do UOL, cooptei dois craques e amigos brasileiros a se juntar a esta nossa seara argenta – são eles Celso de Campos Júnior e Giancarlo Lepiani, caras brilhantes, que escrevem bem demais.

Lo Celso – ou melhor, Celso – é autor de livros maravilhosos como o ''100 Senna'' e ''As Jóias do Rei Pelé''. E o Che Lepiani, vulgo Giancarlo, foi um enorme companheiro na cobertura da Copa do Mundo de 2014 que encaramos para a Veja e para a Placar. Juntos, o Celso e o Gian já escreveram o livro ''Nada Mais Que A Verdade'', sobre a história do jornal ''Notícias Populares'', e agora temos a alegria de ler o ótimo trabalho dos dois também sobre Messi, Maradona e companhia.

O ''Copa Loca'' tem apresentação de Alberto Helena Júnior (!), prefácios de Careca e Batistuta (!!) e 216 páginas com os mais insólitos episódios e personagens da riquíssima e re contra polêmica história da Argentina nas Copas. A obra é editada pela Garoa Livros, que só lança coisas caprichadas e cultas, e custa R$ 49,90.

Já está, inclusive, à venda, aqui.

Se são grandes histórias, nada melhor que um grande lugar para o nosso encontro: desta vez será na Realejo Livros (Rua Marechal Deodoro 2), pertinho da praia do Gonzaga, onde falaremos bastante do cada vez mais maluco Pelado Sampaoli – e nos sentindo, claro, como um dos Mamonas Assassinas, ¡pelados en Santos!

Quem quiser compartir este momento conosco é só chegar lá a partir das 18h desta sexta. Condições? A única é a buena onda. Será um encontro ao estilo Fito Páez/Paralamas, Vinicius y Piazzolla, Senna e Fangio, sem clima para o ''chupa hermano'' ou o ''Brasil decime qué se siente''. Vamos dar uma pausa na rivalidade para tentar entender, afinal, por que esta Argentina de tantos craques tem só duas estrelas na camisa – mas, para deleite de quem curte questões psicológicas e sociais, segue somando dezenas de interrogações em sua inacreditável história…


Badalados, técnicos argentinos passam em branco na Rússia
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Tales Torraga

A Argentina não anda com motivos para comemorar nesta Copa do Mundo da Rússia – sequer dos seus cinco técnicos espalhados pelas seleções que disputam o Mundial. Não há país com mais representantes à beira do campo, mas o orgulho motivado por mais esta ''soberania argentina'' está bem ferido.

Além de Jorge Sampoli, Juan Antonio Pizzi (Arábia Saudita), Héctor Cúper (Egito), Ricardo Gareca (Peru) e José Pekerman (Colômbia) seguem sem vitórias até aqui. E o mais impressionante: apenas Sampaoli, com o decepcionante 1 a 1 com a Islândia, não perdeu.

Cúper foi derrotado duas vezes – 1 a 0 ante Uruguai e 3 a 1 contra a Rússia – e já deu adeus à Copa. Quem deve seguir o seu caminho nesta quarta-feira (20) é Pizzi, arrasado pela Rússia por 5 a 0 na estreia e no caminho do Uruguai do Maestro Óscar Tabárez.

Gareca e Pekerman mostraram mais qualidade em suas equipes, mas tanto Peru quanto Colômbia saíram zerados da primeira rodada do Mundial. O Peru foi derrotado pela Dinamarca por 1 a 0, e a Colômbia causou uma das grandes surpresas da Copa ao perder para o Japão por 2 a 1.

Sampaoli não vai seguir no cargo depois da Copa. Mediante o cenário atual, é provável que os demais treinadores argentinos também enxerguem um fim de ciclo com as respectivas eliminações na Rússia.


Desgaste com a mulher é a causa do desânimo de Messi, diz TV
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Tales Torraga

O abatimento de Lionel Messi é sim um tema de profunda relevância na concentração da Argentina. E uma das versões surgidas em Buenos Aires e em Moscou para explicar o desânimo do craque é um desentendimento seu com a esposa, Antonella Roccuzzo, ausente tanto do jogo contra a Islândia como da confraternização que foi feita no domingo, Dia dos Pais no calendário argentino.

Segundo o Fox Sports da Argentina e diversos veículos dedicados às vidas das celebridades no país, Messi e a mulher estão desgastados desde que foi viralizado um vídeo na semana passada, na concentração da Argentina, sugerindo que Messi e Agüero participariam de uma ''festinha com coisas lindas''.

A seleção, claro, desmente qualquer tipo de ''festinha''.

O que chama sim a atenção até aqui é a ausência de Antonella na Rússia – ela acabou de dar à luz o terceiro filho do casal, Ciro, que nasceu em abril. Nem bem a versão da briga do casal foi propagada na Rússia, ela postou em suas redes sociais uma mensagem de apoio a Messi – e a sua mãe, Celia, que sim esteve presente à partida da Argentina contra a Islândia, já disse que a filha estará em Nínji Novgorod para o segundo – e decisivo – jogo da azul e branca neste Mundial, ante a Croácia.

A vida pessoal dos jogadores argentinos rende sempre inúmeros assuntos extra-futebolísticos nos anos de Copa em uma imprensa que é das mais invasivas do mundo. No começo deste mês, por exemplo, foi muito noticiada uma briga da mulher de Messi com a modelo Eliana Guercio, esposa do goleiro Sergio Romero. Em 2010, com Diego Maradona no comando, ele teria deixado de convocar D'Alessandro para a Copa porque uma de suas filhas, então casada com Agüero, teve um romance com o irmão do jogador do Internacional.

Nada, porém, superou o período de 1990 e 1994, quando Maradona e Caniggia tabelavam em campo e suas esposas brigavam sempre na concentração. Ter paz para trabalhar talvez não empurre a bola para o gol – mas a ausência dela ajuda a entender por que a AFA não abre a sua sala de troféus desde 1993.


Disputado há exatos 40 anos, Brasil x Argentina de 78 tem polêmica até hoje
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Tales Torraga

Foi também em uma noite de 18 de junho, mas de 1978, que Brasil e Argentina fizeram aquele que talvez seja o duelo mais tenso da história do confronto em Copas. No nefasto Mundial dos militares de quatro décadas atrás, o 0 a 0 teimou em persistir em Rosário na partida que gera polêmica nos dois países até hoje.

Foi, afinal, uma ''batalha'', como se repete no Brasil desde então?

Ou acabou sendo uma partida ''normal'', como relembram os argentinos?

Dedicado às histórias da seleção argentina nos Mundiais, o livro ''Copa Loca'', lançado no Brasil há duas semanas, descreveu da seguinte forma o ambiente e os movimentos daquela partida que paralisou os países vizinhos diante da TV. Confira:

O cruzamento das chaves determinou que Argentina, Brasil, Polônia e Peru decidiriam um lugar na finalíssima, com óbvio favoritismo para os arquirrivais sul-americanos. Ambos começaram bem: o Brasil fez 3 a 0 no Peru e a Argentina bateu a Polônia por 2 a 0, partida em que a estrela de Mario Kempes começou a brilhar no Mundial (os dois gols foram dele). A segunda rodada da fase semifinal colocou Argentina e Brasil frente a frente no gramado do Gigante de Arroyito, em partida que ficaria conhecida como o inevitável apelido de “Batalha de Rosário”.

Brasil e Argentina perfilados em 1978 – La Capital/Divulgação

Disputado na gelada noite de 18 de junho de 1978, o clássico foi, de fato, um festival de patadas – ainda que alguns de seus personagens se recordem do duelo como um típico Argentina x Brasil, e nada muito além disso. “Um jogo desses sempre vai ser pegado”, diz Pato Fillol. “A partida foi muito dura, mas não aconteceu nada de anormal ou chocante.”

Do outro extremo do campo, Leão viu mais ou menos a mesma coisa: “Um jogo duro entre dois grandes rivais, mas não uma batalha”, resume o arqueiro do Brasil. “Comparado ao que se já se viu em outras partidas, aquilo foi um Shangri-La.”

Só tipos com muchos huevos como Fillol e Leão seriam capazes de minimizar a rispidez das divididas daquele embate. A escalação do volante Chicão pelo técnico Cláudio Coutinho costuma ser citada como um sinal mais do que evidente do que se esperava no clássico. Um dos jogadores mais duros e temidos de uma década marcada por um futebol muito mais bruto que o atual, o bigodudo do São Paulo era capaz de colocar até o capeta para correr.

O xerife de Piracicaba grudou em Kempes e anulou o artilheiro da Copa. Outro duelo particular foi travado por Luque e Oscar. O argentino desferiu uma cotovelada no zagueiro brasileiro quando a partida mal havia começado. Oscar retribuiu na mesma moeda e avisou: “Se der mais uma, te quebro”.

Passarella pega Zico em Rosário – Revista Goles/Reprodução

Com exceção do variado cardápio de pancadas, o jogo pouco ofereceu à torcida que lotou o estádio do Rosario Central. Roberto Dinamite teve uma chance de ouro para marcar, mas parou em Fillol; Ortiz também desperdiçou bela oportunidade para os argentinos, e foi só. 0 a 0.

O empate sem gols deixava os rivais empatados na tabela e adiava a definição da vaga na final para a rodada derradeira daquela fase. O Brasil, ainda invicto, pegaria a Polônia em Mendoza, enquanto a Argentina permaneceria em Rosário para encarar o Peru. E o general Videla não se limitaria a torcer da tribuna…