Patadas y Gambetas

Análise: Grupo exige bastante cuidado da Argentina

Tales Torraga

''A Argentina caiu em um grupo acessível. Mas precisa melhorar o time. Não pode jogar tão mal como está jogando.''

O diagnóstico mais preciso do sorteio desta sexta (1º) em Moscou para a Argentina veio do autêntico (e discretíssimo, convenhamos…) Diego Armando Maradona.

Beijo para a história: Maradona e um Pelé na cadeira de rodas – Fifa/Reprodução

Em tom de brincadeira, Buenos Aires diz que Argentina e Nigéria vai virar um clássico. Se for pela repetição dos confrontos, com certeza. É a terceira vez seguida (!) que os africanos cruzam o Mundial argentino, a quinta das últimas sete. Os duelos em Copas foram em 1994, 2002, 2010 e 2014. A Nigéria foi também a rival da Argentina em duas finais olímpicas (1996 e 2008) e um Mundial Sub-20 (em 2005). Das sete partidas, seis vitórias argentinas – mas todas por um mísero gol de diferença. A derrota na final olímpica de 1996 também foi por um gol.

Que ninguém espere jogo fácil. O último amistoso entre as duas seleções terminou em um vergonhoso 4 a 2 para a Nigéria no mês passado.

O confronto contra a Islândia será o primeiro da história, e a Argentina já jogou contra a Croácia inclusive em Copas – a de 1998, quando venceu com gol de Pineda por 1 a 0, na fase de grupos, quando estava classificada para as oitavas.

Ao todo, Argentina e Croácia se enfrentaram quatro vezes, com duas vitórias argentinas, um empate e um triunfo croata.

Ou seja: históricos apertados contra Nigéria e Croácia e duelo inédito contra uma Islândia que não é nada boba – eliminou a Inglaterra na última Eurocopa e conseguiu se classificar para esta Copa do Mundo como campeã de seu grupo.

Onde está a moleza?

Esta Argentina precisa desconsiderar a falácia de sempre. Que é grande, que é favorita, que vai melhorar, que tem Messi. O futuro é incerto. Qualquer futuro é. Convém focar no presente, que é bastante preocupante – e o argumento de que Jorge Sampaoli começou seu trabalho há pouco tempo requer maior reflexão, pois a pior partida do time foi justamente a última, o 4 a 2 para a Nigéria.

Por falar nele: Sampaoli demonstrou a sua famosa obsessão ao analisar o sorteio. Descreveu em detalhes como jogam Croácia e Islândia. Da Nigéria, nem precisava falar tanto, pois foi seu último amistoso. Reconheceu que enfrentar times entusiasmados e sem pressão pode ser um grande complicador – foi a pressão, vale lembrar, que fez a Argentina perder para Bolívia e Paraguai e empatar em casa com Venezuela e Peru. Palavras dos próprios técnicos e jogadores.

A Argentina precisa ter atenção máxima desde já. É um time traumatizado e envelhecido, de média de idade acima dos 30 anos. Convém ter paciência e fugir desde já das brigas que tanto marcam (e atrapalham) a história da seleção.

O blog comentou todos os 18 jogos da Argentina nas Eliminatórias – há, portanto, um lastro para ponderar. Sampaoli, Messi e colegas que se cuidem de verdade e desde já. Ou vão se juntar a Itália e Holanda para acompanhar as oitavas pela TV.

Maradona contra a Nigéria em 1994 – Fifa/Divulgação

O grupo da Argentina nas Copas:

2018 – Islândia, Croácia e Nigéria
2014 – Bósnia, Irã e Nigéria (Argentina em 1º)
2010 – Nigéria, Coreia do Sul e Grécia (Argentina em 1º)
2006 – Costa do Marfim, Sérvia e Holanda (Argentina em 1º)
2002 – Nigéria, Inglaterra e Suécia (Argentina em 3º)
1998 – Japão, Jamaica e Croácia (Argentina em 1º)
1994 – Grécia, Nigéria e Bulgária (Argentina em 3º)
1990 – Camarões, URSS e Romênia (Argentina em 3º)
1986 – Coreia do Sul, Itália e Bulgária (Argentina em 1º)
1982 – Bélgica, Hungria e El Salvador (Argentina em 2º)
1978 – Hungria, França e Itália (Argentina em 2º)
1974 – Polônia, Itália e Haiti (Argentina em 2º)