Patadas y Gambetas

Opinião: Empate é lucro para a Argentina

Tales Torraga

Não há mesmo paz ou alegria no cotidiano argentino nesta Copa. A segunda partida da seleção, às 15h (de Brasília) de hoje (21), está sendo tratada pelas TVs e pelas rádios do país como ''uma vergonha'', ''uma piada de mau gosto'' e ''a prova de que este time é um cabaré e que o treinador é um fantoche metido a fanfarrão''.

¡Mamita querida!

Fato 1: nunca passamos por tamanho azedume, tamanha gritaria, tamanho mau humor com uma seleção argentina em uma Copa do Mundo, e os mais antigos, e põem antigos nisso, dizem que desde que o mundo era outro, na Suécia-1958, que não estava instalada uma bronca tão grande com um grupo de esportistas do país.

Sem piada, só nervosismo na capa de hoje do ''Olé'' – Reprodução

Fato 2: Sampaoli, os jogadores e a AFA realmente fizeram de tudo para compor este cenário, porque a Argentina desde o vice ante o Chile na Copa América de 2016 embicou numa queda difícil de encontrar o solo. E o preocupante é que a aterrissagem pode vir nesta tarde em caso de uma derrota para a Croácia e uma muito provável – mediante o revés – eliminação ainda nesta primeira fase.

Para quem acha que esta queda se compararia à de 2002, não. Aquela ocorreu com o time jogando bem e brigando. Talvez não falte briga. Mas ainda falta muito, mas muito jogo a esta Argentina que não melhorou nada das Eliminatórias até aqui.

Também pudera. Sampaoli hoje comanda a seleção pela 13ª vez e usando a 13ª escalação diferente. O desentrosamento entre os atletas vai se ver também na novíssima escolha tática adotada, um 3-4-2-1 que resvala em uma observação mais do que evidente, a entrada do volante Enzo Pérez como titular em uma decisão.

Enzo nem estava convocado, só foi chamado porque houve o corte de Lanzini. E agora vai ser titular – e sem a saída de ninguém por lesão ante a Islândia.

Se isso não é a prova cabal de improviso e de despreparo, o que seria?

O blog apurou que Sampaoli sempre quis colocar em prática este seu esquema, mas sua preocupação inicial seria sempre rodear Messi com as comodidades que tanto prometeu. ''Agora vamos jogar como no 2 a 0 sobre a Espanha no Mundial do Brasil'', diz, mas tem sido difícil acreditar no Pelado Sampa. Ali, ele estava com um time realmente treinado e que fazia dois anos que estava em suas mãos. Hoje, não dá para dizer que ele tem um time ou que tenha um sistema de jogo.

A Argentina vai a campo hoje com Caballero; Mercado, Otamendi e Tagliafico. Chama a atenção a ausência de Fazio, titular durante toda a preparação e que tem o jogo aéreo como virtude, sendo essencial na tentativa de frear Madzukic.

O meio-campo vai contar com Salvio, pela direita, Huevo Acuña, pela esquerda, e Mascherano e Enzo Pérez como caudillos pelo centro. A ideia, sempre segundo Sampaoli, é ter ''desordem e desobediência'' para levar a bola a Messi e Meza, com Agüero, o único atacante, voltando para buscar o jogo.

Messi sim não voltaria. O técnico o quer bem perto da área rival, por isso conta com o avanço de Salvio e Acuña e os passes de Meza e de Enzo. Pavón começa no banco – vai oferecer no segundo tempo a eletricidade que é a sua característica.

As intenções de Sampaoli são, pela ordem, 1) sufocar Modric e Rakitic, 2) gerar mobilidade no meio; 3) rezar por Messi.

Por tudo isso, rezamos por um empate. Ni más. Ni menos.

Que Croácia e Islândia cheguem à última rodada com quatro pontos contra dois da Argentina. Mediante o enorme risco do desastre fatal de hoje, dos males o menor.

Sin otro jueves cobarde, ¡porfavor!