Patadas y Gambetas

Cusparada de técnico em atleta ameaça a paz de amistoso do Boca
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Tales Torraga

Boca Juniors e Chivas do México se enfrentaram pelas quartas-de-final da Libertadores de 2005 em mais uma noite selvagem na Bombonera.

O Chivas ganhou a partida de ida por 4×0, e a volta em Buenos Aires estava 0x0 quando a torcida invadiu o campo, agrediu os jogadores adversários e um deles, Adolfo Bautista, quando se dirigia ao vestiário, recebeu uma cusparada na cara do técnico do Boca, Jorge El Chino Benítez, que logo foi demitido pela atitude.


Além do placar, gestos de Bautista à torcida teriam desatado a ira bostera, representada por uma cabeçada de Palermo no próprio jogadorOs vídeos daquela escandalosa jornada, a pior até a Noite do Gás contra o River, estão aqui.

Pois são exatamente esses dois times, Chivas e Boca, que se reencontram à 0h30 desta sexta (3) em um amistoso que terá um novo modelo de negócios. A partida não será transmitida pela TV. Apenas pela internet, e para assistir é preciso pagar.

O atual técnico do Chivas é Matías Jesús Almeyda, ex-treinador e jogador do River Plate. Da parte dele não há nenhuma revanche ou referência ao escândalo de quase 12 anos atrás.

Mas Guillermo Barros Schelotto, atual treinador do Boca, que estava em campo como jogador naquela vergonhosa noite, precisou responder sobre um possível revide. Ele minimizou o ocorrido e disse que não espera nenhuma hostilidade por parte da torcida ou dos jogadores do Chivas. A partida vai ser em Guadalajara, um prato cheio para qualquer desubicado buscar confusão.

O Boca já vem de confusões: no último sábado, teve dois jogadores e os dois técnicos expulsos no Superclássico de Verão que perdeu por 2×0 para o River. É muita tensão para uma temporada que oficialmente ainda nem começou.

Centurión vai ser titular e vai manter a camisa 10.  O Boca está preparado para jogar com Axel Werner; Peruzzi, Vergini, Tobio e Silva (Fabra); Pablo Pérez, Gago e Centurión; Pavón, Bou e Solís.


“Simeone leva as pranchetas até para o banheiro. É um doido”, conta seu pai
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Tales Torraga

Excelente, a entrevista com Carlos Simeone, pai de Diego Simeone, feita por Cristian Grosso e publicada pelo ''La Nación'', o segundo maior jornal da Argentina.

Técnico do Atlético de Madri, El Cholo prepara sua equipe para receber o Barcelona às 18h (de Brasília) de hoje pela primeira semifinal da Copa do Rei da Espanha.

Carlos contou que os papos entre família são sobre futebol ''90% do tempo'', e que Simeone é tão doido por esquemas táticos que costuma espalhar pranchetas magnéticas pela casa, levando-as inclusive para o banheiro. ''O quanto ele gosta de futebol é incrível. A primeira palavra que ele disse foi gol: 'Goooool'. Disse gol antes que mamãe'', contou o Simeone pai, que também é técnico. Dirige uma equipe de veteranos no GEBA, o Club de Gimnasia y Esgrima de Buenos Aires.

Outras revelações: Simeone era fã de Falcão e tentava copiá-lo em campo. E que Diego, então com oito anos, viveu o Mundial de 1978 de ponta a ponta, não saindo da frente da televisão e do rádio até o título da Argentina sobre a Holanda.

Por falar em título, Carlos Simeone contou que nunca viu o filho tão mal como depois da final da última Liga dos Campeões, quando a tão esperada conquista escapou para o outro lado de Madri, para o Real, depois da decisão por pênaltis.

Simeone pai reforçou também que a seleção argentina é uma mera questão de tempo para o filho. Que Diego está se preparando para assumi-la um pouco mais adiante, ''quando tiver entre 50 e 55 anos''.

El Cholo (''O Mestiço''), 46, já escreveu até em livro que pretende assumir a Argentina no ciclo para o Mundial do Catar-2022, exatamente como prevê o pai.

Se hoje, com o Aleti, já leva a prancheta ao banheiro, fica difícil imaginar qual seria sua nova mania comandando simplesmente a seleção argentina dos seus amores.


Boca fará proposta ao São Paulo para contratar Centurión em definitivo
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Tales Torraga

O jogador já deu o sinal verde, e o técnico Guillermo Barros Schelotto também. Só mesmo uma surpresa vai impedir o meia-atacante Ricardo Centurión, atual camisa 10 do Boca Juniors, de não seguir no clube portenho depois de junho.

Centurión, 24, está em Buenos Aires porque o Boca negociou um empréstimo com o São Paulo. O blog apurou que os dirigentes xeneizes já preparam uma proposta ao Tricolor para contratá-lo em definitivo, e o valor seria de US$ 4 milhões (R$ 12,53 milhões) – cuatro palos verdes, como dizem os argentinos.

Tal negócio é essencial ao Boca neste momento pós-Tevez porque a equipe não tem ídolos e precisa encontrar respostas em seu próprio elenco. Falta de dinheiro não é exatamente um problema para o clube – gastá-lo com coerência sim. A torcida está re caliente com a diretoria por despejar R$ 10 milhões no meia Zuqui e R$ 16 milhões no atacante Benedetto, jogadores que acabaram de completar seis meses de Boca sem dizer muito bem o que estão fazendo em Buenos Aires.

O Boca, porém, vai precisar enfrentar a desconfiança brasileira. Em julho de 2015, o Corinthians acionou o clube portenho na Fifa por um calote de R$ 6 milhões, valor referente à venda do uruguaio Lodeiro.

Centurión chegou ao São Paulo em janeiro de 2015, e sua contratação gerou ao Tricolor uma dívida superior a R$ 20 milhões.

Cifrões à parte, Ricky, como o jogador é chamado em Buenos Aires, dá um definitivo sinal de que a Argentina é mesmo o seu lugar no mundo. Ele estreou como profissional em 2012, e nessas sete temporadas viu naufragar suas três experiências no exterior. Não deixou saudades no Genoa e no São Paulo, e uma das negociações, para o Anzhi, da Rússia, sequer chegou a se concretizar.

O positivo momento de Centurión no Boca é perceptível também no triste cântico preconceituoso que as torcidas rivais, já incomodadas com seu eficiente futebol, destinam a ele. A única frase publicável é ''De que favela este maluco veio?''.

Não dá para ter tudo na Argentina, Ricky. Cálmate.


Novo capitão da Argentina estuda antropologia e troca celular por livros
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Tales Torraga

Santiago Ascacibar só tem 19 anos, mas já é bastante conhecido para quem acompanha o futebol do continente. Volante titular do Estudiantes de La Plata, ele foi o capitão da seleção argentina que disputou a Olimpíada do Rio de Janeiro.

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Ele repete o posto no Sul-Americano Sub-20 que está sendo disputado em Quito. E chama a atenção não só pelo futebol certeiro – que, muitos dizem em La Plata, faz lembrar de Diego Simeone em sua versão menos briguenta.

Ascacibar já é pedido, quase exigido, na verdade, na seleção principal no lugar de ninguém menos que Javier Mascherano, que deveria ser recuado para jogar como zagueiro justamente para abrir espaço para o jovem volante.

''Santi'', como é chamado, destoa também por ter opiniões profundas sobre assuntos que a maioria dos jogadores, de qualquer idade, sequer se posiciona.

Santiago estuda antropologia e nunca é visto com celulares, ao contrário da maioria dos outros jogadores. É muito fácil sim vê-lo com livros de história e ciências, mas não se gaba por isso. ''É só um gosto, e nem faço isso com todos os assuntos que eu deveria. Gosto bastante de ler também sobre futebol. Quero estudar Educação Física'', diz, com uma eloquência rara de se encontrar em qualquer esporte – ainda mais para um adolescente de 19 anos.

Outro tema que passa longe dos interesses de Ascacibar é a moda. Ele é visto sempre da maneira mais simplória possível. Nada de roupas extravagantes, nada de boné, nada de barba. Santiago parece um jogador de antigamente. E refuta qualquer análise diferenciada sobre seu comportamento: ''Apenas faço as coisas que gosto, da mesma maneira que os outros têm todo o direito de fazer o que quiserem''.

A lógica cortante de Santiago chamou a atenção da AFA, que já lhe propôs um trabalho mais profundo com os jovens, o que ele ficou de responder. Outro fã declarado de Ascacibar é Verón, que já o chamou de ''o jogador mais inteligente que conheceu'', e olhe que La Brujita percorreu o mundo atrás de uma bola em países como Itália e Inglaterra.

Ascacibar tanto é um pibe incomum que a imprensa argentina repercutiu hoje um desconhecido ato seu: ele levou colegas de seleção para se hospedar em sua casa, com sua família, em um determinado momento da preparação. ''Meus pais deram as mesmas obrigações e direitos a todos. Ganhamos novos irmãos'', brincou.

A Argentina de Santiago está no hexagonal final do Sul-Americano. Vai estrear nesta fase às 21h15 desta segunda contra o Uruguai, contra quem estreou também na competição com um raspado 3×3.


River liquida o Boca em Superclássico de seis expulsões e oito amarelos
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Tales Torraga

O script bélico foi seguido à risca nesta madrugada em Mar del Plata: seis expulsões, oito cartões amarelos, uma briga generalizada e um sem número de patadas em mais um triste River x Boca marcado pelo descontrole e pela violência.

O curioso é que das seis expulsões, três foram de jogadores e três de técnicos – Guillermo e Gustavo Barros Schelotto, do Boca, e Marcelo Gallardo, do River.

Guillermo, por reclamação; Gustavo e Gallardo, por atrasar a volta à campo no segundo tempo.

Os gols do 2×0 River foram de Driussi, de pênalti, e do zagueiro equatoriano Mina, que cabeceou livre. Ambos saíram no segundo tempo e em um intervalo de cinco minutos. Driussi fez o seu aos 18; Mina comemorou aos 23.

Os jogadores expulsos foram Insaurralde e Benedetto, do Boca, e Driussi, do River, que se envolveram na batalha campal a dez minutos do fim do ''amistoso'' que é disputado em Mar del Plata todos os anos.

(Em 2017 por sorte este será o único Superclássico de Verão – evitando assim que os demais, como nos anos anteriores, terminem em novos papelões.)

Os cartões amarelos foram dados a Pablo Pérez, Darío Benedetto e Fernando Gago, do Boca, e Camilo Mayada, Jonatan Maidana, Gonzalo Montiel, Arturo Mina e Ezequiel Palacios, do River.

Poucas conclusões são possíveis de se tirar de um jogo tão violento e de tanta patada desde o começo. Logo nos primeiros minutos já era possível perceber que nem por milagre a partida terminaria com os 22 jogadores em campo, por mais que o árbitro Néstor Pitana aliviasse na maioria absoluta de suas marcações.

Ao menos não houve briga nas lotadas arquibancadas divididas do Estádio José Maria Minella de Mar del Plata. A violência ficou apenas entre quem deveria dar o exemplo – neste domingo, infelizmente, um mau exemplo, inclusive dos treinadores que, na prática, passam a não ter moral para cobrar nada de seus comandados.

O futebol argentino não está em crise somente financeira e institucional – ele está doente e vive uma triste crise também no âmbito moral e mental. O esporte profissional nessas noites não se difere em nada da várzea, do potrero, do bairro.

Folclore é uma coisa. Loucura é outra, muchachos. Hay que bajar un cambio.


Boca e River fazem primeiro Superclássico de 2017 prevendo briga e expulsão
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Tales Torraga

Não vale pontos, ok, mas jamais vai ser um amistoso.

Boca Juniors e River Plate se encontram às 23h (de Brasília) deste sábado em Mar del Plata em mais um tradicional Superclássico de Verão – mas em vez de esperar entrosamento e ajuste das equipes depois da pré-temporada, o que os dois técnicos, Guillermo Barros Schelotto, do Boca, e Marcelo Gallardo, do River, preveem é um duelo cheio de patadas e expulsões. Parece brincadeira. Mas é verdade.

Também pudera.

Neste mesmo encontro, no ano passado, foram simplesmente cinco expulsões e uma briga generalizada decorrente de uma cabeçada do zagueiro Maidana, do River, em Tevez. Ele deu também um soco na cara de Chávez, então no Boca.

''O jogo de verão acaba se desvirtuando. Que o juiz cumpra o regulamento'', pediu Schelotto em entrevista que rodou a Argentina ontem.

A diferença de comportamento dos atletas em partidas como esta passa exatamente pelo que propõe o juiz, que é mais condescendente com a violência na tentativa de levar ambas as equipes com 11 jogadores até o fim – afinal, é uma partida de propósitos comerciais e festivos, e não para ser desvirtuada pelas patadas pegadas pelos ''profissionais'' de forma tão repugnante.

É realmente uma transmissão de valores extremamente negativa que atletas de elite (e milionários) batam em colegas de trabalho em pleno janeiro, com a temporada inteira por vir, correndo o risco de lesão e de muitas complicações para o jogador e para as suas famílias em uma Argentina colapsada e como sempre sem dinheiro.

Quem também falou sobre patadas foi Centurión, o novo 10 do Boca, dos que mais apanham. ''Preciso bancá-las. Na verdade, hoje, até gosto delas (risos)'', declarou, em outra afirmação incompreensível que deveria ser levada aos psicólogos.

O destempero nesses jogos é tamanho que até gestos – como esses, de Loco Osvaldo e Cata Díaz – são feitos pelos desequilibrados para provocar a torcida rival.

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Tanto Boca quanto River vão a campo com times titulares. Todos os 35.000 ingressos foram vendidos ao longo da semana e haverá torcida dividida e um esquema de segurança recorde, com 1.100 policiais.

O River Plate vai com Augusto Batalla; Jorge Moreira, Jonatan Maidana, Mina e Luis Olivera; Camilo Mayada, Leonardo Ponzio, Ignacio Fernández e Gonzalo Martínez; Sebastián Driussi e Lucas Alario. Há um cuidado: a final da Supercopa Argentina no próximo dia 4. Campeão da Copa Argentina, o River vai enfrentar o Lanús, campeão do último Campeonato Argentino.

Muito provocado pelo River depois do título da Copa Argentina – o Millo lançou uma camisa com um passaporte, lembrando que jogará a Libertadores e que o Xeneize está fora de competições internacionais em 2017 – o Boca titular no José Maria Minella de Mar del Plata terá Axel Werner no gol; Gino Peruzzi, Fernando Tobio, Juan Manuel Insaurralde e Frank Fabra; Sebastián Pérez, Fernando Gago e Pablo Pérez; Cristian Pavón, Darío Benedetto e Ricardo Centurión.

O responsável em tentar pôr ordem no galinheiro (e também no lado bostero) será o experiente, mas muito contestado, árbitro Néstor Pitana, de 41 anos.

Suerte, che.


Técnicos argentinos dominam a Espanha. E agora, Vanderlei Luxemburgo?
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Tales Torraga

Na constrangedora entrevista na qual gritou sua esquizofrenia, Vanderlei Luxemburgo menosprezou os técnicos argentinos na Europa dizendo que eles ''não eram de ponta'' – só Mauricio Pochettino, do Tottenham, seria um exemplo válido.

A resposta veio nesta quarta e merece ser colada na testa como o zap no truco.

Os treinadores argentinos são três entre os quatro semifinalistas da Copa do Rei da Espanha, com Diego Simeone (Atlético de Madri), Eduardo Berizzo (Celta de Vigo, eliminando o Real Madrid) e Mauricio Pellegrino (do Alavés).

Eduardo Berizzo, Diego Simeone e Mauricio Pellegrino

(Nem vamos falar da ausência brasileira deste cenário. Combinado?)

Simeone é figurinha carimbada e não dá sinais de cansaço à frente do Atlético de Madri que comanda há cinco anos. El Cholo tem um temperamento não muito estimado pelos portenhos. A opinião comum em Buenos Aires o enxerga como um tipo vaidoso demais e que não se importa com os meios para justificar os fins.

Mas reconhecem que ele é um treinador de ponta – e muitos enchem a boca para tratá-lo simplesmente como o melhor do mundo. Seu destino deve ser a Inter de Milão, todos apostam em Buenos Aires. Seria muito merecido.

Berizzo é discípulo de Marcelo Bielsa – assim como Pochettino. Era o zagueiro do Newell's que moeu Raí a patadas nas Libertadores de 1992 e 1993. É técnico desde 2011. E fez o que tem sido praxe na Argentina: dirigiu somente um clube no país, o Estudiantes, antes de voar primeiro para o Chile, onde foi campeão com o O'Higgins, e depois parar no Celta, onde está há dois anos.

Pellegrino, do Alavés, bebeu de outra fonte privilegiada: a de Carlos Bianchi, seu técnico no Vélez campeão da Libertadores e do Intercontinental de 1994. Também era defensor. É treinador há menos tempo. Começou na profissão em 2012 e dirigiu Valencia, Estudiantes e Independiente antes de assumir o atual Alavés.

A ordem de idade é esta: Pochettino tem 44 anos; Pellegrino, 45; Simeone, 46; Berizzo, 47 anos; Jorge Sampaoli, do Sevilla, que também brilha na Espanha depois de fazer o mesmo com a seleção do Chile, está com 56.

Luzemburgo tem 64.

A diferença de geração ajuda a explicar venenos como ignorância, reatividade e autocentramento. ''Las personas que viven dominadas por el ego están engañadas, se creen superiores y no ven la realidad'', diz uma parede da Psicologia da UBA.

Así es, Luxa. Hay que hacer terapia.


“A torcida pedia pro Romário ir pra boate”, diz argentino amigo do Baixinho
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Tales Torraga

A relação dos argentinos com Romário, engraçado, é bem diferente da verdadeira paixão que pelo menos os portenhos nutrem por Ronaldo.

A explicação é bastante óbvia: os argentinos enxergam em si muito mais da história de superação do Fenômeno que a malemolência e a vida tão peculiar de Romário.

Não dá para desconsiderar também as brigas do Baixinho com Simeone e El Chino Zandoná, para ficar só em duas, mas houve ao menos um argentino que teve o atacante brasileiro como um verdadeiro amigo. Foi o goleiro Gustavo Campanguolo, que fazia parte do Valência na temporada 1997/1998, quando Romário amealhou festas e 14 gols em 17 partidas por lá.

''Quem levou Romário ao Valência foi Jorge Valdano, que ele respeitava demais, tinha um bom relacionamento, era bem tranquilo. Mas depois Valdano saiu [era treinador] e veio Claudio Ranieri, e aí o Romário ficou desprotegido'', contou Campagnuolo à revista ''El Gráfico'' deste mês.

Campagnuolo hoje é treinador de goleiros da seleção argentina. E vale demais contextualizar a passagem de Romário pelo Valência. A ideia de Valdano era prepará-lo para a Copa do Mundo de 1998 dando-lhe toda a liberdade e fazendo com que sua motivação pré-Copa fosse necessária para o sucesso do Valência.

Mas Romário se machucou, a equipe despencou de rendimento neste mês de ausência e Valdano foi demitido. O parceiro do Baixinho em Valência era El Burrito Ariel Ortega – de fato um Romário argentino em sua afición por la noche.

''Ranieri era linha-dura, punha multa para tudo, e no dia em que houve esta determinação, Romário apareceu com uma pilha de dinheiro e entregou para o Zubizarreta, que era o nosso capitão: 'Olha, está aqui, a minha multa eu pago antecipado' (risos). Era um craque.''

''Começa a temporada e fazemos um triangular com Flamengo e Palmeiras. Romário marca dois gols em um jogo e três em outro, algo assim [três no Palmeiras e um no Flamengo, na verdade], aí a imprensa o encontrou na boate às 7h. Foram perguntar para ele, que respondeu: quando fiz três gols, fui dormir às 8h.''

''No dia seguinte a torcida já cantava: Saia de festa, Romário saia de festa…''

''Na área, como Romário, nunca vi nada igual.  Eu treinava com ele, saía, entrava o Zubizarreta, e ele cravava igual. Ele tinha muitos recursos, muitas definições com diferentes partes do pé. Ele esperava até o último instante e definia. Você nunca sabia se o chute ia forte ou fraco, se ia de cobertura ou rasteiro.''

''Ele era meio cansadão, meio morto fora da área, mas dentro dela ele te matava.''

''Depois eu o encontrei em um Vasco x San Lorenzo pela Mercosul [2000], e peguei um pênalti que ele cobrou. Ele depois fez dois gols e veio sempre na minha direção, brincando, que era pelos pênaltis que eu peguei. A gente se dava muito bem.''


Maradona atira sem dó: “Chilavert é um falso e vai explodir de tanto comer”
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Tales Torraga

Oh, no puedes ser feliz
Con tanta gente hablando
Hablando a tu alrededor…

Este é o hino de janeiro na Argentina –  ''Hablando a tu corazón'', do monumental Charly García, e cai como uma luva, de goleiro ou de boxe, para definir a nova briga do noticiário portenho, a que envolve o paraguaio José Luis Chilavert e o inigualável (para o bem e para o mal) El Diez Diego Armando Maradona.

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Pois bem.

Maradona, como se sabe, hoje é uma espécie de emissário da nova Fifa para assuntos na Argentina. Seu cargo oficial é ''embaixador da Fifa no mundo'', e esta designação deixou o paraguaio irado: ''Maradona é um panqueca (gíria argentina para pessoa boba). Me dá vergonha alheia. Estive com ele em São Paulo e percebo que ele se converteu no pior que se pode converter'', detonou José Luis.

''Maradona dizia que ia respaldar os jogadores e agora defende Infantino (Gianni, o novo presidente da Fifa). Vai saber o acerto que ele fez! Conheço Diego muito bem. Quando tem dinheiro no meio, ele esquece que precisa apoiar os necessitados. Ele segue sendo socialista e apoiando Fidel Castro, Chávez e Maduro, mas vive nos Emirados Árabes.''

Ay.

A resposta de Maradona não demorou a vir – ontem à noite mesmo, e com o maior escárnio possível: ''O panqueca é ele. O falso é ele, Chilavert'', detonou o Diez.

''Ele que deixe de comer essas panquecas, senão vai explodir e nem vai entrar no quadro. Ele nunca apoiou ninguém. Só jogou por si mesmo. Que José Luis passe em casa, que tenho um porco para ele no freezer.''

Maradona tem 56 anos; Chilavert, 51.

Não parece, não é?

Ficamos com os dois assim (vale demais ver esta falta cobrada pelo Diez e esta defesa de Chila no mesmo lance no épico Vélez 5×1 Boca de 1996).

Entre ambos, no ultralotado José Amalfitani, ele mesmo – Javier Castrilli.


Novo camisa 10 do Boca, Centurión vira o maestro do time de Schelotto
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Tales Torraga

Diego Maradona, Juan Román Riquelme, Carlitos Tevez e… Ricardo Centurión.

A mítica camisa 10 do Boca Juniors agora é vestida pelo ex-são-paulino, que demonstra em sua forma de jogar que a Argentina – única e exclusivamente a Argentina… – é mesmo o seu lugar no mundo quando o assunto é o futebol.

Centurión driblou, armou o jogo, fez um golaço (foi gol contra, na verdade, mas mero detalhe diante da sua brilhante jogada) e comandou a vitória do Boca sobre o Estudiantes por 2×0 no amistoso desta madrugada em Mar del Plata.

O placar foi construído de cara – com o segundo gol saindo logo aos 26min de jogo – e administrado a seguir.

O técnico Guillermo Barros Schelotto aprovou o rendimento do seu novo camisa 10: ''Hoje ele a vestiu muito bem. Pelo seu nível, merece ocupar este posto que já foi de tanta gente boa. Leva nota 8 pela partida que fez'', declarou o sempre exigente e proporcionalmente mal-humorado mellizo (gêmeo) Schelotto.

Outro ponto positivo, o rendimento de Fernando Gago como criador de jogo ao lado de Centurión. Muy bien, la química Gago-Centurión-Bou-Pavón.

Do amistoso, duas coisas negativas: a primeira, as dores musculares de Peruzzi, que não tem substituto direto na lateral-direita. A princípio, só um susto. Mas o suficiente para tirá-lo de campo, até por ser o primeiro jogo do ano.

A segunda, a total desconfiguração do uniforme do Boca, que simplesmente arrancou o amarelo da sua vestimenta.

Tudo bem que as empresas assumam os desenhos do uniforme. Mas elas vão se encarregar também da (falta de) identidade dos clubes?