Patadas y Gambetas

Indisciplina de Centurión faz Boca recuar em negociação com o São Paulo
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Tales Torraga

A contratação de Ricardo Centurión foi para a geladeira. O blog apurou em Buenos Aires que a direção do Boca Juniors vai esperar pelo menos duas semanas para decidir se segue na tentativa de negociá-lo em definitivo junto ao São Paulo por US$ 4 milhões (cerca de R$ 12,5 milhões).

A razão da pausa nas tratativas? A semana insana que vive o clube.

Na capital portenha, qualquer comentário sobre o Boca é acompanhado por um ''Boca es un cabaret'' ou ''Boca o quilomboca?'', trocadilho juntando o nome do Boca com ''quilombo'' – ''bagunça ou confusão'', em português.

Como se não bastasse a troca de socos entre seus zagueiros em um treino, nesta quarta-feira foi divulgada uma gravação de Centurión fora de si procurando briga em um hotel em plena concentração do Boca em Mar del Plata.

Centurión estava assim por uma gira na Samsara, famosa balada de Mardel, de acordo com o jornalista Pablo Carrozza. O camisa 10 do Boca estaria alcoolizado, mas não se sabe o que desatou sua ira naquele momento.

O mau comportamento de Centurión é o assunto do dia na Argentina, tanto que foi parar na capa do diário ''Olé'', a referência esportiva do país. Muitos apontam o dedo ao técnico Guilllermo Barros Schelotto, um notório pavio-curto. Calentón como ele é, está longe de conseguir transmitir paz a um elenco à beira da loucura.

Quem trouxe interessantes opiniões sobre Centurión foi José Basualdo, ex-jogador de Boca, Vélez e seleção argentina e hoje treinador desempregado: ''Centurión é uma bomba-relógio. Falo com amigos do Racing e me respondem: 'menos mal que ele foi vendido ao São Paulo'. Não foi Guillermo quem trouxe Centurión, foi a diretoria'', contou Basualdo à FOX Sports.

O veterano pegou pesadíssimo com o 10 do Boca: “Centurión não tem nível mental para saber onde está. Precisam dizer que ele está com a camisa do Boca, precisam localizá-lo porque se ele não gostar, o Boca tem de buscar outro jogador com essas características, porque o Boca não perdoa. O entorno te leva a fazer o que ele faz. Se ele treina duas horas e tem 22 para fazer o que quiser, qual a solução? Se ele não se dá conta e não amadurece? Precisa ter um policial com ele todo o tempo.''

Centurión põe o Boca em xeque numa situação tremendamente típica na Argentina. É um jogador que rende em campo, mas atua de forma desencajada fora dele. Há quem já o compare a Ariel Ortega, mas aí há a óbvia constatação de que Ortega sim era uma estrela, ao contrário de Centurión.

O que é Centurión? Quem ele é? Talvez nem o próprio saiba. Uma pena.

O Boca não perdoa. A Argentina também não.Na capa do ''Olé'' desta quinta, uma ironia com Centurión e o comediante Peter, famoso pelo quadro de TV Peter Capusotto y sus videos.

Em tempo: os zagueiros brigões vão receber do Boca apenas 50% do salário deste mês. Ricky até agora não teve sanção por sus videos.

Proteção? Gente próxima ao Mundo Boca encara esta atitude como fim de paciência e de ciclo no clube – e se é para se desgastar com ele, que seja de uma vez só, devolvendo-o ao São Paulo em junho ou antes.

Até lá, Centurión já sabe: vai ser de bom tom passar por um psicólogo uma vez por semana, como já lhe indicou o Boca.


O maior problema de Verón na volta aos campos? Tirar os colegas do celular
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Tales Torraga

Juan Sebastián Verón atendeu a imprensa ontem (13) no CT do Estudiantes em City Bell, lindo espaço onde o clube faz pré-temporada na cidade de La Plata, a 60 km de Buenos Aires. O presidente-jogador não estava necessariamente relaxado.

Entre as inúmeras funções de sua gestão, uma em especial: tratar o estiramento que sofreu na coxa no fim de janeiro. Verón vai voltar a treinar só na próxima semana.

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VERÓN FALA EM CITY BELL/FERNANDO MASSOBRIO

O físico é o maior obstáculo de Verón, 41, em sua volta aos campos? Nem de longe. E ele surpreende na resposta da pergunta sobre o que tem sido mais difícil nesses dois meses de dia-a-dia com os jogadores e com a comissão técnica.

''O que mais me chocou foi estar na mesa e todos com a cara no celular. Ou estar no vestiário, e que todos estejam pendentes das redes sociais. Isso te choca, mas entendi que hoje a vida é assim'', contou Verón, que se valeu do papel de presidente para mudar os hábitos do uso da tecnologia no Estudiantes.

''Sou da ideia de que é preciso manter algumas questões românticas. Agora, por regra, na mesa e no vestiário não tem celular por uma hora. Gosto de dividir o momento, conversar com os jovens, saber como estão, se estão bem, se estão bravos, se eu posso ajudar. Embora esta medida não tenha ajudado muito a mim'', brincou, rindo e revelando que há resistência quanto à nova regra.

Há, claro, uma gigante diferença de gerações. O volante Santiago Ascacibar, hoje o grande nome do Estudiantes, tem 19 anos e nasceu na mesma temporada em que Verón foi vendido do Boca Juniors para a Fiorentina.

''Hoje eles são muito mais fechados em seu mundo, isso é inegável. Eles têm seu mundo dentro do celular e eu gosto de falar cara a cara. No clube, firmamos nossa postura na educação e isso não se negocia, porque sei que os meninos vão levar esses valores para as suas vidas fora do Estudiantes.''

Verón finaliza brincando com a fama de durão que a nova forma de usar o celular lhe ficou: '' A lenda sempre vai me apontar como ogro ou autoritário, mas eu divido a mesa e o vestiário com os meninos, e não vejo esta distância que imaginam desde fora. Falamos das mulheres, das namoradas…do Facebook, do Twitter…'', ri.

Quem esteve em City Bell e hoje traz um excelente papo com o Verón é o ''La Nación'', jornal com os textos mais bem escritos da Argentina. Está aqui.


Maradona: “Larguei as drogas há 13 anos e hoje sou um homem muito feliz”
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Tales Torraga

Maior jornal da Argentina, o ''Clarín'' publica nesta segunda-feira (13) uma longa entrevista com o eterno El Diez Diego Armando Maradona, hoje com 56 anos.

Entre as habituais polêmicas e provocações sobre a política argentina e sobre sua atuação como dirigente da Fifa, a conversa teve um momento mais humano: Diego falou que hoje é ''um homem muito feliz'', pois está longe das drogas desde 2004.

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CLARÍN/EMMANUEL FERNÁNDEZ

''Não lembro da última vez que usei droga. Faz 13 anos que a larguei e estou muito feliz porque acordo como quero acordar, controlo meus horários, posso ter uma agenda, posso trabalhar, posso ter compromissos com as pessoas, posso cumprir com meus filhos, posso ir ao cemitério ver meu velho e minha velha, e estou em paz com Deus. Me reconciliei com a Igreja com Francisco, que para mim está fazendo um trabalho bárbaro e Deus queira que ele siga. Ele tem todo meu apoio.''

O discurso de Maradona vai na contramão do que temeu a Argentina durante a Olimpíada do ano passado. Diego engatou uma série de entrevistas e atitudes confusas e deu a entender que sua saúde voltava a ter problemas.

''Estou muito feliz. Estou bem com meus filhos. Com minha mulher, Rocío, que eu amo profundamente. Estou bem com as minhas irmãs e com meu neto Benjamín, que é o maior de todos. E também com Dieguito Fernando [seu filho mais novo, de três anos], que é um amor. Quando estava casado, eu perdia os dias festivos da escola das minhas filhas, porque sabia que o tinha que fazer porque senão não entrava dinheiro em casa. Fiquei muito tranquilo ao ver que Dieguito me reconhece. Joguei bola com ele e Benjamín.''

Em paz com a família e com a vida, Maradona está animado em ir a Madri para ver o seu Napoli contra o Real. Mero bate-volta. Ele é esperado em Buenos Aires para acompanhar o nascimento da filha de um amigo já no final de semana.

Diego só perde o tom tranquilo ao detonar, mais uma vez, o técnico Edgardo Bauza e o atacante Mauro Icardi: ''Não quero mais falar com o Patón. Há coisas que se fazem e que não se perdoam'', se referiu à relação de Icardi com Wanda Nara, ex-mulher de Maxi López. ''Quero ver o Bauza perguntando para Messi se ele quer comer na casa de Icardi. Ou que Icardi vá comer na casa de Messi, de Agüero ou de quem seja da seleção depois do que ele fez com o Maxi.''

As críticas maradonianas a Bauza são pela sua visita a Icardi na semana passada na Inter de Milão, onde o atacante tem brilhado. Maurito é dado como certo na convocação da Argentina em março, algo que Diego já atacou mais de uma vez.


Como Martín Palermo mudou a vida dos atacantes do São Paulo
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Tales Torraga

Martín Palermo cruzou uma linha entre Brasil e Argentina. Muito amado pelos seus, ele até hoje é achincalhado pela maioria dos brasileiros, que não se desapegam do Argentina 0x3 Colômbia da Copa América de 1999, quando perdeu três pênaltis.

Aquele é um mero fotograma. Pois o filme da vida de Palermo é gigante. Maior goleador da história do Boca (280 gols), Martín conquistou um Mundial, duas Libertadores, três Recopas, duas Sul-Americanas e seis Argentinos pelo clube.

Seria de bom tom o torcedor são-paulino fazer as pazes com El Titán, como Palermo é conhecido na Argentina. Ele é – e provavelmente sempre vai ser – a grande referência de vida e carreira dos argentinos que vão formar a dianteira do Tricolor.

O recém-contratado Lucas Pratto, 28, deve muito de sua carreira a Palermo. Contamos esta história em maio, e ela está aqui. Os dois são da mesma cidade, La Plata, e foi Palermo o responsável pela sua ida ao Boca. Os Palermos, na verdade. O irmão de Martín, Gabriel, era preparador físico e logo detectou potencial em Pratto. Mas foram os contatos do Palermo famoso que abriram as portas da Bombonera para Lucas ter uma breve (e pouco positiva) passagem pelo clube em 2007.

Lucas Pratto e Martín Palermo

Com Chávez, a questão é mais motivacional.

Fanático pelo Boca, o pequeno Andrés tinha um quadro de Palermo em seu quarto. Até hoje, quando fala do histórico atacante, como fez conosco no fim do ano passado, se emociona e diz que ficaria feliz com 15% dos gols que Palermo fez.

Era tão fanático que gritava os gols do ídolo duas vezes – uma quando o gol saía de verdade, a outra no replay, como conta, quase chorando, aqui.

Palermo é também uma referência técnica e psicológica para Chávez. Andrés já declarou que estudou minuciosamente os vídeos e os movimentos de Martín para colocar em prática em suas atuações. E sempre que é criticado pela torcida ou pela imprensa, lembra da fortaleza mental de Palermo, que deu muitas voltas por cima em sua vida, e até por isso é admirado além das fronteiras de La Boca.

É muito comum hoje em Buenos Aires ouvir até torcedores do River, quase chorando, lamentar que esta sequência de títulos perdidos pela Argentina só ocorre porque a seleção tinha Higuaín e Palacios. E não Palermo, que jamais perdoaria as chances desperdiçadas pelos dois no Maracanã, em Santiago e em Nova Jersey.

Acima do Urso (Pratto) e do Comandante (Chávez) sempre vai haver um grande para eles: El Titán, Martín Palermo. É bom a torcida do São Paulo se acostumar.

(E torcer para não cruzar com o Unión Española, que tem Palermo como técnico.)

Vale a última lembrança: El Titán Martín foi o autor do gol do título do Boca sobre o São Paulo na Recopa de 2006. Foi 2×1 em Buenos Aires (dois de Rodrigo Palacios) e 2×2 no Morumbi (Palermo e Palacios).

Palermo balançou as redes do São Paulo também no ano seguinte. Em 2007, marcou dois na vitória de 2×1 sobre o Tricolor na Bombonera pela Sul-Americana.

Desse dia, entraram para a história os tapas na cara que ele levou do zagueiro Breno, de então 17 anos. O São Paulo eliminou o Boca com um 1×0 no Morumbi na partida de volta, gol de Aloísio Chulapa.

Em homenagem ao novo contratado, El Oso (O Urso) Lucas Pratto, aí vão nossos votos de lindo sábado ao som de uma linda música e um grande sucesso – Un osito de peluche de Taiwán, Um ursinho de pelúcia de Taiwan, com um convidado especial, Fernando Ruiz, espetacular vocalista do Catupecu Machu.

Suerte, Oso!


Argentino que brigou com torcida do Brasil: “Antes morto que derrotado”
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Tales Torraga

Histórico preparador físico da Argentina que disputa o Sul-Americano Sub-20 em Quito, Gerardo Salorio, de 57 anos, deixou o banco de reservas e subiu o alambrado para agredir brasileiros que estavam na arquibancada no 2×2 entre as duas seleções nesta madrugada em Quito. Sua revolta inicial foi com o pênalti que significou 2×1 para o Brasil. Depois, com o comportamento de torcedores com os quais bateu boca e esteve muito perto de trocar golpes em pleno segundo tempo.

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''Alguns torcedores brasileiros atrás do gol estavam jogando garrafas e pedras e me xingando, e a polícia não fazia nada. Minha reação foi esta pelos insultos e pelas pedradas'', declarou Salorio, que ocupa esta função há 22 anos, desde quando trabalhava com José Pekerman. Ele conquistou cinco Mundiais nas categorias de base (1995, 1997, 2001, 2005 e 2007) e é enorme referência argentina no assunto.

''Perdi a razão. Peço desculpas, mas muitas coisas me esgotaram.''

Salorio foi logo expulso pelo juiz. Em mais uma cena grotesca para o futebol argentino, ele, um senhor grisalho, precisou ser contido por atletas juvenis.

Nesta quinta, em entrevista ao canal de TV TyC Sports, ele seguiu explicando sua noite de fúria: ''Chorei muito, e chorei de angústia. É uma emoção violenta fazer algo e depois se arrepender''.

Ele condenou a precária estrutura à disposição da Argentina no Equador: ''Falta muito trabalho. Eu me matei pela seleção e tomo 20 comprimidos por dia para estar bem porque tive um AVC pela pressão do trabalho. Prefiro morrer aqui do que a Argentina ficar fora do Mundial. Eu amo a seleção, antes morto que derrotado'', em uma declaração que pode causar estranheza fora da Argentina, mas que os locais/adeptos sabem muito bem que não passa de mero dramalhão verborrágico.

Ou, claro, sinal de que está fora de contexto, e que sua saúde – debilitada pelo AVC e pelos remédios – deveria ser obviamente priorizada, até por respeito aos outros.

A Argentina precisa vencer a Venezuela por cinco gols de diferença às 18h30 de sábado para se classificar ao Mundial Sub-20 sem depender de outros resultados. Quatro seleções garantem vaga, e a Argentina é a quinta no hexagonal.


Ônibus a 130 km/h, aquecimento de 5min e chuteira emprestada: épico argento
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Tales Torraga

Digam o que quiserem do futebol argentino de hoje e de todos os tempos.

Escândalos com drogas, árbitros, dirigentes, torcedores, quem seja. Por longa que chegue esta lista, ela é e sempre será menor que aquilo que caracteriza o esporte do país como nenhum outro: uma raça incomparável, uma total e absoluta incapacidade de encarar a derrota como algo natural e inevitável na vida.

O que ocorreu com a classificação do Atlético Tucumán sobre o Nacional de Quito na Libertadores superou tudo o que se poderia prever, com uma coleção de histórias que já está na ponta da língua do fanático argentino, do clube que for.

Vamos contar algumas, porque são mesmo demais:

* O Atlético Tucumán se aqueceu por apenas cinco minutos, das 23h38 às 23h43 (de Brasília). E na altitude de Quito, de 2.850 metros! O oposto do aquecimento de 38 minutos do Jorge Mendonça na Copa de 1978 em Mar del Plata (os mais velhos vão lembrar). E os times que fazem aclimatação, que chegam antes, que passam semanas e meses ''se acostumando aos efeitos da altitude''?

* O ônibus que levou o Atlético do aeroporto ao estádio cruzou a rodovia a 130 km/h, um inaceitável risco que de engraçado não tem nada, ainda mais depois de tragédias como as da Chapecoense e do Huracán no ano passado.

* Além das camisas e calções da Argentina Sub-20, os jogadores precisaram pegar emprestadas também as chuteiras. O gol de Zampedri foi de cabeça. Menos mal.

* ''Algumas camisas pareciam um body, e algumas chuteiras pareciam pantufas'', assim definiu o embaixador argentino no Equador, sobre o uniforme dos jogadores. ''Eu, que estou aqui há um ano, fico cansado quando me abaixo para amarrar o cadarço. O que esses rapazes fizeram foi impressionante. Terminaram mortos.''

* A narração foi de emoção comedida, mas nem por isso menos interessante. Aqui. Já circulam vídeos com montagens do gol de Zampedri com os relatos de Pollo Vignolo, um dos principais locutores da Argentina, chorando. São fakes, mas também emocionantes. Aqui.

* Chama atenção também o minuto da abertura do placar: 15 do segundo tempo, quando os jogadores em tese já estariam cansados e sem chances de fazer frente ao adversário e ao ar rarefeito.

* A Argentina historicamente vai mal na altitude – em Quito e mais ainda em La Paz.

* ''Cuando lo imposible llega a tu vida''. Foi esta a postagem do técnico do Atlético, Pablo Lavallén, há dez dias. Premonição pura.

* ''Pararam o avião de propósito e nos ameaçaram'', declarou, quase chorando, o treinador Lavallén depois da vitória. Com certeza será chamado para esclarecer.

* Cantora argentina mais famosa de todos os tempos, Mercedes Sosa nasceu em Tucumán. Se viva, garantem, La Negra com certeza gravaria uma canção eternizando esta vitória do Atlético.

* O presidente do Atlético praticamente arrancou as camisas dos jogadores ao final da partida. Queria todas muito suadas. Vão para um museu ou uma exposição.

* O clube já se mobiliza para iniciar com sua torcida um concurso de contos para descrever esta vitória. Tal prática é comum na letrada Argentina.

* ''Un avión en la cancha'', uma das manchetes do jornal ''Olé'' desta quarta. Muito boa, como (quase) sempre.

* Torcedores em Buenos Aires já ensaiam uma campanha para pedir que o Atlético represente a seleção adulta pelo menos uma vez. ''Assim, sem Agüero e Higuaín, ganhamos'', brincam. Mas o movimento é sério.


Escutas revelam nova ajuda da arbitragem ao Boca na Libertadores
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Tales Torraga

A sensação é de filme repetido, embora o tema não deixe de causar revolta. Depois das escutas escancarando a ajuda do árbitro Carlos Amarilla ao Boca Juniors contra o Corinthians na Libertadores de 2013, desta vez um novo áudio foi vazado. E ele revelou uma comprometedora conversa entre o presidente do Boca, Daniel Angelici, e Luis Segura, então presidente da AFA, em janeiro de 2015.

A frase de Segura é estarrecedora: ''Sou o torcedor número um do Boca. Vou me ocupar disso'', cravou o presidente da AFA na escuta que o TyC Sports, canal de TV especializado em esportes, revelou em Buenos Aires na noite de ontem.

Boca e Vélez Sarsfield disputaram um mata-mata em jogo único para decidir quem seria o último representante argentino naquela Libertadores. E o pedido de Angelici é perfurante: ''Fale diretamente com este menino, o Delfino, para que trate de errar o menos possível na quarta. Diga a ele que Boca está jogando muitas coisas''.

Segura responde: ''Amanhã tenho uma reunião com Scime [diretor de formação dos árbitros] antes do sorteio. Fique tranquilo que eu me ocupo''.

''Dá-lhe, obrigado'', responde Angelici. ''No jogo que você tem com o Vélez, o torcedor número um do Boca, não tenha dúvida, sou eu'', finaliza Segura. O novo escândalo é chamado na Argentina de ''Telefone do Horror''. Entendem que o papel de Angelici é típico no futebol, e que absurda mesmo é a postura parcial da AFA.

Há outra conversa muito comprometedora, na qual o presidente do Boca negocia com o Tribunal Disciplinar para que dois jogadores suspensos possam estar na partida – e ambos estiveram. Eram o lateral-direito Marín e o volante Erbes.

O Boca venceu o Vélez por 1×0, gol de Colazo, e Delfino expulsou dois jogadores do Vélez, Grillo e Somoza. Então no Boca e hoje no São Paulo, Andrés Chávez também levou cartão vermelho. Diferentemente do ocorrido com Amarilla na nefasta noite no Pacaembu, a arbitragem não foi apontada à época como responsável pela vitória do Boca sobre o Vélez, embora a conversa dos dirigentes deixe mais do que clara a pré-disposição dos cartolas e o pesado bastidor daquele jogo.

(E as partidas que não têm áudios revelados?)

O duelo Boca-Vélez em si já foi um descalabro, com o Boca retorcendo o regulamento para forçar este desempate e passar direto à fase de grupos, jogando o Estudiantes para a pré-Libertadores daquele ano.

A equipe xeneize foi eliminada daquela Libertadores nas oitavas-de-final, na ''Noite do Gás'', quando sua torcida queimou os olhos dos jogadores do River Plate com gás pimenta na saída do vestiário para a volta do segundo tempo. O jogo estava 0x0, com a ida em Núñez terminando 1×0 para o Millonario – justamente o campeão daquela Libertadores, sua primeira conquista na competição depois de 19 anos.


Por que o Lanús é o argentino mais perigoso desta Libertadores
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Tales Torraga

A Argentina conta nesta Libertadores com dois gigantes (Estudiantes e River Plate), um grande (o San Lorenzo de Almagro) e um time capaz de fazer um estrago ainda maior que todos esses três. Estamos falando do Lanús, que na noite de sábado conquistou a Supercopa Argentina sobre o River Plate com um impressionante 3×0 no Estádio Único de La Plata. Não houve titulares poupados, não houve desleixo, não houve nada além de um desempenho simplesmente espetacular do Lanús.

O último Campeonato Argentino já havia sido conquistado com um atropelamento histórico de 4×0 no San Lorenzo, também representante do país na Libertadores.

O título de sábado foi o terceiro do Lanús na Argentina nos últimos meses, e o terceiro em cima de um clube grande. Além de River e San Lorenzo, a outra conquista do Granate, como é chamado o Lanús pelo uniforme, foi sobre o Racing, um 1×0 nos acréscimos do segundo tempo para ganhar a Copa Bicentenário.

Ou seja: este Lanús tem bola para bailar os grandes e tem coração para não desistir da vitória até o final. Foi o que se viu no sábado. O Lanús não tem craques, não tem virtuosos, não dá espetáculos individuais, mas é capaz de um jogo coletivo que deixa qualquer adversário grogue e à espera do nocaute. ''Jogamos como homens. Nosso time não é um time de craques, é um time de homens'', inflou o peito o técnico Jorge Almirón, ex-Independiente, hoje à frente do grande trabalho de sua vida.

O Lanús está no Grupo 7 da Libertadores ao lado de Nacional do Uruguai e a Chapecoense. A quarta equipe do grupo é uma figurante, o Zulia, da Venezuela.

É de se pensar que Lanús e Nacional avancem nesta chave. Este Lanús copero tem feito a Argentina traçar muitas semelhanças entre esta equipe e o ápice do River de Gallardo, ali por 2014 e 2015, quando o time ganhava sempre con lo justo, metendo o pé se fosse necessário, quase sempre era e quase sempre a patada chegava, e assim o time conquistou em 2015 a Libertadores que não erguia desde 1996.

O Lanús tem o que River, San Lorenzo e Estudiantes ainda não demonstraram: casca grossa em decisões. River e Estudiantes abrem a Libertadores em queda; ao contrário do Lanús, longe dos grandes centros, quieto na dele, letal.

O brasileiro que encarar o Lanús esperando um adversário de qualidade inferior vai certamente se surpreender com a raça de uma equipe que sabe jogar de acordo com o adversário e com o momento. Há, claro, bons valores individuais. No sábado, os que brilharam foram o zagueiro/lateral-esquerdo Bragheri, o pícaro camisa 10 Martínez e a dupla de ataque marcada pela ousadia de Lautaro Acosta, um jogador tão capaz quanto rebelde, e com a frieza de José Pepe Sand, 36 anos, um atleta de outros tempos, calado e eficiente, sem frescuras e com muito futebol.

É um time que já deixou claro que vai usar o Campeonato Argentino – até por ser o campeão vigente – como mera preparação para a Libertadores. O Lanús hoje é o sexto. Está cinco pontos atrás do Boca. O Lanús de verdade é o que se vê em Copas como a última Sul-Americana, quando foi eliminado pelo Independiente em uma rara má atuação, mas que deixou a vida em um duelo decidido só com briga e com uma triste cusparada de Lautaro Acosta na cara do técnico Gabriel Milito.

Além da contundente atuação, outra grande surpresa do sábado foi o prêmio entregue ao melhor em campo. O atacante Acosta levou para casa uma…

Churrasqueira.


Maradona: “Bauza é traidor como Icardi”
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Tales Torraga

Diego Armando Maradona está em Buenos Aires, onde sua metralhadora é mais potente que em qualquer outro lugar do mundo. El Diez pode se comportar como um torcedor comum, mas nem por isso deixa de ser a grande estrela do Parque Sarmiento, onde a Argentina enfrenta a Itália na estreia da Copa Davis de 2017.

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Maradona está acompanhado da noiva, Rocío Oliva, e do neto, Benjamín. O clima festivo e familiar não foi suficiente para Diego frear suas duras palavras em direção ao atual técnico da seleção argentina, Edgardo Patón Bauza. Nesta sexta-feira, o treinador esteve em Milão com Mauro Icardi, atacante da Inter.

''Se Bauza se reuniu com Icardi, ele é tão traidor quanto ele'', disparou Maradona, que preferiu não comentar a possibilidade de o treinador convocar o atual artilheiro do Campeonato Italiano (Icardi e Higuaín têm 15 gols cada um).

El Diegote é um crítico ferrenho de Icardi. O motivo: a relação do atacante com Wanda Nara, ex-mulher do também jogador argentino Maxi López.

Um detalhe desconhecido por muitos: Maradona também teve uma relação com Wanda Nara – e ela disparou pesadas críticas a Diego nos anos seguintes e ainda hoje, numa troca de ofensas que, pelo visto, segue distante de um fim pacífico.

Fim pacífico é o que também busca a seleção de Bauza nas Eliminatórias. Ela é só a quinta, e hoje jogaria a repescagem. Os próximos compromissos serão contra o Chile no Monumental de Núñez (23 de março) e contra a Bolívia (28) na altitude de 3.600 metros de La Paz, onde tradicionalmente se dá mal.

A Argentina precisa de gols com ou sem Icardi: tem só 14 em 12 jogos, a mesma quantidade da Venezuela (!). Só está à frente da pobre Bolívia, que soma dez gols.


(Mais uma) Briga generalizada marca amistoso do Boca no México
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Tales Torraga

Já era mesmo previsto, porque o Boca Juniors tem sido um ímã de confusões. No 1×1 amistoso desta madrugada contra o Chivas, em Guadalajara, o volante xeneize Pablo Pérez fez uma falta violentíssima e logo levou a resposta – um soco na nuca.


Os jogadores do Boca partiram para cima de Hernández, o agressor mexicano, e a questão logo virou um ''todos contra todos'' aos 11min do segundo tempo, com muito trabalho para os atletas que quiseram separar o conflito. O vídeo está aqui.

Um absurdo: não houve expulsões.

No último sábado, na derrota para o River no ''amistoso'' Superclássico de Verão, também houve uma briga generalizada.

Em outubro, em outro amistoso, mas contra o Olimpia, o Boca sequer terminou a partida – houve garrafadas e o Olimpia, irado com o juiz, abandonou o campo.

OLE_20170203_02A nova briga ganhou a capa do jornal ''Olé'' desta sexta na Argentina.

O Chivas venceu o amistoso nos pênaltis. O gol do Boca no tempo normal foi marcado por Bou, melhor atacante em atividade na equipe de Guillermo Barros Schelotto. Centurión voltou a jogar bem, como verdadeiro 10 xeneize.

Sinal dos novos tempos, Centurión hoje já é tido como ídolo pela torcida do Boca. Estranho? Basta uma volta em La Boca para checar.

Ou converse com um bostero bem antigo, daqueles que idolatravam uns violentos como o Giunta ou o Passucci, para notar que hinchada rara é esta aí, a do Boca.