Patadas y Gambetas

Peru teme “água batizada” e leva sua própria bebida à Argentina
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Tales Torraga

Decisão para a desesperada Argentina, a partida das 20h30 (de Brasília) desta quinta (5) na Bombonera é decisiva também para o Peru. O país não disputa uma Copa do Mundo desde 1982. E está diante da sua maior chance desde então.

Os peruanos estão muy precavidos com possíveis trapaças argentinas.

Primeiro, o técnico – argentino! – Ricardo Gareca detectou uma espionagem de Jorge Sampaoli no começo dos seus treinos com a equipe na semana passada. Depois, passou a andar apenas escoltado – mesmo ainda estando no Peru.

A seleção peruana só vai chegar a Buenos Aires na noite de quarta-feira, apenas 24 horas antes do jogo, e carregando todas as suas bebidas lacradas.

A desconfiança, claro, passa pelo que ocorreu no Argentina x Brasil da Copa de 1990, quando o massagista argentino Miguel Galíndez deu um garrafa de água com tranquilizantes ao lateral-esquerdo brasileiro Branco.

O estado de quase pânico é agravado por um jogador do passado. Uma das presenças mais constantes na TV peruana é a do volante dos anos 80 El Patrón José Velasquez, repetindo que os argentinos vão tirar vantagens fora de campo.

(Velásquez esteve no 2×2 com a Argentina em 1985 – que classificou a Argentina e deixou o Peru fora do Mundial do México. E jura que os zagueiros Passarella e Garré encheram as mãos de Vick Vaporub para passar nos olhos dos rivais nas faltas e escanteios. El Patrón relembra ainda que logo no primeiro minuto o argentino Camino deu uma patada assassina em Navarro para sacá-lo do jogo.)

A preocupação dos peruanos com a intoxicação fez a equipe alterar sua logística.

Integrantes do corpo médico da seleção percorreram as diversas instalações do Vélez e do Boca Juniors, times por onde Ricardo Gareca passou como técnico ou jogador. A escolha foi pelo hotel do Boca, onde uma vistoria prévia foi feita para analisar as condições de trabalho e especialmente de alimentação para o Peru.

A seleção de Gareca está treinando para esta partida há exatamente uma semana.

Pelos lados da Argentina, apenas ontem, quase na madrugada portenha, Jorge Sampaoli completou sua lista de convocados com os atletas que atuam no futebol argentino. O Pelado Sampa chamou Gago, Pablo Pérez e Benedetto, do Boca; Enzo Pérez e Casco, do River; e Lautaro Acosta, do Lanús.

Estamos diante de uma das semanas mais frenéticas e dramáticas da história do futebol argentino, que corre o considerável risco de ficar fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez em quase 50 anos. A última ausência em um Mundial foi em 1970, no México, quando a Argentina foi eliminada justamente pero Peru – e justamente na Bombonera.

Há o grande temor de a histeria atual golpear os já combalidos argentinos que de 2014 para cá só perdem decisões – e todas elas com requintes de crueldade.

A AFA está otimista e agrandada ao extremo, enquanto os jogadores não acompanham este estado de ânimo. A chuvosa Buenos Aires só fala da seleção – e estamos de ouvidos e olhos atentos para levar ao Brasil os detalhes deste jogo com clima de guerra que é o céu ou o inferno para a apaixonada e explosiva Argentina.

Un corazón loco y herido? Aguanta!


Agüero seria titular – seu acidente complica demais a Argentina ante o Peru
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Tales Torraga

1) Menos mal que El Kun Agüero saiu apenas com uma costela fraturada de seu preocupante acidente de carro na Holanda. Listo. Punto.

2) Jorge Sampaoli quase caiu para trás ao saber da desagradável notícia. O Pelado Sampa já havia assinalado que Agüero seria titular diante do Peru na Bombonera na próxima quinta (5), às 20h30 (de Brasília). Como Dybala e Messi juntos ainda não renderam o que se esperava nas duas variantes pensadas por ele (o 4-3-2-1 ou o 3-4-2-1), Agüero entraria no lugar do astro da Juve (e decepção na seleção).

O momento do Kun no City era o melhor possível, com seis gols nos últimos cinco jogos. Vai ficar fora até de uma eventual Repescagem pela seleção.

3) Dybala passa a ser a única opção de Sampaoli para o posto. O técnico, no fim das contas, sinaliza que vai insistir no trio Messi-Dybala-Icardi, que funcionou mal ante Uruguai e Venezuela. Di María, machucado justamente na partida contra a Venezuela, sequer foi convocado para enfrentar o Peru – assim como Higuaín, que pediu um tempo da seleção e deve estar re contra aliviado.

Com chances bem menores de escalação aparece Joaquín Correa, do Sevilla, caso Sampaoli realmente não veja condições de Dybala iniciar a decisão contra o Peru.

4) Benedetto, artilheiro do Boca, o ''Palermo'' 2017, também deve chegar para a decisão contra o Peru un poco tocado. Ele deixou o jogo de quarta ante o Rosário Central minutos antes do término, por dores na coxa. Exames, porém, mostraram que está apto a treinar e jogar. Guillermo Barros Schelotto, técnico do Boca, ainda vai avaliar se o escala em mais um jogo repleto de patadas neste domingo (1º), contra o Chacarita, na própria Bombonera.

5) É justamente o ataque o ponto fraco da Argentina nesta Eliminatória. São 16 gols em 16 jogos – menos até que os 18 da Venezuela.

6) As TVs desde já dramatizam este acidente de Agüero como um mau presságio para a seleção. Há um verdadeiro (e localizado) regozijo com o péssimo momento do futebol no país – retomaremos o tema logo mais.

7) Enquetes nas rádios de Buenos Aires cravam que o torcedor argentino desde já se contentaria com a Repescagem, e que só 45% confia na vitória contra o Peru.

8) O governo federal anunciou que vai investigar a escandalosa revenda dos ingressos para esta decisão da Bombonera. Ahora si, que estoy como quiero!

9) Segue frio em Buenos Aires, e há previsão de chuva para o fim de semana. Ninguém espera a Bombonera com gramado em boas condições na próxima quinta.

10) Sampaoli está sem conseguir dormir e com um semblante esgotado que assusta até os seus mais antigos colaboradores. O moedor de carne da seleção argentina não poupa ninguém. É uma bagunça total. O Pelado Sampa vai abrir esta dramática semana como um novato no cargo – (mais) loucuras à vista. Mal mal.


Pânico dos jogadores assusta Sampaoli. Técnico está sem saber o que fazer
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Tales Torraga

A contagem regressiva para um dos jogos mais picantes da história da Argentina já está en marcha. Daqui a uma semana, às 20h30 (de Brasília), todo o país estará paralisado em drama, euforia e fúria para saber como a seleção vai se sair contra o – quem diria! – temido Peru, que vem de três vitórias – enquanto a Argentina soma a derrota para a Bolívia e os preocupantes empates contra Uruguai e Venezuela.

Dúvidas e desespero no semblante do Pelado Sampa – La Nación/Reprodução

Sampaoli, todos sabem, viajou à Europa para conversar com seus principais jogadores na semana passada. Messi, Mascherano, Biglia, Di María e Icardi foram alguns dos visitados. O blog apurou que a comissão técnica encontrou um estado de ânimos extremamente preocupante às vésperas desta decisão.

Os jogadores estão praticamente em pânico, e a linguagem corporal de Messi ontem (27) contra o Sporting já foi lida na Argentina como uma prova cabal de que tanto ele como os demais demonstram estar re contra tensos para o jogo que pode selar o céu ou o inferno argentino rumo  – ou não – à Copa do Mundo de 2018.

Pudemos saber também que Sampaoli reconheceu, diante dos jogadores, que errou o planejamento para as partidas contra Uruguai e Venezuela – as suas duas primeiras partidas oficiais pela Argentina, afinal.

O ''mea culpa'' do Pelado Sampa admitiu que os jogadores estavam – e estão – bloqueados emocionalmente para receber tamanha quantidade de informações táticas. O pedido de Sampaoli para a decisão jogo contra o Peru é o mais básico de todos: explorar a valentia que caracteriza o argentino. O famoso ¡poné huevo, loco!

Sampaoli está estressado e angustiado exatamente por isso.

Que rebeldia esperar de Messi e Mascherano (Agüero, Di María, Biglia, quem quer que seja?) se todos, absolutamente todos os medalhões na seleção argentina estão destroçados e traumatizados com tantas derrotas seguidas nos últimos anos?

E que confiança tais jogadores – em tal momento delicado – podem receber de uma comissão técnica que também é novata?

Sampaoli não tem cacife para mandar – só para pedir.

O Pelado Sampa está praticamente perdido, e daqui a apenas uma semana vai enfrentar a arena – no sentido medieval, não atual – mais hostil e insana de todas.

Confiar nos líderes golpeados? Abrir espaço aos novatos? Chamar os jogadores do Boca, mais ambientados à infernal Bombonera? O técnico convoca neste fim de semana os atletas que atuam na Argentina, e há a expectativa de que os volantes Pablo Pérez e Gago e o atacante Benedetto sejam chamados.

Uma sugestão. Só uma, Pelado Sampa.

Suas soluções têm nome e sobrenome: Leonardo Ponzio.

O capanga do River tem sangue e caráter de sobra para esta decisão, por complicada que esteja. Chame, escale e ponha Ponzio de capitão. Ya tá. Te juro que nem Messi – nem Macri, nem ninguém – vai dizer um ''ai''.

Os peruanos sim. Todos eles.

Leonardo Ponzio – River/Divulgação


Seleção argentina cede 3.000 ingressos para a barra brava do Boca revender
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Tales Torraga

O Argentina x Peru será daqui a uma semana – quinta (5), 20h30, Bombonera – mas já rende um escândalo por instante. O de hoje (27) é o da venda e revenda de ingressos e mostra o modus operandi que impera no colapsado futebol do país.

Já não há mais ingressos para a decisão – Olé/Reprodução

As entradas populares – custando 550 pesos, cerca de R$ 75 – se esgotaram depois de somente 30 minutos de venda online. Mas hoje o ''Clarín'', maior jornal da Argentina, revela em detalhes como tais entradas já podem ser adquiridas no bunker da Doce, a violenta barra brava do Boca, por 4.000 pesos (R$ 571).

E o que é pior: 3.000 entradas estão à disposição para esta nefasta revenda.

Tal trâmite – das diretorias para os cambistas violentos – não é novo na Argentina. É por ele que Daniel Passarella até hoje corre o risco de ser preso pelos absurdos desmandos executados quando era presidente do River Plate.

Lucram todos. Dirigentes, violentos e intermediários.

Quem perde? Claro que o torcedor comum.

(E é chocante que nenhuma autoridade persiga este negócio ilegal, não?)

Procurado pelo jornal, Daniel Angelici, presidente do Boca, gambeteou as perguntas: ''Minha única preocupação é que ganhe a Argentina, não a barra''.

Ay.

O que chamou a atenção na bilheteria online aberta e logo fechada ontem (26) em Buenos Aires foi a rapidez com a qual tais ingressos foram disponibilizados para revenda nas páginas especializadas e nas redes sociais.

A empresa que confecciona e distribui as entradas, a Ticketek, afirma que muitos desses tíquetes – de papel! – logo postos para o comércio paralelo são falsos. Truchos.

E é de se imaginar que a polícia não consiga administrar o fluxo das 50.000 pessoas a caminho de La Boca na próxima quinta (5) para esta partida que muito antes de começar já está um caos.

E este caos deve se repetir no gramado.

É começo da primavera portenha, e ela como sempre está marcada pelas chuvas e pelo frio (a manhã desta quarta começou com 3 graus e agora temos 10). O gramado da Bombonera é historicamente ruim. E o Boca joga lá neste domingo, 18h05, contra o Chacarita, em um domingo que já conta com a previsão de chuva.

A AFA cogita suspender este partido para não estragar o campo de jogo ainda mais, embora a presidência do Boca insista que a partida será levada adiante sim.

Enquanto isso, no Peru, Ricardo Gareca abriu os treinamentos de sua seleção lidando com uma espionagem de Jorge Sampaoli!

Perde para a Bolívia, empata com a Venezuela e espiona o Peru.

Que mal estamos, Argentina querida…


Centurión foi embora – e o Boca decolou…
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Tales Torraga

Havia grande dúvida em Buenos Aires sobre como seria o Boca Juniors sem Ricardo Centurión, o desequilibrante e desequilibrado camisa 10 que ajudou a equipe a ganhar o último Campeonato Argentino.

Boca comemora goleada sobre o Velez – Boca Juniors / Reprodução

Centurión colecionou tantos escândalos que Boca e São Paulo perderam a paciência com ele, e o jogador foi ejetado em direção ao Genoa.

Nas seis rodadas do Italiano até aqui, El Loco Ricky, como chamado pelos portenhos, só fez duas partidas, e ambas incompletas. Soma 55 minutos em campo e zero gols. O Genoa hoje seria a primeira equipe a cair à Série B do calcio.

Sem ele, o Boca melhorou demais.

Com paz para trabalhar, e com um substituto à altura como o colombiano Cardona, o clube azul e ouro hoje é o time a ser batido no cenário local.

O Boca lidera o Argentino com quatro vitórias em quatro jogos  – e com um impressionante saldo de 11 gols positivos. Tem ainda o artilheiro, o fantástico Benedetto, comparado a Palermo e Batistuta, com cinco gols nesses quatro jogos.

Comando, equilíbrio e uma defesa imponente como em seus grandes momentos. Mas é do meio para a frente que o Boca realmente faz a diferença.

Pablo Pérez e Fernando Gago são dois volantes que hoje poderiam tranquilamente estar na seleção. A armação, sob responsabilidade de Cardona, funciona às mil maravilhas. E o ataque filoso com Cristian Pavón e Darío Benedetto está mantendo a equipe na liderança do Argentino há quase um ano.

Já são praticamente 300 dias de Boca puntero na Argentina – a última rodada sem a liderança xeneize foi em 4 de dezembro.

(A excelente fase põe em dúvida até o retorno de Tevez, que está louco para sair da China. A torcida não morre de amores em nada pela sua volta, que seria muito mais uma engrenagem financeira para os cofres do clube que um aporte de verdade em campo. A ver. Carlitos y Centurión = papelón.)

Boca e River estão muito bem – e ao mesmo tempo. Este cenário não se via desde 2004, quando ambos se encontraram na histórica semifinal de Libertadores vencida pelo Boca na bacia das almas. Alguém pode até argumentar 2014 e 2015 pelos cruces de Copa entre ambos, mas convenhamos: tanto Boca quanto River estão melhores hoje que nesses últimos tempos.

Voltando a 2004, o xeneize tinha Tevez, Abbondanzieri, Clemente Rodríguez e Schelotto; o millo contava com Mascherano, Gallardo Lucho González e Salas. 

Há boas chances que Boca x River se cruzem na decisão da Copa Argentina às vésperas do Natal, em um jogo único que certamente colapsaria mal o país.

Menos picante, se é que é possível, o duelo entre ambos pelo atual Argentino está marcado para 5 de novembro, no Monumental.

Já Centurión? Mais um pobre niño rico, ¿pero qué querés que te diga?


Gallardo é o melhor técnico do mundo. E maior que Bianchi
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Tales Torraga

Ainda eufórica pelo histórico 8×0 do River sobre o Jorge Wilstermann, toda a fria – e hoje com sol – Buenos Aires não cansa de elogiar o papel do técnico Marcelo Gallardo nesta épica virada. Que ele é um dos maiores ídolos da história do River – se não o maior – toda a torcida do clube de Núñez já sabe de cor e salteado.

A novidade é que até os fanáticos pelo rival Boca veem em Gallardo, 41, um técnico à altura da condição de ser aclamado como o maior do mundo no momento.

O Napoleón Gallardo – Olé/Reprodução

Tais aferições são, claro, sempre impossíveis. Como, por exemplo, avaliar o elenco que Gallardo tem em mãos e comparar com os trabalhos de Zidane no Real ou Ancelotti no Bayern? Mas quem quiser entender a mística gerada ao redor do treinador do River precisa levar em conta quatro aspectos.

RELAÇÕES. Gallardo é reconhecido pelo seu entorno como um mestre na condução de grupos. ''O seu nível é o de um escolhido dos céus'', declarou ontem (22) Enzo Francescoli, ex-jogador e hoje dirigente do River. Marcelo sabe o que dizer e quando dizer – principalmente as ''verdades incômodas'' inerentes a qualquer trabalho. Faz questão de tratar os comandados como pessoas – e não meramente profissionais. Seus jogadores não o enxergam como um chefe – e sim um ídolo. ''Chego mais cedo aos treinos só para estar perto dele e aprender'', declarou o volante Ponzio. Gallardo liga pessoalmente para os jogadores que estão para ser contratados para checar o compromisso de cada um com o projeto.

Montagem de Gallardo com o General San Martín, pilar da independência argentina

Daí vem seu afastamento natural com os dirigentes da AFA. Por fidelidade ao River e restrições aos mandachuvas do futebol do país, Gallardo não quer saber da seleção hoje nas mãos de Sampaoli – que passou a ficar ainda mais pressionada depois da goleada corajuda y llena de huevos do River em Núñez.

HUMILDADE. Enquanto o Monumental desatava em loucura com o 4×0 do primeiro tempo e a torcida gritava seu nome, Gallardo parou diante das arquibancadas e fez um gesto apontando que os méritos eram dos jogadores. Tal atitude é corriqueira em sua rotina. Marcelo jamais se comporta como uma estrela. Procura dedicar bastante atenção aos fãs (inclusive aos do Boca) e aos jornalistas (os da Argentina são especialmente complicados pelas críticas exageradas).

AUTOCONTROLE. Em um futebol tão passional como o argentino, Gallardo sabe que sua imagem representa demais para o grupo. Em seus tempos de jogador – da seleção argentina nas Copas de 1998 e 2002 – Marcelo foi tão talentoso quanto esquentado. Em seu começo no River, há três anos, a pecha de calentón o perseguia. Hoje ele é um ponto de calma – mas jamais passividade – no meio de toda a loucura que ronda o futebol do país.

ATENÇÃO AOS DETALHES. O River aplicou o 8×0 da quinta (21) depois de uma meticulosa preparação, que incluiu a ''concentração especial'' em uma estação turística e uma formação tática jamais usada antes em um jogo – e saiu ainda melhor que o esperado. Nada escapa ao pensamento meticuloso de Gallardo. Tudo foi planejado por ele, que inverteu o lado habitualmente escolhido para atacar no primeiro tempo e vestiu um agasalho do River durante os 90 minutos – que o tirava assim que o juiz apitava o fim da bola rolando. Tanto era assim que ele seguia aos jogadores para cumprimentá-los já vestindo o habitual terno e gravata.

Capa do jornal ''Olé'' nesta sexta (22) – Reprodução

Outra comparação que ronda as conversas portenhas sobre futebol é sobre se Gallardo já estaria acima de Carlos Bianchi, o histórico técnico de Vélez e Boca que conquistou sete Argentinos, quatro Libertadores e três Mundiais.

Quem defende Bianchi saca chapa, claro, de seu impressionante currículo de técnico – construído em uma carreira de 30 anos. Gallardo é treinador apenas desde 2011, quando parou de jogar no Nacional do Uruguai para imediatamente virar um técnico campeão pelo clube.

O currículo de Gallardo até agora mostra uma Libertadores, uma Sul-Americana, duas Recopas, um Uruguaio e uma Copa Argentina.

Quem o vê acima de Bianchi prega os seus métodos. Enquanto Gallardo é tido como um técnico que faz seu time jogar de muitas maneiras diferentes – desde o ataque total até o limite da violência -, Bianchi é visto, até pela torcida do Boca, como um técnico retranqueiro que amarrava sua equipe ao redor do travessão e que contava com as vitórias nas decisões por pênaltis.

Foi desta maneira, afinal, que ele conquistou três (1994, 2000 e 2001) de suas quatro Libertadores e um dos três Mundiais – o de 2003, quando o Boca de Tevez bateu o Milan de Cafu nos pênaltis.

Nenhum outro clube argentino ganhou o Mundial desde então.

A seca já vai para 14 anos. E que ninguém duvide: o jejum tem boas chances de terminar agora em 2017, con este impresionante y infernal River de Gallardo.


Os oito gols do River são oito tapas na cara do Brasil
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Tales Torraga

Os oito gols do River no Jorge Wilstermann – o ''Jorge Wilson'' como é chamado em Buenos Aires – são oito tapas na cara do futebol brasileiro.

(Tapas leves, para acordar, sabe quando alguém está dormindo muy profundo, não acorda por nada, e leva uns tabefes só para despertar? É isso, muchachos.

Não pensem violências. Depois de um 7×1 debaixo do nariz? Claro que precisa mesmo esconder a cabeça no travesseiro por uns tempos. Entendemos total.

Tranqui tranqui. Es un juego, divinos!)

Como o Atlético-MG põe a cabeça no travesseiro e pensa o 0x0 com o ''Jorge Wilson'' depois do 8×0 para o River na maior comoção portenha que o blog já viu?

Un despelote total que não impactou só um estádio ou uma cidade – mas um país?

E vocês falam de ''galo doido'', de ''bando de loucos'', de ''avanti palestra''?

¡Porfavor!

Boca de Bianchi? San Lorenzo de Patón? Corinthians de Tite?!

Chicos, vocês não sabem como está Buenos Aires capital….

Com respeito ao Wilstermann: o River o colocou no lugar pequeno de sempre.

Así de una. Nomás. Há uma hierarquia a defender.

A cada Del Valle en La Boca, ou a cada Barcelona ganhando na Vila Belmiro, há um River de Di Stéfano, Moreno, Pedernera, Labruna e Loustau – e Gallardo!

Como, no Brasil, o Corinthians, o Flamengo, o próprio Galo e qualquer outra torcida ''de massa'' bate no peito depois de ver os fanáticos pelo River tomando de assalto o Monumental duas horas antes do jogo?

Superlotando os espaços e vendo os 80.000 loucos jogando junto com o time mesmo com o 0x3 da ida e com a chuva e o frio que fez todo mundo cagar empapado em arquibancadas de quase cem anos – e não num palco virgem neste esquisito mundo novo de arenas em formato de xerox.

Como tolerar o sucesso e as acertadíssimas escolhas de um Marcelo Gallardo, de 41 anos, já considerado – com muitos e todos os méritos – como o maior treinador da história do River Plate desde sua fundação, desde 1901?

Como ouvir a arrogância de um Vanderlei Luxemburgo, no alto da sua sabedoria de ''profexô'', dizer que os treinadores argentinos ''não são tudo isso''?

E os técnicos e clubes brasileiros? Hoje? Onde ''são tudo isso''?

No Cilindro de Avellaneda, onde reclamam da violência? E um corintiano com três minutos em campo le pega una patada en las partes íntimas e é expulso direto feito um ganso, uma criança? E não um profissional que ganha milhões por ano?

Onde os brasileiros têm sucesso hoje? Em Porto Alegre?

Onde gritam o gol argentino de Barrios para pegar o Barcelona na semifinal?!

No Nuevo Gasómetro?

Onde o San Lorenzo começa a Libertadores perdendo para o Flamengo por 4×0 (claro que foi no Maraca) e para o Atlético-PR por 1×0? E esteve a 90 minutos de uma histórica semifinal com o River, enquanto os dois rubro-negros brasileiros estão vermelhos de raiva e negros pela falta de luz por não enxergar adiante?

Não é doping e não é juiz. Água batizada do Branco? 6×0 de 1978?

Que conversem com o mofo e com o bolor.  Não nos corresponde.

Tirar os méritos do River e colocar os oito gols na culpa do fraco ''Jorge Wilson''?

Foi afinal o ''Jorge Wilson'' que ganhou dos ''riquinhos'' Palmeiras e Galo – lembrem sempre e sempre.

Não seria esta a chave da questão?

Tomar os outros como referência só para o narcisismo – jamais para aprender?

Como pensar diferente deste lamentável comportamento atual de chorar como criança mimada (interpretação minha), como indicou sabiamente o argentino e académico Mauro Cezar Pereira?

Que esquizofrenia é essa de achar que tudo passa única e exclusivamente pelo mérito e pela culpa brasileira?

Os outros – como o Barcelona do Equador, nem falamos do Barça original, do 4×0 e do 8×0 – não se esforçam, não merecem?

Não transformam sangue em classificação nesta Libertadores?

Talvez seja melhor falar da arbitragem e de complô contra a Conmebol, não, Fágner? (quem? Djalma Santos?)

Falar que os outros times têm mais hombridade que os do Brasil com certeza dói mais – na cara vermelha de vergonha, no bolso lotado de plata e no peito confuso não entendendo nada desta história de ser o mais rico e o menos vitorioso.

Quer entender? Olhe no espelho. Tente enxergar onde está sua hom-bri-dade.

Se não encontrar, dê um pulo em Núñez, onde existe até uma faculdade (algum clube do Brasil possui uma universidade dentro de suas instalações?).

É bem capaz que lá sim ache.

Sobra hombridade neste histórico River – Olé/Reprodução

A Argentina ''falida, decadente e transtornada'' que não pagava salários e começava a Libertadores em greve agora tem dois semifinalistas – e o Brasil um só.

Un beso a todos! Y con cariño, eh?! Somos hermanos! Tranqui…

*Atualizado: A semifinal da Libertadores será River x Lanús – como estamos repetindo desde 6 de fevereiro, 28 de abril9 de agosto e 15 de setembro. Locos, o discurso é livre – e está ótimo que todos possamos falar.

O que temos para falar aqui, neste gigante UOL, é isso. Há sete meses insistimos no cenário que se concretizou agora. Mantivemos nossa aposta mesmo depois das derrotas elásticas das idas.

Sampaoli: Scocco é argentino, e Enzo Pérez também!


Ódio e xenofobia mancham a decisão do River na Libertadores
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Tales Torraga

Chegou a quinta (21) que Buenos Aires tanto grita e espera desde os 3×0 do Jorge Wilstermann sobre o River na semana passada. A partida de volta, às 19h15 (de Brasília) de hoje no Monumental de Núñez em chamas – mesmo com previsão de chuva – tem todos os condimentos para ser ''la jornada épica'' dos argentinos.

Em campo, a certeza é de muita raça e de uma equipe de rara qualidade neste River recém-formado que conta com dez jogadores de seleções (nove da equipe argentina e o lateral Moreira, do Paraguai). Do outro lado, os bolivianos do Wilstermann não vão encarar só uma ''selva de pernas'' em sua área.

Têm também a missão de lidar com o desgaste nervoso do jogo mais importante da história do clube fundado em 1949 e que jamais se viu nesta situação ganhadora.

Loucura no Monumental – REUTERS/Marcos Brindicci

E nas arquibancadas? O maior descontrole de massas dos últimos tempos.

A torcida do River teve a elogiável iniciativa de esgotar os ingressos apenas horas depois do início das vendas. A capacidade do Monumental de Núñez é de 61.688 lugares. Mas que ninguém se espante ao ligar a TV e ver até 80.000 fanáticos ensandecidos deixando a alma e garganta ao redor do gramado. Una cancha superlotada em decisões é algo tão argentino como a erva do mate.

Esqueçam a polícia, a organização, lo que sea.

A torcida vai e dá um jeito de entrar e coitado de quem impedir. Lembram o que a torcida do River fez com a PM no Morumbi em 2005? Se fazem isso com a polícia de outro país, imaginem em casa e em um jogo importante. Ya tá.

E é ao redor do gramado que se caracteriza também a face triste deste confronto. Há muita entrega também do negativo, como o ódio e a xenofobia.

O River é tido como um clube aristocrático na Argentina, embora abrace quase 35% da população do país. A nação do Boca, com 40%, é tratada quase sempre como de classe social inferior – por isso há o massivo e muy comum termo ''bostero boliviano''. Não só os do River: outras torcidas também ligam o Boca aos bolivianos que vivem na Argentina em situação de miséria.

Como o Jorge Wilstermann é da Bolívia, a associação – e a rixa – imediatamente se fortaleceu. Torcedores do River em Buenos Aires desde a semana passada não param de cantar a abominável música ''Que feo es ser bostero y boliviano / En una villa tiene que vivir / La hermana revolea la cartera / La vieja chupa p… por ahi / Bostero no lo pienses más / Andate a vivir a Bolivia / Toda tu familia está allá''.

É melhor nem traduzir.

O Monumental deve explodir neste cântico abjeto quando o Wilstermann entrar em campo. Pelo menos a absurda ideia das redes sociais – da ''chuva de fezes'' quando os bolivianos saírem do vestiário – teve rechaço dos próprios torcedores.

A hostilidade da torcida do River em particular – e de grande parte da sociedade argentina em geral – está motivando o revide boliviano.

Muitos torcedores do River que viajaram a Cochabamba na primeira partida foram agredidos e saqueados nos hotéis. Claro que não ficaria de graça: bolivianos simpatizantes do Wilstermann acabaram linchados em Buenos Aires ontem (20).

O próprio capitão do Wilstermann, antes de ir ao gramado no jogo de ida, foi filmado gritando aos companheiros muitos impropérios contra os argentinos: ''Me chupam as bolas los gauchos [gíria para argentinos] de merda que falam mal da gente, vamos entrar e vamos arrebentar o c. deles, somos melhores''.

Um Monumental certamente em chamas nesta noite – TV/Reprodução

Para deixar tudo ainda mais tenso neste triângulo odioso River-Bolívia-Boca, a ''soberania argentina'' dos malucos que defendem esta causa foi seriamente ferida com a ida da seleção para a Bombonera para o jogo contra o Peru no dia 5.

A torcida do Boca reagiu a esta mudança cantando sem parar no último domingo pelo Campeonato Argentino que ''somos Argentina e não somos galinhas'', em referência ao apelido do River não só pelas amareladas, mas também pelo esnobismo – versão portenha para os ''almofadinhas'' ou coxinhas'' no Brasil.

Se a loucura no Monumental for mesmo desbordante, que ninguém se espante se o juiz até parar o jogo – como já parou mais de uma vez por esses lados.


O “Che” do Palmeiras: carrasco do São Paulo, rebelde e revolucionário
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Tales Torraga

POR CELSO DE CAMPOS JR.*

A tradição italiana e o orgulho brasileiro convergiram para formar a identidade da Sociedade Esportiva Palmeiras, que há exatos 75 anos, em 20 de setembro de 1942, surgiu no Pacaembu para derrotar o São Paulo na final do Paulista – episódio que é reverenciado na história alviverde como a Arrancada Heroica.

Naquela batalha, porém, também o sangue argentino cerrou fileiras com a camisa palestrina. Filho ilustre da cidade de Olavarría, província de Buenos Aires, o atacante Juan Raúl Echevarrieta foi o carrasco responsável por colocar o último prego no caixão tricolor, anotando o terceiro gol na vitória do Verdão por 3×1.

Che nos braços do povo – Reprodução/Acervo pessoal

Esse tento, contudo, é apenas um dos capítulos da sensacional (e pouco conhecida) trajetória do “Che” palmeirense.

Rebelde, artilheiro e galã, não necessariamente nesta ordem, Echevarrieta, também apelidado “El Terrible”, teve uma carreira de conquistas, dentro e fora de campo.

No Gimnasia y Esgrima de La Plata, equipe em que despontou para o estrelato, o craque não venceu títulos, mas ajudou a escrever o nome de sua equipe no almanaque do futebol portenho com um ato absolutamente revolucionário, lembrado até hoje na Argentina.

Disputando palmo a palmo o título com os gigantes Boca e San Lorenzo em 1933, o pequeno Gimnasia foi sucessivamente vítima de arbitragens desonestas; no último episódio, deu o troco ao escancarar para todo país a manipulação dos clubes poderosos. Durante uma partida no Viejo Gasómetro, em que o juiz descaradamente favorecia o San Lorenzo, Echevarrieta e seus companheiros resolveram não mais participar daquela farsa e simplesmente sentaram-se no gramado para denunciar a operação – a primeira greve dentro de campo de que se teve notícia na Argentina.

Em 1939, o argentino chegou ao Parque Antarctica. Estreou com uma vitória contra o São Paulo, clube que se tornaria seu alvo preferencial: na final do Paulistão de 1940, marcou duas vezes na goleada por 4×1 contra o Tricolor.

Che em ação – Reprodução/Arquivo

Em apenas três temporadas, Che tornou-se o maior artilheiro estrangeiro da história do Palmeiras, com 113 gols em 127 jogos – números que o colocam também como o dono da melhor média entre todos os avantes palestrinos: 0,89 gol por partida.

O triunfo diante do São Paulo em 1942, contudo, seria sua última glória pelo clube. Por conta de desentendimentos com o treinador Armando Del Debbio, que não compactuava com sua agitada vida noturna, o já veterano Echevarrieta partiu para o Santos ainda no final do ano.

Na Vila Belmiro, Che seguiu metralhando as defesas adversárias, anotando 20 gols em 25 jogos, marca que o colocou, também, como o maior artilheiro estrangeiro santista durante quase oito décadas. Apenas neste ano de 2017 o argentino foi ultrapassado pelo colombiano Jonathan Copete – que, contudo, precisou de 66 jogos para superar o recorde.

Em meados de 1943, desentendimentos com a diretoria do Santos fizeram o indomável Echevarrieta trocar de ares novamente. Passou por Ypiranga e São Bento de Marília, onde encerrou a carreira profissional, no final dos anos 1940.

Bem vestido (e bem antes das parcerias com as empresas de roupas…) – Reprodução

Mais tarde, o craque ainda deixaria sua marca em Londrina, para onde se mudou para atuar por um time amador da cidade. Desta vez, porém, não pelos feitos esportivos: a dona de um dos bordéis de luxo da cidade se encantou por seus atributos extracampo e passou a tratá-lo como um príncipe. O affair foi fatal para sua família, que retornou a Marília e perdeu contato com o atacante por quase uma década, período em que o carteado lhe consumiu tudo que ganhara na carreira.

Juan Raúl Echevarrieta morreu em Florianópolis em novembro de 1987, aos 76 anos, já reconciliado com o filho, Luiz Carlos – para quem, no final da vida, finalmente abriu o coração. Ao herdeiro, Che confessou todos os acertos e erros de uma vida vivida ao extremo. Mas sem perder a ternura.

* Celso de Campos Jr., jornalista e autor do livro “1942 – O Palestra vai à guerra”, é um amigazo brasileiro brilhante também nas canchas argentinas. Gracias, Profe!

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''Rebelde, agitador y revolucionário'' é o nome de uma das melhores músicas dos Callejeros – grupo preferido de Jorge Sampaoli, que tatuou até suas letras.

Som (alto) na caixa – este merece, por Che e pela banda. ¡Que temazo, porfavor!


“Tomara que a Argentina fique fora da Copa”, diz ex-preparador da seleção
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Tales Torraga

Guru de Diego Armando Maradona, Fernando Signorini, hoje com 66 anos, é um respeitado pensador do futebol na Argentina. Preparador físico desde 1973, ele integrou, com Maradona, a seleção nas Copas de 1986, 1990, 1994 e 2010.

Signorini consola Messi em 2010 – Arquivo/Clarín

E tudo o que ele quer é ver a Argentina fora da Copa do Mundo da Rússia.

''Faz tempo que imagino que para a Argentina seria bom ficar fora de todas as competições que disputa'', analisou Signorini ao blog. ''Não vi o jogo contra a Venezuela e não estou preocupado com este jogo contra o Peru. Não me interesso mais. É muito mais importante que haja uma profunda reflexão e que a AFA termine de uma vez por todas este grau vergonhoso de bagunça e corrupção.''

Para ele, o que está em jogo na Argentina hoje vai muito além da Bombonera no próximo dia 5: ''Enfrentar o Peru é o que menos importa, o que importa é que o futebol argentino volte às bases e às fontes, apostando nos valores que o esporte precisa ter. É preciso haver um corte saudável. Por isso seria bom não ir à Copa''.

''O futebol argentino era um processo cultural que permitia a educação do jovem em meio a toda essa loucura. Hoje, atiram de tudo da arquibancada, permitem que os barras bravas façam de tudo. Os dirigentes têm suas empresas que funcionam de maneira brilhante e os clubes estão como estão.''

“É mentira que esta nova AFA queira fazer as coisas bem. As estruturas não mudam, os organismos que deveriam intervir não fazem nada, as pessoas que estavam com Grondona saíram pelas portas dos fundos e não deram explicações. Os nomes mudam, mas a filosofia é sempre a mesma'', seguiu.

O momento argentino tampouco precisa de torcida contra, para ele, porque a realidade já é complicada demais para render resultados: ''Sampaoli assumiu e não tem tempo para trabalhar. Uma equipe é produto dos ensaios e a maioria dos jogadores chega ao país um dia antes. É por isso que as seleções jogam mal. Sem tempo para ensaiar, fica impossível dominar uma ideia''.

Signorini é autor do excelente livro ''Futebol, um chamado à rebelião'', no qual analisa com bastante lucidez o momento do jogo mais popular do planeta.

''O esporte ficou de lado, importa mais o negócio. O livro é um grito de rebelião porque fiquei farto dos dirigentes e do jornalismo inconsequente. O ambiente é uma porcaria. Falando uma vez com Maradona, lhe disse que ele tinha que comemorar ter nascido em uma favela, porque se ele nascesse na Recoleta, era capaz de virar jogador de pólo. Sou loiro de olhos azuis, mas tudo o que tenho eu devo a um favelado. Os jogadores também precisam de afeto'', refletiu, se referindo a Maradona e indicando que esta é uma sensível deficiência pela qual passa a seleção argentina na atualidade – algo que Signorini sempre repete nas rádios.