Patadas y Gambetas

Herói, goleiro do River surge como surpresa para o Mundial da Rússia
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Tales Torraga

O comemoradíssimo título do River Plate sobre o Boca Juniors na Supercopa Argentina – 2×0, gols de Pity e Scocco – pode ter representado também o fim de um dilema para o técnico Jorge Sampaoli, que é um assumido torcedor do River.

Sempre delicada, a posição de goleiro da Argentina na próxima Copa do Mundo pode contar com a escalação de Franco Armani até mesmo como titular na Rússia.

Voo milagroso de Armani – Clarín/Reprodução

Contra o Boca, Armani foi mesmo o ''goleiro de luxo'', como brinca a Argentina.

Salvou pelo menos cinco oportunidades de gols do rival – que, verdade seja dita, jogou de igual para igual com o River, que se aproveitou de um maior oportunismo no ataque e de um Armani em uma noite digna de Pato Fillol.

O hoje camisa 1 do River está com 31 anos e nasceu em Casilda, que é também a cidade-natal de Sampaoli. Franco chegou ao River apenas no mês passado e demonstrou ontem en una final muy brava por que sua fama no Atlético Nacional, seu ex-clube na Colômbia, era de ''melhor goleiro da América do Sul''.

Franco, ao menos ontem, foi levado aos céus pelo torcedor portenho, que não nutre grandes carinhos por Sergio Romero, dono nas luvas argentinas nos últimos três Mundiais. Romero é um goleiro de bons serviços prestados à seleção. Não há nenhuma derrota decisiva que possa ser colocada na sua conta. Mas ele chega à Copa sem ritmo, pois é reserva – há três anos! – de De Gea no Manchester United.

Já Armani, não.

Chegaria referendado pelo que faz no River – e pelos milagres ante o Boca.

Na alta madrugada em Mendoza, o presidente do River, Rodolfo D'Onofrio, dava a convocação de Armani para a Copa como certa. O blog apurou que o raciocínio se confirma e que Sampaoli está sim convencido a levá-lo ao Mundial – mas apenas a preparação mostraria quem seria titular, se ele ou Romero, o que faz todo o sentido.

O terceiro goleiro será Caballero (Chelsea) ou Marchesín (América-MEX).


Afogada na loucura, Argentina delira com o Boca x River de hoje
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Tales Torraga

Atualizando às 23h16: Mais tensões que emoções. Oitavo título de Gallardo em quatro anos. E que goleiro de luxo, Franco Armani. Scocco? Craque!

***

Ninguém dormiu.

Ninguém respirou e agora ninguém consegue pensar direito nesta Argentina que transpira baldes de Fernet e fede a cigarro e maconha. São as horas prévias deste histórico Boca Juniors x River Plate que vale um título oficial às 21h10 (de Brasília) de hoje (14) em Mendoza – com o Estádio Malvinas Argentinas em clima de guerra e blindado por 1.500 policiais em um estádio superhipermaximegablaster lotado por mais de 40.000 pessoas e 50% de cada uma das maiores torcidas deste loco país.

Mora, Tevez e uma comoção histórica – Olé/Montagem

Para torcedores de River e Boca, esta quarta (14) vale mais que a própria Copa do Mundo da Rússia.

Exagero? Só a quem nunca esteve na Argentina.

Prova disso foi dada na chegada dos dois times ontem a Mendoza, a 1.200 quilômetros (!) de Buenos Aires (!!). Dia útil, de trabalho? Pois parecia que todos os 115.000 habitantes da cidade – e mais os turistas – estavam no aeroporto, nas ruas, nos hoteis e na frente do estádio. Foi uma catarse que poderia confundir um desavisado que imaginasse que a partida seria na terça, e não nesta quarta.

Esta Supercopa Argentina cruza nesta quarta os campeões do Argentino (Boca) e da Copa Argentina (River).

Parece mentira. Mas é só a segunda vez na história que Boca e River decidem um título oficial – a primeira e única até aqui foi há 42 anos, quando o Boca ganhou por 1×0 e ficou com o Argentino de 1976.

E quando vai ser o próximo mano a mano? Ninguém sabe.

Tevez acena em Mendoza – Twitter/Boca

É por isso que não há torcedor que não olhe para esta decisão como a chance perpétua de virar para o rival e ter um motivo praticamente eterno para novas gozações. Não é só a glória esportiva. É a superioridade perante o rival – algo que seduz demais em qualquer país do mundo, e quem conhece um pouco que seja da Argentina sabe como este discurso de ''soberania'' é muy fuerte acá.

O Boca chega melhor. Lidera o Argentino há 15 meses e conta com um Tevez motivadíssimo repetindo a cada instante que este é o jogo da vida dele, ''que primeiro foi torcedor e depois jogador''. Os 11 titulares do encrenqueiro técnico Guillermo Barros Schelotto nesta noite serão os seguintes: Rossi; Jara, Goltz, Magallán e Fabra; Nández, Wilmar Barrios e Pablo Pérez; Pavón, Tevez e Cardona.

Rodrigo Mora sufocado pelos fanáticos – Twitter/River

O empate leva a decisão para os pênaltis – e o Boca já sinalizou que se chegar a este ponto vai trocar de goleiro, pois o reserva Sara é melhor que Rossi para as cobranças. Ou seria um mero blefe? Puede pasar de todo – pero todo, eh?!

O River confia em Lucas Pratto – que tem diante de si a chance única de recompensar cada centavo dos US$ 14 milhões desembolsados por ele.

O técnico Marcelo Gallardo leva a campo os seguintes jogadores: Armani; Montiel, Maidana, Martínez Quarta e Saracchi; Enzo Pérez, Ponzio, Nacho Fernández e Pity Martínez; Pratto e Mora.

O gigante de Núñez está péssimo no Argentino, ocupando só a 18ª colocação. Mas até isso vai virar um motivo de alegria para o torcedor irritar o contrário dizendo que nem numa situação tão desigual da tabela houve uma chance de vitória.

Todos cagados na capa de hoje do Olé – Reprodução

River e Boca, juntos, respondem por 70% dos 44 milhões da população de uma Argentina que está sufocada com esta apreensão. Parece que a ''vida comum'' foi arrancada da rotina. As TVs, os jornais, as rádios, os portais e as redes sociais não têm outro assunto. Hora é a opinião de um psicólogo, hora é um político, hora é um professor, hora é o documentário mostrando como Boca e River explicam o país, hora são as crianças palpitando o superclássico no colégio, hora são os detalhes infinitos de um jogo que promete marcas profundas em vencedores e vencidos.

O Esporte Interativo e o Fox Sports 2 transmitem para o Brasil.

Capa do jornal Crónica – Reprodução

Quem assistir vai entender perfeitamente por que bancar provocação de brasileiro em Copa do Mundo é fichinha. Mil gols, Maradona x Pelé, 30 anos sem Copas, fila sem fim, Messi amarelão. Digam o que quiserem e quantas vezes quiserem.

Nada vai ser como ganhar – ou perder – a chance de gozar o rival hoy e para siempre nesta eterna gangorra de traves de ouro e barro.


Tevez, quem diria, vira exemplo de paz e sensatez
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Tales Torraga

A Argentina continua fervendo e contando os minutos – e as batidas muy aceleradas do coração – para o histórico Boca Juniors x River Plate das 21h10 (de Brasília) desta quarta (14) em Mendoza. Os dois gigantes do país vão se cruzar valendo um troféu oficial, a Supercopa Argentina, que põe em combate os campeões do Argentino (o Boca) e da Copa Argentina (o River). Que locura, che.

Transmissão da coletiva de Tevez nesta segunda – Boca/Divulgação

Quem leu o blog ontem soube que a Argentina está de joelhos, prostrada em meio a doses industriais de medo e comoção. O país mais que respira: transpira baldes por este jogo que pode desatar uma desgraça massiva. Juntos, Boca e River respondem por 70% da população de 44 milhões de argentinos que – salvo que provem o contrário – compõem o povo mais apaixonado e maluco do mundo quando o assunto é futebol.

E esta é só a segunda vez na história que Boca x River jogam por um troféu. A primeira foi em 1976. A próxima? Ninguém sabe.

E quem surge como um símbolo de paz no meio desta loucura toda é, acreditem, Carlitos Tevez, o mesmo que imitou a galinha em pleno Monumental e quase desatou uma batalha campal no superclássico da semifinal da Libertadores 2004.

Tevez é sim outra pessoa. Com 34 anos, dá gosto de escutar. Está mais maduro, como ele próprio se define depois da sua passagem pela China. Equilibrado e sensato, mas sem exagerar – sem ''pasarse de rosca'', como definem os argentinos.

Carlitos defende suas cores, claro, mas sem agredir ou provocar o rival. O momento não é de brincadeiras – e Tevez reconheceu isso muy bien.

Sem carregar nas tintas, deixou claro que este Boca não pode permitir que se repitam as decisões da Sul-Americana (2014) e da Libertadores (2015), quando deu River justamente por ter mais raça e por superar o Boca na atitude e na inteligência.

''O 'Esto es Boca' tem que ficar claro. É a nossa idiossincrasia.''

(Quanta verdade em tão poucas palavras!)

Carlitos acertou também ao pedir que o perdedor se la banque. Que saiba perder. Que pense nos que estão do lado de fora – e eles serão nada menos que 70% da população argentina que vai realmente chorar de alegria ou de tristeza, sem falar nos muitos e inevitáveis infartos.

Outro gol de Tevez: pedir para que os jogadores ajudem o árbitro, que não caiam na tentação de pressionar o juiz Patricio Loustau para tirar vantagem.

Carlitos, até agora, não é nota 10 (seu antigo número). É nota 32 (o atual). Brilhou até mesmo ao desconsiderar uma pergunta sobre o seu futuro na seleção. Adotou uma postura pacífica, porém firme, ao transmitir que ''este é um jogo para ficar na história, mas que o futebol não é uma guerra''.

O difícil vem agora, dentro de campo, onde esperam que ele seja líder e referente, e que deixe a vida metendo a perna, dividindo de cabeça, jogando e se controlando, provando que é realmente o exemplo não só deste pedaço de grama – mas também deste pedaço desta história – sinuosa, deliciosa… – que é o River x Boca.

(Impossível não terminar este post com a lembrança óbvia, mas muy oportuna, de ''Símbolo de paz''' de Charly García, o rei do rock argentino, que cantava assim em 1987 e que cantaria hoje para Carlitos Tevez na véspera desta quarta em que ninguém vai dormir neste país.)


Medo de tragédia ronda o Boca x River mais tenso da história
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Tales Torraga

A Argentina está mentalmente paralisada. De agora até quinta, todo o país está consumido por uma vigília enlouquecedora e pelo risco de desgraças às 21h10 (de Brasília) desta quarta (14), quando os dois maiores clubes do país, Boca Juniors e River Plate, se encontram para definir um título. A taça em questão é a Supercopa Argentina, colocada em disputa em Mendoza, a 1.200 quilômetros de Buenos Aires.

Caixão contrário em Buenos Aires: brincadeira ou ameaça? – Taringa/Reprodução

O jogo será no Estádio Malvinas Argentinas, com 40.268 pessoas e 50% dos ingressos para cada torcida. Vale lembrar que o superclássico em Buenos Aires não conta desde 2013 com sequer uma minúscula parte do público visitante.

É apenas a segunda vez na história que Boca e River se cruzam por um título – o primeiro foi em 1976, com o Boca faturando o Argentino. A Supercopa da vez será o duelo entre os atuais campeões do Argentino (Boca) e da Copa Argentina (River).

Juntas, as torcidas de Boca e River correspondem por cerca de 70% da população de 44 milhões de argentinos, e há uma séria preocupação por conflitos em todo o país naquele que já tem sido chamado de ''o superclássico mais tenso da história''.

Não é para menos. O ódio mútuo entre Boca e River ganhou um ar extremo que afoga a Argentina em uma dicotomia extremamente longe de ser saudável. Contribuem para isso: 1) O ataque com o gás pimenta aos jogadores do River na Bombonera, pela Libertadores de três anos atrás; 2) Os seguidos confrontos entre as equipes na Sul-Americana (2014) e Libertadores (2015), ambos vencidos pelo River e 3) A desconfiança instalada pelos dirigentes de que o presidente da Argentina, Mauricio Macri, ex-mandatário do Boca, manipula os resultados para criar um clima propício para a sua reeleição, no próximo ano.

O mau gosto não tem cor de camisa – DyN/Reprodução

A própria organização desta Supercopa correu risco até as últimas semanas, com a ameaça de cancelamento justamente porque há um grande temor de um banho de sangue. Não é exagero. O clima de guerra está instalado. E é evidente que não há uma guerra sem mortos ou feridos.

Enorme parte da torcida do Boca aquece as gargantas para esta decisão com o nefasto cântico ''Quiero jugar contra River y matarles el tercero'', em referência ao assassinato de dois torcedores do River em um clássico na Bombonera em 1994.

A torcida do River, claro, empata nos gritos de guerra. Só se escuta ''Vamos a pegarle a Boca hasta que muera'' ou ''Quiero la Libertadores, y un bostero matar''.

A loucura obrigou o governo federal a entrar na parada e destacar um operativo policial recorde – o número total do efetivo ainda não foi divulgado. As duas torcidas vão percorrer cerca de 1.200 quilômetros por via terrestre, sendo praticamente impossível que os encontros não ocorram no caminho. É esta a distância entre Buenos Aires e Mendoza, e a partida desta quarta (14) vai mobilizar um pelotão de profissionais de seis localidades. Começa na capital e na província de Buenos Aires, para depois se espalhar por Santa Fé, Córdoba, San Luis e Mendoza.

Faixa com ameaças no CT do Boca nesta segunda / Reprodução Twitter

Em campo, Boca e River prometem entrega máxima. ''Se um dos dois estiver ganhando, é capaz que o jogo não termine'', disse Carlitos Tevez na semana passada, alertando para o risco de confusões. ''A noite do gás pimenta só não acabou em tragédia por muito pouco. Todos precisam estar conscientes nesta quarta'', reforçou Fernando Cavenaghi, ex-jogador do River, presente àquela barbaridade na Bombonera. ''Só por milagre não vivemos um novo Cromañon [tragédia em uma casa portenha de shows em 2004, similar à da Boate Kiss].''

As diretorias de Boca e River deixaram de apimentar o duelo e passaram a trocar gentilezas. Tanto é assim que vão jantar juntos na véspera da partida – algo que não costuma acontecer. Está previsto também um amistoso entre veteranos.

Tudo para fazer o futebol respirar um pouco em meio a este clima preocupante.


Como a filha de Maradona ‘tirou’ D’Alessandro da Copa de 2010
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Tales Torraga

Não há, até hoje, portenho que entenda por que Andrés D'Alessandro não foi convocado para a Copa do Mundo de 2010. Diego Maradona era o técnico daquela seleção que ficou famosa por não levar à África do Sul jogadores que viviam ótimo momento – Gago, Zanetti e Cambiasso foram outras três ausências de muito peso.

Maradona e D'Alessandro, dupla que não se encontrou em 2010 – Montagem/Olé

D'Alessandro já atuava no Inter em 2010, ano em que conquistou a Libertadores da América e foi eleito o melhor jogador da América do Sul. Nesta quinta (8), em entrevista ao ''Perros de la Calle'', famoso programa da Rádio Metro, de Buenos Aires, ele abordou o assunto.

''Realmente foi muito raro o Maradona não ter me convocado nunca, porque 2010 foi um dos melhores anos da minha carreira'', disse o ídolo colorado. ''Não me chamou sequer uma vez para me provar. Se não me lembro mal, neste momento mais de 130 jogadores foram provados. Houve um tema extra-futebolístico. Meu irmão teve uma relação com uma das suas filhas [foi Giannina, a mais nova, então com 21 anos], e não sei se Diego levou por esse lado. Nunca falei disso com ele, mas em off a gente fica sabendo das coisas'', seguiu Andrés.

Entre os jornalistas que cobriram o ciclo maradoniano na seleção, sempre circulou com força a versão de que a ausência de D'Alessandro do Mundial de 2010 foi, na verdade, um pedido da filha de Maradona. O que Diego jamais explicou é se a intenção de tirar Andrés daquela seleção foi 1) Uma decisão técnica, difícil de acreditar pelo então momento do jogador do Inter; 2) Uma solicitação de Giannina, magoada com o irmão de D'Alessandro; 3) A chance de um conflito entre D'Alessandro e Agüero – que era então casado com Giannina, que foi praticamente uma integrante da seleção naquela Copa, acompanhando sempre o pai e o marido.

Maradona se escora no genro Agüero em 2010 – AFA/Divulgação

''Eu tenho a minha opinião e ele tem a sua. Sigo tendo o pensamento daquele momento, e isso ninguém vai me tirar'', finalizou D'Alessandro à Rádio Metro.

Quem quiser entender a loucura que foi aquela Argentina – e como as filhas de Maradona influenciaram Diego – pode ler o livro ''La Tenes Adentro'', escrito pelo jornalista argentino Toti Pasman, duramente insultado por Maradona em uma coletiva de imprensa. O principal impropério disparado por Diego – ''Você tem lá dentro'' – é este que dá nome à obra.


Opinião: Higuaín começa a virar o ‘São Pipita’
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Tales Torraga

Os brasileiros são mesmo privilegiados – foram, afinal, as testemunhas do surgimento de um Gonzalo Higuaín de apenas 19 anos, reserva do River Plate de Daniel Passarella, despachando o Corinthians da MSI de uma Libertadores e desatando um dos maiores quebra-quebras da história de São Paulo.

Era 2006, e aqueles gols de Higuaín no Pacaembu imediatamente o levaram ao Real Madrid, onde ficou simplesmente por sete temporadas – de 2006 a 2013.

A vida se explica demais em sete anos – a ''teoria dos setênios'' da antroposofia – mas o futebol é sempre definido em sete centímetros ou sete segundos. Higuaín jamais imaginou que numa final de Copa do Mundo (e no Maracanã tão amado pelos argentinos) ele ficaria mano a mano com Neuer: errou feio.

Capa de hoje do ''Olé'' – Reprodução

Nesse mesmo jogo, anularam um gol seu por impedimento (minúsculo) e deixaram de marcar um pênalti escandaloso que fez até Cristina Kirchner, então presidente argentina, ver de perto a sua cara depois da joelhada largada pelo mesmo Neuer.

(Ninguém por esses lados lembra, por exemplo, que o último gol da Argentina no Mundial 2014 foi do próprio Higuaín, contra a Bélgica, e que tanto contra Holanda como contra a Alemanha ninguém, não só ele, também não fez nada.)

Os estigmas são o segundo esporte argentino, atrás apenas do futebol. Depois que te pregam um cartaz, ninguém tira. Ainda mais se você tem nível suficiente para jogar mais duas finais com a seleção, errando gols nas duas, virando a cruz argentina, a madeira mais pesada do mundo – somos assim, vivemos assim.

Talvez por isso Higuaín tenha superado tão tranquilamente a pressão e desconfiança que recebia também na Juventus – especialmente depois de errar o pênalti no jogo de ida contra o Tottenham (jogo em que fez os dois gols do 2 a 2!).

Ontem, em um par de minutos, Pipita mostrou por que está na elite há mais de uma década. É preciso mesmo ser um caso clássico de esquizofrenia em se achar ''o'' certo, considerando que errados são os do Real Madrid, que o mantiveram por sete anos, ou os do Napoli, ou os da Juve, que gastaram 90 milhões de euros por ele.

Errados estão Diego Maradona, Sergio Batista, Alejandro Sabella, Tata Martino, Patón Bauza e Jorge Sampaoli, técnicos que o chamam à seleção desde 2009.

Entre os argentinos, por mais gols que faça na Europa, Higuaín sempre vai ''estar de recuperação''. Vai precisar sempre de uma nota final. Afinal, até Messi passa por isso, como já passaram Ginóbili e Del Potro.

Mente fria e fogo sagrado, Gonzalo. Repita na Rússia o que fez em Wembley. Venha. Vení. Do fracasso à glória. Nada mais argentino. Te esperamos, 'São Pipita' querido. Ou gritamos os gols ou gritamos de fúria. Você sabe. Quédate tranquilo.

(A quem não captar a ironia, favor ouvir Darwin Desbocatti ou Alejandro Dolina.)


Boca perde capitão para enfrentar o Palmeiras
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Tales Torraga

Capitão do Boca Juniors, o volante Fernando Gago se machucou sozinho no treino do clube portenho nesta terça-feira (6). Ele só volta a treinar daqui a pelo menos dois meses, sendo desfalque certo contra o Palmeiras nos jogos pela Libertadores em 11 (em São Paulo) e 25 de abril (em Buenos Aires).

A lesão de Gago foi no joelho direito – o mesmo que operou depois de romper os ligamentos em outubro no Argentina x Peru, pelas Eliminatórias. Ele vinha treinando normalmente e sua volta ao Boca estava prevista para daqui a duas semanas.

Com uma vida cheia de contusões, a nova ausência de Gago é motivo de muito drama em Buenos Aires nesta quarta (7). O jornal ''Olé'' foi quem mais caprichou, dizendo nas páginas internas que o capitão do Boca levou uma ''joelhada na alma''.

Gago está com 31 anos e vinha se esforçando para acelerar sua recuperação e ser chamado por Jorge Sampaoli para a Copa do Mundo da Rússia – algo que passa a ser impossível com esta nova contusão.

O Boca vai informar o diagnóstico oficial nesta quarta (7), mas o blog apurou que o clube já trabalha para colocar Gago em condições de jogo apenas no segundo semestre deste ano.

Gago treinava normalmente na Casa Amarilla, CT do Boca, quando sentiu uma pontada – o ''pinchazo'', como falam os argentinos – no joelho direito, o mesmo que vinha recuperando da ruptura do ligamento cruzado anterior e lateral interno sofrida quando atuava pela seleção na Bombonera em outubro do ano passado.

Esta foi a terceira lesão séria que o volante sofreu recentemente. Em abril de 2015 e abril de 2016, rompeu o tendão de Aquiles do pé esquerdo. Mas suas contusões vêm de muito antes – foram elas, por exemplo, que impediram que Gago desse certo no Real Madrid, clube que ainda assim, limitado, defendeu de 2007 a 2012.


Messi e mais 12: quem são os argentinos já garantidos na Copa
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Tales Torraga

Buenos Aires também está atenta à contagem regressiva para a Copa do Mundo. As TVs e jornais da capital portenha nesta terça-feira (6) já trazem farto material em alusão à data redonda para a Copa que é tratada como o ''tudo ou nada de Messi''.

Será o Mundial de Messi? – Montagem/TyC Sports

Jorge Sampaoli não precisa esconder nada. Nas entrevistas recentes, ele assegurou que já tem em mente cerca de 80% da lista de convocados. El Pelado Sampa, como o técnico é chamado entre os portenhos, talvez esteja exagerando um pouco. Mas quem convive com ele pode antecipar que 13 dos 23 nomes já estão sim assegurados – com a ressalva óbvia de que uma lesão pode mudar tudo.

Lionel Messi tem, portanto, 12 companheiros já garantidos:

– SERGIO ROMERO (goleiro, 31, Manchester United)
– NAHUEL GUZMÁN (goleiro, 32, Tigres)
– GABRIEL MERCADO (lateral-direito, 30, Sevilla)
– NICOLÁS OTAMENDI (zagueiro, 30, Manchester City)
– FEDERICO FAZIO (zagueiro, 30, Roma)
– JAVIER MASCHERANO (meio-campista, 33, Hebei Fortune)
– LUCAS BIGLIA (meio-campista, 32, Milan)
– ÉVER BANEGA (meio-campista, 29, Sevilla)
– MARCOS HUEVO ACUÑA (meio-campista, 26, Sporting)
– ÁNGEL DI MARÍA (atacante, 30, Paris Saint-Germain)
– GONZALO HIGUAÍN (atacante, 30, Juventus) 
– SERGIO AGÜERO (atacante, 29, Manchester City)

Uma lista inicial com 35 nomes será entregue por Sampaoli em 14 de maio. Em 4 de junho, a 12 dias da estreia contra a Islândia, a relação já será a de 23 atletas.

Dá para dizer que 30 nomes brigam pelas dez vagas restantes na seleção. Avaliamos quem está perto e longe para Sampaoli.

ESTÃO PERTO…

– WILLY CABALLERO (goleiro, 36, Chelsea)
– RAMIRO FUNES MORI (zagueiro, 27, Everton)
– MARCOS ROJO (lateral-esquerdo, 27, Manchester United)
– FABRICIO BUSTOS (lateral-direito, 21, Independiente)
– NICOLÁS TAGLIAFICO (lateral-esquerdo, 25, Ajax)
– MANUEL LANZINI (meio-campista, 25, West Ham)
– ENZO PÉREZ (meio-campista, 32, River Plate)
– GIOVANI LO CELSO (meio-campista, 21, Paris Saint-Germain)
– EMILIANO RIGONI (meio-campista, 25, Zenit)
– ALEJANDRO PAPU GOMEZ (atacante, 30, Atalanta)
– PAULO DYBALA (atacante, 24, Juventus)
– MAURO ICARDI (atacante, 25, Inter de Milão)
– LAUTARO MARTÍNEZ (atacante, 20, Racing)
– CRISTIAN PAVÓN (atacante, 22, Boca Juniors)

Opções não faltam a Sampaoli – Montagem/Infobae

CORREM POR FORA…

– GERÓMINO RULLI (goleiro, 25, Real Sociedad)
– FRANCO ARMANI (goleiro, 31, River Plate)
– EMANUEL MAMMANA  (zagueiro, 22, Zenit)
– GERMAN PEZZELLA (zagueiro, 26, Fiorentina)
– GUIDO PIZZARRO (meio-campista, 28, Sevilla)
– MATÍAS KRANEVITTER (meio-campista, 24, Zenit)
– LEANDRO PAREDES (meio-campista, 23, Zenit)
– DIEGO PEROTTI (meio-campista, 29, Roma)
– FERNANDO GAGO (meio-campista, 31, Boca Juniors) 
– PABLO PÉREZ (meio-campista, 32, Boca Juniors)
– RICARDO CENTURIÓN (meia-atacante, 25, Racing)
– JOAQUÍN CORREA (meia-atacante, 23, Sevilla)
– JAVIER PASTORE (meia-atacante, 28, Paris Saint-Germain)

– LAUTARO ACOSTA (atacante, 29, Lanús)
– EDUARDO SALVIO (atacante, 27, Benfica)

– LUCAS ALARIO (atacante, 25, Bayer Leverkusen)

DATAS PARA FICAR DE OLHO:

23 DE MARÇO – amistoso contra a Itália, em Manchester
27 DE MARÇO –
amistoso contra a Espanha, em Madri
14 DE MAIO –
lista com 35 nomes
30 DE MAIO –
despedida contra a Bolívia na Bombonera (a confirmar)
1º DE JUNHO –
concentração em Barcelona
4 DE JUNHO –
lista com 23 nomes
9 DE JUNHO –
amistoso contra Israel, em Tel Aviv
10 DE JUNHO –
chegada a Bronnitsy, na Rússia
14 DE JUNHO –
Rússia x Arábia Saudita, abertura da Copa
16 DE JUNHO –
estreia argentina contra a Islândia
15 DE JULHO –
Messi enfim ergue a Copa com o tri argentino (sueño o realidad?)


Perfeição de Messi nas faltas faz Argentina rever planos para a Copa
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Tales Torraga

Como se fosse possível, Lionel Messi incorporou mais um item ao seu repertório. Ele agora está cobrando faltas como ninguém. E o golaço de ontem (4) contra o Atlético de Madri gerou um dado muy interesante que já está na ponta da língua do fanático por futebol de Buenos Aires: ninguém, fora Messi, marcou três gols de faltas em três rodadas seguidas do Campeonato Espanhol nos últimos 30 anos.

Além do Aleti, Messi cravou dois golaços de bola parada também nos dois jogos imediatamente anteriores, contra o Las Palmas e contra o Girona.

O blog apurou que a eficiência de Messi nas cobranças de falta já fez fervilhar a careca sempre inquieta de Jorge Sampaoli. O técnico estuda mudar até mesmo o seu estilo de jogo para aproveitar esses momentos de genialidade de Messi.

Messi e seu golaço de falta contra a Nigéria na última Copa – Clarín/Reprodução

Hoje, neste soleado y hermoso 5 de março portenho, é possível dizer que a presença do ''quadrado mágico'' na Copa do Mundo da Rússia é 90% certa. Só mesmo uma lesão vai impedir que a Argentina escale Messi, Di María, Agüero e Higuaín como titulares. Sampaoli jamais pôde colocá-los juntos em campo, daí a escolha por jogadores de vários níveis abaixo como Papu Gómez e Benedetto.

El Pelado Sampa, como o técnico é chamado em Buenos Aires, fala abertamente que a seleção deveria explorar a visão de jogo de Messi e a rapidez de Di María para as capacidades de conclusão de Agüero e Higuaín. Mas a Argentina nesta Copa deve atacar não se limitando apenas a esta tática óbvia. A concentração das jogadas vai passar a ser sempre ao redor da meia-lua – e não pelas laterais – justamente para ''cavar'' as faltas que Messi está batendo com perfeição.

(Há um risco evidente: os atacantes argentinos têm sempre mais de 30 anos. Uma patada mais dura pode tirá-los do Mundial devido ao corpo já combalido e difícil de recuperar. A Copa é sempre muito desgastante, com datas muito apertadas.)

Messi, de fato, tem golazos de falta pela seleção. Sem ir muito longe, dá para lembrar das suas magias contra a Nigéria, no último Mundial, contra a Colômbia, pelas Eliminatórias, e contra os EUA, na última Copa América. É possível também criticá-lo – como tudo cabe uma crítica em Buenos Aires… – por não ter convertido nenhuma das possibilidades que teve tanto na decisão da Copa do Mundo, contra a Alemanha, como contra o Chile nas duas Copas Américas perdidas.

Enfim: esta Argentina pode ter Dybala, Icardi, Pastore, Lo Celso, Lautaro Martínez, Centurión, Pavón ou quem quer que seja nesta função de chamar as faltas.

Mas tudo estará nos pés de Messi. De novo. Como sempre.


Por que Sampaoli voltou a insistir em Higuaín?
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Tales Torraga

E Gonzalo Higuaín está de volta à seleção argentina. Depois de ser afastado da equipe nacional na primeira convocação do técnico Jorge Sampaoli, o atacante da Juventus foi chamado para os próximos dois amistosos da Argentina – contra a Itália (próximo dia 23, em Manchester) e contra a Espanha (27, em Madri).

Higuaín, Sampaoli e a dívida a ser quitada – Pagina Uno/Reprodução

Higuaín foi sacado por Sampaoli por conta da sua falta de interesse em defender a seleção naquele momento – estamos falando de nove meses atrás, quando o técnico acabara de assumir. O atacante é um dos mais criticados pelos argentinos, e a razão é muito fácil de entender. Muitos põem nas suas costas todo o peso das três derrotas da seleção nas finais contra Alemanha e Chile (duas). Higuaín perdeu gols tidos como fáceis nas três decisões. A forma física do atacante é também motivo de muita chacota em Buenos Aires. Costuma-se dizer maldosamente que ele ''tem uma pizza tatuada na barriga'', em razão do seu biotipo rechonchudo.

Sampaoli considerou que o melhor a fazer naquele momento, nove meses atrás, era deixar Higuaín tranquilo para seguir sua carreira na Juventus. Caso ele voltasse a sentir vontade de defender a seleção, seria tido em consideração, como agora.

Ambos se encontraram em janeiro, e Higuaín deu o seu ok – tanto na conversa quanto em campo. Nas semanas seguintes à conversa entre os dois, Pipita marcou espantosos oito gols em cinco jogos. Na Champions, alcançou o doblete mais rápido da história ao vazar o Tottenham duas vezes em apenas oito minutos. Poderia marcar mais um, pois perdeu um pênalti.

O discurso de Sampaoli em sua conversa com o atacante foi muito simples: a Copa do Mundo da Rússia deve ser a última não só de Lionel Messi, mas também de Di María, Agüero, Romero, Mascherano e do próprio Higuaín. Uma das formas de motivar os seus medalhões é colocar o próximo Mundial como uma revanche pessoal para todos eles. Nada que deixe Sampaoli imune às críticas. Buenos Aires amanheceu nesta sexta (2) com o ex-jogador Daniel Bertoni nas rádios dizendo que ''os convocados são sempre os mesmos e que a seleção é um clube de amigos''.

Amigos do bom futebol, é o que rebatem. Higuaín, ao menos nos números, é um dos maiores goleadores argentinos de todos os tempos. Somando clubes e seleção, já acumula 310 gols na carreira e acaba de entrar no ''top 10'' dos artilheiros do país, superando Hernán Crespo. Suas próximas metas são Ángel Labruna, ídolo do River nas décadas de 40 e 50, com 338, e Diego Armando Maradona, com 346.