Patadas y Gambetas

Por que os argentinos estão encantados com Tite (ou melhor, Tité)?
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Tales Torraga

Sozinho e em silêncio, Jorge Sampaoli já está em solo argentino. E o que os torcedores e jornalistas do país vizinho mais têm feito nos últimos dias? É situar a vergonha azul e branca pegando como parâmetro o papel desempenhado pelo Brasil na Rússia. E a comparação entre o Pelado Sampa e o técnico Tité (os argentinos não conseguem chamá-lo de Tite, nem grafar o nome sem acento) está gerando uma situação das mais inusitadas em Buenos Aires.

Antes orgulhosos do êxito conquistado pelos seus treinadores em todo o mundo, os argentinos agora usam Tite como um exemplo do que Sampaoli deveria fazer – e jamais fez – com os seus comandados. Mesmo a postura de Tite de retirar Neymar de qualquer polêmica com o técnico Juan Carlos Osório foi bastante aplaudida pelos argentinos. ''Isso é o que faz um comandante de verdade. Ajuda a explicar o Brasil pós-7 a 1. Ajuda a explicar por que a Argentina fez a pior Copa desde 2002'', analisou o jornal ''La Nación''.

O ''La Nación'' não é o único a jogar confetes sobre Tité (o acento seria um resquício de Pelé?). Ninguém se pronuncia com essas palavras, mas o pensamento geral dos vizinhos sobre Tite é bastante elogioso com a sua capacidade de se fazer uma geração de jogadores indolente e individualista – sob a ótica argentina – atuar de uma maneira coletiva e extremamente profissional como a que se vê na Rússia.

Um dos jornalistas mais ouvidos da Argentina, Alejandro Fantino, na Rádio La Red, passou longos minutos nesta terça-feira (3) usando a reconstrução do Brasil para citar o que a AFA deveria fazer. O primeiro ponto a ser citado em qualquer análise argentina é o fato de o Brasil chegar à Rússia com uma equipe que pouco ou quase nada tem a ver com a usada em 2014. É esta ''limpa geral'' que os argentinos defendem para si a partir deste momento de caos no futebol local.

Tite e Bianchi na Casa Amarilla, o CT do Boca, em 2014 – Arquivo pessoal

É claro que o orgulho argentino se manifesta também nas lembranças de que Tite passou, em 2014, um longo tempo em Buenos Aires estudando e conversando com Carlos Bianchi, uma das suas referências no trabalho. ''É um aluno argentino, mais um, como Guardiola'', relembra Fantino, para logo emendar: ''A Argentina hoje está tão louca, com o futebol tão feito m…., que nem naquilo que sempre fomos os melhores, que é na inteligência e na maneira de pensar o futebol, hoje nos basta. Alguém consegue entender por que não dão um cargo a Menotti na AFA? E por que esses ladrões e irresponsáveis querem mandar em tudo sem entender um c…..?.''

O canal de TV TyC Sports informou ontem (3) que um dos técnicos sondados para esta reconstrução argentina é Pep Guardiola – o que desatou a fúria de comentaristas mais conservadores como o ex-zagueiro Oscar Ruggeri, no Fox Sports. É claro que não há negociações em andamento, mas que ninguém se espante se o nome de Tite logo vier a ser defendido. O seu cartaz é, de longe, o melhor de um técnico brasileiro com os vizinhos nos últimos anos.


Entenda a ‘guerra dos milhões’ entre a AFA e Sampaoli
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Tales Torraga

Faz quase um mês que o blog publicou que Jorge Sampaoli deixaria de ser o técnico da seleção argentina depois da Copa do Mundo. A informação apurada com a equipe ainda em Barcelona, em meio à preparação para o Mundial, dava conta de que o técnico atravessava uma enorme incompatibilidade com os dirigentes e com os jogadores. Depois da pífia campanha na Rússia, o desgaste, claro, chegou ao ápice. Mas a AFA não pode simplesmente mandá-lo embora. O contrato de Sampaoli termina apenas depois da Copa do Mundo do Catar, daqui a quatro anos, e a multa rescisória para um rompimento unilateral é de US$ 22 milhões. Detalhe que não pode ser desconsiderado: hoje, o dólar está a 30 pesos, e a AFA obviamente não vai querer desembolsar esta quantia.

O comportamento de praxe nesses casos é a entidade iniciar uma fritura pública no técnico de turno. Foi o que ocorreu, por exemplo, com Diego Maradona e Patón Bauza, para ficarmos apenas em dois nomes. Bauza nem chegou a um Mundial, mas ainda assim sofreu um terrível ''operativo desgaste'' assim que a atual AFA assumiu, há pouco mais de um ano.

É praxe, também, a Argentina abrir um novo ciclo pós-Mundial de técnico novo. De 1990 para cá, apenas Loco Bielsa, em 2002, seguiu no cargo depois de uma Copa. Os técnicos mais sensatos, como José Pekerman e Alejandro Sabella, desocupavam o posto imediatamente depois do apito final – é esta sensatez que a AFA agora espera de Sampaoli depois do seu fiasco na Rússia.

Sampaoli, porém, pretende ficar. Ele entende que a sua sequência no comando teria chances de bom resultado no Catar com a necessária renovação na seleção – e com a ausência de nomes que entraram em uma clara rota de colisão com as suas ideias, como o de Javier Mascherano.

A AFA já começou a trabalhar na busca para um sucessor, embora esta procura seja bastante difícil pelo terrível momento da economia argentina. Os dois principais candidatos – Diego Simeone e Mauricio Pocchetino, pela ordem – custariam caro demais e talvez voltem a negar o convite por restrições aos dirigentes e a alguns jogadores. O terceiro nome na lista é o de Marcelo Gallardo, do River Plate, que não demonstra muita afinidade com Chiqui Tapia e Daniel Angelici, presidente e vice da AFA, ambos largamente ligados ao Boca.

Um outro candidato que por enquanto aparece com pouca força, mas pode atropelar os demais e repetir o que aconteceu com Patón Bauza, por exemplo, é o de Ricardo Gareca, que acaba de comandar o Peru na Copa do Mundo. Certeza? Uma só: a permanência de Sampaoli está descartada. A AFA avaliou o seu trabalho de uma maneira muito negativa. Agora só resta mesmo fechar os cofres e destravar esta questão financeira para que cada um siga a sua vida sem o vínculo atual.


Messi andou durante 42% da Copa, revela estatística
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Tales Torraga

A rejeição que parte da Argentina nutre por Messi está bem mais pesada depois da derrota para a França. E aqueles que questionam o papel do capitão da seleção ganharam um argumento contundente para pedir a sua saída da equipe.

O jornal espanhol ''Marca'' – produzido em Madri e com óbvio teor ácido ao que acontece em Barcelona – publicou neste domingo uma matéria cujo título é ''Assim foi o Mundial de Messi: passou meio campeonato andando''.

O texto não deixa margem para dúvidas:

''Messi percorreu, ao todo, 31,618 quilômetros neste Mundial. Desse total, 13,398 quilômetros, 58% da distância total (a conta correta é de 42,3%), ele percorreu a uma velocidade entre 0 e 7 km/h – ou seja, andando''.

O ''Marca'' acrescenta: ''Sua velocidade de ponta na Copa foi de 28,37 km/h em um dos 28 sprints que fez na partida contra a França, quase 10 km/h a menos do que alcançou Mbappé na jogada em que Rojo cometeu o pênalti que abriu o marcador.''

Embora a matéria demonstre veracidade, o ''Marca'' não cita a fonte das suas estatísticas. Mbappé, no lance referido, chegou a 37 km/h.


Argentina volta ao seu lugar – e ele é cada vez menor
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Tales Torraga

Acabou, e acabou com papelão. Os mais atentos têm tudo na ponta da língua: a Argentina não conquista a Copa do Mundo há 32 anos e não ergue um troféu sequer com a sua seleção adulta desde 1993 – e lá se vão 25 anos desde aquela Copa América disputada no Equador.

Mas havia um outro dado, mais escondido, que era um enorme indicativo de que Lionel Messi e Jorge Sampaoli dariam adeus ao Mundial da Rússia já neste sábado. A Argentina encolheu. E na comparação com as demais seleções do continente ela hoje talvez seja inferior até mesmo à Colômbia. E correndo o risco de ser superada também pelo Peru – que, enfim, não foi atropelado por esta esplendorosa França.

Messi olha para o chão – mais uma vez – Olé/Reprodução

Pois bem: antes da surra deste sábado em Kazan – pois este 4 a 3, convenhamos, deveria ser um 5 a 2 ou até mesmo 6 a 2 -, a Argentina não derrotava uma seleção campeã do mundo em uma partida por Copas desde o dia 24 de junho de 1990, quando venceu o Brasil por 1 a 0. Aquele encontro mesmo só terminou com vitória azul e branca por milagre. Teve a ''água batizada'' entregue a Branco e os atacantes brasileiros quase amassaram as traves de Goycochea, acertando três chutes nos postes e ainda perdendo um gol inacreditável nos pés de Müller, sozinho, quase na pequena área, no último minuto.

Este tabu sem vencer um campeão em um Mundial durava 28 anos. Já vai saltar para 32. E quando falamos vencer, falamos vencer no tempo normal ou na prorrogação, sem contar as decisões por pênaltis para tirar a Itália em 1990 e a Inglaterra em 1998 – e sem somar também a queda ante a Alemanha de Lehmann e o seu papelzinho em 2006.

Desde aquele épico de genialidade de Maradona contra o Brasil no Delle Alpi de Turim, a Argentina havia enfrentado campeões em Copas sete vezes. Eram três empates (já mencionados, contra a Itália 1990, Inglaterra 1998 e Alemanha 2006) e quatro derrotas – uma para a Inglaterra em 2002 (1 a 0) e três para a Alemanha, o injusto 1 a 0 de 1990, o lapidário 4 a 0 de 2010 e o cortante 1 a 0 de 2014.

É preciso ressaltar que a Argentina foi a única campeã que desde aquele junho de 1990 não venceu nenhuma outra gigante que já tenha dado a volta olímpica. As líderes nos aproveitamentos em tais confrontos desde aquelas oitavas de final de 28 anos atrás são Alemanha (69,7%), Uruguai (53,3%) e Itália (50,0%). O Brasil? Duas vitórias (Inglaterra e Alemanha 2002), duas derrotas (França 2006 e Alemanha 2014) e um empate (Itália 1994): 46,6% de efetividade se contarmos o empate em mata-mata com um único ponto.

Messi saiu de campo sem gols. Ele jamais marcou em mata-matas em Copas – e esta da Rússia foi nada menos que o seu quarto Mundial. Não dava mesmo para esperar nada diferente. O ciclo de Sampaoli foi de um amontado de improvisos e de uma marca registrada: um desempenho horroroso no segundo tempo, quando levou três gols da Nigéria, quatro da Espanha (em amistosos) e sofreu verdadeiros pesadelos diante de Croácia e França.

A Argentina toca fondo de verdad. Hoje, está poucos degraus acima da Itália no rol das campeãs do mundo. Com uma diferença essencial: a Azzurra carrega duas Copas a mais nas suas estantes – que a caótica AFA não abre há exatos 25 anos…


Cansaço, cartões e ‘anarquia’: os dilemas da Argentina para vencer a França
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Tales Torraga

Uma gozação bastante repetida em Buenos Aires perdeu força nesta manhã. Em qualquer conversa sobre a Copa ouvia-se que ''se é verdade que em time que se ganha não se mexe, então mantemos os titulares escalados por Mascherano''.

Jorge Sampaoli sinaliza que pode tirar Higuaín e colocar Pavón, mas a união entre os ''históricos'' desta Argentina é tamanha que convém esperar as 11h (de Brasília) deste sábado (30) para ver qual será a formação que vai encarar a França que, segundos os argentinos, é ''mais fria que o inverno'', justificando assim a falta de raça de Griezmann, Mbappé e companhia.

Messi dá carrinho em uma foto que merece um quadro – AFA/Divulgação

Caso não ocorra esta surpresa que seria a entrada de Pavón por Higuaín, a Argentina teria os mesmos 11 homens do enlouquecedor jogo contra a Nigéria. E que curioso: se houver esta repetição, ela será a primeira do ciclo Sampaoli – impedindo que ele use sua 14ª formação diferente em sua 14ª partida (!).

Consideremos, então, os seguintes titulares: Armani; Mercado, Otamendi, Rojo e Tagliafico; Mascherano, Enzo Pérez, Banega e Messi; Di María e Higuaín (Pavón).

A velha seleção argentina, de média de idade de 30 anos, sofreu bastante para se recompor depois do duelo contra a Nigéria. E agora encara uma França muito mais fresca, seja pela idade do elenco – média de 26 anos, é uma das mais jovens – ou seja pela ausência de esforço para se classificar. Os franceses ficaram no 0 a 0 com a Dinamarca horas antes de a Argentina deixar o sangue em campo para tirar os nigerianos nas patadas e no 2 a 1 final. A fisioterapia precisou trabalhar como nunca para devolver os argentinos às mínimas condições necessárias.

Basta olhar para a idade de cada um desta Argentina para entender. Repetimos a escalação, agora com quantos anos cada jogador tem:

Armani (31 anos); Mercado (31), Otamendi (30), Rojo (28) e Tagliafico (25); Mascherano (34), Enzo Pérez (32), Banega (29) e Messi (30); Di María (30) e Higuaín (30, ou Pavón, 22).

É mesmo muito veterano junto.

O torcedor em Buenos Aires pede que esta Argentina volte a exibir, neste sábado, los huevos e a agressividade deixada em campo contra a Nigéria, mas há um complicador que deve inibir a azul e branca na repetição da loucura vista na última quarta-feira: os pendurados e os cartões amarelos.

São, ao todo, seis pendurados no time de Sampaoli (ou seria mais preciso dizer o ''time de Mascherano''?): Otamendi, Mercado, Acuña, Banega, Mascherano e Messi precisariam passar zerados se quiserem atuar também nas quartas, contra Uruguai ou Portugal. Os cartões são zerados apenas para a semifinal.

Em Buenos Aires, seja entre os torcedores ou entre os jornalistas, há uma sensação geral de que seria melhor encarar Portugal, pois o Uruguai também levaria a campo este caráter que os argentinos tantos se orgulham de carregar, e uma batalha deste tipo teria conclusões bem mais imprevisíveis do que a seleção portuguesa, vista como uma equipe fraca e de um jogador só.

O sangue pela seleção – La Gaceta/Reprodução

Por fim, que a Argentina realmente entenda que a sua ''anarquia'' vista contra a Nigéria desta vez vai encontrar uma rival bem mais estruturada. Um exemplo foi o gol de Rojo. A Argentina naquele final estava com três zagueiros (Mercado, Otamendi e Rojo). Um cruzou (Mercado) e outro finalizou (Rojo) e virou herói. A França não vai perdoar essas corazonadas. Os dois laterais azuis – Pavard e Lucas – são dois mísseis, e Mercado e Tagliafico vão precisar se desdobrar se quiserem emparelhar a disputa. Levar vantagem, então, só mesmo para os muito otimistas.

* Estaremos no Placar UOL às 11h deste sábado para pintar a cor local argentina para este partidazo contra a França.

** Já estava escrito que este calvário celeste e branco seria mesmo digno de Darín. Fizemos até um livro sobre isso chamado…''Copa Loca''. Está lá, em 216 páginas, para quem quiser entender melhor esse jeitão tão particular dos vizinhos.


Como Sampaoli passou de vilão a profeta na Argentina
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Tales Torraga

Os ares são outros em Buenos Aires nesta Copa do Mundo da Rússia.

Em um dia, Cristiano Ronaldo perde pênalti. No outro, a Argentina se classifica às oitavas do jeito que o povo gosta – ''aos empurrões''. Para completar a mudança de rumo, a Alemanha, algoz das últimas três Copas, já foi mandada embora.

E até quem ''não prestava'', como era o claro caso do técnico Jorge Sampaoli ao olhar dos fanáticos, agora é encarado de uma maneira muito mais amigável. Entre os argentinos, caiu muito bem o treinador ter previsto, ainda no começo do ano, que a Alemanha não seria uma das candidatas ao título na Rússia.

''Sempre me esqueço de citar a Alemanha como candidata porque não gosto de como ela joga'', falou Sampaoli em uma entrevista coletiva em março. ''A Copa anterior me marcou um pouco. A Argentina não merecia nunca perder para a Alemanha. Os imponderáveis influenciaram um montão nas situações que fizeram que um time inferior à Argentina ganhasse o Mundial. Os alemães têm estrutura, têm base, têm um projeto esportivo muito organizado. Têm um treinador que enxerga claro o que faz, mas não têm estrelas como França, Espanha ou Brasil.''

As palavras que agora ganham sentido ajudam nessa mudança de imagem de Sampaoli – antes visto como um louco excêntrico, ele agora passou a ser olhado por muitos torcedores em Buenos Aires como um visionário que transborda conteúdo, mas que sofre para fazer com que os seus jogadores acompanhem as suas ideias. Tem sido aplaudida também a sua resignação em se colocar ao lado dos atletas, quase como um secretário, por entender que isso vai ser o melhor para o momento argentino – sem que seja necessariamente bom para a sua carreira.

Sampaoli grita gol totalmente sozinho – TV Pública/Reprodução

Criou-se uma certa comoção também com as suas imagens totalmente sozinho e totalmente fora de si, correndo, gritando e socando o ar nos gols contra a Nigéria.

Para arrematar, virou piada também o seu pedido de permissão a Messi para colocar Kun Agüero no fim do jogo. Sampaoli aproveitou que o camisa 10 estava perto do banco de reservas para questioná-lo a respeito da entrada ou não do atacante do Manchester City. Agüero entrou no minuto 80, no lugar de Tagliafico.

Pronto. Agora, para muitos argentinos, em vez de pedir licença em qualquer situação – em casa ou no trabalho, por exemplo -, o pedido é bem mais irônico:

– ¿Lo pongo al Kun? (''Ponho o Kun?'')


O que está por trás do descontrole de Maradona?
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Tales Torraga

A Argentina está cansada de saber que Diego Maradona sempre foi adepto dos dramas e das cenas bizarras, mas todo o país ficou sem entender por que ele ontem (26) estava descontrolado como há muito não se via, precisando de ajuda médica no intervalo e na saída do estádio, segundo o canal de TV TyC Sports.

O ''Maradona 2018'' vive novos problemas familiares – e eles parecem não ter fim.

Montagem/Novedades del Sur

O principal ponto de sofrimento de Maradona é a barreira que foi criada pela sua filha, Gianinna, que o impede de ver o neto, Benjamín, que está na Rússia acompanhando o pai, Kun Agüero (ufa!). Maradona, claro, carrega grande mágoa por estar perto do neto de nove anos e não poder vê-lo. Ambos vivem em países diferentes – Benjamín mora em Manchester, na Inglaterra; Diego, na Bielorússia.

Dalma e Gianinna, as duas filhas mais velhas de Maradona, cortaram relações com o pai depois da sua ausência no casamento de Dalma, em março. Há uma insana briga entre as duas e a atual namorada de Diego, Rocío Oliva, que não viajou à Rússia. El Diez esperava que esta condição fosse suficiente para encontrar o neto.

Outro motivo de conflito de Maradona com as filhas são os seus hábitos atuais.

Pelos excessos da vida toda, Diego hoje precisa tomar uma infinidade de remédios que, segundo Dalma, não deveriam ser misturados com o álcool que Maradona cansa de se filmar ingerindo. O resultado foi visto ontem em São Petersburgo. Ninguém no entorno de Diego fala de uma recaída no uso de cocaína. Maradona diz ter largado a droga há 15 anos. E reconheceu, ao seu biógrafo Daniel Arcucci, que ''tomou todo o vinho branco'' que estava no camarote onde assistiu ao jogo, e que foi aconselhado pelos médicos a ir embora no intervalo – o que ele contrariou. Os gestos obscenos no gol da vitória argentina foram também a eles, aos doutores.

Maradona todas as noites participa do programa de TV ''De La Mano del Diez'', que é transmitido pela TeleSUR, da Venezuela. Ele não esteve na atração de ontem e não teve a sua falta justificada pelo apresentador Victor Hugo Morales, que apenas afirmou que Maradona estaria no próximo programa, na noite de hoje.


Rojo es más grande que Pelé
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Tales Torraga

Que loucura.

A Argentina fez de tudo para ser eliminada e fez de tudo para….se classificar desta maneira absurda e inusitada, com um golaço de direita do canhoto Marcos Rojo. De perna direita, aquela que não serve nem para tomar o colectivo.

Impressionante.

Olé/Reprodução

O golaço da classificação aos 42 do segundo tempo fez Buenos Aires explodir como poucas vezes nos últimos anos, com cânticos dos mais absurdos, até um ''Marcos Rojo es más grande que Pelé''.

A Copa agora é outra.

Repetimos: a Argentina fez tudo para cair fora, e a Nigéria realmente relaxou, vacilou e perdeu a chance da sua vida de sacramentar a queda azul e branca.

O choro de criança de Mascherano, Higuaín, Agüero e Di María depois do apito final foi sintomático. Esta Argentina estava no limite dos seus nervos, carregando nos ombros um desgaste maior que o Obelisco. Era o fim desta geração, que entraria para a história com o seu maior fracasso – que, convenhamos, não foi visto hoje, mas tampouco dá sinais de que vai virar um caminho vitorioso daqui para a frente.

A Argentina armada pelos jogadores foi uma bagunça que certamente seria punida diante de uma adversária mais forte. Há que se considerar também a questão física. Esta Argentina é a seleção mais velha da Copa, com média de idade de 30 anos, e depois deste verdadeiro sufoco por quase cem minutos, agora precisa se recompor para a decisão das 11h de sábado contra a França.

Uma classificação absurda e inexplicável. Tão inexplicável quando alguém gritar que ''Rojo es más grande que Pelé''. Assim é a Argentina. A los tumbos, tropeçando, como tanto gostam de dizer. Pelo menos o time hoje mostrou espírito e coração. Mostrou algo. Algo que não havia sido demonstrado nesta Copa, ao contrário de toda a depressão desparramada pelo gramado contra a Croácia.

Higuaín erra os gols na decisão (hoje de novo), e Rojo emenda de direita, de primeira, uma bola daquelas como um camisa 9. Inacreditável. Só o fato de ele estar ali, ocupando aquela posição, já demonstrava um improviso imenso.

Uma Copa tão louca da Argentina merecia mesmo uma classificação louca desta maneira. Sem time, sem norte, sem cabeça, com um técnico à beira do infarto e um Maradona descontrolado e claramente doente nas tribunas.

Conferir esta maluquice contra a fleuma francesa de Deschamps vai ser imperdível.

Por fim, uma constatação a mais nesta loucura toda:

Rojo passou do possível vilão pela bola na mão que seria pênalti ao herói pelo gol da classificação. Fútbol, fútbol…


A verdade sobre o colapso argentino nesta Copa
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Tales Torraga

''A Argentina vive muito convulsionada todos os dias, e não somente pelo futebol ou pela seleção. O dia a dia é difícil porque o povo vive alterado e com muita vontade de brigar, mais até mesmo do que de aproveitar a vida. E vive sempre buscando onde estão os problemas e os conflitos. Dá a sensação de que sem conflitos não podemos viver.''

''Estou falando da Argentina no geral, não estou falando exclusivamente do futebol. O que passa no dia a dia na sociedade se traslada também ao futebol, e é desta maneira que vamos vivendo. Estes jogadores são argentinos e eles também, mesmo na Rússia, recebem o que acontece na Argentina.''

''Muitas vezes, um título acaba escondendo situações que são irreversíveis, que é a de abandonar este caminho e tomar outro. Tomara que a Argentina se saia bem e tomara que haja também a convicção de que, se há algo a mudar no institucional ou no esportivo, que não se esconda atrás de um resultado. É evidente que a situação da Argentina no futebol há muito tempo não está bem.''

Alguém discorda do ex-técnico da seleção Tata Martino?

Jorge Sampaoli, na coletiva de imprensa de ontem, acrescentou:

''O mundo virtual te faz sentir um delinquente por perder um jogo de futebol. Se eu me dedicasse ao mundo virtual, deveria deixar esta profissão''.

* Estaremos no Placar UOL às 15h para comentar/contextualizar este Argentina x Nigéria que é visto pelos argentinos (novidade…) como sétimo céu ou 70º inferno.

** Já estava escrito que este calvário argentino na Rússia seria mesmo um pastelão digno de Darín. Fizemos até um livro sobre isso chamado…''Copa Loca''. Está tudo lá, em 216 páginas, para quem quiser entender melhor lo mal que estamos.


O insano jejum de Messi: 675 minutos sem gols em Copas
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Tales Torraga

A Argentina enfrenta a Nigéria amanhã (26) em uma das partidas mais delicadas da sua história – e é curioso que seja exatamente contra a Nigéria que Lionel Messi, a grande esperança de bom futebol da equipe, tenha feito seu último gol em Copas do Mundo. Foi em 25 de junho de 2014, quando ele cravou um golazo de falta no ângulo de Vincent Enyeama no Beira-Rio.

De lá para cá, são seis jogos, três prorrogações e um tempo, o segundo contra os nigerianos. Somando tudo isso, Messi leva inacreditáveis 675 minutos sem gols em Copas, e ele vai precisar lidar com este retrospecto justamente em um momento dos mais agudos e de maior pressão na sua trajetória vestindo azul e branco.

Depois daquele encontro com os nigerianos no Mundial de quatro anos atrás, a Argentina contou com gols de Di María (contra a Suíça nas oitavas), Higuaín (ante a Bélgica nas quartas) e agora Agüero, no 1 a 1 com a Islândia na estreia. E nada de Messi, que entra nesta semana depois daquela que talvez seja a sua pior atuação pela seleção argentina com o sumiço em campo contra a Croácia, que arrasou a azul e branca com o seu ''futebol total'' e os 3 a 0 impostos em Nínji Novgorod.

Sampaoli mexeu pela 14ª vez em seus 14 jogos à frente da equipe. Não é exagero dizer que a Argentina que encara a Nigéria foi escalada por Javier Mascherano e será conduzida por ele em campo, com El Pelado Sampa como um mero adereço à beira dele. O 4-4-2 do Jefecito a princípio terá Armani; Mercado, Otamendi, Rojo e Tagliafico; Mascherano, Enzo Pérez, Banega e Di María; Messi e Higuaín.

Foi de Fernando Cavenaghi a melhor frase ouvida na Argentina a respeito das possibilidades da seleção contra a Nigéria:

''Temos 1% de chances. E deste 1%, 99% são de esperança''.