Mas o futebol argentino não está fraco, falido e em crise?
Tales Torraga
O blog publicou em 8 de março: ''Que o Brasil não olhe esta Argentina de cima para baixo e não suba no salto da crise. É grande o risco de cair dele e chorar depois, como cansamos de ver nas noites de Morumbi e de Verão, ops, Verón.''
E foi assim. Com enorme soberba do Flamengo, e toneladas de suor do San Lorenzo, que decretou-se a enésima façanha argentina sobre um brasileiro na Libertadores e na Sul-Americana – e está aí o nanico Defensa y Justicia eliminando o São Paulo em pleno Morumbi na semana passada para poupar nuestra memoria.
O Brasil não vai aprender nunca?
Vai continuar dizendo que o Campeonato Argentino não é interessante de ser transmitido em uma grade de TV que mostra (ou mostrou) os campeonatos da China, Rússia, Colômbia e Bélgica? Em que cabeça isso cabe?
Vai continuar aceitando que se diga, depois das surpresas, que foram eliminados por clubes pobres, de folha salarial que seria coberta por dois ou três salários de craques brasileiros, isso quando argentinos recebem salários, e cujos jogadores não pensam meia vez antes de desembarcar no Brasil por mera questão de grana?
Até quando o Brasil vai aguentar ser eliminado para times argentinos que depois de ganhar resumem a vitória a um simples ''jamais cruzamos os braços''?
Até quando argentinos e uruguaios vão continuar empinando o nariz e dizendo que têm mais caráter para jogar decisões, que brasileiros são ''pecho fríos'', amarelões?
Quem pode negar que só o desleixo explica ser eliminado nos acréscimos – e de virada! – por um San Lorenzo que levou 4×0 na partida de ida no Maracanã?
Os seis representantes argentinos estão vivos na Libertadores, mesmo começando a Copa em inatividade de quase dois meses e meio por não jogar o campeonato nacional (!) e em greve por não receber salários (!!).
O Estudiantes precisa ganhar seus dois jogos para avançar, mas o San Lorenzo também estava assim e deu no que deu – gracias siempre por tu regalo, Flamengo.
O Lanús, que deve recuperar os pontos perdidos para a Chape, mesmo com esta derrota, hoje estaria classificado. O Godoy Cruz, que levou os reservas para Belo Horizonte e por isso não ofereceu resistência ao Atlético, também já se garantiu. Até o Tucumán, noviço em Copas, entra na última rodada com chances razoáveis.
Nem falamos do River, o poderoso River Plate, hoje o melhor time da Argentina disparado, desde já o eventual ganhador desta Libertadores.
Libertadores que, aconteça o que acontecer, já está na história como um antigo vinil riscado com a agulha saltando e repetindo: Quando o Brasil vai aprender? Até quando a Argentina vai continuar ganhando assim, só com a cara e com a coragem?
Para fechar: Diego Aguirre é o atual técnico do San Lorenzo. Esteve há pouco no Inter e no Atlético-MG, e viu de perto o mercado brasileiro pagar até R$ 700 mil por mês para os treinadores. Na Argentina, o teto é de 1 milhão – mas de pesos.
A cotação oficial está em 4,66. R$ 1 = ARS 4,66. O uruguaio recebia R$ 300 mil mensais do Atlético – hoje no Ciclón, metade disso.