Menotti detona Batistuta e defende atletas: “Estavam com a cabeça no jogo”
Tales Torraga
Técnico campeão mundial com a Argentina em 1978, César Luis Menotti, de 78 anos, deu sua opinião sobre o eventual descaso da atual seleção argentina com Gabriel Batistuta. El Batigol revelou semana passada que metade dos jogadores não lhe deu bola quando foi visitá-los no vestiário em partida das Eliminatórias.
''Se acontecesse comigo o que aconteceu com o Batistuta, eu não falaria, jamais criaria esta polêmica. Para quê falar este tipo de coisa em um momento tão delicado?'', questionou El Flaco Menotti na noite de ontem (11) à Rádio Uno, de Buenos Aires. ''Os atletas estão lá para jogar uma partida e estão com a cabeça em outra coisa. Para jogadores deste nível, em plena função de trabalho, me parece irrelevante quem está por ali ou não. Ou antes ou depois da partida. Não importa. Eles estão ali trabalhando. Uma vez estive no vestiário da seleção cumprindo minhas rotinas e nem sabia quem estava por ali. E era o meu filho'', afirmou.
''Tenho admiração pelo Batistuta, mas este não é um comentário para se fazer. Ele esteve muito longe do futebol, disse que não gostava mais do futebol. E disse com sinceridade, mas são coisas que geram certo distanciamento. Você se distancia, você se aproxima e ainda quer o quê? Ser bajulado, aplaudido, reconhecido?''
A opinião do ex-treinador vai na contramão da maioria. Diego Maradona, por exemplo, disse que ''teve vontade de chorar'' ao saber do desprezo a Batistuta.
Menotti voltou a atacar a AFA: ''O que fizeram com o Bauza foi uma hipocrisia. Meu sonho era que o Patón jogasse tudo para o alto, batesse forte a porta e fosse embora''. E defendeu os jogadores: ''De que lugar eles podem ser os responsáveis pelo que acontece? Não entendo. Foram eles que levaram a seleção às finais''.
El Flaco deixou também uma frase para reflexão: ''Querem administrar o futebol como um negócio, mas o futebol é outra coisa. O futebol é do mundo da cultura''.