Final mais longa do mundo coroa raça do River
Tales Torraga
Vale lembrar: nas oitavas, o Racing; nas quartas, o Independiente; na semi, o Grêmio, e agora, com um drama insuportável, o Boca Juniors, o rival de toda a vida, superado depois de um sofrimento infinito, até para uma time letrado em ultrapassar momentos difíceis. Somando as duas finais, o River esteve abaixo no placar nada menos que três vezes. E ainda assim virou a contagem, com um 4 a 3 para a história, a apenas 12 minutos do fim da decisão agregada de 210 minutos.
O placar somado de 5 a 3 talvez esconda o quão complicada foi a final. A conquista será certamente questionada: pelo caso Gallardo, pelo caso Zuculini, pelos piedrazos no Monumental. Mas se algo faltava para cravar este tetra nas estranhas do torcedor do River era a virada que sacramentou a conquista deste domingo no Bernabéu – um confronto pobre do visto de vista técnico, mas que revalidou a entrega e o oportunismo deste River na ''final mais longa do mundo''.
O desejo dos mais sensatos em Buenos Aires era para que a decisão não chegasse aos pênaltis, tamanha a crueldade em se colocar na pele do jogador responsável pelo erro e pela definição do título com tamanho drama. O papel de vilão, porém, foi antecipado para a prorrogação e para a expulsão de Wilmar Barrios, do Boca.
Que ironia: um dos grandes nomes do futebol colombiano do momento, Barrios saiu de campo e abriu espaço para outro colombiano entrar para a história como herói, o meia Juanfer Quintero.
O River parecia liquidado contra o Independiente, e reagiu; parecia eliminado ante o Grêmio, e reagiu. Parecia derrotado pelo Boca na final. E atinge agora o seu cume.
Este River não é um exemplo de técnica – mas sim um exemplo de mística, de raça e de um descomunal Marcelo Gallardo que já faz por merecer, aos 42 anos, um espaço no rol dos maiores técnicos argentinos de todos os tempos.
Impresionante. Este River não era copeiro até 2014. Chegou o Muñeco Gallardo. E igualou as duas conquistas erguidas de Libertadores antes da sua chegada. O rebaixamento para a Série B foi definitivamente enterrado hoje. Ya está.
''Supo sufrir para después gozar'', dizem por aqui. O campeão da única final 100% argentina da Libertadores não poderia mesmo ser outro que não este River Plate.