Patadas y Gambetas

Patón Bauza: “Pediria demissão se fizesse a final contra o Rosario Central”
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Tales Torraga

A dramática eliminação do Rosario Central encheu de amargura Edgardo 'Patón' Bauza, técnico do São Paulo e até hoje um dos maiores ídolos da história rosarina.

''Se nos toca jogar a final contra o Central, me mato. Peço demissão antes e vou à tribuna'', disse, com tímida risada, à rádio Cadena 3, de Córdoba, na tarde de ontem.

''Falávamos no nosso corpo técnico: tudo bem, que amargura Central fora, mas imaginem se fazemos a final. Nem pensamos nisso. Se eu pensar, não durmo.''

Bauza com Palma, Poy e Kempes na El Gráfico dos maiores canallas

São Paulo e Central fariam decisão se superassem semifinais que, com avanço canalla, ficariam: São Paulo x Independiente ou Pumas e Central x Boca.

Bauza acompanhou a eliminação do Central com os seus auxiliares: ''Foi terrível. Foi um lamentável final, com os mesmos incidentes que haviam ocorrido contra o Huracán. O Central estava para passar. Perdeu um gol. E no final ficou sem nada''.

Em outra entrevista,  ao jornal ''Olé'', Bauza diz esperar por punições ao Atlético Nacional pela batalha campal e campo invadido: ''No San Lorenzo nos tiraram o estádio por sinalizadores. Não sei o que vai passar agora com o Nacional''.

Ao ''Olé'', diz torcer por final com o Boca: ''São Paulo e Boca têm histórias pesadas''.

Patón falou à Cadena 3 também sobre Dênis: ''Sempre converso com ele. Também nos salvou. Seus descuidos são situações de momento''.

Calleri: ''É um tipo muito especial, com uma cabeça enorme. O que ele oferece à equipe é impressionante, não são só os gols. Seus marcadores sofrem o jogo todo''.

Ganso: ''Trato de colocar entusiasmo e comprometê-lo. Nas nossas medições vemos que ele é dos cinco que mais correm. Quero sua participação mais ativa''.

A dificuldade dos treinadores estrangeiros no Brasil: ''O problema é a adaptação aos torneios. Se joga a cada três dias, são 80 partidas por ano, ninguém aguenta''.

Seleção Brasileira: ''A Copa América vai ser determinante para o Dunga. Esta Seleção não tem os jogadores históricos que se sobressaíam. É uma equipe que segue muito perigosa. Num encontro recente falei com Dunga. E ele me contou de problemas em reunir os melhores jogadores. Se junta, consegue boa equipe''.

O áudio completo de Bauza na Cadena 3 está aqui (alto-falante abaixo da foto).


Futebol ou faroeste? Argentina condena Chacho e fim escandaloso em Medellín
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Tales Torraga

Parecia um final típico da Libertadores dos anos 60 e 70, quando a televisão ainda não havia penetrado no mundo e aconteciam coisas incríveis nos estádios daqui.

O final foi diretamente bagunçado, com comemorações desmedidas e antidesportivas, reações na porrada e gente estranha dentro do campo de jogo.

Foi desta maneira que o portal Rosário 3, o maior da cidade, amanheceu contando o inacreditável 3×1 do Nacional da Colômbia contra o Central. O terceiro gol do time da casa saiu aos 49 minutos do segundo tempo e desencadeou batalha campal.

Autor do gol berrado na cara do goleiro Sosa, Berrío falou: ''Não foi a melhor forma de extravasar, me equivoquei, mas é feio quando se metem com sua cor de pele''.


É preciso saber perder. E também ganhar, a ideia geral da ácida imprensa de Buenos Aires. Muitas críticas à defesa exagerada do Central: ''Só atacou na briga''.


O técnico Chacho Coudet justificou sua enésima calentura no fim.

Suas derrotas importantes são sempre acompanhadas de brigas entre os jogadores e com o próprio Coudet no meio, como na Colômbia, quando seguiu o volante Mejia chamando-o de ''cagão'' e querendo bater nele – que, esperto, reagiu com calma.


''O que acontece é que a gente não gosta que nos caguem e nos falem demais. A gente é mau perdedor? Ou é casualidade que seja a segunda vez que haja problemas neste estádio?'', respondeu Coudet aos jornalistas colombianos lembrando o final confuso também das oitavas do Nacional contra o Huracán.


''Não sei se é fim de ciclo, mas seguramente é difícil continuar depois disso'', falou o técnico, tentando desviar a atenção de seu destempero. ''Fica a dúvida de um montão de coisas, porém já passou, não podemos fazer nada'', seguiu.


Muito esforço e nada de futebol, resumiu o ''Olé'', questionando se o Central realmente poderia ser considerado o melhor argentino como dito na Libertadores.


O ''Clarín'' seguiu linha semelhante. ''Só não dá para dizer que o Central ficou de mãos vazias porque as mãos no final estavam dando golpes em nova noite triste''.


A los tumbos e a lo Boca. Bombonera vive noite histórica e heroica de Orión
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Tales Torraga

'A los tumbos', em espanhol, é 'trancos e barrancos' em português.

A 'lo Boca' é ganhar na marra. Fazendo a torcida sofrer, quase morrer. Morrem de verdade. Não raro. Especialmente no arco da calle Brandsen, onde fica a La Doce.

O Boca tinha tudo. Todo. Para cair fora.

Saiu perdendo 1×0. 20 minutos de jogo, gol contra do capitão Cata Díaz.

Cata, 36 anos, vazando Orión, 35, colocando pressão nos jovens do Boca.

Perdeu dois jogadores lesionados, Meli e Chávez.

Perdeu Pavón, autor do gol do 1×1, expulso por tirar a camiseta.

10×11 por 20 minutos.

Esteve atrás nos pênaltis duas vezes.

E ainda assim se classificou à semifinal.

Graças a Orión, goleiro em seu jogo 200 pelo clube.

200 jogos e três – três! – penais defendidos.

Boca na semifinal pela 15ª vez, só atrás de River Plate (16) e Peñarol (20).

É um Boca fraco. Tecnicamente e fisicamente.

Perdeu por lesões todo seu meio de campo: Gago, Cubas, Lodeiro e agora Meli.

Mas tem um caldeirão absurdo, um estádio de 76 anos que realmente não pulsa e não treme – joga. Joga gás pimenta. Joga placa de publicidade nos reservas rivais.

Jogou hoje. Jogou Orión para as bolas dos penais no arco do Riachuelo contra um Nacional quase imbatível nas cobranças.

4×3.

Esteve 2×3, a gol de cair fora – e entrar com Orión.

Incrível noche porteña y copera. Para apagar Loco Osvaldo no cinzeiro da história.

E para frustrar adversários com a eliminação que passou raspando.

Se o Boca chegar ao sétimo título e empatar com o Independiente como maior campeão, será também – talvez principalmente – por esta fria e histórica noite.

Frio, noite, Boca. Tevez, Schelotto, vitória nos penais.

Cuestión de actitud. Darín e Campanella não fariam melhor, muchachos.


Sósia de Loco Osvaldo apanha em boate e tem carro chutado em Buenos Aires
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Tales Torraga

O Boca Juniors fará às 20h15 desta quinta-feira (19) seu primeiro jogo de Copa depois do escândalo de Loco Osvaldo no Uruguai. E logo un terrible partidazo.

Recebe o Nacional do Uruguai para decidir quem passa à semifinal. Na ida, 1×1.

Juan Cruz Hernández, 19 anos, de San Isidro, cidade-quase bairro de Buenos Aires, vem sentindo em si a ira com o Loco. Seu sósia involuntário, diz ter ''mil histórias''.

''Em uma boate, um cara me empurrou e me socou porque pensou que eu era o Osvaldo. Estava bem agressivo, iria a maiores, mas meus amigos me protegeram.''

Hernández foi descoberto ontem pelo jornal ''Olé'' e pelo TyC, canal de TV. É estudante do ensino fundamental e ajuda a mãe em um escritório de contabilidade.

''Há pouco estava parando o carro e passou um ônibus de crianças gritando 'Osvaldo, tira uma foto'. Respondi que não sou eu, e quando estou saindo do carro me xingam: 'Como não, f… da p…, aprenda a jogar bola, seu burro'.''

''Outra vez estava parando o carro e chega um flanelinha e me xinga, 'sai daqui, bostero v…', e começa a chutar meu carro. Quando me batem, a coisa fica pesada.''

Osvaldo original

No último fim de semana um site argentino de celebridades publicou – e apagou – foto sua em um bar achando ser Osvaldo. ''A vida deste cara deve ser muito difícil.''

Torcedor do Boca, Hernández tem razão especial para esperar pela vitória no jogo que será apitado pelo brasileiro Héber Roberto Lopes.

Uma eliminação na Bombonera deve custar o visual. Sua vida viraria um inferno.

A do Loco Osvaldo original, ni hablar.

Boca: Orion; Peruzzi, Cata Díaz, Insaurralde e Fabra; Meli, Jara e Pablo Pérez; Pavón, Tevez e Chávez. Técnico: Guillermo Barros Schelotto.

Nacional: Conde; Fucile, Victorino, Polenta e Espino; Porras, Romero, Carballo e Barcia; Fernández, Benítez e Gamalho (López). Técnico: Gustavo Munúa.


Mais eclético da história: Bauza faz quarta semi com quarto time diferente
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Tales Torraga

Edgardo Bauza tem o apelido Patón – 'patão'pelos pés 46.

E levou só cinco meses para já deixar firme suas pegadas no futebol brasileiro.

Com a classificação do São Paulo à semifinal da Libertadores, o que o time não obtinha desde 2010, Patón chega à sua quarta semi pelo quarto time diferente.

Mais impressionante: pelo terceiro país. Equador, Argentina e, agora, Brasil.

A mais recente semifinal do argentino Bauza foi 2014. Técnico do San Lorenzo, venceu o Bolívar 5×0 em casa e levou 1×0 fora. Na final, 1×1 fora com o Nacional-PAR. Em Buenos Aires, 1×0. E campeão com o único grande portenho sem Copa.

El Patón repetia o título de 2008 pela LDU, do Equador. Aquela semi foi obtida com gol fora contra o América do México. 1×1. Em casa, 0x0. Na decisão, contra o Fluminense, 4×2 em Quito e 1×3 no Maracanã. A Copa veio nos pênaltis.

Campeão no Equador, campeão na Argentina. Na história de 57 anos da Libertadores, nunca um técnico conquistou títulos por países diferentes.

Agora no São Paulo, Bauza pode pôr esta vara ainda mais alta para os rivais.

A primeira semifinal de Bauza na Libertadores foi a de 2001. Técnico do Rosario Central, time no qual foi jogador e ídolo, enfrentou o Cruz Azul. No México, perdeu por 2×0. Em Rosário, empatou 3×3. Hoje técnico do Chile, Pizzi era seu atacante.


Jovens, lealdade e bons gramados. O ‘Telê argentino’ que formou Patón Bauza
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Tales Torraga

Edgardo Bauza tem coisas de Telê Santana. Não é só a opinião da torcida. É também a do presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva.

E está longe de ser coincidência. “Tudo que aprendi veio de Carlos Griguol'', é o mantra de Patón Bauza. E quem foi Griguol? Ninguém menos que o 'Telê argentino'.

Ou ler isso aqui de Griguol (lúcido e feliz aos 81 anos) não é lembrar de Telê?

* Obriga jogador a estudar e aconselha a comprar casa antes do carro.

* Corta o gramado de treino, ele mesmo, cedinho e sozinho, às vezes com trator.

Meio-campista Griguol no Central, fim dos anos 60

* Distribui comida nos alojamentos das categorias de base.

* Cuida pessoalmente das bolas e roupas de treinos.

* Passa o dia todo no clube. Mora nele.

* Repete: “A base é tudo, é onde os clubes devem investir''.

* Usa boné de padarias ou mercados. Troca publicidade por comida aos jovens.

* Depois de repetir fundamentos por horas, jogadores simulam entrevistas entre si para melhorar o vocabulário e a capacidade de expressão.


Não é tão Telê, mas de Griguol também interessa saber:

* Batia forte na cara e no peito dos jogadores para ''acordá-los ou deixá-los com raiva antes das partidas''.

 * Tocava bateria em casa para extravasar depois dos jogos.

Meio-campista de seleção que jogou no Central de 1966 a 1969, Griguol virou técnico em 1971 lá mesmo. Lançou Bauza em 1977. Viveram lado a lado em 1978.

Depois, brilhou no Ferro Carril Oeste de Buenos Aires, onde foi campeão argentino em 1982 e 1984, e no Gimnasia de La Plata. Não ganhou títulos, mas lançou excepcionais jogadores como os irmãos Schelotto, hoje técnicos do Boca Juniors.

Priorizava contratos longos, fazia questão de ser leal aos clubes.

A disciplina de Griguol encontrou muita resistência em sua única passagem por um clube gigante, o River Plate, em 1987. Chegou com fama de só escalar jogadores de cabelo curto. Seus times eram chamados de 'picapiedras' – rústicos porém efetivos.

Louco e rebelde, o atacante Búfalo Funes o recebeu no primeiro treino com tiros (!) para mostrar quem mandava. Cabezón Ruggeri e Troglio estavam lá e contam.

No fim de carreira, largou o cargo em 2004, Griguol ia aos treinos com uma camiseta: 'Técnico – um sonho ou um pesadelo, escolha como quer ver'.

''É muito complicado ser técnico, trabalha-se de cedinho até bem tarde. E por aí pode dormir e, se descuidar um segundo, capaz que te mandem embora'', repetia.

Tão importante, a pensão da base do Ferro se chama 'Don Carlos Timoteo Griguol'.

Lá, aboliu a concentração. Quem queria farra se prejudicava sozinho. Quando jogava em casa, combinava de almoçar no clube e ia caminhando até o estádio.

Obrigava o time a frequentar o clube como gente comum. No Ferro, interagia com os sócios e participava de campeonatos de pingue pongue, truco, basquete e vôlei.

O jeito paizão não o impedia de ter sangue quente e reclamar com árbitros – outra semelhança com Telê. Uma frase sua de 1995 no Gimnasia entrou para a história.

Uma deliciosa entrevista de Griguol em 1998 no ''La Nación'' está aqui.


Mais que um cigarro: os bastidores de como Loco Osvaldo foi ejetado do Boca
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Tales Torraga

O Boca Juniors ejetou o badalado atacante Daniel 'Loco' Osvaldo, 30, no último fim de semana. Desde então, pouco se fala de outra coisa na estridente Argentina.

O script: fumando cigarro no vestiário depois do 1×1 com o Nacional, discutiu com o técnico Schelotto e foi afastado. O clube oficializou a saída na sexta-feira à noite.

O blog apurou o que passou no Uruguai para Osvaldo ter cometido tal harakiri. Diz amar o Boca. Que joga por los colores. E faz isso? Que fará então em outros times?


Primeiro, a questão disciplinar. Quando assumiu, há 77 dias, o técnico Guillermo Barros Schelotto reuniu o Boca e determinou. Muchachos, fumem o que quiserem e onde quiserem, menos no vestiário. Estamos? Deveria estar. Schelotto é famoso por não ceder nada no cumprimento das ordens. No Lanús, barrou e ganhou folgado a disputa parecida com Santiago Silva – ele sim, ídolo, ao contrário de Osvaldo.

Schelotto é o argentino de gelo. Sua frieza reverteu batalhas épicas para o Boca. Como a histórica vitória sobre o River no Monumental na semi da Libertadores 2004.

A frieza foi moldada em grandes palcos e jornadas.

Palcos e jornadas – o que queria Loco Osvaldo semana passada em Montevidéu.

Liberado pelo departamento médico depois de lesão no pé, Osvaldo pouco ligou para as partidas menores do Argentino. Ganhar ritmo, voltar à atividade? Não. Queria jogar por los porotos – ele, 'detentor das qualidades futebolísticas, atacante de 30 anos e Roma, Juventus, Inter de Milão e seleção italiana no currículo'.

A relação entre Osvaldo e Schelotto começou a estragar aí.

Técnico e presidente mandavam uma coisa, jogador fazia outra.

Osvaldo passou a chamar atenção feito bebê. Treinava de sunga porque 'soy loco'.


Desnorteado, seguiu o que se vê em sua carreira: escândalos também fora de campo. Vazamento de nudes, detalhes de namoros violentos, condutas sociopatas – impulsividade, hostilidade e agressividade – em todos os ambientes.

Psicólogos argentinos foram chamados à TV para explicar as razões desta sua 'loucura sem remédio'. Em linhas gerais, a triste e cada vez mais comum situação  'fortuna + fama no primeiro mundo + desestrutura familiar e mental = bobagens'.


Osvaldo foi para o banco em Montevidéu. Contrariadíssimo. Trocou xingamentos com a torcida no alambrado. No gol de Fabra, gritou na cara dos uruguaios.

O preparador físico do Boca pediu desculpas aos torcedores. Passaram a atirar coisas em Osvaldo, que as levava ao quarto árbitro. Foi barrado pelo preparador.

Chamado a campo por Schelotto, entrou só para os últimos cinco minutos.

Aí veio o pior. Fim de jogo, antiga tradição argentina, o time se reúne e se cumprimenta para voltar junto ao vestiário – principalmente em jogos ríspidos, duros e tremendos de frio como o da quinta-feira. Todos juntos. Menos Osvaldo.

Deixou o campo sozinho. Foi advertido por Schelotto. Respondeu mal.

Entrou – de novo sozinho – no vestiário e começou a fumar. O time chegou e não acreditou no que viu. Schelotto imediatamente mandou: ''Apague o cigarro''.

Osvaldo não apagou. Entrou num box. Seguiu fumando. E seguiu discutindo: 'Fumava na Europa, por que não vou fumar aqui?'

Schelotto chamou Orión, Tevez e Cata Díaz e comunicou a imediata saída do Loco.

Osvaldo pegou suas coisas e saiu. Sempre sozinho. Antes, discutiu com o fisioterapeuta: ''Vai cagar!'', gritou, como criança de oito anos.

Está com a família, arrependido e se sentindo muy pero muy mal. Mandou mensagem ao corpo técnico pedindo desculpas, mas achando a pena exagerada.

Nem responderam.

Seu irmão caçula postou no Twitter mensagens na manjadíssima linha ''falam de Osvaldo porque Osvaldo vende, os outros exageram''.

Sempre os outros. Nunca os próprios atos.

Ao perder ontem por 3×1 para o Estudiantes, Schelotto não deixou pingar: ''Osvaldo é assunto encerrado''. Sua única e peremptória declaração.

Amigo de Osvaldo, Tevez mandou bem: ''Osvaldo vai continuar meu amigo. Mas o clube tem regras e lideranças. Cada um reage a elas de um jeito''.

O presidente Daniel Angelici foi menos diplomático: ''Osvaldo é um louco lindo. Mais louco que lindo''. Em conversas reservadas, admite: não o aguenta mais.

Já determinou que assessores toquem o assunto. Não quer mais se encarregar dele.

A defesa do atacante veio de Riquelme: ''Se gostassem de Osvaldo, cuidariam dele. Diriam que um cigarro não é importante. Muitas coisas são inventadas no Boca. Sei bem. É inadmissível que os acontecimentos do vestiário sejam divulgados''.

O Boca foi além. Prega o exemplo aos jovens, o que é de especial atenção na Argentina. Ninguém poderá corrigir nenhum chico se os ídolos fazem barbaridades.

Resta saber como será a vida de Loco Osvaldo daqui para a frente.


Buenos Aires já está tremendamente hostil a ele. Não terá sossego para ir ao seu rock ou para jantar com a mulher, a midiática Jimena Barón. Conseguiu a triste façanha de unir as torcidas de Boca e River, ambas com raiva das suas atitudes.

A situação será muito mais delicada se o Boca, ao contrário do que todos pensam, for eliminado da Libertadores pelo Nacional do Uruguai em plena Bombonera.

Osvaldo chegou ao Boca mostrando uma camisa com a mão espalmada.

Cinco dedos, pelo 5×0 amistoso contra o River.

Saiu jogando cinco minutos.

O mais inacreditável: seu apelido na Argentina é 'Humosvaldo'. 'Vende humo' é o equivalente ao 'enganador' no Brasil. Vender fumaça, vender fumo.

'Fumosvaldo' fumou. E deixou o Boca espumando de raiva.

Na Argentina, transformar loucura em moeda corrente é sim correr – risco de morte.

Osvaldo deveria saber. Se colocou sozinho no paredão.

Porque quis ser louco. E não o jogador de futebol em quem o Boca investiu milhões.


‘Noite do Gás Pimenta’ completa um ano e River Plate decide doar pão e amor
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Tales Torraga

Boca x River, oitavas da Libertadores. Há exatamente um ano, a Bombonera ardia.


Ardia os olhos de seis jogadores do River. Queimados com o coquetel químico lançado pelo ''torcedor'' que estourou o alambrado, furou o túnel inflável e espirrou – na cara e sem dó – o gás pimenta de triste destaque entre as bizarrices argentinas.


A investigação mostrou que o agressor foi Adrián Napolitano, o Panadero. Dono de padarias em Lanús, cidade-quase bairro de Buenos Aires, seus caminhões foram queimados, seus comércios quebrados, sua vida bagunçada – mas jamais preso.

Hoje, para lembrar a data, o River Plate, em sua comissão de torcidas, decidiu institucionalizar o ''Dia do Abandono''. Para o River, o ato ao fim do intervalo foi a maneira encontrada pela torcida do Boca de abandonar e não perder em campo o confronto em que o River era superior (1×0 na ida e atuando melhor na volta).

Em alusão ao Panadero (padeiro, em português), o sábado será de doação. Pão e amor. A Argentina e as filiais mundiais vão oferecer pão e farinha aos necessitados.

Foi criada uma hashtag, a #QueDiferenciaQueHay, para fotografar e difundir a ação solidária desde a madrugada (abaixo). O cume foi o 1×0 River contra o Gimnasia y Esgrima de La Plata, no Monumental, gol de Alonso, pelo Argentino.

Outra citação mais agressiva da 'Noite do Gás', a #AbandonasteyteCaGASte, amanheceu o sábado como o tópico mundial mais citado do Twitter.

A torcida do Boca não sabe onde enfiar a cara.

De vergonha. 
Queima la cara mal.
Parte da reflexão do blog sobre aquela nefasta noite está aqui.

O panfleto virtual da convocação:


Boca com pé na vaga, Central com gol na história. E que história, Chacho!
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Tales Torraga

O Bolso bobeou. O 1×1 da noite desta quinta (12) no gelado Gran Parque Central de Montevidéu praticamente põe o Boquita de Tevez e Schelotto na semifinal da Copa.

('Bolso' é o Nacional do Uruguai. Sabe apelido mais dito que o nome? Pois é.)

Desde 2005, 7 dos 8 mandantes que fecharam em casa a ida 1×1 foram às semis.

É o caso do Boca às 20h15 da quarta da semana que vem.

'Nacional bom visitante' é chamuyo. Xaveco. O Boca não é o Corinthians. A Bombonera não é Itaquera.  São seis Copas contra uma, um estádio de 76 anos contra uma Arena (que tontería…) de 2. Mundos distintos. Vide Lodeiro. Ya está.

Alguma dúvida do sorriso de Macri, Tevez e Schelotto em La Ribera?

***

Dúvida paira sobre o Central, só 1×0 no outro Nacional, o da Colômbia, em uma Rosário enlouquecida. Vive-se um Woodstock na cidade das argentinas mais lindas.

A rodar mi vida, Mariposa Tecknicolor Fito Páez.

O volante Montoya fez um gol antológico.

Com a camisa 8.

A que usava Chacho Coudet.

Pelo time do Chacho.

Noche copera de mates psicodelicos, maestros.

Inclusive com as defesas do século de Armani, do Nacional.

Mais que Rodolfo Rodríguez na Vila. En serio.

Capítulo final, Medellín, quinta que vem, 22h45 (!), imaginem o que será esta madrugada em Rosário, melhor lugar do mundo para se estar neste dia e horário.

Es dificil de creer. Creo que nunca lo podré saber.

(Fotos do diário ''Olé'')


‘Tevez apanha quieto. Impressionante’, diz zagueiro que lhe deu pior patada
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Tales Torraga

A Libertadores é ainda mais aguda quando Uruguai e Argentina fazem mata-matas.

Grande exemplo virá do Gran Parque Central às 19h30 desta quinta (12) com Nacional x Boca Juniors, faroeste que mobiliza Montevidéu e Buenos Aires há dias.

A partida de ida das quartas-de-final juntará nove Copas conquistadas e dezenas de patadas e raspadas. Bola? Secundária. Mostrar quem é mais macho vai valer mais.

Pau e bolso. Assim o ''Olé'' de hoje define o duelo.

''Bolso'' é o apelido do Nacional. Vem dos antigos uniformes do gigante yorugua.

O pau vai diretamente a quem tem de lidar com ele a vida inteira – Tevez, 32 anos.

Dos zagueiros mais rústicos da Argentina, o paraguaio Gustavo Gómez, do Lanús – 85 quilos, 1m86 e 22 anos -, detalhou o que significa marcar as caneleiras de Tevez.

''Ele não fala nada. É impressionante'', contou. ''Leva de todos lados e simplesmente levanta, busca a bola e vem para cima de novo. Apanha quieto e joga demais.''

Pelas costas, caminhão sem freio, Gómez acertou uma patada histórica em Tevez ano passado: ''Pra contar em todos os churrascos até o fim da vida'', brincou.

''Apanhar quieto'', na verdade, é só para ressaltar o que El Apache não diz. Desde que voltou ao Boca, há dez meses, Tevez tem respondido aos golpes com inédita violência, quebrando a canela de um volante do Argentinos Juniors, Ezequiel Ham, e o maxilar do goleiro do Newell's Old Boys, Ezequiel (também!) Unsaín.

Por esse clima bélico e por essa forma cultural de se jogar com tamanha rispidez, tem ganhado crédito na Argentina a iniciativa do técnico Ricardo La Volpe de se diminuir a quantidade de jogadores – dez em cada time – para melhorar o futebol.

Hay que bajar mil cambios. É fato. Tem de mudar. E muito.

No banco do Boca nesta quinta estará Daniel Osvaldo, finalmente recuperado da fratura no pé. Sua entrada em jogo tão ríspido, depois de 50 dias parado, é incerta.

Montevidéu, 19h30, 8°C.

O mate está pronto e servido. Com água fervendo e erva queimada.

Partido de locos, che.

Nacional: Conde; Fucile, Polenta, Victorino e Espino; Porras, Romero, Fernández e Barcia; López e Ramírez. Técnico: Gustavo Munúa.

Boca: Orion; Peruzzi, Cata Díaz, Insaurralde e Fabra; Meli, Jara e Pablo Pérez; Pavón, Tevez e Carrizo. Técnico: Guillermo Barros Schelotto.

Arbitragem paraguaia: Enrique Cáceres, 42 anos.