Patadas y Gambetas

Opinião: Bauza assume uma Argentina que tem a sua cara
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Tales Torraga

Patón deu ao San Lorenzo a primeira Libertadores da história do clube. A primeira também da LDU. Sabe ganhar, é inegável. Cairá bem na Argentina aflita por vitórias – e de incríveis 25 anos sem títulos ao longo da Copa do Mundo da Rússia em 2018.

Bauza encontra desconfiança. Sua rejeição lembra o que ocorria com Carlos Salvador Bilardo em 1983. Mas Bilardo, outro defensivo de carteirinha, sabia ganhar. É idolatrado até hoje por boa parte da Argentina – os não menottistas, claro.


Favorece a Bauza também a atual defesa da Seleção – a melhor da história, só 9 gols sofridos nas últimas 19 partidas de Copa (do Mundo e América) que disputou.

Brincadeira sobre o estilo de Patón: dizem que ele é tão defensivo, mas tão defensivo, que se dá bem na Libertadores por ter 180 minutos para tentar ganhar.

(E muitas vezes ainda precisa dos pênaltis ou do critério dos gols fora de casa.)

A escolha por Bauza é mais um passo da Seleção para fora da impaciente Buenos Aires e para outras cidades como a sua Rosário. As sedes escolhidas dos jogos mais recentes das Eliminatórias mostram que este é o curso do momento.

Nem a Seleção suporta mais os portenhos – outra broma dita na própria capital.

Patón é imponente e estudioso. Sua chegada à Seleção é o fim de criancices como as de Lavezzi, que atirou água na cara de Alejandro Sabella durante jogo de Copa do Mundo – sinal claro 'aqui mandamos nós', outra forte crítica ao ciclo de Martino.

(De pensar que o absurdo casting só ocorreu porque Tata demorou a pedir demissão e a Seleção perdeu o timing para fechar com Sampaoli antes do Sevilla.)

Discreto, Bauza será útil até se fracassar. Não criaria caso ao ser dispensado.

Sua relação com Messi é grande incógnita. Lio jamais integrou equipes muito defensivas. E foi um fiasco quando a Seleção jogou assim – ante a Bósnia em 2014.

Restam dúvidas também sobre uma rivalidade de antemão. Patón é uma bandeira do Central. Como será seu encaixe com um leproso histórico como Messi, que leva o Newell's para todos os lados e, dizem, por isso alçou Martino à Seleção?

(A quem achar bizarro, convém pesquisar a insana rixa de Rosário.)

Bauza é canchero. Está no futebol a vida toda. Quando jogador, era muito elogiado pelos técnicos. Como técnico, é muito elogiado pelos seus jogadores. Não teria problemas em ser querido por Messi. Mas o craque vai precisar abrir a sua porta.

A nomeação de Patón demonstra também o cacife de Marcelo Tinelli, o ex-vice-presidente do San Lorenzo que tenta hoje comandar os rumos do futebol argentino.

O papa Francisco também foi lembrado. É fã confesso de Bauza pela Libertadores do San Lorenzo. Patón começa o trabalho da sua vida com empatia muy especial.

Por fim, a questão essencial:

E Ortigoza? Vai ser naturalizado?

(Es un chiste, chicos.)


‘Brasil, decime qué se siente’: Argentina prevê nova invasão da sua torcida
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Tales Torraga

Das grandes marcas da Copa do Mundo de 2014, o hit 'Brasil, decime qué se siente', cantado por centenas de milhares de argentinos em terras brasileiras ao longo daquele mês, voltará a ocorrer no Rio de Janeiro a partir desta semana.

De acordo com os jornais e companhias de viagens de Buenos Aires, a Argentina é o país visitante da América Latina que mais ingressos comprou para os Jogos, garantindo a continuidade da música que agora, óbvio, carregará outras ironias como o 7×1 para a Alemanha e a falta da medalha de ouro no futebol brasileiro.

A Argentina está à frente de Chile, Colômbia e México, os três países que vêm a seguir no ranking de torcedores da América Latina que desembarcarão no Brasil.

As modalidades mais requisitadas pelos argentinos são, na ordem: basquete, hóquei sobre a grama, atletismo, handebol, futebol, vôlei, vôlei de praia, rúgbi, ginástica e natação. A estimativa portenha prevê 25% de argentinos como público estrangeiro dessas competições.

Argumentam que o perfil das pessoas que vêm aos Jogos Olímpicos é diferente dos torcedores da Copa do Mundo, fato. Mas há um efeito corriqueiro que certamente vai ser visto no Rio: a chegada de cada vez mais argentinos ligados aos resultados, e não aos eventos, assim que o país avançar nas mais diferentes competições.

O Rio é destino amado pelos argentinos que, entre outras coisas, rasgam elogios às praias, ao calor, ao samba e às caipirinhas. Faz frio em Buenos Aires – a segunda-feira amanheceu com 6 graus -, o que deixa a ida à cidade ainda mais tentadora.


Há 40 anos, Cruzeiro batia River: maior final Brasil-Argentina da história
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Tales Torraga

Time brasileiro profundamente respeitado e admirado na Argentina, o Cruzeiro de 1976 comemora neste sábado (30) o aniversário de 40 anos da sua primeira conquista da Libertadores da América, justamente contra o gigante River Plate.

Talvez o Santos de Pelé, campeão da Libertadores de 1963 em plena Bombonera, gere admiração parecida – mas são tempos muito distantes e de registros muito escassos, impedindo uma similaridade com o tremendo equipazo do Cruzeiro.

Na final de 40 anos atrás chama a atenção o placar agregado das três decisões entre Cruzeiro e River Plate. Acabou 8×5 (!) para o time mineiro, que só evitou a incerta prorrogação do terceiro jogo com um surpreendente gol de falta aos 43 minutos do segundo tempo para fazer o 3×2 que garantiu a taça e gerou a briga generalizada chamada de a 'Guerra do Chile'.

Os dois times contavam com craques que estão entre os maiores da história de ambos. O vencedor Cruzeiro, ¡por Dios!, tinha astros de Seleção como Raul, Nelinho, Piazza, Jairzinho e Joãozinho. Crás (gíria portenha para craques).


Acompanhados ainda de jogadores não tão conhecidos dos argentinos, mas igualmente eficientes como Palhinha, Eduardo e Zé Carlos.

Os técnicos eram também históricos. Pelo Cruzeiro, Zezé Moreira. E Angelito Labruna pelo River que vivia na época redenção similar à do ano passado.

Saíra, em 1975, de uma fila de 18 anos sem títulos. Contava com jogadores que ganhariam a  Copa de 78, Fillol, Passarella, Alonso e Luque, e outros grandes como Roberto El Mariscal Perfumo (ex-Cruzeiro), J.J.Lopez, Mostaza Merlo, Pinino Más e o esforçado Alejandro Sabella, futuro técnico da Seleção.

O Cruzeiro deu um baile no Mineirão no primeiro jogo: 4×1, mas o River tem, de una, a justificativa – estava dizimado pela selvagem semifinal contra o fortíssimo Independiente terminada em 1×0 dias antes.

O baque pós-vitória foi tamanho que dois jogadores que nunca se lesionavam, Fillol e Passarella, não tiveram condições de seguir a decisão normalmente. Passarella até foi para o sacrifício e atuou no segundo jogo. Fillol começou o jogo do Mineirão.

Só começou.

Precisando sí o sí da vitória, o River reverteu o placar com um 2×1 conquistado no peito e no apito em Buenos Aires: o segundo gol foi ilegal pela falta em Raul e por toque de mão na jogada que terminou com González empurrando para as redes.

Neste jogo, Nelinho desconfiou que os argentinos estavam dopados. Resgatando o histórico do período, possibilidade concreta.

Desta partida, o lance mais lembrado pelos argentinos é El Mariscal Perfumo, machucado, cavar a expulsão de Jairzinho com um soco na cara só para esperar sua reação.

O desempate ocorreu em Santiago, 48 horas depois. O Cruzeiro abriu 2×0 e deu sinais de despachar o River, mas os portenhos alcançaram o 2×2. Mesmo combalidos, passaram por cima do desgaste e dos desfalques.

Quando tudo indicava prorrogação, aos 43 minutos do segundo tempo veio o épico gol de falta de Joãozinho, lamentado até hoje pelos argentinos.

Muitos choram: se o goleiro fosse Fillol (não o reserva Landaburu), a bola não entraria. Choram por chorar. Também aplaudem o título do Cruzeiro desde então.

O Cruzeiro voltou a fazer a final da Libertadores de 1977. Perdeu para o Boca nos pênaltis. Até hoje em Buenos Aires fala-se abertamente que, tanto quanto o futebol, foi o doping que fez a taça parar em La Boca.


O Messi que Buenos Aires vai ver: a sua espetacular exposição fotográfica
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Tales Torraga

'Fiéis e peregrinos: todos querem ser Messi'.

Assim vai se chamar a mostra fotográfica sobre Lionel Messi que será aberta em Buenos Aires em 11 de agosto, em plena disputa da Olimpíada do Rio de Janeiro.

O espetacular trabalho do fotógrafo Guillermo Otero ficará no Centro Cultural Borges, perto do bairro de Puerto Madero e com muitas estações de metrô ao redor.

Uma mostra sobre Messi em um espaço com o nome de Jorge Luis Borges é mesmo programa imperdível para quem estiver em Buenos Aires na data.

Otero trabalha nesta exposição há quase um ano. Seu sensível olhar cruzou o mundo para mostrar o alcance planetário do maior jogador argentino do momento – para muitos em Buenos Aires, também o maior de todos os tempos da história.

A mostra ficará no Borges até 4 de setembro.

As fotos de divulgação já são tão incríveis que foi impossível reduzi-las. São essas:


Nem louco: o cortante ‘não’ de Bielsa à Seleção
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Tales Torraga

Marcelo Bielsa está em Rosário, onde há dez dias posou com as pessoas que renovaram sua carteira de motorista – carnet de conducir, na Argentina.


Nesta terça-feira (26), ele recebeu o telefonema de Armando Pérez, dirigente da AFA que está encarregado de determinar o novo treinador da Seleção.

Apuramos que a conversa ocorreu à tarde e durou 15 minutos.

Pérez descreveu a atual situação da Associação e falou da impossibilidade de viajar a Rosário. Sugeriu a ida de Marcelo a Buenos Aires, fez enfim o que se espera de um dirigente nesta situação. Assim que terminou o papo, Pérez falou a uma agência de notícias (a Telam) que Bielsa havia topado a reunião presencial e que iria encontrá-lo para El Loco poder sentir o compromisso dos novos dirigentes.

Uma hora depois, Bielsa ligou a Pérez.

Encerrou o papo extremamente sucinto com um ''Agradeço o chamado, mas não me considero o mais capacitado para tomar as rédeas neste momento. Siga buscando''.

Na particular forma bielsista de ver a vida, jamais um acordo de trabalho a ser levado a sério seria oferecido ou sequer iniciado por telefone, e não cara a cara.

E nem com um dirigente que revelasse à imprensa o teor da conversa logo a seguir.

Bielsa segue sua vida simples entre o convívio com a família em Rosário e seus afazeres campestres em Máximo Paz, na própria província de Santa Fé.

Capa do ''Olé'' desta quarta (27)

Por parte de Pérez, e esta versão tem se confirmado cada vez mais, todas as tratativas seguintes às conversas presenciais com Patón Bauza e Miguel Ángel Russo foram quase encenações para a opinião pública, algo na linha:

''Vejam, buscamos Simeone, Bielsa, Sampaoli e Pocchetino, mas os que seguem no barco e amam a Seleção são Patón e Russo''.

O cargo de técnico continua um mano a mano entre Bauza e Russo. A leitura inserida dos fatos não indica nenhuma novidade nisto desde a semana passada.

A única chance de agregar candidatos é a AFA abrir conversas com Marcelo Gallardo (River), Chacho Coudet (Central) ou Matías Almeyda (Chivas).

Com os dois dos times argentinos, complicado.

Pela relação muito estremecida com os clubes, irritados com a postura de Pérez (julgam-na personalista demais), e pela eterna guerra com a AFA por dinheiro e poder. Gallardo e Coudet são muito ligados a River e Central – ponderariam a importância de seguir nos postos com boa sintonia e bons salários.

A aposta em Almeyda seria extremamente incerta. É um técnico competente, porém inexperiente e recém-saído de um pesadíssimo drama pessoal (falaremos dele em outro post. Envolve depressão, bebida e suicídio, tudo narrado por Matías).

A mais esquizofrênica escolha seria, como dizem os portenhos, pelo 'palhaço midiático' da hora: Caruso Lombardi, que se auto postula ao cargo a cada microfone.

Lombardi, 54, é especialista em salvar times pequenos do rebaixamento. Fanfarrão e verborrágico, é impossível vencê-lo com palavras. Repertório amplo e agressivo.

Mas suas atitudes são bastante questionáveis. Saiu na mão com torcedores em um posto de gasolina e também trocou socos com um auxiliar-técnico desafeto na rua, na saída de um programa de televisão, para ficar só em dois episódios.

É muito mais louco que Bielsa, pero loco mal, eh.


Em pesquisa, torcida argentina reprova Bauza na Seleção
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Tales Torraga

Patón Bauza conta com a simpatia dos dirigentes da nova AFA, mas não da torcida argentina para ser o técnico da Seleção. Em pesquisa do jornal ''Olé'', 58% dos quase 70.000 votantes cravaram: não gostariam do são-paulino no time nacional.

A pesquisa do ''Olé'' ficou no site do jornal de sexta a ontem (25).

A resistência popular é oposta ao que ocorre nos bastidores. Patón e Miguel Ángel Russo seguem favoritos e disputando o cargo entre si.

A primeira razão que os põe sozinhos na briga é a falta de vontade dos favoritos do público, Marcelo Bielsa e Diego Simeone. Bielsa exige projetos sérios, o que a atual associação argentina é incapaz de oferecer. Simeone considera que não é sua hora. Planeja sistematicamente a entrada só para a Copa do Qatar-2022.

bauzaok

A segunda razão é o baixo cacife financeiro. Dentre as opções sondadas, Bauza e Russo 'cabem no bolso' do atual projeto da Argentina cada vez mais sem dinheiro. Esta é a grande dificuldade em contratar o caro Jorge Sampaoli, recém-chegado ao Sevilla e sondado para acumular funções no clube e na Seleção até dezembro.

A terceira ligação Patón/Selección é a simpatia mútua entre Bauza e Armando Pérez, dirigente responsável por escolher o substituto de Tata Martino.

Quem não vem sendo levado em consideração é Marcelo Gallardo, do River Plate. El Muñeco seria barato, competente e teria a incondicional adesão da segunda maior torcida da Argentina (eles se consideram os primeiros, por supuesto).

Marcelo tem 40 anos. A AFA prefere treinador mais experiente. E as relações entre o River e a associação estão abaladas desde a briga que resultou na criação da Superliga, campeonato que dará mais poder e grana aos grandes da Argentina.

Pisa fuerte, El Patón.

Capa do ''Olé'' do último sábado


Ídolo do São Paulo quer tirar Tevez do Boca
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Tales Torraga

Garantida pelo técnico Guillermo Barros Schelotto, a permanência de Tevez no Boca pode ter reviravoltas. E com a influência de um enorme ídolo do São Paulo.

Questiona-se em Buenos Aires a viagem de Tevez na última semana para jogar golfe em Montevidéu. Sem gol, com golfe. Terrible.

A folga dada a Carlitos pegou mal com os outros jogadores do Boca. Na semana em que foi alçado a capitão com a saída de Cata Díaz para o Getafe, não integrou o elenco que voltou a treinar depois de sair da Libertadores em plena Bombonera.

Capa do ''Olé'' desta segunda (25)

Fontes no Mundo Boca dizem que Tevez pediu para deixar o clube. E a resposta xeneize foi oferecer a licença para ele descansar e rever seu adeus.

E esta saída seria para o Napoli, na vaga de Higuaín, novo atacante da Juventus.

O emissário do time italiano a Buenos Aires seria o ex-atacante Careca, um dos maiores nomes da história do São Paulo e também do clube europeu.


Careca deu entrevista à rádio portenha La Red neste domingo. Falou que só espera a autorização de Aurelio De Laurentiis, presidente do Napoli, para viajar à Argentina e conversar pessoalmente com o Apache: ''Tevez tem tudo para fazer uma linda história no clube, como fez o Maradona. Ele tem o caráter do Napoli''.

Hoje com 55 anos, Careca sonda Carlitos desde o ano passado: ''Disse ao presidente: contrate Tevez e ganhamos o Scudetto''.

A histórica amizade de Careca com Maradona pesaria na tratativa com Tevez, que a princípio faria questão de receber bem o ex-são-paulino, embora a relação entre os dois argentinos esteja algo estremecida desde as pesadas (novidade…) críticas de Diego a Tevez pelo sumiço contra o Del Valle. ''Doeu meus ovos'', sintetizou El Diez, reafirmando sua maneira de andar pelo mundo. Entre dores e amores. Así y listo.

(Este famoso piquito de 2004 na Bombonera gerou graça. A frase abaixo, gritaria. Acharam falta de respeito com quem não tem braço. Costumbres argentinas.)

Argentino também é o outro cotado ao posto vago por Pipita Higuaín no Napoli. Trata-se de Mauro Icardi, 23, capitão da Inter de Milão apesar da pouca idade.

* Atualizado às 14h36: Tevez foi o primeiro a chegar nesta manhã à Casa Amarilla, CT do Boca, às 7h30, duas horas antes do começo do treino. Participou da prática normalmente. O Boca reconhece: ofertas por ele surgem sempre.

Sua vontade de ficar é a única esperança de segurá-lo. Está de casamento marcado para os próximos dias – e já falou que a sociedade argentina atual não o agrada…

…mas declarou sem rodeios à tarde: ''Quero seguir e me aposentar no Boca''.


Rivalidade Argentina x Inglaterra faz 50 anos. Os cartões no futebol também
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Tales Torraga

Os cafés de Buenos Aires têm um irresistível assunto extra neste fim de semana – os exatos 50 anos do nascimento da insana rivalidade Argentina x Inglaterra no futebol.

A imprensa deu até o 'horário de nascimento': 15h35 (de Wembley, 11h35 de Buenos Aires) de 23 de julho de 1966, dia em que Inglaterra e Argentina fizeram quartas-de-final da Copa disputada – e vencida – pelos ingleses em casa.

Foi o segundo confronto seguido entre os dois países em Copas.

No Chile-1962, tranquilo 3×1 Inglaterra na primeira fase.

O que ocorreu em 1966 foi descrito pelo personagem principal Antonio Rattín em saborosa entrevista ao jornal ''La Nación''. Trechos:

O juiz alemão Rudolf Kreitlein – ''Cobrava tudo a favor da Inglaterra: escanteios, faltas, até inventava mão. Mostrei-lhe o bracelete de capitão e durante vários minutos pedi intérprete e explicações. Aos 35 minutos de jogo, me expulsou.''

A saída de campo – ''De raiva, sentei no tapete vermelho do palco da rainha. Sentei uns cinco minutos ali. Fui para o vestiário. Enquanto caminhava, me jogavam chocolate aerado, que para mim era uma novidade. Eu abria, mastigava um pouco e devolvia. Cheguei ao escanteio, peguei uma bandeirinha britânica e retorci toda com a mão e lhes disse: 'Ingleses filhos da ….'. Começaram a me jogar latas fechadas de cerveja, e saí correndo para não me acertar [eram 90.584 presentes].''

A expulsão – ''Quem organizava a Copa naqueles tempos tinha a ida à final praticamente assegurada. Era muito difícil brigar contra isso.''

Rattín, 79 anos: 'A torcida me jogou chocolate e eu comi' – EMILIANO LASALVIA

(A desavença originou o uso dos cartões amarelos e vermelhos no futebol – adotados em Copas pela primeira vez no Mundial seguinte, em 1970, no México. Rattín foi expulso verbalmente: 'Off! Off', gritava e assinalava o árbitro alemão.)

Aquele duelo ficou famoso também pelos insultos do público, que chamava os argentinos de animais a cada instante. Alf Ramsey, técnico inglês, declarou o mesmo depois do jogo – quis inclusive impedir os jogadores de trocar camisas com os argentinos terminado o encontro em 1×0, gol de Hurst a 12 minutos do fim.

A Inglaterra ganhou a Copa de 1966 ajudada por um gol ilegal também de Hurst – a bola não entrou. Foi o terceiro na vitória de 4×2 contra a Alemanha na prorrogação.

Capa do jornal 'Olé' na Copa de 2002

O livro 'Argentina x Inglaterra, Mundiais de futebol e outras guerras', do escritor inglês David Downing, define a rivalidade como mera questão de atração.

Ingleses e argentinos se caracterizam mutuamente no futebol por doses de rebeldia e violência, e as conexões surgidas daí geraram a agressividade que atingiu o ápice no período pós-Guerra das Malvinas, nos anos 80.

Em Copas, vieram depois os jogos de 1986, 1998 e 2002 – a mão de Deus, o gol do século, o coice de Beckham em Simeone e seu gol redentor no Mundial da Ásia.

São 14 confrontos na história, com 6 vitórias inglesas, 6 empates e 2 vitórias argentinas. O último jogo foi em 2005: Inglaterra 3×2 em amistoso na Suíça.


Vestiário do Morumbi teve briga com arma e escudo, detalha goleiro do Tigre
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Tales Torraga

Das maiores confusões do futebol recente, a briga que encerrou a final da Sul-Americana em 2012 segue dando o que falar em Buenos Aires. Nesta quinta, Javier García, então goleiro reserva do Tigre, comentou novos detalhes do que aconteceu.

Relembrando: o São Paulo vencia o Tigre no Morumbi por 2×0 ao final do primeiro tempo. Houve confusão no gramado e dois expulsos, Paulo Miranda e Ángel Diáz.


O time argentino desceu ao vestiário e então ocorreu o que foi descrito por García:

“Foi algo que não vivi nunca. Que tenha dez gorilões dentro do vestiário que começam a te bater do nada, nunca vivi”, disse.

“A briga que ocorreu no campo foi algo entre os jogadores. No vestiário, depois, gente de segurança que era ex-barra brava [torcida organizada] veio para cima.”

“Saímos do campo normalmente e, onde entramos, xingaram e bateram. Aí começou uma batalha de uns dez minutos na antessala do vestiário. Todos contra todos. Jogaram extintor de incêndio e madeira, brigamos muito, tudo tinha sangue.”

“O que a gente mais estranhou, e hoje dói ainda mais, é que estava a Conmebol ali. Hoje dói mais pelo que houve com River e Boca, as sanções que tomaram.''

''A única diferença que houve entre a gente e o River é que acertaram a gente na entrada do vestiário. E o River, na saída. O River ficou mais exposto, enquanto tudo o que aconteceu com a gente ficou na parte de dentro.”

“O pessoal da Conmebol nos dizia: ‘tranquilo, o jogo vai seguir’, e parentes nossos nas tribunas estavam sofrendo também, pensávamos que tinha garantia, o árbitro veio e tirou foto do sangue que havia no vestiário, a gente estava sangrando.”

“Quando a gente era maioria contra esses dez ou 15 deles, a polícia desceu o cassetete. Me acertaram com o escudo e começamos a voltar.”

“Sacaram um ferro, a mim me sacaram um revólver.''

Bateram com ele no seu peito?

(Balança a cabeça, respondendo que sim).

O Tigre se recusou a seguir o jogo pelas agressões e pela falta de segurança. O vídeo da entrevista de García está aqui.

Outro lado – ''Não houve constatação de ninguém armado de ambas as partes'', disse à época o Major Gonzaga, chefe da operação da Polícia Militar para apartar a confusão no vestiário. ''Se tivesse sido constatado, com certeza essa pessoa teria sido presa. Não sei de onde eles tiraram essa informação.''

O São Paulo debochou do abandono: ''Eles não iam aguentar e preferiram fazer catimba, isso ficou claro. Acharam que era melhor ir embora. Assim não podemos fazer nada'', falou o então presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio.

* Atualizada às 14h14


Bauza x Russo: prós e contras dos candidatos a técnico da seleção argentina
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Tales Torraga

Deste abraço de dois anos atrás em Rosário deve sair o novo técnico da Argentina.

Miguel Ángel Russo, de 60 anos, ou Edgardo Patón Bauza, de 58?

Os prós e contras que cada um leva para a mesa de negociações nesta reta final:

PATÓN BAUZA
Zagueiro. 3 jogos pela seleção entre 1981 e 1990

Prós:

Tem a simpatia declarada de Armando Pérez, seu 'futuro chefe'.
É visto pela AFA como personagem influente junto a outro símbolo argentino: o papa Francisco, notório torcedor do San Lorenzo e apreciador do seu trabalho.
É comedido nas declarações e preza pelo perfil baixo que caracterizou os antecessores Sabella e Martino.
É de Rosário e seu preparador físico já trabalhou com a família de Messi. Seria importante para convencer o camisa 10 a voltar à Seleção.
Viajou da noite para o dia assim que a 'nova AFA' assumiu. Muito comprometido.


Contras:

O estilo defensivo não encontra carinho da torcida.
Jamais comandou River ou Boca, grife que respaldaria o cargo.
É considerado pouco adepto de tecnologias, e os jogadores desta Seleção já demonstraram estar imersos nela.
Não tem experiência em seleções e assumiria a Argentina no momento em que a bagagem seria bem-vinda.
Tem escasso currículo também com estrelas.

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MIGUEL ÁNGEL RUSSO
Volante. 17 jogos (1 gol) pela seleção entre 1983 e 1985

Prós:

Tem o apoio do presidente da Argentina Maurício Macri – então mandatário do Boca que o contratou em 2007 para dirigir o clube no título da Libertadores.
Goza do carinho e gratidão da torcida xeneize, boa claque para sua chegada.
Conta com o prestígio de dois medalhões: Carlos Bilardo e Alfio Coco Basile.
É considerado político o suficiente para lidar com as tormentas da AFA e da Conmebol (atuou nela na última Copa América).
Seu aspecto professoral intimida estrelismos.


Contras:

Não fez nenhum bom trabalho desde que ganhou a Libertadores de 2007.
Está inativo há dois anos e sem encaixe natural no mercado.
Também não tem experiência em seleções.
É explosivo à beira do campo e chegou a sair na mão com outro técnico, ninguém menos que Loco Bielsa.
O passado no Boca não impede que esteja marcado em Buenos Aires como técnico pouco confiável desde o Apertura 2008. Pelo San Lorenzo, perdeu, contando com oito pontos de vantagem, um triangular contra Boca e Tigre.

Na 'El Gráfico', Russo já aparecia em pesquisa para técnico da seleção em…1994!