Patadas y Gambetas

‘Bauza sofre com o São Paulo’, diz autor de sua biografia
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Tales Torraga

Patón Bauza saiu do São Paulo, mas o São Paulo não saiu de Bauza.

O técnico da Argentina que hoje (6) visita o Peru às 23h15 pelas Eliminatórias está acompanhando – e lamentando – a briga do clube para não cair no Brasileiro.

''Patón não fala disso em público, mas sofre com o São Paulo na intimidade'', contou ao blog o jornalista e escritor argentino Ariel Ruya, autor de 'Método Bauza', a nova biografia do técnico. ''Bauza criou muito carinho pela instituição. Ele considera que faltam contratações de jerarquía, que o time deve ser reforçado.''

Atualizada com a chegada de Bauza à Seleção, a biografia tem 288 páginas, custa 299 pesos (R$ 64) e é distribuída pela Planeta, a maior editora da Argentina – prova do prestígio de Patón e da qualidade da obra que pode ser comprada aqui.

O capítulo de Bauza no São Paulo conta com textos nossos. Apesar disso (je), o livro todo está caprichadíssimo, à altura das melhores obras portenhas a respeito.

Caprichada precisará também ser a montagem da Argentina sem o lesionado Messi. Dybala entra em seu lugar. ''É uma prova de fogo, não só para a Seleção. É um teste também para os adversários, que perdem as desculpas para arriscar'', segue Ruya. ''Sobram variantes para a Argentina, e elas vão além da retranca dos rivais.''

Os torcedores do Cruzeiro podem ficar tranquilos: a Seleção não vai desfalcar o clube chamando Wanchope Ábila. ''Ele não deve ser convocado neste momento. Do Brasil, hoje, só encaixa Lucas Pratto, com maior experiência'', continua Ariel.

Segundo o escritor, quem deve aparecer na Seleção é – será? – Mauro Icardi. ''Se ele seguir brilhando e goleando na Inter, vai ser chamado, apesar dos temas pessoais. Mas não será simples. Seu caso vai ser tratado com os líderes do grupo.''

A ver, como costuma dizer o próprio Bauza.

Os titulares da Argentina de Patón hoje serão: Romero; Zabaleta, Otamendi, Funes Mori e Rojo; Kranevitter e Mascherano; Dybala, Agüero e Di María; Higuaín.

Ao vivo, e invadindo a madrugada de sexta, vamos comentar o jogo no Placar UOL com nuestra mirada porteñaVení. Trocamos lunes por viernes y yá está.


Gareca luta para evitar primeira demissão pós-Palmeiras
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Tales Torraga

Ricardo Gareca segue com excelente reputação na Argentina – especialmente entre os torcedores do Vélez que o apontavam como sucessor de Carlos Bianchi.

E é bom o treinador irrigar tais relações em seu país. Só algo mesmo muito improvável vai segurá-lo como treinador da seleção do Peru depois de enfrentar, nesta série de Eliminatórias, simplesmente Argentina (quinta) e Chile (terça, fora).


O Peru de Gareca está em penúltimo na classificação. Com sete pontos em oito jogos, só supera a Venezuela. Um olhar mais amplo sobre seus resultados: em 18 jogos desde 2015, venceu sete e perdeu igual quantidade, empatando quatro vezes.

Publicamente ameaçado no cargo, El Flaco, como Gareca é chamado devido à magreza, tentará sobrevida justamente diante de um grande amigo. Gareca e Patón Bauza jogaram juntos na seleção argentina nos anos 80 e se enfrentaram como técnicos dez vezes. Está 4×3 Gareca, com 3 empates de suas equipes.

Foi acompanhando o desempenho do amigo no São Paulo – e de seu atleta Cueva –  que seguiu a arrancada do seu ex-Palmeiras, muy probable campeão brasileiro.

Envolvido com o dia-a-dia peruano, Gareca, evidente, não tem disponibilidade ou razão para seguir o que se passa com seus ex-clubes. No caso do Palmeiras há inclusive a tentativa de não reviver duros momentos. A amigos, Gareca diz ter sofrido no Palmeiras com ''o pior trabalho da minha vida, fracassei, reconheço, o choque cultural e a necessidade de resultados rápidos fizeram tudo ser péssimo''.

Foram só 13 jogos antes da repentina demissão.

A demissão que quer evitar reviver agora.

Não foram 13 jogos. Já vão 18.

Vai doer, claro, sempre dói. Mas Buenos Aires sempre estará ali cerquita.


Quase amputado, Batistuta volta a jogar e chora
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Tales Torraga

Gabriel Batistuta está com 47 anos. Mas sentia seu corpo com mais de 90.

Tamanhas as dores nas pernas, em 2012 pediu para amputá-las, difícil que era lidar com o sofrimento dos dois tornozelos infiltrados por 15 anos de golaços e patadas.

Nesta segunda (3), em Florença, na Itália, comemorando três anos da cirurgia que o resgatou da dor, jogou futebol em público pela primeira vez nos últimos anos.

Foi no amistoso Resto do Mundo contra Itália (12×6 para o Resto do Mundo). El Bati fez três gols. Pouco antes, emocionado pelo drama físico e pelo carinho, chorou ao receber o título de cidadão de Florença, onde suou pela Fiorentina de 1991 a 2000.

As dores de Batistuta são muito comentadas na Argentina – sem elas, pediriam sempre para ele voltar ao futebol a cada gol perdido por Higuaín na Seleção.

Un chiste, eh. Mas não há brincadeira em relação ao corpo. Batistuta revelou que urinava na cama à noite justamente para não precisar suportar a dor de levantar.

Como de costume em Buenos Aires, há um verdadeiro Boca x River para falar de Batigol. Amado por muitos, sí. Mas também detestado em grande proporção.

Os que os amam lembram que ele foi, de fato, El Matador na grande área. Compensava a técnica limitada com bombas nos chutes e nas cabeçadas.

Os que os odeiam citam uma frase famosa do técnico Daniel Passarella, que o dispensou do River em 1990 porque ''era um burro que mal sabia parar uma bola''.

Tão verdade não era, pois Bati logo em seguida foi brilhar no Boca.


Os portenhos guardam de Bati um lance em especial: sua bomba na trave da Holanda nas quartas do Mundial 98 (vídeo aqui). Era metade do segundo tempo e iria para Argentina 2×1 Holanda. Centímetros a menos e teríamos uma semi Argentina x Brasil, Passarella x Zagallo, Batistuta x Ronaldo, Simeone x Rivaldo.

Me quedó la espina clavada con ese pelotazo, muchachos…


Árbitro é filmado na arquibancada torcendo pelo River (e provocando o Boca)
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Tales Torraga

Árbitro FIFA desde 2006, o argentino Pablo Lunati, de 49 anos, é conhecido como El Loco, e o que ele fez sábado em Buenos Aires condiz perfeitamente com o apelido.


Lunati foi visto (e filmado) na arquibancada do Monumental de Núñez como um torcedor a mais no River Plate 3×0 Vélez Sarsfield. A pedido de um colega, gravou um vídeo provocando o Boca Juniors, dizendo que estava ali para ver 'el más grande', forma como o River se descreve para se sentir superior aos rivais.

Pablo virou o personagem esportivo do domingo, e numa mesa-redonda à tarde disse que, com o vídeo, anunciava que deixava a carreira, e que a decisão fora comunicada à AFA, mas sem avisar imprensa.  E não se diminuiu com as críticas:

''O que dizem me importa um c…… Não posso ir ao estádio com meu filho? Vocês estão loucos? Vocês, da imprensa, não têm time? Não têm sangue na veia?''.

Resgataram, claro, várias partidas dirigidas por ele com erros pró-River. Em 2007, deu oito minutos de acréscimo em um 3×3 com o Rosario Central – o terceiro gol do River foi feito por Falcao García aos 53 minutos do segundo tempo. Terrible…


D’Alessandro leva cotovelada na cara e volante do Vélez é expulso com 8min
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Tales Torraga

O descontrole voltou a dar as caras – ou melhor, o braço – na Argentina.

Neste sábado (1º), aos 8 (!!) minutos de jogo, Cáceres, do Vélez, acertou uma cotovelada na cara de D'Alessandro, do River, e levou cartão vermelho direto.

O vídeo da brutalidade está aqui.

Ameaçado de rebaixamento, o Vélez atuou com dez homens por mais de 80 minutos. No fim, vitória do River por 3×0, dois gols de Driussi e um de Alario.

Válido pela quinta rodada do Campeonato Argentino, o baile no Monumental serviu para o River celebrar também a estreia da comentada (e feliz) camisa alternativa.

Preta, ela imita a gravata usada nos anos 70 pelo histórico técnico Angelito Labruna.

Com o 3×0 no Vélez, o River é o vice-líder do Argentino. Soma 11 pontos, mesma quantidade do Racing e um a menos que o Estudiantes, que faz o clássico de La Plata neste domingo 16h contra o Gimnasia. O Vélez é só o 26º no total de 30 times.


Verón anuncia que joga próxima Libertadores pelo Estudiantes
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Tales Torraga

Juan Sebastián Verón, 41 anos, afirmou nesta noite em Buenos Aires que vai jogar a Libertadores de 2017 pelo Estudiantes de La Plata, clube do qual é presidente.

La Brujita só colocou uma condição para voltar: ''A torcida precisa comprar antes do fim do ano as reservas de dois terços dos assentos do estádio que estamos reformando. Cerca de 35% dos lugares já foram vendidos. Estou bem otimista''.

Por parte da torcida, não há a menor chance de o trato não ser cumprido: seja qual o clube, o argentino personifica o chavão ''sacar a grana da comida para dar ao time''.

Verón ni loco teria motivo para enganar seus sócios-torcedores. Ele é o maior ídolo recente do Estudiantes e qualquer volta atrás deixaria sua presidência inviável.

Terá 42 anos na próxima Libertadores e é quase impossível que renda como os demais – mas é, seguro, das jogadas de marketing mais sensacionais do momento.

O próspero Estudiantes está na liderança do Argentino após quatro rodadas.

A promessa de Verón ocorreu no programa FOX Sports Radio. La Brujita pendurou as chuteiras pelo Estudiantes em 18 de maio de 2014, pelo Campeonato Argentino.

Desde então, mantém o físico no futebol amador.

Integrante da seleção argentina que disputou as Copas de 1998, 2002 e 2010, Verón é presidente do Estudiantes desde outubro de 2014. Além do clube de La Plata, os outros times do país já garantidos na Libertadores-17 são Lanús, San Lorenzo e Godoy Cruz, os melhores do último Campeonato Argentino.

Nem tudo, porém, são boas notícias para o time de Verón. O clube faz domingo, às 16h, como visitante, o clássico de La Plata contra o Gimnasia. E nesta sexta uma sede da torcida do Estudiantes foi queimada e bombardeada pelos contrários.

Ninguém ficou ferido (ou foi preso) pela atitude acéfala e inexplicável.


Ex-combatente nas Malvinas é o novo técnico do Vélez
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Tales Torraga

Ameaçado de rebaixamento, o Vélez Sarsfield tem novo técnico: saiu Christian Bassedas e entrou Omar De Felippe, argentino de 54 anos e trajetória ímpar.

Tudo porque ele ainda sente na pele os gritos e os ruídos da Guerra das Malvinas na qual foi combatente. Tinha só 20. ''Estava sentado, rezando para não cair uma bomba'', relembra. ''Você vê alguém morrendo e é como se não acontecesse nada.''

Omar De Felippe à esquerda na foto

Era 7 de abril de 1982. De Felippe jogava nas inferiores do Huracán quando foi chamado pelo Exército. Poucos dias depois, desembarcou em Isla Soledad e caminhou 13 quilômetros sinuosos e frios para chegar a Puerto Argentino.

Não se feriu grave nos dois meses em que lá esteve. Escapou de morrer. Seu capitão o mandou deixar posição segundos antes de uma bomba cair ali.

Mais memórias: ''Quando a guerra acabou, caminhamos uns oito quilômetros de caos. Os ingleses seguiam disparando. Houve feridos e mortos''.

''Falar das Malvinas me custou quase sete anos. Não tinha claro o que contar.''

''Devo homenagear os companheiros que voltaram e os que ficaram lá. É importante que não se esqueça. E que as novas gerações saibam.''

''Sempre digo que, além da família, o futebol me salvou a vida. A cada dia depois de voltar, era a minha motivação para seguir.''

Homem de fala marcante e valores firmes – impossível um jogador lhe passar a perna -, De Felippe ainda luta para ter espaço como treinador. Começou em 2009, e passou por Olimpo, Quilmes e Emelec-EQU (até maio, seu último clube).

No meio, o seu principal trabalho – com o Independiente de Avellaneda em 2013 e 2014 na Série B. Ascendeu e deixou o Rojo em seu lugar. Foi muito homenageado.

Há ótimas entrevistas suas nos arquivos do ''Clarín'' e do ''La Nación''.


Copa do Brasil? A Copa Argentina está mais empolgante – e Tevez, brilhante
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Tales Torraga

Mata-mata em jogo único – e em campo neutro abarrotado por torcidas divididas.

A Copa mais apimentada do momento é de longe a Copa Argentina, vide o alucinante Boca 2×2 Lanús da noite desta quarta (28). O Boca avançou nos pênaltis.

O jogo foi tenso antes mesmo de começar. Tevez xingou Lautaro Acosta: revide por falar que o Boca era favorecido nos bastidores. E os dois times já haviam brigado, quase na mão, na chegada ao Estádio José María Minella de Mar del Plata para usar o vestiário local – e ficar no banco propício para apretar o bandeirinha.


Suspenso no Argentino, mas habilitado na Copa, Tevez jogou como o antigo Tevez. Marcou dois gols e bancou todas as patadas que o duríssimo Lanús lhe pegou.

O Boca também jogou como o antigo Boca, con los huevos bien puestos. O Lanús esteve com 1×0 e 2×1, mas a raça xeneize fez frente ao atual campeão argentino.

(Carlitos converteu também seu pênalti. Centurión jogou – e bem – os 90 minutos.)

Tanta energia em jogo tem motivo: o campeão da Copa Argentina estará na Libertadores-2017, cujos representantes do país até o momento são Lanús, Godoy Cruz, Estudiantes e San Lorenzo (o único grande de Buenos Aires na competição).

A partir do dia 9, os jogos que vêm por aí são River Plate x Unión de Santa Fe (que bateu o Estudiantes, atual líder do Argentino) e Racing x Gimnasia e Godoy Cruz x San Lorenzo (ambos pelas oitavas, e os vencedores se alinham com River x Unión).

No outro lado da chave, duas quartas-de-final já fechadas: Belgrano x Juventude Unida de Gualeguaychú (da Série B) e nada menos que a reedição da final do ano passado, um já comentadíssimo Rosario Central x Boca Juniors.

Os bons de memória sabem o que o confronto apresenta. Em 2015, o Boca foi campeão da Copa Argentina em uma das decisões mais escandalosas da história.

A Copa deve ser a despedida de Tevez. Ele tem tudo para anunciar a aposentadoria em dezembro – e com a chance de fazê-la em épica final contra o River Plate.

Carlitos que detonou o clube de Núñez. Chamou nesta semana a conquistada Recopa Sul-Americana de 'copo de leite', típica forma portenha de diminuir os rivais.

As datas, a chave e tudo mais da Copa Argentina, aqui.


Algoz de Santos e Palmeiras: Boca de Bianchi é o livro argentino do momento
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Tales Torraga

Con alma y corazón, el fenómeno Boca-Bianchi.

É este o lançamento literário portenho do momento.

Escrito por Marcelo Rodríguez, periodista do jornal ''Crónica''.

O livro incomoda feridas ainda abertas no torcedor de Santos e Palmeiras.

Carlos Bianchi, grande amante dos livros, esteve ontem no lançamento no microcentro portenho. Nos regaló um ótimo papo que será postado em breve.


Bianchi é, por lejos, o maior técnico do Boca.

Ganhou tudo – absolutamente tudo – duas vezes, 2000 e 2003.

Libertadores em cima de Palmeiras e Santos; Mundial contra Real e Milan.

Tanta moral que até largou Macri falando sozinho numa coletiva de imprensa.

Enfrentou pressões de todos lados: governo, jogadores, presidência, barra bravas.


Boas histórias – dignas de películas – são resgatadas. Resgate é a palabra. Há esmerada pesquisa histórica. Brigas, números, bastidores. 144 páginas, cortitas.

Precisas. 1998-2004. Tudo ali. 150 pesos, aqui.


Calleri vive pior seca da carreira e não fica nem no banco do West Ham
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Tales Torraga

Ruim sem ele, pior para ele.

Enquanto o São Paulo passa apuros sem Jonathan Calleri, o atacante argentino, hoje no West Ham, da Inglaterra, vive simplesmente a pior fase da carreira.

São sete jogos pelo clube e nenhum gol marcado, algo que Calleri jamais viveu.

Sua média no São Paulo e no Boca Juniors foi de 0,51 e 0,37 gols por jogo. E com um traço em comum – balançar as redes logo de cara. Nem no All Boys, onde nasceu para o futebol, sofreu no começo. Quando ficou sem fazer gols – no São Paulo foram 11 jogos em zero -, já comprovara capacidade marcando na chegada.

Desses sete jogos pelo West Ham, Calleri foi titular em três. Soma 299 minutos em campo. Jamais começou e terminou o mesmo jogo. Seu time é o antepenúltimo no Inglês, só 3 pontos conquistados em 18 possíveis. Re complicado, Jony.

No domingo, na derrota em casa por 3×0 para o Southampton, Calleri, atual artilheiro da Libertadores, por opção técnica, nem no banco do West Ham ficou.

Uma razão para a escolha é a efetividade – ou melhor, a falta dela. O argentino deixou o campo sem sequer uma finalização a gol em quatro dessas sete partidas.

Seu entorno minimiza o momento e credita a seca à normal adaptação de um jogador de 23 anos que está em sua primeira experiência na Europa. Mas é bom Calleri se preocupar se quiser recuperar o status que tinha no São Paulo, o de cobiçado por grandes europeus e certo convocado para a seleção argentina.

Argentina, aliás, que ficou bastante irritada com sua atuação na Olimpíada. Programas de TV e rádio colocaram em suas costas a culpa pela eliminação na primeira fase, chamando-o de ‘máquina de perder gols’.

Hoje falta gol. Mas jamais vai faltar time na América para corrigir sua fuga de rota.