Patadas y Gambetas

Sem fair play: A escandalosa derrota do River
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Tales Torraga

Ímã de escândalos, o Campeonato Argentino viveu mais um nesta madrugada.

O vice-líder River Plate foi à cidade de Paraná enfrentar o Patronato e perdeu de virada por 2×1. O gol que definiu o jogo saiu aos 45 minutos do segundo tempo.

Em reposição de bola que seria devolvida pelo River ao rival, o Patronato a roubou e originou o gol de contra-ataque com o time de Núñez desatento – mas bem acordado para esbravejar contra a arbitragem e contra o Patronato logo a seguir.

O vídeo do gol de maior polêmica dos últimos tempos está aqui.

Mais experiente em campo, D'Alessandro era também o mais irritado: ''O argentino não respeita nada. Quando você pensa que coisas assim não acontecem, acontecem. O futebol é para vivos. Nossa atitude foi a melhor. Não sei se os outros times fazem isso. Não me surpreende'', disparou El Cabezón Andrés, de 35 anos.

Técnico do River, Marcelo Gallardo também detonou: ''Este jogo é para os espertos. Não houve fair play e faltou honestidade. Cada um com sua consciência. Prefiro que meus jogadores sejam respeitosos. Vou embora com muita bronca. Não é um problema do Patronato e nem do juiz. É um problema nosso. Dormimos''.

A polêmica derrota fez o Riverplei, com 11 pontos, cair para quinto no Argentino.

O líder segue o firme Estudiantes de La Plata, com 16 pontos em seis jogos. Entre ambos estão agora, pela ordem, San Lorenzo, Newell's Old Boys e Boca Juniors.

Atualizada às 9h38: Há três meses, o Patronato não tinha sequer bola para treinar. Gallardo, técnico do River, providenciou a entrega de dez delas. E agora precisou buscar uma no fundo do gol desta forma tão vil – e aos 45min do segundo tempo.

''Sou amigo de Gallardo e de seu corpo técnico'' 
FORASTELLO, Rubén, treinador do Patronato

Interessante ressaltar outra fala de D'Alessandro: ''Os portenhos vêm ao interior e são xingados de tudo. Parece que somos de outro país, a bronca com quem vive na capital é enorme. O argentino, quando pode tirar vantagem de algo, te mata''.


Maradona no Newell’s: um excelente documentário
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Tales Torraga

Clube que revelou Lionel Messi, o Newell's Old Boys contou também com ninguém menos que Diego Armando Maradona entre o fim de 1993 e o comecinho de 1994.

Messi e Maradona. Un lujo, eh.

Por algo os leprosos são conhecidos como os ''líricos de Rosário'' – em contraste aos canallas do Central, rústicos, raçudos e empurrados por uma torcida re loca.

Se Maradona foi assunto na Argentina e no mundo nesta semana pelo triste desentendimento com Verón no Jogo da Paz, ele foi tema também do emocionante lançamento do documentário que trata, com a habitual paixão argentina, sua passagem pelo Parque Independência, cancha do Newell's. Un Dios en el Parque.

Maradona é tratado até hoje pelos torcedores mais velhos do Newell's como o maior jogador da história da Argentina. Nada de Messi.

Interessante também rever jogadores famosos no Brasil pelos embates com o São Paulo nas Libertadores de 1992 e 1993. O goleiro-roqueiro Scoponi é um deles.

Disfrútenlo.

A quem gostar, o teipe de Newell's x Vasco, janeiro de 1994, Dener x Maradona.


Por que os amigos Verón e Maradona brigaram?
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Tales Torraga

Muy amigos. Verón e Maradona se davam muy bien até 2010.

Muito porque jogaram juntos no Boca de Bilardo em 1996. Verón participou até da cena na qual Maradona e Caniggia se beijaram na boca em plena Bombonera.

Reeditaram a dupla no ciclo de Diegote como técnico da seleção argentina.

Verón era o 'técnico em campo' e importante suporte para Messi – e tudo isso com os mimos de Diego. Em 2009, pelas Eliminatórias, contra a Venezuela, Maradona o defendeu e enfrentou a torcida do Monumental que o vaiava a cada toque na bola.

Veio a Copa de 2010 e o volante, abaixo do esperado, foi sacado do time. Não atuou na paliza que a Argentina levou da Alemanha nas quartas: 4×0 y baile.

Eram Mascherano, Maxi Rodríguez e Di María, os meio-campistas naquela tarde.

Depois da Copa da África do Sul, o primeiro curto-circuito. Verón disparou: ''Maradona é contraditório para algumas coisas. Primeiro, me pediu para eu ser o Xavi da nossa seleção. E não joguei. Mas não brigamos, o grupo era o principal''.

A briga que precisou ser contida no Jogo da Paz em Roma foi ampliada em julho deste ano, 2016 – ou seja, só três meses atrás. Maradona quis trabalhar na AFA. Tinha o aval de Gianni Infantino, presidente da FIFA, mas Verón, mandando no Estudiantes e atuando com firmeza na Associação, lhe baixou o polegar de cara.

Así, de una.

Vieram depois as habituais trocas de farpas. ''Verón e seu pai me traíram'', falou Maradona. ''Diego está em um estado tão lamentável que é melhor deixá-lo em paz  e não tomar com seriedade o que diz'', devolveu La Brujita Verón.

Daí, a lamentável cena de ontem. No Jogo da Paz, dois argentinos brigando.

Um de 41 anos, Verón. Outro de 55, Maradona. La argentinidad al palo.


Rádio argentina chama Bauza de “cagão”
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Tales Torraga

A histeria portenha na tarde desta quarta (12) virou grosseria contra Patón Bauza.

Ele foi chamado de ''cagão'' em pleno ar no programa de Alejandro Fantino na rádio La Red, uma das três principais da Argentina. O áudio no ponto está aqui.

''O técnico me demonstra ser um cagão com todas as letras'', analisou Fantino, hoje talvez a voz de maior peso e alcance em Buenos Aires – e não só no esporte.

''Lamento dizer isso, respeito Bauza como técnico, mas se ele seguir com essas ações pusilânimes e galinhas, vai acabar indo embora.''

''Limpe os presepeiros. Não convoque mais Di María, não convoque mais Agüero.''

A ira do apresentador foi destinada ao que ele trata como ''caprichos dos amigos de Messi'' e da falta de pulso de Bauza para romper uma linha de trabalho viciada.

Destinou críticas pesadas a Javier Mascherano – outro que também assumiria um indevido papel de técnico ao escalar e vetar nomes ou sistemas de jogo.

Fantino destroçou a ''máscara'' dos jogadores argentinos cada vez mais distantes da torcida e que só usam o tempo da Seleção para buscar mulheres e cumprir compromissos comerciais – e não para retribuir o carinho e o dinheiro dos fãs.


Os palos de Fantino começaram ontem à noite em seu programa 'Animales Sueltos', da TV América. Sua análise ocupou boa parte de hoje (12) como posto de notícia mais lida nos sites dos dois maiores jornais argentinos, o ''Clarín'' e o ''La Nación''.

A então crítica a Bauza foi também duríssima: ''Parece um empregado de Messi''.


Loco Doval morria há 25 anos: as 25 curiosidades que contam sua vida no Rio
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Tales Torraga

Carlitos Tevez e Loco Doval.

Para a Argentina, os dois argentos mais idolatrados no Brasil.

(Atrás viriam D'Alessandro, Sorín e Conca.)

Tevez está fresquito na memória. Hoje é dia de fazer o mesmo com Doval. Sua morte, imprevisível como sua vida, completa 25 anos nesta quarta-feira (12).

Revelado pelo San Lorenzo no famoso time chamado de Los Carasucias pela irreverência, Doval foi trazido ao Flamengo por Tim, seu técnico em Buenos Aires. Daí para fazer história no Rio como ''Louco Doval'' ou ''Diabo Loiro'', um pulo.

Nos 25 anos de sua morte, contamos 25 curiosidades deste incrível personagem.

1. ''Doval é para o Rio o que Pelé é para o restante do Brasil'', chegou a publicar o jornal ''Clarín'', o maior da Argentina. Em termos de idolatria, bem verdade.

2. Os primeiros dias de Doval no Rio em 1969 foram vividos no apartamento de outro argentino famoso no Brasil dos anos 70: o goleiro Andrada, do Vasco.

3. Teve problemas no Flamengo em 1970 com o autoritário técnico Yustrich que queria cortar seus cabelos e ditar suas roupas.

4. Os conflitos resultaram em sua volta à Argentina, mesmo a contragosto. Jogou em 1971 no Huracán e foi treinado pelo histórico César Luis Menotti.

5. Foi sob o comando de outro histórico – Zagallo – que retornou ao Flamengo em 1972 para fazer a inesquecível dupla com Zico.


6. Foi sondado para jogar no Racing da França. ''Que França? O Rio é muito melhor. Nem louco vou morar onde faz tanto frio''. Ipanema era o seu lugar no mundo.

7. Mudou para o Fluminense em 1975 e passou a ouvir a torcida do Flamengo o chamar de 'chincheiro' – 'maconheiro'.

8. Gozava com sua fama de maconheiro. Costuma responder 'sou mesmo, e daí?' só para encerrar o assunto. Dizia se cuidar. E usava suas atuações para comprovar.

9. Brincava que não aceitaria jogar no Vasco ''porque ficava longe da praia''.

10. Dizia que usava a praia para treinar o físico jogando vôlei, futevôlei e fazer caminhadas. Era fanático por tênis.

11. Tão ídolo, virou até música, de Marcos Valle: ''Parece que finalmente resolvemos o dilema, Dario e Doval jogando juntos sem problemas…''.

12. Poucos sabem, mas Doval se naturalizou brasileiro: há exatos 40 anos, em 1976. Dava entrevistas dizendo ''Nós, brasileiros…''.

13. No Flamengo, cavava faltas para Zico cobrar. No Fluminense, fazia o mesmo para Rivellino. Brigava, xingava, provocava. Enlouquecia a torcida.

14. Fez um dos gols mais celebrados do Maracanã (127.052 pagantes), o que deu o Carioca de 1976 ao Fluminense aos 13 minutos da prorrogação contra o Vasco.

15. Impressionante média de público daquele quadrangular final: 91.140 por jogo.

16. Não se intimidava com as patadas que levava dos zagueiros do Rio. Chegava perto deles e dizia: ''Hoje vou dar a primeira''. E metia o pontapé sem dó.

17. Chegou a ser cotado por Menotti para jogar a Copa de 1978, quando estava ainda no Fluminense, mas a pecha de indisciplinado o tirou qualquer chance.

18. A pinta de galã lhe rendeu vários convites para atuar em novelas. Dizia não ter tempo. Preferia curtir as praias de Ipanema.

19. Viajou à Espanha na Copa de 1982 para torcer – na arquibancada – pela seleção brasileira, algo hoje impensado, ainda mais para um naturalizado.

20. Era um notório mão de vaca. Tomava café e comia na rua e saía sem pagar nada: ''Ídolo não mexe no bolso'', brincava.

21. Zico conheceu Sandra, sua esposa há 41 anos, porque ela era fã de Doval e ia aos treinos do Flamengo para suspirar pelo argentino.

22. Doval era muy amigo do argentino Héctor Veira, que foi jogar no Corinthians quase como pretexto para visitar Doval no Rio de Janeiro sempre que podia.

23. Em 2001, ficou em terceiro em votação da revista 'Placar' como melhor gringo a jogar no Campeonato Brasileiro. Ficou atrás de Figueroa e Pedro Rocha.

24. Morreu aos 47 anos na saída de uma boate de Buenos Aires depois de comemorar uma vitória do Flamengo: parada cardíaca, causa da morte do pai.

25. Sua trajetória no Rio está para virar filme, este aqui.

Sua página no Wikipedia é primorosa, esta aqui. Vale também ler a matéria do site especializado 'Futebol Portenho' com os 70 anos do seu nascimento, aqui.


Opinião: Sem Messi, Argentina vira a Bolívia
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Tales Torraga

A primeira derrota argentina para o Paraguai em casa na história das Eliminatórias afundou mais ainda a seleção de Patón Bauza sem Lionel Messi.

Com Messi, ganhou do então líder Uruguai por 1×0.

Sem, sofreu para empatar com Venezuela (!) e Peru (!!) e perdeu do Paraguai (!!!).

Com Messi, tem 100% de efetividade, três vitórias em três jogos nas Eliminatórias.

Sem ele, em sete jogos, uma vitória, quatro empates e duas derrotas, aproveitamento de 33% – ali, coladinho a Bolívia ou Peru, hoje ambas com 27%.

Curioso que isso ocorra justamente pouco depois de Messi anunciar a saída da Seleção e voltar atrás. Curioso que há ainda quem defenda que o craque tem mais é de ficar longe do selecionado. Instabilidade econômica é bobagem – a grande instabilidade argentina é a psicológica, e agora a da Seleção com e sem Messi.

Pênalti perdido (ay ay ay, Agüero…), defesa do goleiro no cara a cara, gol anulado. Tudo o que poderia dar errado, deu. A fase é terrível, muchachos.

Mas é sinal também de um confuso e incompreensível time que de novo não atacou, não defendeu e não melhorou. Só somou mais minutos de um terrible futebol.

Bauza precisa se cuidar. Buenos Aires está mais cáustica que nos tempos de Martino. Diz que esta Argentina é a Argentina dos ''amigos de Messi''.

Mas sem Messi.

A Argentina saiu de campo vaiada em Córdoba. É a primeira vez em décadas – quiçá na história – que isso ocorre fora do Monumental de Núñez.

Papelão futebolístico, cravou a TV TyC Sports no encerramento da transmissão.

Nem Charly García ou Pity Álvarez em delírio vão negar.

A colocação nem é tão crítica. Segue em quinto e na repescagem, um ponto atrás de Colômbia e Equador, mas agora só um à frente de Paraguai e dois do Chile.

Mas a tabela que vem por aí é sim preocupante.

A Argentina joga contra o Brasil no Mineirão. Contra o Uruguai em Montevidéu.

E na altura ante Bolívia e Equador.

Pior que perder três finais é ficar fora de uma Copa.

Líder do ranking da Fifa e ausente do Mundial.

A Rússia está longe. Mas a Villa Freud, ali em Palermo Sensible, está pertinho.

Vámonos.


Agüero e Di María balançam na Argentina de Bauza
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Tales Torraga

Sem Messi, a Argentina derrama sua exigência em cima de Agüero e Di María. Ambos brilham na Europa e se encolhem na Seleção. Difícil de aceitar.

Há jornal que crava em Buenos Aires que ambos seguem intocáveis – apesar de pobres – porque são amigos de Messi. Foi o que saiu sábado no ''Perfil''.

Que a camaradagem se instale em uma seleção que tem um técnico canchero como Patón Bauza está mais para realismo mágico que para…realidade.

Mas outra realidade inconveniente é que seus times costumam ser equilibrados e sem o funcionamento estéril e confuso como o que apresentou contra o Peru.

Uma seleção bipolar que sem Messi não ataca e não defende.

Não ataca porque dos 9 jogos das Eliminatórias, marcou só 11 gols.

E 5 contra a pobre Bolívia. É muito pouco para a ''maior geração de atacantes do maravilhoso futebol argentino, disparada a melhor do mundo no momento''.

Não defende porque levou, já com Bauza, 4 gols – 2 cada – de Peru e Venezuela, duas das três seleções mais fracas do continente.

Tanto ataque quanto defesa estarão de novo remendados nesta noite.

Na defesa – sem Zabaleta, Otamendi e Funes Mori, suspensos – entram Mercado, Demichelis e Musacchio. Demichelis (35 anos!) sequer atuou nesta temporada.

Musacchio jamais jogou oficialmente pela Seleção.

Re complicado.

A dúvida no ataque é justamente entre Agüero ou Dybala. A eles vão se juntar os de (quase) sempre na ausência de Messi: Gaitán, Di María e Pipita Higuaín como 9.Agüero vem sendo detonado em Buenos Aires. Contou que é chamado de amargo até pelas criançasDeu suas primeiras entrevistas em anos e se complicou mais.

Está recebendo inúmeros palos por dizer que ''vão sentir nossa falta na Seleção''.

Justo vocês, os das três finais perdidas, duas com o Chile?

Para estancar as dificuldades, gols. Muchos goles. A Argentina precisa deles hoje mais que nunca nos últimos tempos. 20h30, Córdoba, ante o Paraguai de Arce.

Partidazo, eh.

Agüero e Di María, ojo. A jugar, hermanos.


Boca x Olimpia tem abandono de campo e garrafadas – e era só amistoso
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Tales Torraga

O domingo na Argentina terminou com um novo papelão no futebol.

Disputado em Jujuy, quase fronteira com o Chile, o amistoso entre o Boca Juniors e o Olimpia do Paraguai sequer acabou. Nem os amistosos se salvam. Grave.


O Olimpia jogava melhor e ganhava por 2×1 quando o juiz argentino Fernando Espinoza 'inventou' um pênalti para o Boca aos 45 minutos do segundo tempo.

O atacante Walter Bou cobrou e o goleiro Centurión, adiantado, defendeu no canto esquerdo. O juiz mandou voltar. Na segunda chance, Bou converteu.

(Sim, Walter Bou é irmão de Gustavo Bou, do Racing.)

Enfezados, os jogadores do Olimpia protestaram – e um deles, Vargas, foi expulso.

O Olimpia então simplesmente saiu de campo (vídeo aqui) sem cobrar os pênaltis previstos para o desempate que valeria o simbólico título.

Parte dos 30.000 presentes ao estádio passou a jogar de tudo em campo.

Pablo Pérez, volante do Boca, levou uma garrafada nas costas e precisou de atendimento médico antes de ser liberado sem ferimento grave.

Pobre Pérez. Famoso calentón, se machucou justamente ao pedir calma.

A bronca do Olimpia aumentou na madrugada. O presidente do clube escreveu no Twitter que ''em novembro espera em Assunção, com gosto, o Boca para novo amistoso'', chamando o presidente do Boca ''de amigo''. Pura ironia.

Tevez, gripado e com dores no joelho, sequer viajou. Centurión começou no banco. Aos 17 minutos do segundo tempo, entrou no lugar de Zuqui.


Houve doping e suborno em 78, afirma atacante argentino em documentário
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Tales Torraga

Sempre que Argentina e Peru se cruzam, Buenos Aires revira arquivos e ressalta aos mais jovens o nefasto 6×0 que classificou a Seleção à final do Mundial 78.

Foi o que ocorreu nesta semana. As conversas portenhas nos cafés e nas redes sociais mesclaram Bauza e Menotti, Higuaín e Kempes, Funes Mori e Passarella.

O presente sem Messi e o passado sem pudor.

Enquanto as fotos de Brasil x Polônia mostram a luz da tarde de Mendoza, as imagens de Rosário de Argentina x Peru escancaram, 38 anos depois, uma das noites mais negras do futebol. O jogo de bola foi um claro jogo de interesses.

Para eliminar o Brasil e avançar à final jogando em casa, a Argentina primeiro adiou seu duelo para saber que placar precisaria. Tinha de fazer quatro gols. Marcou seis.

Toda a trama foi esmiuçada pelo documentário portenho 'Verdad o Mentira' – que até censurado foi. Hoje, integra a lista oficial dos filmes para conscientizar o mundo das tragédias do terrorismo argentino praticado pelas Forças Armadas.


A fala mais aguda da produção é a de Ortiz, atacante titular da Seleção que ganhou aquela Copa. Com o inseparável cigarro, ele, que jogou também no Grêmio, cravou: ''Havia dinheiro e droga. E onde há dinheiro e droga, há doping e suborno''.

Outro ponto alto são os testemunhos do volante José Velázques.

Dos líderes da seleção do Peru, ele detalha sua saída de campo naquele jogo. Narra também a contratação do zagueiro Manzo, de muitas falhas no 6×0, para jogar no Vélez em 1979, e os papos com o próprio Ortiz sobre as manipulações.

O documentário completo está aqui. E traz, claro, versões que asseguram a legalidade do jogo. Desespero argentino + Peru já fora = 6×0 na bola, sin trampas. 

São descritas também a ida do presidente Videla ao vestiário do Peru e a doação milionária de trigo do governo argentino ao peruano, uma suspeitíssima gentileza.

O conflito entre presente e passado deste caso é tão grande quanto triste.

Na última quarta, enquanto a Argentina treinava para jogar em Lima, o ex-goleiro Fillol participava, com outros integrantes do Mundial 78, de um congresso de futebol em Buenos Aires para alertar que muitos daqueles ex-jogadores estão na miséria.

Há doping e há suborno. Copas que passam. Dores que ficam.


Opinião: A pior Argentina dos últimos tempos
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Tales Torraga

''Una mierda.''

Assim, cru, Javier Mascherano definiu à TV argentina o que foi o 2×2 com o Peru. Empate com sabor de vitória. Existem, são raros, argentinos detestam empatar.

Mas o de Lima com certeza foi um. A Argentina mereceu perder.


É preciso voltar bastante no tempo para encontrar jogo tão negativo da Seleção.

O 2×1 na Bósnia na estreia do Mundial, dizem em Buenos Aires. Mas há na capital quem estique ainda mais este recuo. Falam que desde Checho Batista, ali por 2010 ou 2011, não viam uma seleção tão confusa na transição da defesa ao ataque.

Hoy por hoy, a Argentina, líder do ranking da Fifa, não tem a classificação direta à Copa de 2018. El Flaco Menotti estava certo. A Argentina sofre demais sem Messi.

Empilhar Agüero-Di María-Higuaín funcionou mal. Dybala? Nulo. Amontoar atacantes não é ser efetivo. Sem ideias. Mascherano e Kranevitter não as tiveram. Os passes de Biglia e Fernández fizeram falta. Mas estão machucados.

Estranha também a entrada de Banega só a 20 minutos do fim.

''Temos jogadores para render melhor'', sintetizou Bauza, reconhecendo que não é nem a impaciência, mas a necessidade de somar pontos que força a Argentina – a partir de terça contra o Paraguai – a atuar quase no erro zero.

E com defesa remendada. Zabaleta, Funes Mori e Otamendi estão suspensos.

Patón não merece piedrazos, só a óbvia constatação do mau desempenho. Assumiu em meio ao grotesco caos da AFA. Dos três jogos, não contou com Messi em dois.

De positivo, o gol de Higuaín. Seu gol 32 em 64 jogos pela Seleção. Média cravada de 0,5. Impossível dizer que Pipita não rende na equipe nacional.

De curioso, o respeito de Gareca. Os dois gols do Peru podem significar a manutenção do seu emprego. E ele não comemorou nenhum. Yo, argentino.