Patadas y Gambetas

Ele deu a “água batizada” a Branco. Hoje, pede para que lhe deem a mão
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Tales Torraga

Seu nome – Miguel di Lorenzo, o Galíndez – diz pouco no Brasil.

Mas o que ele fez na tarde de 24 de junho de 1990 em Turim, sim. Diz muito.

Galíndez era o massagista da Argentina naquela Copa.

Ele nega. Mas Maradona e Basualdo, dois de seus jogadores, confirmam: foi Galíndez o encarregado de entregar a ''água batizada'' com calmantes ao lateral Branco no paranoico Brasil x Argentina válido pelas oitavas-de-final de então.

Peça-chave naquela trampa, Galíndez tinha 43 anos. Hoje está com 69. E sofrendo com pesadas incertezas com dinheiro, trabalho e, principalmente, com a saúde.

Seu último emprego foi no Argentinos Juniors, onde ficou amigo de Maradona há 40 anos. A saída do Bicho, como o time é conhecido, não foi das mais lindas: Galíndez acabou expulso ao brigar com Riquelme em pleno vestiário no fim de 2014.

Desde então, garante seu sustento trabalhando com Mancuso, o ex-volante do Palmeiras, em partidas ocasionais de showbol pelo interior da Argentina.

Galíndez vive sozinho em La Matanza, na grande Buenos Aires. É ajudado no que precisa por Oscar Ruggeri, ex-zagueiro da Seleção, amigo de longuíssima data.

Mas o que nem Ruggeri nem ninguém tem capacidade de o ajudar de verdade é na complicada situação física que vive hoje depois de décadas de entrega ao cigarro – hábito que perde força, mas que segue massivo na população argentina.

Em uma de suas crises respiratórias no ano passado, houve uma movimentação no San Lorenzo, onde trabalhou por muitos anos, para que Galíndez, muy religioso, viajasse ao Vaticano para encontrar o papa Francisco, famoso torcedor do clube.

A ''vaquinha'' não foi para frente. O assunto logo esfriou.

Assim como esfriou sua relação com o inseparável Diego Maradona.

Em entrevista de 2001 ao jornal ''Olé'', Galíndez contou que na cobrança por pênaltis entre Itália x Argentina na Copa de 1990 foi incumbido por Maradona de ficar xingando – em italiano ensinado pelo próprio Diego – o goleiro Walter Zenga de ''f…. d. p…''. Quando Maradona fez seu gol, correu para abraçar e agradecê-lo.

Era Galíndez quem tratava as muitas lesões de Diego naquele Mundial.

Conhecendo a dificuldade contemporânea do ex-massagista e seu vínculo com a família de Maradona, Galíndez foi colocado ao vivo por uma TV para conversar com Claudia, ex-esposa de Diego nos tempos em que viviam juntos. E desabou a chorar.

Outro constrangimento televisivo ocorreu em 2014.

Pouco antes da final entre Argentina x Alemanha, Galíndez estava dando entrevista quando passou mal e precisou ir ao banheiro. A apresentadora Mariana Fabbiani o pegou pela mão, o levou até o baño andando com dificuldade e pediu o intervalo.

Pegar pela mão.

É o que Galíndez, beirando os 70 anos e muito distante dos tempos de euforia, hoje precisa. O semblante deixa claro suas dificuldades hoy por hoy.

Sem Mundiais, sem grandes cenários, sem histórias polêmicas.

Só sofrimento.


Aluno na Argentina, Tite agora enfrenta escola que o inspirou
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Tales Torraga

O ano era 2014. Já campeão da Libertadores e do Mundial, Tite foi estudar.

Viajou o mundo e parou na Buenos Aires que sempre o tocou. Como um aprendiz qualquer, percorreu livrarias e treinamentos em busca de novas ideias de trabalho.


Uma dessas referências foi o Mister Libertadores Carlos Bianchi, então treinador do Boca Juniors, de quem é fã declarado e com quem mantém amizade até hoje.

E até hoje, 27 meses depois, é para rir com a outra equipe que quis ver de perto: o San Lorenzo de Patón Bauza, time que então ganhava a primeira Libertadores.

Enquanto o clube erguia a Copa para a loucura da vida de 50.000 fanáticos no Nuevo Gasómetro, Tite, caderno em mão, espremido, anotava tudo o que podia.


Certamente não anotou que dali a pouco mais de dois anos enfrentaria o mesmo Bauza em um clássico Brasil x Argentina válido por los porotos.

('Pelos feijões', como os argentinos definem um jogo oficial que vale pontos).

A formação esportiva de Tite teve grande influência argentina.

Primeiro, pela proximidade geográfica e cultural do seu Rio Grande do Sul natal com o país vizinho. Segundo, pela linha do tempo. Tite foi jogador profissional de 1978 a 1989, justamente o auge do futebol argentino com os títulos das Copas do Mundo de 1978 e 1986 – e o vice sairia um ano depois, em 1990, no Mundial da Itália.

Tite foi contemporâneo e bebeu das melhores fontes de pensamento do futebol argentino, o menottismo e o bilardismo – pelas obras de César Luis Menotti, técnico da Argentina em 1978 e 1982, e Carlos Salvador Bilardo, em 1986 e 1990.

Tite x Bauza – ou melhor, Menotti x Bilardo

Revirar o arquivo de entrevistas de Tite é encontrar elogios à Argentina e a Menotti.

Em 2011, o hoje treinador do Brasil se declarou um menottista, um defensor de um futebol mais equilibrado no qual o resultado é consequência, não razão principal.

E nesta semana vai enfrentar o bilardista Bauza que faz o que for para ganhar.

(Inclusive sujar o jogo e amarrar o time na defesa e em frente ao travessão, é o que se diz em Buenos Aires com o típico e sempre muito incômodo exagero portenho.)

Vencer os vizinhos é algo corriqueiro a Tite em sua vida de treinador de clubes.

Dos três títulos sul-americanos no currículo, dois foram levantados em cima de pesadíssimos times argentinos: o Estudiantes de La Plata (Sul-Americana 2008, pelo Inter) e o Boca Juniors (Libertadores 2012, com o invicto Corinthians).

Curioso: sua relação com atletas do país não fluiu. Jamais teve empatia com Tevez, D'Alessandro ou Burrito Martínez, para ficar só em três de seus comandados.

(Teria sido Guiñazú, volante do Inter, o melhor argentino de Tite? Para mim sim.)

Por fim, a ligação de Tite com Buenos Aires é bem mais profunda que o futebol.

Católico fervoroso, ele obrigatoriamente passa pela igreja Nossa Senhora do Pilar, no bairro da Recoleta, como conta sua biografia, escrita por Camila Mattoso, aqui.


A Argentina que lhe traz paz e conhecimento será também a que vai lhe trazer talvez a maior emoção da sua vida no esporte no superclássico de quinta no Mineirão.

Admirável recorrido, o desse muchacho Tite. Uno de los nuestros. Seguro.


Magoado e sem dormir, Bauza sofre (e preocupa) na chegada ao Brasil
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Tales Torraga

Edgardo Bauza é um homem magoado, estressado e que coleciona madrugadas sem dormir direito. O blog apurou que a rotina do pressionado técnico argentino mudou drasticamente nos últimos dias – e para pior.

Bauza sabe que bons resultados contra Brasil (nesta quinta) e Colômbia (próxima terça) são cruciais para manter o emprego que definia como 'sonho de vida'.

Patón assumiu a Argentina há apenas quatro jogos, mas desde sua chegada há numerosos dirigentes, jornalistas e torcedores muy contrários ao seu trabalho.

Desequilibrada, parte da imprensa argentina, especialmente a portenha, o trata como ''cagão'', ''galinha'' e ''empregado de Messi'', entre outras grosserias.

A recente (e forte) mágoa vem daí.

A perturbação já alarmou sua comissão técnica, que sempre o viu como um profissional sereno e de fácil trato especialmente nos momentos cruciais.

Sempre metódico, Patón reconhece que sua vida mudou muito desde que assumiu a Seleção. Há cada vez menos tempo livre para a família e para o descanso.

Diz que analisa partidas sem parar e que as exigências estão impedindo seu relaxamento em uma Seleção à beira do caos esportivo, político e emocional.

Bauza e parte dos jogadores da Seleção chegam a Belo Horizonte nesta segunda (7). No caso de Patón, com um reforço: os constantes contatos com a filha Emiliana, de 34 anos, instrutora de yoga e especialista em práticas de bem-estar.

Emiliana Bauza, filha do técnico da Argentina

Patón quer evitar o sofrimento dos antecessores Alejandro Sabella e Tata Martino.

Sabella penou tanto na Copa de 2014 que sua saúde jamais foi a mesma. Não voltou a trabalhar desde então e esteve internado mais de uma vez sem a família revelar o motivo – a imprensa argentina publicou que era problema cardíaco.

Martino revelou profundo desgaste físico, emocional e crises de choro ao perder a Copa América para o Chile em junho: ''Me dói até hoje só de lembrar'', repete.

Bauza tem 58 anos. Está no meio do caminho entre Martino (53) e Sabella (62).

Nem veteraníssimos consagrados e com todo o respaldo ao dispor souberam lidar com este moedor de carne e nervos chamado seleção argentina.

Que mal y locos estamos los argentinos, che.


“O Brasil em 82 só ganhou por ter muita sorte”, dispara Menotti
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Tales Torraga

No aniversário de 78 anos de César Luis Menotti, técnico da Argentina campeã da Copa do Mundo de 1978, leia a segunda parte de sua entrevista em Buenos Aires.

(A primeira parte está aqui.)

BRASIL 3×1 ARGENTINA EM 1982. ''O Brasil tinha um equipazo. Júnior, Zico, Sócrates, Falcão. Tinha jogadores, tinha ideias e tinha um ótimo técnico, o Telê.''

''Fui muito amigo do Telê. Um tipo impressionante. Mas se você lembrar do nosso jogo, vai ver que o Brasil deu muita sorte e a gente deu muito azar. Só isso.''

''Dizem que a Argentina deu sorte na decisão de 78 [bola na trave chutada por Rensenbrink no fim], mas e aquela bomba do Éder na trave e na linha? O Fillol, que nos salvou em 78, demorou para reagir. Ele pensou que a bola tinha entrado. Quando percebeu que não, vieram os brasileiros e empurraram a bola para o gol.''

''O goleiro do Brasil fez o melhor jogo da Copa justo contra a Argentina. Não merecíamos perder, jogamos de igual para igual, nossos reservas entraram bem…''

''E o juiz não deu um pênalti claríssimo em cima do Maradona.''

[O Brasil x Argentina de 82 foi a despedida de Menotti da Seleção]

''A gente já estava muito mal com o árbitro. Contra a Itália [2×1 Itália], mataram o Maradona a patadas. Mataram! Foi uma vergonha. Não nos deram dois pênaltis, inventaram impedimento…Nunca sofri tanto como nesta derrota para a Itália.''

''Você não tem ideia da minha impotência e indignação. Estava re caliente.''

ARGENTINA 0x0 BRASIL EM 1978. ''Fiquei muito bravo porque caímos na armadilha do Brasil. O Brasil era um time que 'pegava' demais, não tinha nada a ver com o Brasil dos anos anteriores. Passei a semana toda falando para a Argentina não entrar neste estilo de jogo, que o Brasil nos buscaria todo o tempo.''

''Foi uma batalha f….., tanto que até hoje é chamada de 'Batalha de Rosário'.''

''Cada patada, cada pancada, tinha um volante [Chicão] que pisava nos nossos…''

''Fiquei tão bravo que precisei desaparecer até o dia seguinte. Tomei uns mates, escutei uns passarinhos e comecei aquela Copa do zero. Deu muito certo.''

CORTE DE MARADONA EM 1978. ''Foi muito difícil, mas não me arrependo. Fomos campeões. Eu me arrependeria se saísse na primeira fase.''

''Era uma Copa complicada. Precisei de adultos. O Maradona tinha só 17 anos.''

''Falar que troquei Maradona por Alonso pela vontade dos militares é um absurdo.''

POR QUE OS CAMPEÕES DE 78 NÃO SÃO QUERIDOS? ''É muito feio. Muito feio. Foi o evento esportivo mais importante da Argentina. Torturavam gente na Argentina desde que eu era pequeno. Vilas ganhou na ditadura, Monzón ganhou na ditadura…Nada se compara com a Copa. O povo estava em toque de recolher e colocou 20 milhões nas ruas. Isso ninguém vai nos tirar. Já vivemos.''

''Falam do jogo contra o Peru: jogamos vários amistosos contra o Peru antes da Copa e bailamos em todos eles, tanto na Bombonera como em Lima.''

''A final foi uma batalha tremenda, havia sangue por todo o lado. Você entrava no vestiário e via todo mundo arrebentado, quieto, chorando. A sociedade fez muito dano, e não só a mim. São uns infames. Os jogadores não são reconhecidos. Depois da Copa, atuaram no exterior e foram aclamados como os melhores lá.''

Com a Copa do Mundo (e sem largar o cigarro…) FOTO: EL GRÁFICO


“Pelé foi muito melhor que Maradona”, diz técnico campeão mundial em 78
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Tales Torraga

Hoje (5) é um sábado especial para o argentino César Luis Menotti. Técnico campeão da Copa do Mundo de 1978, ele está completando exatos 78 anos.

Sua atualidade é a mais tranquila possível.


Caminha duas horas por dia, joga basquete com o neto, comenta futebol para jornais e agências e é personagem fácil de encontrar nas livrarias e cafés ao redor do Obelisco. É no microcentro de Buenos Aires que Menotti tem, há décadas, um apartamento-escritório para analisar a vida, a política, o boxe e, claro, o futebol.

(Notório fumante, largou o cigarro há três anos – pensem!)

Menotti faz jus à fama de filósofo e revolucionário. Sua linha de pensamento foi batizada na Argentina de 'menottismo'. Seus seguidores são os 'menottistas'.

O blog compartilhou um papo com o eternamente magro El Flaco Menotti. Trechos:

PELÉ x MARADONA. ''O Pelé foi muito melhor que qualquer outro, não só o Maradona. O Maradona era mais vistoso por ser canhoto, e os canhotos, como estão em menor número, dão a sensação de fazer coisas diferentes.''

''O Pelé era inacreditável, tinha movimentos que só ele conseguia. Parecia um puma, uma pantera. Dava cada salto! Parecia que jogava com um paraquedas.''

''Lembro dele na final da Libertadores de 1963 na Bombonera. Queriam quebrá-lo, e ele fazia de tudo. Driblava, chutava, bancava as patadas…Inigualável.''

[Atacante, jogou com Pelé no Santos. Já treinador, levou Maradona à Seleção]

''Jogar com o Pelé me marcou muito, me ensinou demais para ser treinador. Jogar é forma de dizer. Fiz só um jogo. Aquele time do Santos era muito bom, era capaz de ser campeão até se escalasse só os reservas [ganhou o Paulista de 1969].''

''Quem diz que Pelé só brilhou porque jogava com craques precisa lembrar: quanto mais príncipes, mais difícil ser rei. Pelé foi o maior numa época de Rivellino, Ademir da Guia, Tostão, Gérson, Jairzinho…Precisa dizer mais?''

''O Brasil de 1970 foi, de longe, o melhor time que vi.''

BRASIL. ''A derrota do Telê em 1982 e 1986 foi péssima. Ela abriu espaço a outras pessoas e outras ideias, então houve uma mudança bruta de mentalidade e de forma de jogar. Por isso o Brasil vinha jogando mal desde os anos 90.''

''O time do Dunga era a representação do 'sacrifício não se negocia'. Vocês, brasileiros, me digam: que sacrifício fazia o Romário?''

ARGENTINA. ''O futebol na Argentina está à beira da morte. Só uma revolução cultural pode salvá-lo. As pessoas que comandam os negócios não têm a cabeça na cultura, só no dinheiro. Só importa o negócio.''

''O futebol não são os milionários, não é Messi, Di María e Agüero.''

''O futebol é a expressão dos que se juntam na esquina, no bairro. A seleção argentina hoje é apenas uma a mais na tabela. Um time de futebol é como uma orquestra, um grupo musical. Precisa de ensaio. E como a seleção argentina treina? Faz dois treinos, joga, e se reúne três meses depois. Complicado demais.''


TITE. ''É muito claro que o Brasil agora joga sem as amarras que tinha com o Dunga. O Tite parece um técnico muito atualizado. O Corinthians dele que ganhou a Libertadores em 2012 era um bom time. Não era o Corinthians do Rivellino, não sobrava talento, mas era um time aplicado e combativo. Se sem talento ele armou um bom time, é de se esperar uma seleção com equipes ainda melhores.''

NEYMAR. ''Está mais sóbrio e mais produtivo. Tem um talento incrível e potencial para ser um desses nomes históricos que o Brasil carrega. Conviver com Messi, Suárez e todo o Barcelona está ajudando a amadurecê-lo. Ainda precisa se soltar mais, rende bem mesmo só pela faixa esquerda, mas já faz uns gols incríveis.''

BAUZA. ''Eu o conheci como jogador. Como técnico, conversamos bastante sobre os juvenis porque nós dois já trabalhamos com as bases. Não concordei com as críticas ao Barcelona por não cuidar de Messi. Ele já tem 30 anos. Messi não é criança, não precisa de campanha para cuidá-lo. A Seleção hoje é uma secretaria. Chamam, vêm, jogam, vão. A falta de treino não deixa ninguém trabalhar direito.''

(abaixo, Bauza e Menotti correm em treino da Seleção em 1982)

BRASIL x ARGENTINA. ''O Brasil joga em casa e está melhor na tabela, então tem mais chances. Com um empate, a Argentina ficaria feliz. O Brasil eu já não sei. A Argentina tem o Messi, mas há muito tempo não tem uma ideia clara de jogo.''

''É um peso para essa geração sustentar a história de Brasil e Argentina. Hoje, se a gente tirar as camisas dos times, talvez nem perceba que é Brasil x Argentina. É muito físico e muita luta em detrimento da tradição.''

Amanhã (domingo, 6), a segunda parte, com fortes revelações de Menotti sobre as Copas de 1978 e 1982 e seus confrontos contra o Brasil nesses Mundiais. Hasta!


Nova decisão, novo apagão: Tevez deve antecipar aposentadoria com Boca fora
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Tales Torraga

O Rosario Central eliminou o Boca Juniors da Copa Argentina no ''jogo do ano''.

Disputada em Córdoba, a partida única válida pelas quartas-de-final da competição terminou com contundente vitória canalla por 2×1 na noite desta quarta.

Tevez, otra vez, foi um rascunho do que esperavam.


Foi o Tevez que…jogou contra o Del Valle pela Libertadores.

Blasé e em sintonia muy diferente da decisão.

Quase todos em Buenos Aires esperam que ele anuncie sua aposentadoria nas próximas semanas.

Ou até mesmo nos próximos dias.

Sua pouca entrega numa partida de tanto brio foi emblemática.

O Central queria carimbar a faixa do Boca e conseguiu. No ano passado, ambos fizeram a final da mesma Copa – com o Boca campeão graças à arbitragem.

Agora não houve ajuda da arbitragem e nem dos jogadores.

Centurión só brigou. Não fez nada de bom. Impotência pura. Pobre.

Só lembraram que Tevez estava em campo quando ele cobrou uma falta no travessão. Já se passava metade do segundo tempo, já estava 2×0 Central.

Chegou a hora de partir.

Carlitos, 32 anos e milhões de dólares e patadas, perdeu as ganas de jogar.

As duas decisões deste ano não precisam de legenda.

O Boca em 2017 sequer decisão vai ter. Nem Libertadores, nem Sul-Americana.

Se acabó. Nada es para siempre. Ya está. Gracias totales, Carlitos.

ATUALIZADO ÀS 11h18:

A eliminação bateu forte no orgulho bostero e no descontrole dos portenhos.

Dois exemplos:

1) A narração mais boca suja da história, a de Daniel Mollo no AM 770 xingando jogadores (v.. t…. n. c.) em pleno ar e em plena fúria. Loucura pura.

2) O duro editorial de Alejandro Fantino na América TV contra os jogadores.

Para ele, ''Centurión tem mais noites que a lua e seu único poder é convencer os amigos para as baladas''. Fuerte, eh.

Voltamos aos tempos do Bocabaret, muchachos.


Imprensa argentina elogia a Chapecoense: “Humilde e surpreendente”
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Tales Torraga

San Lorenzo e Chapecoense se cruzam nesta quarta na semifinal de ida da Copa Sul-Americana às 21h45 (de Brasília), no Estádio Nuevo Gasómetro.

Novidade no cenário sul-americano, a Chapecoense é tratada com respeito e alguns elogios na imprensa argentina. ''É uma humilde equipe do Sul do país, mas está na semifinal por méritos. Conta com um bom goleiro, Danilo, e com os experientes Cleber Santana e Bruno Rangel (abaixo)'', destaca o jornal ''Olé''.

''Chegam a Buenos Aires com surpresa e ilusões tão grandes quanto o respeito pelo San Lorenzo, um dos maiores do futebol argentino'', segue o diário.

Os demais veículos impressos nesta quarta não destacam o confronto do San Lorenzo. As atenções na Argentina estão voltadas para o picante Boca x Rosario Central válido pelas quartas-de-final da Copa Argentina. É a reedição da final do ano passado, quando o Boca venceu o Central na decisão com erros do juiz.

Outro espaço que ganha hoje a Chapecoense é pelo seu apelido de ''Furacão'' – Huracán, em espanhol, nome do grande adversário de bairro do San Lorenzo, e ambos se encontram no clássico pelo Campeonato Argentino logo neste domingo.
Quem abordou a Chapecoense foi a Fox Sports, emissora que vai transmitir o jogo na Argentina. ''Empatou com facilidade com o Corinthians em São Paulo. É um time que sabe se defender na casa do adversário e pode até levar favoritismo por decidir em seus domínios. Venceu Independiente e vendeu caro no ano passado sua classificação ao River. Tem 50% de chances, o futebol sul-americano está muito parelho, vide o que ocorreu na Libertadores com Boca x Del Valle'', sintetizou o ex-técnico e hoje comentarista Cai Aimar no programa 90 Minutos de Fútbol, a principal atração de debates da emissora em Buenos Aires.


“Viramos amigos”, diz zagueiro argentino que levou mordida de Emerson Sheik
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Tales Torraga

O lance que poderia desatar uma batalha campal, quem diria, deu origem a uma amizade entre o atacante Emerson Sheik e o zagueiro argentino Matías Caruzzo.

Final da Libertadores 2012, Corinthians x Boca, ambos viviam disputa desigual.

Ex-Boca: hoje no San Lorenzo, Caruzzo brinca com a mordida de Emerson Sheik

Sheik havia feito os dois gols do título corintiano. Ele e Caruzzo trocavam ofensas, ironias, patadas e cusparadas desde o minuto zero na Bombonera.

No Pacaembu, fim de jogo, 2×0 Corinthians fora o baile, Caruzzo lhe colocou a mão na boca – e Sheik revidou com uma violenta mordida.

Ficou por isso mesmo.

Nem Caruzzo nem qualquer outro jogador do Boca acertou as contas com Emerson. O blog ouviu Caruzzo sobre aquele 4 de julho: ''É claro que eu queria matar o Emerson'', disse, tranquilo e com leve ironia. ''Mas não fazia sentido reagir. Eu iria me arrepender para sempre. Poderia sair um gol, o Boca buscar empate, e eu ser expulso e deixar o time com dez. Precisava me controlar e não dar vantagens.''

''O futebol é jogado com o pé e com a mente. O Emerson foi muy bien.''

''Ele me mordeu forte feito um cachorro'',  ri, todo buena onda. ''A marca da mordida ficou. Normal, não sou criança para ficar chorando, o futebol argentino é raspado, isso aqui não é nada. Quando terminou o jogo, o Emerson olhava para o Erviti e fazia sinal para conversar e pedir desculpas. Eu aceitei, claro, lhe dei os parabéns, eles ganharam bem, assim é o futebol, foi um bom gesto dele. Estava na sua noite de glória, ele poderia ter outra atitude menos simpática'', seguiu Caruzzo.

Caruzzo e Emerson voltaram a se encontrar no ano seguinte, em um novo Boca x Corinthians, desta vez válido pelas oitavas-de-final da Libertadores de 2013.

''Conversamos tranquilo, desta vez ele não me cuspiu'', falou Sheik na ocasião. ''Combinamos de tentar passar uma boa imagem a quem estava vendo a partida. Vingança pelo placar? Nada a ver, cada jogo é um'', recordou Caruzzo.

Ele e Sheik mantiveram o tom amistoso na Libertadores do ano passado, quando Corinthians e San Lorenzo se enfrentaram na fase de grupos em São Paulo.

''O Caruzzo me tratou bem, conversamos na saída de campo e na entrada do túnel, lembramos das coisas de 2012 e falamos do respeito que cada um tem pelo outro. Ele me surpreendeu pelo carinho'', disse Sheik.

Em vez de agressões, ambos trocaram afagos. Emerson postou esta foto em seu Instagram destacando a nova fase com Caruzzo e pedindo tolerância.

Caruzzo concorda: ''Se a gente olhar a dificuldade do futebol, e ver como é complicado chegar a uma final de Libertadores, logo vai perceber que tem muito mais para agradecer que para lamentar. Hoje, posso dizer que tenho o Emerson como um amigo, ele não é um estranho no mundo para mim. A vida vai muito além das patadas, das mordidas ou dos campeonatos. Eu e o Emerson vivemos juntos uma experiência muito forte, importante considerar sempre isso'', concluiu Matías.

Titular do San Lorenzo que enfrenta a Chapecoense nesta quarta pela Copa Sul-Americana, Caruzzo confia em uma convocação para a seleção argentina:

''Sei que o Bauza está me observando e trabalho muito para isso''.


Técnico do Estudiantes muda socos por lucidez para liderar bem o Argentino
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Tales Torraga

O Campeonato Argentino tem um (brilhante) líder isolado depois de oito rodadas.

O Estudiantes, com 22 pontos e quatro de vantagem para o segundo.

E quem comanda o Estudiantes é um homem que primeiro precisou aprender a comandar sua própria vida: o ex-zagueiro Nelson Vivas, hoje com 47 anos.

Atleta de bons recursos, possuía uma dificuldade que está no DNA da maioria dos argentinos: um temperamento que o levava a situações de extrema agressividade.

Mesmo assim, defendeu Boca, River, Arsenal e Inter de Milão e foi titular da Argentina de Passarella que disputou a Copa do Mundo de 1998.

Vivas é muito lembrado na Argentina até hoje por um soco que não deu.

Em raro momento de lucidez, recolheu a mão antes de acertar um golpe na cara de Rivaldo em pleno Argentina x Brasil em 2001, pelas Eliminatórias, em Núñez.

(Impossível convencer um portenho de que este soco não existiu e é pura lenda.) 

Outra triste lembrança da sua fúria já vem do período como técnico.

Vivas, ao terminar um jogo, entrou na plateia e bateu (muito) no torcedor que o xingou durante a partida. Foi assim que deixou o Quilmes há três anos.

Percebeu que precisaria aprender a controlar os nervos. Conseguiu. Hoje é um homem apto às pressões do cargo, embora ainda apresente dificuldades.

Semana passada, ao comentar as críticas hoje recebidas pelos jogadores da seleção argentina, Vivas simplesmente chorou em plena entrevista coletiva.

Diz que sofreu demais com os xingamentos quando jogava – razão que contribuía para sua violência e que o levou aos psicólogos pelas primeiras vezes.

Os terapeutas diagnosticaram seus diversos TOCs (Transtornos Obsessivos Compulsivos), e Vivas aprendeu a lidar com cada um: ''Minha mãe era assim''.

Largou a terapia. Quando precisa ouvir alguém, recorre ao amigo e seu ex-treinador Marcelo Loco Bielsa, importante em sua vida há décadas. Un Loco lindo.

E como Vivas conseguiu?

Percebeu que suas reações tão prejudicais a si estavam ligadas somente aos pensamentos. E que esses pensamentos poderiam ser controlados e moldados.

''Há uma crise de percepção absoluta, e não só no futebol. Estamos trabalhando para ter um carro melhor ou uma casa maior, sempre correndo atrás do mundo consumista e cansado com tudo o que precisamos fazer no dia-a-dia'', explica.

''Nunca aproveitamos o agora. Passei grande parte da minha vida assim e consegui mudá-la. Hoje trato de viver de outra forma e sinto que não preciso fazer que o resto das pessoas pense como eu. Isso me libera de quase todas as tensões.''

Vivas encerra o papo com uma frase que evidencia sua dedicação à terapia:

''O ego é o grande mal com o qual convivemos''.


Maradona e seu problemático aniversário: testes de DNA e brigas com a ex
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Tales Torraga

Diego Armando Maradona comemora seus 56 anos neste domingo (30) em Dubai, onde vive. A data está longe de produzir a comoção que já gerou na Argentina.

Maradona há muito deixou de ser deus no país e sofre com temas muy terrenos.

Uma dessas dificuldades são os testes de paternidade que lhe foram pedidos nos últimos meses. Maradona reconheceu em agosto seu quinto filho, Diego Jr., 30.

Diego Jr. e Jana, 20, são os dois filhos tardiamente assumidos por ele.

Com os dois, esta foi a foto que Maradona postou no sábado em Dubai.

A prole maradoniana tem também Dalma (29), Giannina (27) e Diego Fernando (3).

O clã pode ser ampliado com um garoto de 15 anos que vive em La Plata, na província de Buenos Aires. Sua mãe morreu em 2005. Ele fez o teste de DNA e o resultado está para ser divulgado. Mais que óbvio: o caso é tema frequente na TV.

Outro teste de DNA para um suposto filho de 8 anos de Maradona deu negativo.

O segundo (e incômodo) assunto que faz Diego ser constante notícia negativa na Argentina é a pesadíssima briga que trava com a ex-mulher, Claudia Villafañe.

Maradona fez tristes declarações contra ela, a chamando de ''ladrona'' e dizendo que Claudia lhe roubou 80 milhões de pesos, algo em torno de R$ 17 milhões.

Claudia tem a preferência das filhas em comum, Dalma e Giannina, cada vez mais distantes de Diego. Ambas estão sempre na TV criticando o pai e defendendo a mãe com termos agressivos. Maradona e Villafañe ficaram juntos de 1984 a 2004.

A resposta da ex de Maradona foi moderada. Claudia apenas disse que não faria críticas ao antigo marido e que deixaria seu advogado trabalhar de forma discreta.

Apesar das brigas, parte da Argentina, especialmente a que quer Maradona somente pelas proezas, certamente falará bastante (e bem) dele neste domingo.

E com uma trilha sonora especial: ''¿Qué Es Dios?'', das Pastillas del Abuelo, hino maradoniano e roqueiro que será ouvido certamente a pleno volume neste domingo.

Escuchá!

Gran amante por doquier
Danza El Diez con su mujer
Caricias, besos y abrazos
El Diez haciendo el amor
Y el orgasmo fue un golazo