Patadas y Gambetas

Sampaoli deve assumir a Argentina justamente contra o Brasil
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Tales Torraga

Despistar. Esta é a prioridade da nova AFA. Ao se escutar as primeiras declarações oficiais, parece até que o ''efeito Bauza'' contagiou os dirigentes. Todos vivem em um mundo paralelo e negando a realidade que põe a Argentina em crise e seriamente ameaçada de nem se classificar para a Copa do Mundo de 2018.

Embora exista o ''mundo AFA'', há também o mundo real de negociatas e bastidores, como bem diz o jornal ''Olé'' desta terça-feira. Os próximos movimentos da Argentina já estão claros e fartamente noticiados pela imprensa portenha. Ainda nesta semana, Patón Bauza vai receber o cartão vermelho do seu amigo Marcelo Tinelli, encarregado especialmente em lhe dar a notícia. Nessa conversa, Bauza vai ouvir que a Argentina terá um novo técnico já no amistoso contra o Brasil, em 9 de junho, em Melbourne – e aí vem o curioso movimento seguinte da AFA.

O presidente recém-assumido Chiqui Tapia já tem viagem agendada para a Europa na semana que vem para fazer uma reunião com Messi e Mascherano, um sinal mais que claro da ascendência da dupla sobre a Associação. Na sequência, Tapia aproveitará o deslocamento para falar com Sampaoli, que, ao que tudo indica, vai começar seu ciclo justamente contra o Brasil que vem destroçando os adversários.


Nesta terça, surgiu também a informação de que Sampaoli está na mira da seleção da Holanda, algo que a nova AFA não levou em consideração. El Pelado Sampa, mais que dar um aval, tem negociado sua chegada à Argentina há meses – e agora, prestes a concretizar o movimento, jamais tomaria um caminho diferente daquele que escolheu trilhar ao lado dos amigos Messi e Mascherano.


“O pai de Messi deveria ser o próximo técnico da Argentina”, diz treinador
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Tales Torraga

Buenos Aires amanheceu na expectativa da demissão de Edgardo Bauza do comando da seleção argentina – algo dado como tão certo que os jornais portenhos e o blog vêm noticiando esta saída desde a derrota para a Bolívia em La Paz.

E se é um fato que o nome do novo técnico da Argentina vai ser o de Jorge Sampaoli, os bastidores que levam a esta mudança aos poucos vão sendo revelados. A Argentina é péssima para guardar segredos ou manter discrição sobre qualquer assunto. Para controlar a ironia também.

E quem abusou dela na noite deste domingo foi o técnico Caruso Lombardi, hoje um dos principais comentaristas de TV e rádio da Argentina. Ele disparou:

''Daqui a pouco o pai do Messi assume a seleção e põe um uniforme de treinador. Todos negociam entre si na zona de Rosário e Casilda'', falou, se referindo ao que considera um conchavo Messi-Mascherano-Sampaoli para o cargo de Bauza.

Semana passada, Caruso afirmou que Sampaoli ''já deveria estar dormindo na mesma cama de um jogador da Argentina'', fazendo alusão à amizade e aos telefonemas que o hoje treinador do Sevilla troca com Mascherano.

Caruso defendeu ainda o preparador físico Carlos Dibos em sua discussão com Mascherano na semana passada. Dibos falou que o volante da seleção controla até as escalações da seleção, e que é por isso que Diego Simeone não quer saber da seleção, algo reforçado por Lombardi na noite deste domingo.

O treinador/comentarista foi duro também ao analisar o que vai ser o ciclo Sampaoli: ''Ele não pode dirigir porque negociou por trás. Ele não conhece o futebol argentino. Que equipe ele comandou aqui? Se ele vem, em seis meses vão lembrar do que eu falei. De dez argentinos, nove não sabem quem é Sampaoli''.

E encerrou dando sua opinião sobre o que circula na imprensa de Buenos Aires, de que a primeira atitude de Sampaoli vai ser convocar Icardi: ''Ele não vai ligar para o Icardi nem no aniversário!'', concluiu Caruso, insistindo que a rejeição dos capitães da seleção ao jogador da Inter de Milão vai persistir seja quem for o treinador.


Por que Simeone não quer saber da Argentina?
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Tales Torraga

Diego Simeone foi consultado nesta semana pela AFA pela terceira vez para assumir a seleção argentina. A primeira foi para substituir Alejandro Sabella, depois do Mundial de 2014. O escolhido foi Tata Martino. Tata assumiu, caiu e Simeone foi sondado outra vez – e de novo disse não. Veio e saiu Patón Bauza, e Simeone novamente não quer saber de assumir a Argentina cada vez mais em crise.


Chamado na Argentina de ''El Cholo'', o mestiço, Simeone sempre foi diplomático em suas declarações. Disse que precisava de mais experiência antes de assumir a seleção – que ela, afinal, seria o grande trabalho da sua vida. Estabeleceu inclusive um prazo para adquirir esta bagagem e se jogar na missão: ele está disposto a ser o treinador da Argentina no próximo ciclo, o que levaria à Copa de 2022, no Catar.

Mas ontem, ao canal de TV TyC Sports, seu cunhado deslizou a verdadeira razão que afasta Simeone da seleção. E a bomba detonada já explodiu com força:

''A seleção argentina hoje é um clube de amigos'', disse Carlos Dibos, que foi preparador físico da seleção de 2006 a 2008 e hoje é casado com Natalia Simeone, irmã de Diego. ''Foi por isso que precisamos sair de lá. Mascherano entrega uma relação com seu clube de amigos, e o treinador que a siga.''

O cunhado de Simeone deu causa, nome e sobrenome àquilo que toda a Argentina sempre suspeitou e jamais teve alguém que falasse de forma tão cristalina: El Cholo não quer saber da seleção para não precisar lidar com um intrincado jogo de poder que deixa claro todos os prejuízos com a própria situação da Argentina nessas Eliminatórias. E mais: também nas campanhas anteriores que terminaram sempre em derrota. Faz 24 anos que a Argentina não é campeã de nada entre os adultos.

''Não me parece ruim que um jogador tenha um diálogo com o técnico para falar quem prefere, mas esse jogador precisa ter personalidade e colocar o time no ombro. Esse era o Maradona.''

Dibos atirou também contra Messi: ''Hoje, Neymar é melhor. Messi não sente a camisa argentina. Maradona sim sentia. Não quer dizer que Messi não é bom, sim, ele é muito bom, está entre os três melhores do mundo, mas não é o melhor''.

O cunhado de Simeone e ex-preparador físico foi mais um a criticar o processo que está levando Jorge Sampaoli ao cargo de Patón Bauza: ''Não concordo com sua forma de agir, em oferecer-se diretamente. Isso acontece sozinho, por capacidade''.

Mascherano se pronunciou sobre as declarações de Dibos. Escreveu que tem a consciência tranquila e que jamais agiu como diz o preparador físico. ''Lamento que o futebol argentino conte com gente deste nível de qualidade humana'', devolveu.


O que Messi e Mascherano têm a ver com a escolha de Sampaoli na Argentina
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Tales Torraga

Patón Bauza já caiu. Só falta o anúncio. A expectativa da sua demissão em Buenos Aires é tamanha que o ''Olé'' amanheceu nesta quinta-feira com ''Patón Tchauza'' como manchete em seu site. Não há o que respalde o ex-técnico do São Paulo, e a frase de Chiqui Tapia, novo presidente da AFA, de que ''é preciso apoiar Bauza'', é uma mera formalidade. Sua seleção está terrível em campo, e suas frases desencaixadas fora dele só demonstram que a Argentina não está em boas mãos.

Pois bem. As novas mãos da Argentina serão as de Jorge Sampaoli, como toda a imprensa portenha e nós informamos ontem. ''Ele assume correndo'', crava hoje o ''Olé''. E a busca da nova AFA pelo técnico do Sevilla tem uma dupla função. Além de contratar um treinador realmente da elite mundial, El Pelado Sampa, o careca Sampaoli, como é chamado na Argentina, é bastante próximo a Messi e Mascherano, os dois líderes da seleção que precisam ser conquistados pela associação recém-assumida. Jaque mate. Ya está¿Pero qué querés que te diga?


A relação Sampaoli-Messi é marcada inclusive pela proximidade geográfica, e aqueles que conhecem os argentinos sabem perfeitamente o quão bairristas são. As cidades onde nasceram têm distância de somente 51 quilômetros, e a admiração é mútua. ''Acompanhar o dia-a-dia de Messi seria meu sonho'', chegou a dizer Sampaoli. Sua designação como maneira de satisfazer o craque do Barcelona é quase um lugar-comum na seleção – basta lembrar da escolha por Tata Martino, que além da Argentina treinou o Barcelona, algo que nem em Rosário entenderam.

A entrada de Bauza foi azarada até nisso. Quando chegou, Messi estava afastado.

Sampaoli tem portas escancaradas também com Javier Mascherano, o segundo líder da Argentina. O técnico é torcedor fanático e confesso do River, e ele e Mascherano de entrada desenvolveram uma conexão a respeito – Javier, inclusive, não nega que seu sonho é seguir a carreira de técnico e um dia dirigir o Millonario.


Barcelona e Sevilla se enfrentam na próxima quarta no Camp Nou. É provável que o novo encontro de Mascherano, Messi e Sampaoli já se dê sem a presença de Bauza no comando da Argentina, embora a recém-empossada AFA pretenda anunciar El Pelado apenas em maio. A eventual negociação de Jorge com a associação enquanto Patón está empregado faz com que a opinião pública portenha questione, ou melhor, detone a ética de Sampaoli, como detonam absolutamente tudo no país.

De Bauza, apenas uma última constatação antes de fechar definitivamente seu ciclo: que ele tenha usado bravatas e discursos megalomaníacos para se fazer respeitar por dois jogadores de notória boca fechada como Messi e Mascherano é um daqueles mistérios só possíveis mesmo nesta re loca Argentina.


Argentina encaminha acerto com Sampaoli: anúncio deve ser feito em maio
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Tales Torraga

Depois do vexame em La Paz, a permanência de Edgardo Bauza na Argentina é inviável e praticamente impossível. E com a entrada da nova presidência da AFA, nesta quarta, uma mudança já está em curso: a chegada de Jorge Sampaoli. É o que informa o jornal ''Clarín'', o maior da Argentina e o primeiro a noticiar, por exemplo, que Bauza seria o substituto de Tata Martino.

O blog apurou com fontes da AFA que a entidade está decepcionada e com muita bronca de Bauza. Uma frase marcante deslizada por um dos dirigentes define bem o trabalho de Patón até aqui: ''Com ele, a gente tem dor nos olhos e nos ouvidos''.

A dor nos olhos vem do pobre futebol apresentado pela seleção. Bauza, aliás, está na corda-bamba desde tão logo assumiu. Depois da derrota de 3×0 para o Brasil ele já seria sacado, mas a vitória também por 3×0 sobre a Colômbia, somada à figura de Armando Pérez, que o contratou, nos bastidores da AFA, fizeram Patón permanecer. Mas agora, na primeira sequência dupla das Eliminatórias em 2017, ele só ganhou do Chile por um raquítico 1×0 com a ajuda do juiz e foi arrasado na Bolívia, em que pese o placar de 2×0 – poderia ser 4×0 ou 5×0 com justiça.

(Impossível vencer em La Paz? O Uruguai saiu da rambla e ganhou!)

A dor nos ouvidos vem das absurdas declarações de Bauza, como falar que a ''Argentina vai ser campeã do Mundial'', que ''não sabe o que vai fazer depois de ser campeão da Copa, que não haverá mais meta a ser alcançada'', e que a nota da Argentina frente ao Chile ''merecia ser 11 – mais que dez''.

A AFA considera que o discurso de Patón faz a torcida de boba, justamente o que não quer a associação neste momento de mudança, busca de credibilidade e respeito também frente à Fifa que tão duramente suspendeu Lionel Messi.


A escolha por Sampaoli resgata uma velha vontade tanto do treinador quanto da entidade – Jorge só não trocou o Sevilla pela Argentina pós-Martino por questão de dias e de dólares – US$ 1,5 milhão, para ser mais preciso. Este é o valor de sua multa, e a AFA agora não vê outra saída a não ser arcar com a quantia.

Ela, afinal, será menor que o prejuízo da eventual ausência no Mundial da Rússia.

A AFA trabalha o anúncio para maio, segundo o ''Clarín'' e o que apurou o blog. A data coincide com o fim da temporada europeia e facilita a negociação com o Sevilla. O trabalho teria o ponto de partida com os amistosos Fifa de junho. A próxima sequência das Eliminatórias – Uruguai em Montevidéu e Venezuela a princípio em Buenos Aires – já será sob o comando do ex-técnico da seleção chilena que, ironia das ironias, instalou o começo da pior crise da história da Argentina justamente ao derrotá-la na final da Copa América 2015 em Santiago.

* Atualizado às 12h28: Para os que olham o fim da tabela argentina nas Eliminatórias com Peru em casa e Equador fora e acham ''que o Peru é fácil'': foi o mesmo Peru que em 1969 tirou – na Bombonera! – a Argentina da Copa de 1970 e esteve a minutos de repetir o feito no Monumental em 1985 e 2009.

** Às 13h22: Sampaoli nem chegou e já recebeu um ferro fortíssimo de Carlos Bilardo, último técnico campeão mundial pela Argentina: ''Ele não serve para nada. Só serve para os dois ou três jornalistas chilenos que são seus amigos'', disparou El Narigón à Rádio Mitre. ''Se Sampaoli vem para a Argentina, tomo um barco e vou para o Uruguai. Ele não vale como treinador ou pessoa.''

A briga Sampaoli x Bilardo vem de dois anos atrás. Bilardo falou bem de Sampaoli, que chamou o dinossauro de ''antifutebol''. Desde então, as farpas são mútuas. El Narigón contou algo mais triste ainda. Quis ir ao Monumental ver Argentina x Chile e a AFA não lhe deu entradas:  ''Não me convidaram''.


Como Maradona está por trás da suspensão de Messi
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Tales Torraga

Diego Armando Maradona hoje é embaixador da Fifa, mas não só – seu papel real é quase o de um braço-direito do presidente Gianni Infantino na América do Sul.

Maradona há anos vem brigando muito feio com o apresentador de TV Marcelo Tinelli, que foi recentemente designado como diretor da seleção argentina. ''Se Tinelli continua, vou embora da Fifa'', ameaçou El Diez na semana passada, um dia antes de a Argentina vencer o Chile por 1×0 em Buenos Aires.

Como o mundo todo sabe, a Fifa suspendeu Messi de quatro partidas, e a AFA reconhece que os dois amistosos de data Fifa em junho vão diminuir esta pena. Lio estará apto para os últimos três jogos das Eliminatórias, ante Venezuela, Peru (ambas em casa) e Equador (fora), em 5 de setembro e 5 e 10 de outubro.

E por que impor a Messi um rigor máximo pelo xingamento sequer relatado na ocasião? Por que lhe dar uma pena mais pesada, por exemplo, que a de um jogador que pega uma patada violenta e machuca o adversário?

Porque a Fifa fez questão de passar uma clara mensagem de repúdio com as idas e vindas da AFA nesses últimos nove meses de Comissão Normalizadora. E mais que isso: ela quer marcar território desde o início ao que será o trabalho da dupla Marcelo Tinelli-Chiqui Tapia, diretor e presidente da AFA, que não terão nem de longe o respaldo que os cartolas mundiais brindavam a Julio Grondona, o da profética frase: ''Vocês vão sentir minha falta quando eu não estiver mais aqui''.

E a falta é muito clara desde já. O atrito Maradona-Tinelli é, por unanimidade, a versão mais explorada pela imprensa argentina para o pesado gancho a Messi. El Diez se valeu de seu peso para detonar o trabalho do desafeto.

E Messi? Errou ao se expor à linha de tiro.

José Luis Chilavert, como sempre, não teve meias palavras: ''Messi pagou a vingança da Fifa contra a AFA''.

O repúdio argentino com Maradona é tão forte que ele fez o que costuma fazer em momentos assim. Mandou um áudio ao apresentador de TV e rádio Alejandro Fantino espumando de raiva e negando qualquer interferência no processo.

E como a torcida argentina recebeu esta negativa de Maradona em Buenos Aires? Como a defesa de Patón Bauza em La Paz. Com segurança zero. Cero. Uma partida bisonha que merecia terminar com goleada da Bolívia, que ganhou apenas e tão somente por 2×0. Um papelão histórico. Foi a versão 2017 do que havia sido a Argentina em 1994 contra a Bulgária depois do doping dele, Diego Maradona.


O pessimismo na capital é tamanho que muitos já repetem, sem parar, que sem a presença de Messi a Argentina vai ficar fora da Copa do Mundo e que este será o fim do gênio do Barcelona na seleção. A Copa de 2018, a Copa da glória e do seu adeus, passaria a ser a Copa do desastre e da vergonha de sequer disputá-la.

Que drama, que confusão, que perturbados estão os portenhos com o futebol, che.

Menos mal que as próximas duas partidas das Eliminatórias – Uruguai fora e Venezuela em casa – vão ser só em agosto. Pela temperatura do momento, vai ser quase um milagre (ou um pesadelo?) que Bauza chegue até lá.

Bauza também está brigado com Maradona, que o chamou de ''traidor'' por se reunir com Mauro Icardi. E Patón também levantou suspeitas depois da derrota de La Paz: ''Alguém fez algo muito específico para a punição de Messi ser decidida tão rápido e sem me dar tempo de trabalhar o time sem ele''.

El tiempo no para. A loucura argentina tampouco.


Lamento boliviano
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Tales Torraga

E a Fifa suspendeu Messi por quatro jogos e colocou a classificação da Argentina à Copa de 2018 em risco.

Muchachos, Buenos Aires vive nesta terça um velório parecido ao ''dia em que cortaram as pernas de Diego'' pelo doping em 1994.

Os apresentadores de TV estão enlouquecidos.

Por aqui só resta o ''lamento boliviano'', como já cantavam os Enanitos Verdes.

La Paz? El infierno.

Voltamos depois do jogo, que comentaremos lá no Placar UOL.

Terrible, pero terrible de verdad, eh.


Contra a Bolívia, Messi tenta vencer na altitude pela primeira vez
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Tales Torraga

Lionel Messi, de 1,70 metro, não é amigo da altura. Não a estatura física – mas a altitude que volta a enfrentar às 17h (de Brasília) desta quinta-feira (28) em La Paz, onde a Argentina visita a Bolívia com um histórico mais do que negativo. A azul e branca ganhou apenas e tão somente uma partida na Bolívia nos últimos 38 anos – um 2×1 pela Eliminatórias em 2005, gols de Figueroa e Galleti. Além deste confronto, a Bolívia empatou duas e ganhou três – e acertou quem lembrou do vergonhoso 6×1 de 2009, quando o técnico era Maradona e o craque era Messi.


O gênio do Barcelona jamais venceu uma partida sequer jogando na altitude. Foram cinco, sempre pelas Eliminatórias: duas em La Paz (3.600 metros acima do nível do mar), duas em Quito (2.700) e uma em Bogotá (2.600). Foi na Colômbia, aliás, que fez seu único gol na altura. De cinco partidas, Messi empatou duas e perdeu três.

“É tremendo jogar aqui'', disparou Lio em La Paz depois do 1×1 com a Bolívia em 2013. ''Alguns companheiros sentiram enjoos e dor de cabeça antes do jogo, mas eu não. Só durante o jogo é que passei mal'', concluiu, sobre o vômito em campo.

Messi se dá mal na altitude desde 2007 – um 1×2 contra a Colômbia em Bogotá, quando ele fez o gol. Depois, o 1×6 do 2009 que viu também o 0x2 ante o Equador.

Os últimos dois registros de Messi na altitude não terminaram em derrota, algo que anima a Argentina para hoje. Em 2013, 1×1 em La Paz contra a Bolívia, gol do amigo Banega. Três meses depois, um 1×1 com o Equador em Quito. Messi era reserva e entrou no lugar de Agüero, autor do gol.

Exceto La Pulga, a Argentina vai ser um arremedo de time nesta tarde. A seleção levou um susto com a possibilidade de ele não ser escalado por xingar a arbitragem contra o Chile, mas as informações vindas da AFA não colocam sua participação em dúvida. Mas Patón Bauza igualmente sofre com cinco desfalques: os laterais Mercado e Mas, os volantes Biglia e Mascherano e o atacante Pipita Higuaín.

O time levado a campo será: Romero; Roncaglia, Musacchio, Funes Mori e Rojo; Pérez, Banega, Pizzarro e Di María; Messi e Pratto. Dybala será o trunfo entre os reservas – postal de La Paz, a cena do balão de oxigênio é esperada mais uma vez na tarde/noite na qual a Argentina pode descer da terceira para a sexta colocação nas Eliminatórias. Ojo, eh.


* Atualizado às 7h43: A punição a Messi por insultar o auxiliar brasileiro vai ser mais dura que o imaginado. Fontes da AFA confirmam ao blog que esperam que Lio seja suspenso de duas (!) a quatro partidas (!!) nessas Eliminatórias, mas ele a princípio jogaria hoje em La Paz.

Segundo as mesmas fontes, já há uma negociação nos bastidores que fará Messi se ausentar dessa partida apenas se a comissão técnica entender que ele será mais útil nos confrontos a seguir. A Argentina ainda encara Uruguai (fora), Venezuela (casa), Peru (C) e Equador (F).

** Às 10h30: A Comissão Normalizadora da AFA informou que já recebeu o aviso de que Messi não joga nesta tarde, faltando apenas o documento oficial da Fifa. Sai Lio, entra Correa – mas o fantasma da altura segue.


Argentina já cortou a cara de seu próprio jogador para trapacear a Bolívia
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Tales Torraga

Em 2 de abril de 1997, a Argentina foi a La Paz enfrentar a Bolívia, situação que vai se repetir às 17h (de Brasília) desta terça-feira (28) pelas Eliminatórias da Copa.

Comandada por Daniel Passarella, a Argentina sofria com os altos e baixos, mas não tinha participação ameaçada no Mundial de 1998. O grande sofrimento vinha das declarações do sinistro técnico, que disparou pesadas farpas à Conmebol por permitir jogos na altitude de 3.600 metros de La paz. ''Vamos para uma tarefa desumana'', atirou, fazendo lobby para o fim das partidas na capital boliviana.

El Kaiser Passarella precisou bancar as hostilidades que seu discurso gerou. O estádio Hernando Siles foi uma mistura de formigueiro e panela de pressão, e a Argentina se esqueceu de jogar – preferiu distribuir socos e patadas.

Em um desses choques, o volante argentino Díaz teve o nariz fraturado. Instantes depois, o zagueiro Vivas pegou uma patada covarde e em cheio nos testículos de um jogador boliviano e foi expulso. Era um escândalo atrás do outro. O meia Zapata também levou vermelho e agrediu um boliviano para provocar sua exclusão.

Depois de tanta loucura, o atacante Julio Cruz foi pegar uma bola perto do banco boliviano e levou um soco, violento e covarde, no lado direito do rosto. Passarella então o carregou ao vestiário. Chegando lá, El Kaiser, de notória fobia à imprensa, chamou os fotógrafos para registrar o corte e o sangue na cara do camisa 9.

O soco foi dado no lado direito do seu rosto – e o corte, razoavelmente profundo, no lado esquerdo, em uma situação bastante nebulosa até hoje, 20 anos depois.


Julio Grondona, o todo-poderoso do futebol argentino, logo saiu em defesa de Passarella e de Cruz: ''Ele caiu da maca, desmaiou e cortou o rosto''.

O atacante e o treinador jamais esclareceram o tema publicamente. Passarella inclusive abandonou a entrevista coletiva depois do jogo chamando um repórter de mal-educado por fazer uma pergunta longa demais. Cruz, com a cara cortada, foi rasgado para sempre da seleção de Passarella, que jamais voltou a convocá-lo.

O jornal ''Clarín'' publicou que o corte no rosto de Cruz foi feito pelo então médico da seleção argentina, Luis Seveso, que teria cumprido uma ordem de Passarella – e todos inacreditavelmente erraram o lado do rosto para compor a farsa.

Pegou tão mal que até o governo argentino resolveu investigar e saber se o caso foi armado para tirar vantagem da agressão e pedir os pontos da partida que chegou ao fim depois de mais brigas, até com a polícia: vitória de 2×1 da Bolívia.

Óbvio que o caso logo caiu no esquecimento.

Quem não esquece deste assunto são os portenhos. Eles assumem que a Argentina jogou ''de graça'' a Copa de 1998. Rasgando regulamentos e driblando punições por mais esta trapaça que mancha o brilhante, mas totalmente enlouquecido, futebol da pátria de Di Stéfano e Maradona (e depois ainda viria um certo Messi…).


Análise: Por que o ataque da Argentina é pior que o da Venezuela?
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Tales Torraga

Com só 15 gols marcados em 13 jogos, a Argentina tem o terceiro pior ataque das Eliminatórias, à frente de Paraguai (13) e Bolívia (10) e atrás da Venezuela, com 16!

Como Messi-Agüero-Di María-Higuaín podem estar tão mal assim?


A pobreza do ataque é o maior sintoma da seleção que está se arrastando desde a chegada de Patón Bauza, há seis meses. Se Cavani é o artilheiro com nove gols, Messi, o melhor argentino, tem só quatro. Dois de pênalti, um de falta e um desvio do adversário. O gênio do Barcelona não fez gol finalizando jogadas!

São os trabalhadores comuns, e não os ''quatro fantásticos'', que vêm salvando a Argentina desde o ciclo de Tata Martino. Lucas Biglia fez o gol que deu a vitória sobre a Colômbia em Barranquilla. Otamendi empurrou para as redes e evitou a vergonha histórica que seria perder para a Venezuela. Ramiro Funes Mori marcou contra o Peru. Gabriel Mercado: em Santiago e contra a Bolívia em Córdoba.

Os atacantes? Higuaín, um; Di María, dois; Agüero, nenhum. Lavezzi há tempos ajudou com um; Pratto, há menos tempo, fez dois. Chega. Não tem mais.

Messi é o artilheiro da temporada espanhola. Higuaín é recordista no Calcio. Agüero vinha de uma sequência letal na Inglaterra. Mas na seleção desaparecem. A média das notas do jornal ''La Nación'' dá 4 para Agüero, 5,15 para Di María, 5,33 para Higuaín. Assustador. Contra o Chile, todos correram, brigaram e até assumiram tarefas defensivas. Mas não houve um tecido coletivo que costurasse suas virtudes.

A sensação portenha é que eles não têm de jogar mais. Nem todos. Nem sempre. Nem juntos. Se Dybala estivesse 100%, seria ele o titular contra o Chile. Os ''quatro fantásticos'' já pertencem ao passado. Messi é intocável. Os outros tienen que salir.

Falta gol para a seleção de Messi, Higuaín, Agüero e companhia. Parece uma brincadeira. Mas é bem verdade.

E nem é de hoje. Basta lembrar dos três gols perdidos na final contra a Alemanha em 2014. Ou não ter conseguido marcar nem um mísero gol sequer nas três decisões que foram para a prorrogação – o Mundial e as duas Copas Américas.

Bauza precisa agir. E desde a convocação.

Ou correr o risco de ele, Patón, ser desconvocado.