Patadas y Gambetas

Hoje rivais, Maradona e Chilavert quase jogaram Copa juntos pela Argentina
Comentários 2

Tales Torraga

Diego Maradona e José Luis Chilavert são os dois maiores inimigos do futebol atual, com pesadas trocas de farpas envolvendo drogas, posições políticas e até o sobrepeso do ex-goleiro. O que poucos sabem é que ambos estiveram bem perto de jogar uma Copa do Mundo juntos pela seleção argentina – a de 1990, na Itália.

Maradona e Chilavert se cumprimentam no histórico Vélez 5 a 1 Boca de 1996 – Clarín/Reprodução

Muito antes de virar um mito no Vélez Sarsfield, tirando do São Paulo a Libertadores de 1994 em pleno Morumbi, Chilavert foi goleiro do San Lorenzo entre as temporadas de 1985 e 1988. E um dos seus grandes admiradores era Carlos Bilardo, então técnico da seleção argentina. Nesta semana, em meio à avalanche de insultos a Maradona, Chilavert relembrou ao jornal ''La Nación'' algo que poucos sabiam em Buenos Aires: ele esteve perto de ceder aos esforços de Bilardo para que se naturalizasse argentino e defendesse a seleção na Copa do Mundo de 1990.

O goleiro titular da Argentina naquele Mundial era o pouco confiável Pumpido, que tomou um frango logo na estreia contra Camarões e quebrou a perna no segundo jogo, contra a União Soviética, cedendo lugar ao ainda mais limitado Goycochea.

(Como na seleção argentina até o que é certo acaba sendo escrito por linhas tortas, Goyco virou o herói do país naquele Mundial ao classificar a Argentina à decisão depois de eliminar o Brasil e de pegar pênaltis nas dramáticas cobranças contra a Iugoslávia, nas quartas, e contra a anfitriã Itália na épica semifinal de Nápoles.)

Sabendo que Chilavert estava a um passo da Argentina, a seleção do Paraguai tratou de antecipar sua convocação: ele estreou com a camisa do seu país de origem aos 24 anos, em 1989. Só jogaria uma Copa do Mundo em 1998. Saber o que ele e Maradona – e o zagueiro Cabezón Ruggeri, outro enorme desafeto do goleiro – poderiam fazer juntos em 1990 e 1994 é o exercício da vez entre os portenhos que gostam – e como gostam, ¡porfavor! – de falar sobre futebol.

A opinião corrente, pelo menos entre aqueles que estão sempre ao redor do blog, é que a Argentina – ¡por supuesto! – ganharia as duas Copas –  a dos EUA, inclusive, parando o Brasil nos pênaltis, a especialidade de Chilavert. E que o ''É Tetra!'' de Galvão Bueno em 1994 seria, afinal, para a Argentina, jamais para o Brasil.

Vocês concordam?


Como Centurión virou a ‘arma secreta’ da Argentina para a Copa
Comentários 12

Tales Torraga

A quinta-feira (1º) será agitada no Racing, time de Ricardo Centurión e Lautaro Martínez, dois nomes seguidos bem de perto por Jorge Sampaoli, técnico da seleção argentina. Sampaoli é esperado no clube para conversar com ambos – ontem (31), fez o mesmo com os atletas observados no vizinho Independiente.

Montagem de Centurión com camisa da seleção – TyC/Reprodução

Centurión voltou ao Racing há duas semanas. Está se readaptando ao futebol argentino depois da sua frustrante expulsão do Boca e da sua passagem de só cinco jogos e nenhum gol pelo Genoa, da Itália. Mas gente próxima a Sampaoli revela que o técnico tem o encrenqueiro jogador de 25 anos na mais alta consideração para fazer parte até mesmo da convocação para a Copa do Mundo.

Sampaoli afirma que gostaria de ver Centurión ao lado de Messi, mas de uma maneira diferente da qual todo mundo imagina: Centurión seria o garçom; Messi, o finalizador, como foi no jogo que selou a ida argentina ao Mundial com os seus três gols no 3 a 1 sobre o Equador em Quito.

Jorge analisa também que Centurión tem qualidades raras no futebol mundial: a habilidade para conduzir a bola, furar as linhas defensivas e a coragem de bancar as patadas e as provocações que Centurión diz abertamente gostar.

Como dizem os argentinos, ele é um ''atorrante'', o que em português, em seu caso, seria uma mescla de irresponsabilidade, inconsequência e falta de vergonha. É esta inconsequência argentina que Sampaoli, um próprio fruto deste estilo, quer levar para o Mundial. O treinador repete a todo momento que sonha com sua seleção jogando como o Independiente na final da Sul-Americana – com atletas de bagagem escassa, que seja, mas que não tremeram as pernas um segundo sequer na missão de calar o Maracanã mais infernal dos últimos tempos.

(O discurso de Sampaoli é encarado também como uma farpa indireta a Icardi, Dybala e Benedetto, mas mas vamos ficar só em Centurión.)

A única barreira que o ex-são-paulino vai precisar superar é a sua conduta. Sampaoli faz questão de afirmar sempre que quer atletas locos e quilomberos em campo, mas jamais fora. É por isso que a presença de Tevez na lista para ir à Rússia não é considerada pelos colaboradores do treinador. Já Centurión não se faz de rogado. Ao ser perguntado nesta terça (30) pelo jornal ''Olé'', falou em voz alta que se vê na Copa, que é ''mera questão de retomar o nível que sabe que tem''.

Sampaoli no treino do Racing nesta quinta – Racing/Divulgação

Que ninguém espere de Sampaoli um arroubo parecido. Ele avalia que Centurión pode sim oferecer um ganho importante – mas que a inconstância do jogador não permite considerá-lo mais que uma ''arma secreta'', uma opção com impacto grande ao ser colocada em prática, mas que não geraria ruído algum se precisasse ser descartada. Jorge tem dois ajudantes na missão de domar Centurión: Chacho Coudet e Diego Milito, técnico e dirigente do Racing, seus amigos.

Coincidência com a visita de Sampaoli ou não, Centurión está treinando até por conta própria, como postou na noite de ontem em suas redes sociais. A Argentina tem uma abundância de nomes pesados em seu ataque. Mas com a exceção óbvia de Messi e Agüero, nenhum deles cativou Sampaoli a ponto de já garantir um lugar na Copa. Daí vem a espera por Centurión. Da reserva do Genoa à seleção argentina na Copa do Mundo. Buenos Aires não é a capital da psicologia à toa.


O dia em que Passarella foi esfaqueado por um torcedor
Comentários Comente

Tales Torraga

Sempre explosivo, Daniel Passarella estava ainda mais nervoso. Então técnico do River Plate, acabara de brigar com outro notório esquentado, o goleiro Comizzo, antes do último treino da pré-temporada de 1993. A noite de sexta era muy tranquila – ao contrário da tarde. Apenas Passarella e quatro colaboradores conversavam no hall do Hotel El Mirador, em Mar Chiquita, na província de Buenos Aires. Ninguém acreditou quando uma caminhonete Dodge azul chegou em alta velocidade.

Faz exatos 25 anos. E quem viveu a Argentina daqueles tempos não esquece.

Dois homens deixaram o veículo falando alto e rápido. Aparentavam descontrole. Estavam bêbados ou drogados. Ou ambos. Um dos homens partiu para cima de Passarella com uma faca, gritando ''Ponha Comizzo, seu f…. da p….''.

Houve uma luta de uns cinco minutos. Passarella conseguiu acertar um soco na cara do agressor, mas foi também golpeado e teve a orelha esquerda e a bochecha atingidas pela faca. Alguns relatos dão conta de era não era uma faca, e sim uma navalha. Mero detalhe diante da brutalidade assombrosa que chocou uma Argentina sempre acostumada a colecionar bizarrices em seu futebol.

Anos 90 'al palo': Passarella, a cara de mau e o cigarro – El Gráfico/Reprodução

Passarella foi atacado por um torcedor chamado de “Sandokan”, cujo nome verdadeiro era Miguel Alejandro Cano. Sandokan e Daniel já haviam tido um encontro violento em 1991, quando Passarella, começando como treinador, o expulsou a socos da concentração do River para parar de pedir dinheiro.

Era o começo da expansão dos negócios dos barras bravas, como são chamadas as torcidas organizadas na Argentina.

A briga e as facadas em Passarella – capitão da seleção campeã da Copa do Mundo de 1978 – alcançaram repercussão nacional naquele fim de semana mesmo. A polícia prendeu Sandokan e o manteve na cadeia por oito meses, embora ele tenha sido condenado a 180 dias de prisão. Quando ele ganhou a liberdade, Passarella já era pedido como técnico da seleção – era a ressaca da derrota argentina para a Colômbia por 5 a 0 em pleno Monumental de Núñez.

Revista El Gráfico de 9 de fevereiro de 1993 – Reprodução

Passarella virou técnico da seleção no ano seguinte – 1994 – e passou a dar entrevistas frequentes sobre este caso e sobre o perigo que representava a escalada dos barra bravas na Argentina. Não pôde fazer nada, porém, contra a AFA, que começava, em 1998, na França, a bancar a viagem dos violentos para as Copas, tema que segue vigente no país com a proximidade do Mundial da Rússia.

Ah sim: Passarella até hoje está ameaçado de ser preso por revender ingressos para a ….barra brava do River quando era presidente do clube, entre 2009 e 2013.


Doente, campeão da Copa de 78 é flagrado em calçada e comove a Argentina
Comentários 64

Tales Torraga

A ameaça de bomba que atrasou em duas horas o Huracán x River Plate deste domingo (28) gerou uma história que está dando muito o que falar em uma Argentina sempre ávida por dramas. Na espera para a partida, o ex-atacante René ''Loco'' Houseman, campeão da Copa do Mundo de 1978, foi fotografado, magro e debilitado, sentado em uma calçada em frente ao Palácio Ducó, a casa do Huracán.

Houseman sentado na calçada / @perazzomartin

Atacante rebelde – daí o óbvio apelido de ''Loco'' -, Houseman foi o ''rei das escapadas'' nos anos 70. Fugia da concentração para beber – em 1975, no auge, ficou muito famoso por jogar bêbado e ainda assim marcar um gol no River.

Houseman sofreu com o alcoolismo por décadas. Hoje com 64 anos, luta contra os efeitos do tratamento de um câncer na língua descoberto há três meses. Está pesando 48 quilos e conta com a ajuda da AFA para pagar suas despesas médicas.

Que ninguém tenha providenciado um lugar melhor para ele descansar antes do começo do Huracán x River é motivo de várias farpas nas TVs argentinas, que disparam com força contra os dirigentes do Huracán, clube que contou com a melhor versão do atacante, entre 1973 e 1980, quando ele jogou as Copas do Mundo de 1974 e 1978. Assim como no Brasil, na Argentina há inúmeras críticas com o que muitos avaliam como um descaso com a memória e com os idosos.

No título de 1978, há exatas quatro décadas, Houseman vestia a camisa 9 e começou o Mundial como titular – fez, inclusive, o quinto dos seis gols contra o Peru no jogo que garantiu a ida argentina à final daquela Copa vencida sobre a Holanda.

Argentina perfilada para enfrentar a França na segunda partida do Mundial 78: Passarella, Houseman,
Olguín, Tarantini, Kempes e Fillol; Gallego, Ardiles, Luque, Valencia e Luis Galván – Arquivo/AFA

(O Huracán x River terminou 1 a 0 para o Huracán. Pratto jogou os 25 minutos finais e mal pegou na bola na sua estreia em um River que é só o 19º no Campeonato Argentino. Para piorar tudo em Núñez, o líder ainda por cima é o Boca Juniors.)


CR7 x Messi: Tevez jogou com os dois e surpreende na escolha
Comentários 10

Tales Torraga

Que engraçado: Carlitos Tevez hoje é mais lembrado na Argentina por suas inúmeras polêmicas do que por ser um jogador capaz de atuar – e muitas vezes brilhar – ao lado de monstros como Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.

Um Apache entre dois gênios – Infobae/Montagem

Tevez foi parceiro e amigo de CR7 no Manchester United entre 2007 e 2009. Ganharam juntos a Liga dos Campeões, o Mundial de Clubes e o Campeonato Inglês, no qual foram bicampeões. Com Messi, Carlitos participou das Copas do Mundo de 2006 e 2010 e das edições da Copa América de 2007, 2011 e 2015.

(Perdeu todas.)

Comparar os dois é impossível, segundo o hoje atacante do Boca: ''São totalmente diferentes'', comentou em entrevista à ESPN em Buenos Aires. ''Quando Messi estava começando, nem pisava na academia. E Cristiano você via todo o dia na academia. Enquanto Lio não largava a bola, Ronaldo sempre treinava faltas.''

''Cristiano sempre se preparou para ser o melhor, enquanto Messi tem isso de forma muito natural. Ele mamava quando era bebê e já estava com a bola no pé.''

E quem é melhor, Apache? Cristiano, com quem você ganhou tudo? Ou Messi, que segue incapaz de tirar a Argentina desta assombrosa fila de 25 anos sem títulos?

''Messi joga outro esporte. Ele tem outra cabeça. Faz o que quer e quando quer. Messi faz três gols e é normal, enquanto alguém para fazer três gols precisa se jogar no chão, cruzar e ir cabecear'', concluiu Tevez, em declaração digerida em Buenos Aires como uma frase tribunera – Carlitos apenas jogou para a torcida. Elaborou tal raciocínio simplesmente para fazer média com os portenhos.

Muitos na capital argentina lembraram das inúmeras matérias citando as brigas entre Tevez e Messi na seleção – ao contrário de CR7, com quem o hoje atacante do Boca sempre teve relação amistosa. Daí a declaração de Carlitos ser interpretada com surpresa, e não algo que ele tenha falado com sinceridade.

Por falar em Tevez, o seu reencontro com a Bombonera será hoje (27), às 22h30 (de Brasília), contra o pequenino Colón de Santa Fe. Será o início do seu terceiro ciclo com a camisa azul e ouro. Carlitos completa 34 anos no próximo dia 5.

O Boca tem mesmo um superataque. Resta saber se o técnico Guillermo Barros Schelotto vai estar à altura na condução do grupo (e dos seus terribles caprichos).

Joelhada de Toledo em Tevez – TV/Reprodução

* Atualizado: Tevez recebeu um grande carinho da torcida e retribuiu com uma atuação esforçada no 2 a 0 do Boca sobre o Colón. Ficou em campo durante todo o tempo e recebeu inúmeras patadas – a mais violenta delas foi a joelhada na barriga que representou o cartão vermelho para o lateral-direito Toledo. Os gols do Boca foram de Pavón e do uruguaio Nández, a grande figura. Fez um golaço de cobertura – e com ótima assistência de Carlitos.


Pratto se machuca antes da estreia e apavora o River
Comentários 1

Tales Torraga

Recém-saído do São Paulo, o atacante Lucas Pratto começou sua vida no River Plate com problemas. Contratação mais cara da história do clube argentino (cerca de R$ 45 milhões), ele abandonou o treinamento de ontem (25) depois de apenas cinco minutos, com dores no joelho esquerdo e com gelo na região. Exames mostraram um tendão inflamado – com isso, ele não vai nem para o banco na partida das 20h15 (de Brasília) de domingo (28) ante o Huracán, no Palácio Ducó.

Capa do ''Olé'' desta sexta (26) – Reprodução

O jogo é essencial para o River subir no Campeonato Argentino. O clube é só o 17º e se vê obrigado a diminuir a distância para o líder Boca Juniors, que soma exatamente o dobro de pontos – 30 a 15 até aqui.

O River informou que o problema de Pratto não é um grave, e que sua complicação é típica das cargas da pré-temporada. Os médicos descartaram também um problema em suas articulações. O tratamento pelo qual Pratto vai passar neste final de semana consiste em anti-inflamatórios e fisioterapia, e há a possibilidade de ele fazer um treino leve neste sábado (26).

A versão oficial, porém, não impede que sérias desconfianças pairem sobre Núñez.

Há um verdadeiro pavor no River para que Pratto não repita os casos do zagueiro Luciano Lollo e do atacante Marcelo Larrondo, que chegaram ao clube em 2016 custando, juntos, cerca de R$ 35 milhões. Mas ambos mal entraram em campo. Estiveram sempre machucados.

Lollo atuou em só nove oportunidades – operou o pé mais de uma vez e segue sem manter uma sequência na equipe. O caso de Larrondo é ainda mais grave – sofreu nove lesões desde que chegou ao River. Fez apenas 11 partidas e um único gol. Gente próxima a Larrondo diz que ele pode até parar de jogar.

Somando os dois, fizeram 20 jogos – e custaram R$ 35 milhões.

Ninguém no River admite, mas há uma verdadeira batalha nos corredores do Monumental para saber por que tais investimentos não são revertidos em rendimento. Foram falhas nos exames médicos antes das contratações? Erro na dosagem dos treinamentos com os recém-chegados?

Em vez de amenizar as críticas, a chegada de Pratto por enquanto só aumentou as desconfianças suscitadas pelos casos de Lollo e Larrondo. O técnico Marcelo Gallardo disse que contava com o ex-são-paulino para o segundo tempo do amistoso do último domingo contra o Boca, mas o jogador ficou o tempo todo tomando mate em uma cadeira de plástico, vestindo uniforme de viagem.

Disse depois que iria jogar contra o Huracán, e durou só cinco minutos no coletivo.

No fim do ano passado, Pratto cansou de repetir no São Paulo que ''sua perna não estava legal e que estava jogando no sacrifício''.

(Enquanto isso, Tevez já fez dois amistosos pelo Boca e é presença garantida amanhã às 22h30 na Bombonera contra o Colón.)

* Atualizado: Gallardo deu uma reviravolta na situação de Pratto e o colocou nesta tarde na lista de concentrados para enfrentar o Huracán. Maneira de amenizar as críticas? Ou uma melhora efetiva – e surpreendente – na condição do atacante? O domingo vai nos responder.


Mascherano agora precisa sair da seleção, dispara campeão mundial em 1978
Comentários 5

Tales Torraga

O blog ouviu Daniel Bertoni, atacante da Argentina campeã da Copa de 1978. E ele foi duro ao falar da saída de Javier Mascherano do Barcelona, anunciada hoje (24).

Bertoni está com 62 anos e faltam apenas detalhes para ele ser oficializado como dirigente do Independiente, clube que defendeu nos tempos de jogador.

Suas principais declarações:

Mascherano – ''Jogar na China é assumir que vai integrar um futebol medíocre. Javier se viu sem espaço no Barcelona, e acham normal que ele siga tendo espaço na seleção argentina? Com todo o respeito a ele, Mascherano não pode ser o camisa 5 da seleção. Ele já falou que vai jogar a sua última Copa. Mas quem o convocou? Ele mesmo? É uma falta de respeito. Isso não acontecia no nosso tempo. Espero que Sampaoli tenha a coerência de convocar os melhores. E um melhor não pode atuar no futebol da China, em uma concorrência tão fraca.''

(Mascherano está com 33 anos e vai jogar no Hebei Fortune.)

Mascherano chora na decisão da Copa de 2014 – TV/Reprodução

Messi – ''É o único que se salva desta seleção. Foi ele quem levou a Argentina para a Copa. O restante do time não respondeu. Nunca. Querem que Messi faça os gols, mas quem leva a bola a ele? Só se Riquelme e Bochini voltarem a jogar.''

Higuaín – ''O matam na Argentina. Mas de todos os centroavantes que jogaram no lugar dele, quem correspondeu? É claro que Pipita merece estar na Copa. Colocaram Icardi, Papu Gomez e Benedetto, mas ninguém rendeu bem.''

Momento argentino – ''Estamos terríveis. Que a gente aprenda com o que aconteceu com a Itália. Precisamos, mais que tudo, de caráter. Queremos que Messi faça tudo. Isso é uma grande falta de caráter. Onde estão os líderes? Onde está o jogador que fala com o juiz, onde está o jogador que grita com os demais? Mascherano fazia isso, mas seu nível caiu muito.''

Final da Sul-Americana – ''Estive no Maracanã e senti medo. Achei que se o Independiente ganhasse, a torcida do Flamengo iria nos matar. Os brasileiros entraram no hotel para bater e roubar os argentinos. Nunca vi isso. E depois dizem que a gente é que fazia guerra nos nossos tempos?''


Di María revela trauma na Copa de 2014: ‘Maior dor da carreira’
Comentários 8

Tales Torraga

O jornal ''La Nación'' que circula hoje (23) nos kioscos de Buenos Aires traz uma excelente entrevista com Ángel Di María, ''o companheiro perfeito de Lionel Messi'', segundo a avaliação de Jorge Sampaoli, técnico da seleção argentina.

Di María, que completa 30 anos no mês que vem, afirmou que a Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014 continua sendo um tema aberto – e negativo – para ele.

Di María (à direita) chora no Maracanã – Taringa/Reprodução

''A final que não joguei no Brasil segue me perseguindo [sofreu estiramento contra a Bélgica, nas quartas]. Tomara que eu possa jogar a da Rússia e ganhá-la. Seria a única maneira de esquecer dessa decisão do Maracanã. Todo mundo me criticou e suspeitou que não quis jogar a final pela carta que chegou do Real Madrid, mas mesmo comigo explicando a situação continuaram dizendo besteira.''

Sempre negada por Di María, a versão citada pela imprensa portenha aponta que o departamento médico do Real, então clube do jogador, vetou sua presença na final.

''Mandaram uma carta, isso é verdade. Eu a recebi e a rasguei sem ler. E disse: 'Ninguém opina nada, eu estou aqui para jogar'. Foi uma decisão de Alejandro [Sabella, o técnico] colocar quem estava melhor, e eu respeitei. Se a gente fosse campeão, ninguém iria falar nada. Mas perdemos e insinuaram que eu havia me borrado. A partida que eu não joguei é a que mais me dói na carreira.''

Di María contou também que recorreu à terapia para lidar com as pesadas críticas que passou a receber desde esta decisão. ''Passei muito, mas muito mal. Me matava psicologicamente'', afirmou, sobre o discurso ufanista e pouco coerente que predomina entre os torcedores argentinos ao falar da atual seleção.

Qualquer roda de conversa sobre as derrotas para a Alemanha nas finais de 1990 e 2014 aponta como razão para o vice de 1990 a ausência de Caniggia na final – o atacante cabeludo estava suspenso, por cartões amarelos. E o apertadíssimo 1 a 0 na prorrogação de 2014, o que explica? O fato de Di María não ter jogado, claro.

(Claro que são costumbres argentinas!

E não é muy loco que este clássico do rock argentino – de 1985! – tenha um trecho cantando ''Tengo en la mano una carta para jugar el juego cuando quieras?'')


Buffarini já é destaque no Boca
Comentários 5

Tales Torraga

Primeiro foi Ricardo Centurión. E agora é Julio Buffarini. Os dois são-paulinos que trocaram o Morumbi pela Bombonera deixaram a desejar no Brasil, mas é só perguntar pelos dois para qualquer torcedor do Boca Juniors para perceber que a aceitação de ambos entre os argentinos é bem diferente.

Jogando como volante, Buffarini foi o destaque do Boca no amistoso desta madrugada contra o River Plate em Mar del Plata. O River ganhou por 1 a 0, gol de Borré, atacante contratado antes de Lucas Pratto e que promete uma boa briga para ceder espaço ao outro ex-são-paulino.

Pratto, aliás, não estreou, ao contrário do que prometeu Marcelo Gallardo, técnico do River. Passou todo o tempo em uma simplória cadeira de plástico tomando mate.

Pratto arma o mate – com erva uruguaia, quem diria… – Olé/Reprodução

Sobre Buffarini, o que ajuda a explicar os elogios das rádios e dos jornais argentinos sobre a sua atuação é o estilo de jogo visto no 1 a 0 do River sobre o Boca. Foi uma partida horrorosa, com as duas equipes muito cruas e com a bola sendo muito maltratada. Só havia espaço para correria. E aí Buffa mostrou que a torcida do Boca pode esperar a mesma pinta de estrela que exibiu no San Lorenzo.

(É incrível como realmente só parece aumentar a fila de jogadores que são muito bons na Argentina e esquecem de jogar da mesma maneira em outros lugares do mundo – o vizinho Brasil, claro, incluído nesta lista. Voltaremos ao tema logo mais.)

Em se tratando de Boca x River, tudo tem um mais. Un más. E no caso de Buffarini foi a sua expulsão por dar uma cotovelada na cara do meia Pity Martínez, do Millonario. Acabou sendo mais pela simulação de Pity do que pela violência de Buffa. Faltavam só cinco minutos para terminar. No pasó nada.

Buffarini no superclássico – Minuto Uno/Reprodução

Tevez foi a decepção da noite. Jogou os 90 minutos, mas não fez absolutamente nada importante. ''Tiempo al tiempo'', já cantava Fito Páez. O Campeonato Argentino recomeça nesta quarta (24), e a dupla Boca e River enfrenta Colón e Huracán, respectivamente, no fim de semana. O Boca é o líder, com 30 pontos, seguido pelo San Lorenzo, com 27. O River ocupa só a 17ª posição. Tem 15 pontos – justamente a metade do Boca. Foram disputadas 12 rodadas de um total de 27.


Qual vai ser a pancadaria da vez no Boca x River?
Comentários Comente

Tales Torraga

Boca Juniors e River Plate medem forças pela primeira vez em 2018 já neste domingo (21). Será às 23h10 (de Brasília), em Mar del Plata, a metros da praia.

Não vale pontos e não integra campeonato nenhum, mas é impossível chamar o confronto de ''amistoso''. São nessas partidas que os dois clubes mais repartem pancadas e aproveitam a ausência de punições para marcar o corpo e o ânimo de um adversário que ultimamente tem sido tratado quase como um inimigo de guerra.

Voadora de Nacho no peito de Cardona no último River x Boca – La Nación/Divulgação

Jamais Boca e River viveram ânimos tão exaltados e nutriram uma vontade tão grande de acabar com o rival. E este tom atual surge dentro do pesado contexto de violência esportiva que passa para outras esferas. Faz parte até da letra da música ''9 de Julio'', grande sucesso da banda de rock Callejeros, que cantava ainda em 2006 que ''Otra vez, otro Boca y River, que termina a las piñas, arañando al final''.

''Outra vez, outro Boca e River, que termina na porrada, arranhando o final''.

O problema é que as ''piñas'' viraram voadoras, pontapés maldosos, tentativas de lesões, cotoveladas, gestos ofensivos à torcida adversária e até a criminosa Noite do Gás, quando um torcedor do Boca tentou queimar os olhos dos jogadores do River no jogo de volta das oitavas da Libertadores de três anos atrás.

O que pode ser mais covarde do que tentar queimar o olho de alguém?

O último ''superclássico de verão'' terminou com seis expulsos e briga generalizada. Em 2016, o mesmo: o Boca terminou com oito, e o River com dez. Foi o jogo em que o zagueiro Maidana deu uma cabeçada na cara de Tevez e o jogou no chão. No ano anterior, 2015, outra pancadaria. O Boca aproveitou que o River teve três expulsos e ganhou por 5 a 0. E a briga seguiu no vestiário do River, entre os próprios jogadores, então revoltados com o colombiano Teo Gutiérrez.

Os jogos oficiais, claro, seguem o tom bélico, mas cuidando das punições.

Basta lembrar do último, em novembro, com o 2 a 1 do Boca em cima do River no Monumental, com a voadora de Nacho Fernández, do River, no peito de Cardona, do Boca. ''Um atentado contra a humanidade'', como definiu uma narração de rádio.

O que esquenta demais o clássico de hoje em Mar del Plata com as duas torcidas lotando as arquibancadas é também o momento de cada um. O River ainda busca explicações e forças para se levantar da monstruosa virada do Lanús na semifinal da Libertadores – por falar em Libertadores, o Boca vive nela o maior jejum desde a Era Carlos Bianchi: não a vence há 11 anos. Os dois times portenhos investiram como nunca e são favoritíssimos para conquistar a Copa no final deste 2018.

O River escala Lux; Montiel, Martínez Quarta, Pinola e Saracchi; Ponzio, Enzo Pérez, Nacho Fernández e Pity Martínez; Scocco e Borré. Pratto começa entre os reservas e entra no segundo tempo, pelo que já falou o técnico Marcelo Gallardo.

O Boca vai de time misto neste domingo (21), mas com a presença de três dos quatro contratados. Rossi; Peruzzi, Goltz, Magallán e Más; Chico, Buffarini (de volante!) e Nández; Espinoza, Pavón e Tevez. Wanchope Ábila começa no banco.