Patadas y Gambetas

‘Palmeiras tem que sofrer’, destaca capa do jornal ‘Olé’
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Tales Torraga

Principal jornal esportivo da Argentina, o ''Olé'' tem uma capa das mais contundentes circulando por todo o país nesta terça-feira (24).

Capa do ''Olé'' nesta terça – Reprodução

Para quem tem dúvidas, a tradução é esta mesmo: ''Palmeiras tem que sofrer''.

O ''Olé'' publica um suplemento especial sobre o Boca todas as terças. Nesta, o atacante Wanchope Ábila indica que vai ser ''um jogo duro e desgastante'', e que o ''Palmeiras tem que sofrer com o Boca atuando como mandante''.

Quem conhece o mínimo de futebol argentino sabe que esta é a senha para antecipar que o Boca vai ser…o Boca que age com a sua famosa rispidez em jogos de Libertadores na Bombonera. Ábila fez dois gols na vitória por 3 a 1 sobre o Newell's na própria Bombonera no último domingo (22), pelo Campeonato Argentino. Ele será titular amanhã. Por isso, a sua escolha para a capa do jornal.

O jogo contra o Palmeiras às 21h45 (de Brasília) desta quarta (25) é especial para o Boca por marcar exatos 500 dias seguidos com o time ocupando a liderança do Argentino, e isso é destacado no suplemento especial do Boca que integra o miolo do jornal (aparece à esquerda na capa com uma montagem de nota de 500 pesos).

Outra menção ao ''sofrimento palmeirense'' destacado na capa do ''Olé'' foi sobre a patada brutal de Felipe Melo no próprio Ábila na partida do Allianz Parque. O jornal argentino destaca também que este será o reencontro de Felipe Melo com outro jogador com quem trocou golpes, o ótimo volante uruguaio Nahitan Nández, que defendia o Peñarol na famosa briga de Montevidéu no ano passado.

Suspenso por três jogos pela própria confusão com Felipe Melo, Nández não pôde defender o Boca em São Paulo. Há grande apreensão pelo reencontro dos dois.

Matéria interna do ''Olé'' desta terça – Reprodução

O clima armado pelos lados portenhos já é mais quente. Resta saber se o Palmeiras vai ter a frieza de evitar que ocorra uma nova briga mais séria. O árbitro vai ser o chileno Roberto Tobar, de 40 anos, que coleciona polêmicas – a mais lembrada no Brasil talvez seja a expulsão de Calleri, então no São Paulo, contra o The Strongest em 2016. Calleri apanhou, não reagiu e ainda levou o vermelho.


Por arbitragem, Independiente ameaça abandonar Libertadores
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Tales Torraga

Os erros do árbitro uruguaio Daniel Fedorczuk a favor do Corinthians na última quarta-feira (18) seguem revoltando o Independiente. Maior campeão da história da Libertadores, com sete taças, o Rey de Copas perdeu por 1 a 0 em casa e continua reclamando da anulação de um gol legal e da não-marcação de um pênalti.

A irritação é tamanha que o tradicional clube de Avellaneda ameaça até mesmo abrir mão das próximas edições da Libertadores.

''Se esses erros voltarem a acontecer, não sei se vamos seguir disputando as Copas. Há uma mão negra que quer prejudicar o Independiente ['mano negra' em espanhol é um termo que indica 'manipulação']. Essas coisas te fazem refletir'', afirmou Héctor ''Yoyo'' Maldonado, secretário-geral do clube e braço-direito do presidente do Independiente, Hugo Moyano. As suas fortes declarações foram dadas ao programa ''Zona Independiente'', da Rádio Gama, de Buenos Aires.

Yoyo Maldonado, secretário-geral do Independiente – Diario Popular/Reprodução

''O que ocorreu na quarta-feira foi escandaloso, nós deveríamos ter dado os pontos de graça. Só não ocorreu uma catástrofe porque a torcida se conteve.''

''Vamos viajar ao Paraguai para falar com o colégio de árbitros da Conmebol. Estão prejudicando a gente. Já ocorreu contra o Grêmio na final da Recopa, porque o VAR esteve contra o Independiente.''

''Os times prejudicados precisam tomar medidas. Tais erros causam muito dano.''

Se é mera bravata ou se o clube realmente vai fazer algo do tipo, só o tempo vai dizer. Mas não deixa de ser curioso que o Independiente, hoje, cogite repetir o que os clubes brasileiros fizeram 50 anos atrás, em 1966, 1969 e 1970, quando o país não mandou representantes à Libertadores porque considerava a arbitragem tendenciosa a favor de uruguaios e argentinos, entre outros motivos.


Por que a Argentina campeã de 78 teve goleiro com a camisa 5?
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Tales Torraga

Habituados com os números aleatórios no futebol moderno, os torcedores mais novos sequer devem estranhar. Mas quem lembra da Copa do Mundo de 1978 certamente achou esquisito o número que o goleiro Ubaldo Matildo Fillol usou naquele Mundial: o 5, algarismo destinado na Argentina a um volante tradicionalmente cabeludo e que não se faz de rogado em acertar o adversário.

Fillol em 1978 – Editora Planeta/Divulgação

A razão para o uniforme de Fillol é mais simples do que o imaginado. A numeração da Argentina naquela Copa seguiu a ordem alfabética do sobrenome. O camisa 1, por exemplo, foi Alonso, meia do River Plate, que pouco jogou naquele Mundial. Capitão e zagueiro, Daniel Passarella usou a camisa 19. Se Maradona fosse convocado para aquela Copa, jogaria com o número 15, que foi vestido pelo também zagueiro Olguín.

A excentricidade argentina não era, no fundo, tão excêntrica assim. A Holanda, adversária na final daquela Copa, também contou com o goleiro Jongbloed vestindo a camisa 8 – até onde se sabe, por uma escolha pessoal do atleta, e não por algum padrão que a seleção então adotava.

A Argentina levou adiante a escolha alfabética para a Copa do Mundo seguinte, na Espanha. Fillol voltou a usar um ''número de linha'' – o 7, como nesta imagem do primeiro gol que ele levou do Brasil naquele histórico 3 a 1.

Fillol em 1982 – Planeta/Divulgação

Beto Alonso não foi convocado para o Mundial de 1982. O número 1 coube então ao elegante volante Osvaldo Ardiles, que disputou aquela Copa chorando a morte de um primo, soldado na Guerra das Malvinas.

Ardiles (camisa 1) – Revista Goles/Reprodução

As numerações da argentina em 1986 e 1990 foram uma mescla de alfabeto e escolha própria dos jogadores. Maradona vestiu sempre a 10. Passarella, por exemplo, vestiu a 6, embora não tenha jogado no México. O camisa 1 da Argentina em 1986 foi o atacante Almirón, que não jogou. O goleiro Pumpido foi o 18.

Em 1990, os goleiros argentinos já voltaram à numeração habitual. Pumpido começou aquele Mundial com a 1, e Goycochea se consagrou com o número 12 às costas. Mas alguns jogadores curiosamente mantiveram ordem alfabética: a eliminação do Brasil na Copa foi decretada por Claudio Paul Caniggia que vestia a 8, número que não condizia com a sua posição em campo e que ele voltou a usar apenas quando fez dupla com Maradona no Boca. Em 1994, ele já vestiu a 7.


Agüero fora da Copa? Argentina despista, mas o risco existe
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Tales Torraga

Ninguém na Argentina esperava por essa. A artroscopia que Sergio Agüero realizou no joelho esquerdo nesta terça (17) vai complicar demais a sua preparação para o Mundial da Rússia.

E como está a cabeça de Sampaoli com esta novidade? Com as veias saltadas e pegando fogo.

Embora a previsão informada por Agüero seja de que ele volte a treinar em três ou quatro semanas, o corpo médico da seleção sabe que o atacante só vai estar apto a jogar depois que o Manchester City fechar a sua participação na Premier League. A última partida da equipe na Inglaterra vai ser em 13 de maio. Ou seja: ele não terá condições físicas de competir até lá.

Tais diagnósticos também são tomados na Argentina com grande desconfiança – em 11 de março, por exemplo, Agüero havia informado pelas redes sociais que estava com desconforto no joelho e que voltaria em duas semanas.

E não foi nada disso.

Sampaoli a princípio não pensa em tirar Agüero da sua lista de 35 ou de 23 nomes para viajar à Rússia. Mas ele já tem também três jogadores na manga para ocupar a vaga que seria do astro do City caso a sua condição física não seja das melhores, e esse trio é composto por Lautaro Martínez, Paulo Dybala e Mauro Icardi.

Embora o entorno de Agüero e de Sampaoli deem declarações otimistas, um médico com história na seleção argentina esclareceu que a recuperação não será das mais simples. ''A natureza é a natureza. Podem forçá-lo, mas Agüero não vai chegar à Copa com 100% de suas condições'', afirmou Horacio De Agostino, que trabalhou na seleção com Alfio Coco Basile, em entrevista à TV TyC Sports.

''Ficou claro que os médicos tentaram resolver de um modo conservador, sem operar, mas não conseguiram. Uma artroscopia a 60 dias do Mundial é preocupante. Quando alguém tem lesões antigas, a recuperação nunca é rápida.''

Agüero, vale lembrar, também viajou ao Brasil machucado em 2014 e pouco esteve em campo. Seu triste déjá vu de contusões com a azul e branca inclui duas minguadas datas para conferir se suas condições físicas serão boas até a eventual estreia no Mundial da Rússia. A Argentina enfrenta a Nicarágua em 29 de maio (em Buenos Aires) e Israel em 9 de junho (em Tel Aviv).

Vai ser suficiente? Vai ser escalado como titular? Ou como reserva? Ou vai ser melhor confiar em um jogador mais inteiro?

Sampaoli precisou se virar sem Agüero nas Eliminatórias. Quem diria: pode precisar encontrar respostas sem El Kun também no Mundial – aquele que deve ser o seu último, pois ele completa 30 anos em junho e está também desgastado demais com esta interminável e infernal sina de derrotas da Argentina.


Independiente é o argentino mais traiçoeiro desta Libertadores
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Tales Torraga

Uma excelente discussão (mais uma!) agita Buenos Aires neste meio de semana: qual é o melhor time argentino desta Libertadores? Boca e River ainda não encontraram caminho. O Racing, que começou assombrando e com um Lautaro Martínez voando, caiu um pouco, especialmente no campeonato local.

Seria então o Independiente, o melhor argentino desta Libertadores?

O blog segue outra linha: o Rojo, como é chamado o gigante de Avellaneda, é o argentino mais traiçoeiro da Copa. Aquele que não tem nenhum craque em campo – mas tem sim um craque à beira dele para desmontar qualquer plano adversário e tirar, como dizem os brasileiros, ''leite de pedra'' com o time que tem.

Quem segue nossas patadas y gambetas lê sobre este fantástico técnico Ariel Holan desde março de 2016. Não é nem de longe uma surpresa o ''futebol total'' que ele executa no Independiente, um time que te engana, te enrosca e…te vence, como venceu o Boca por 1 a 0 no último domingo pelo Argentino lá mesmo no Estádio Libertadores da América onde o Corinthians joga às 21h45 (de Brasília) desta quarta (18). Vimos o Rojo x Boca com atenção. Foi jogo pesado. E truncado.

(O meia Meza e o lateral-direito Bustos são de seleção e voltam hoje ao Rojo. Duas referências técnicas, sin dudas. Mas nada que se compare aos demais grandes argentinos, como os milhões desembolsados em Pratto ou Cardona, por exemplo.)

O Flamengo e o Grêmio sofreram de perto com o que este Independiente é capaz, e Fábio Carille acerta ao dizer que o empate vai ser bom para o Corinthians.

Daqui notamos que é bem capaz que o Independiente leia da mesma maneira e jogue para garantir um ponto em vez de correr o risco de perder três.

Nada mais argentino, convenhamos.

Afinal, até aqui, o Flamengo empatou com o River e o Boca ficou na igualdade com o Palmeiras. Faz sentido imaginar outra paridade entre Rojo e Corinthians.

O Corinthians só precisa ficar atento a uma certa ''excitação exagerada'' do Independiente em partidas grandes. As duas expulsões pelo árbitro de vídeo na final da Recopa não foram à toa. É um time que bate e que tenta intimidar. Joga o jogo que é permitido pelos juízes continentais e principalmente argentinos neste torneio nacional que de tão pegado às vezes mais parece um card de UFC.

Por falar em Argentina, o Corinthians não é considerado um rival temido em Buenos Aires. Qualquer noticiário sobre a partida desta noite na capital portenha destaca que o time alvinegro é um verdadeiro desastre jogando em solo azul e branco.

São, afinal, sete jogos de Libertadores na Argentina, perdendo cinco e empatando um – o único que ganhou, do San Lorenzo em 2015, foi com portões fechados e jogando pior: 1 a 0, gol de Elias, com Tite (ou Tité, como escrevem os argentinos).

Corinthians e Independiente se cruzaram pela Mercosul em duas ocasiões, em 1999 e 2001, e o Rojo venceu as duas partidas que fez em casa (2 a 0 e 1 a 0).

A noite de hoje está para empate, mas ojo com este Independiente. Traiçoeiro. Capaz de atacar ou ferir inopinadamente, segundo o dicionário. Ou ''Traicionero'', como canta este hermoso rock aqui, da banda La Beriso, uma das preferidas do técnico-roqueiro Jorge Sampaoli, El Pelado Sampa, sempre nos shows. Escuchá.


TV argentina antecipa convocação de Sampaoli para a Copa
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Tales Torraga

Competente canal de TV de Buenos Aires, o TyC Sports banca com muita propriedade a concorrência dos gigantes mundiais Fox Sports e ESPN. Sempre com olhar muito próprio da Argentina, o TyC tradicionalmente dá bons ''furos'' na seleção – e o que abriu esta semana, por exemplo, é simplesmente a antecipação dos convocados pelo técnico Jorge Sampaoli para a Copa do Mundo.

A lista com 35 nomes é esta aqui, com o respectivo país de atuação.

Os convocados de Sampaoli para a Copa do Mundo – TyC Sports/Reprodução

A lista antecipada pelo TyC contém 34 nomes – o asterisco na arte simboliza que ainda há uma única dúvida que persiste na careca do Pelado Sampa para decidir que jogador vai fechar a relação. A lista de 35 nomes precisa ser entregue para a AFA e para a Fifa em 14 de maio. A nominação final, de 23 jogadores, não pode ultrapassar 4 de junho, mas mediante o bom fluxo de informações de Sampaoli com a imprensa, é provável que ela venha a se tornar pública bem antes do prazo final.

Da lista de 35 nomes, observamos:

– Franco Armani está nela, e com enormes chances de ser titular, segundo apuramos. E que engraçado. Basta ver uma rodinha de crianças jogando bola em Buenos Aires para ouvir o ''Armaaaniii'' gritado a plenos pulmões pelos pequenos, hoje os mais empolgados com o impressionante ''goleiro de luxo'' do River Plate.

– Erik Lamela, que jamais foi convocado pelo Pelado Sampa, voltou a atuar em bom nível pelo Tottenham e vai receber uma chance. Ojo.

– A grande ausência desta lista de 35 nomes é a de Mauro Icardi, que começou a Era Sampaoli como titular e agora não está nem na relação inicial. Fulminante.

– Outras ausências a se considerar são as dos zagueiros Germán Pezzella e Ezequiel Garay e as dos atacantes Lautaro Acosta e Alejandro Papu Gómez. Tirando Garay, todos os três estiveram nas últimas  (e desesperadoras) partidas das Eliminatórias – e agora estão descartados.

Sampaoli promete uma verdadeira turnê mundial para conversar com os seus convocados. Ele já está com passagem marcada para Espanha, Itália, França, Holanda, Inglaterra e Portugal para reuniões esporádicas com os atletas.

A princípio, ele só não vai para China, Rússia e México.


Atlético Diego Armando: conheça o time fundado em homenagem a Maradona
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Tales Torraga

Alguém consegue imaginar um Pelé Futebol Clube? Ou um Sport Club Rivellino?

Na Argentina, sim: o Club Atlético Diego Armando, que acaba de entrar em campo.

O Atlético Diego Armando fica na cidade de Mercedes, na província de Buenos Aires, a 100 quilômetros da capital, e não é nenhum projeto esportivo criado por Maradona (algo semelhante, por exemplo, ao CFZ, o Centro de Futebol Zico).

Que nada.

Ele é decorrência da paixão de amigos maradonianos que levaram adiante a criação de um clube com o nome do grande ídolo deles e de milhões de argentinos. Para evitar problemas legais, evitaram usar o ''Maradona''. O dinheiro vem de comerciantes locais, de sorteios e da venda de frango assado.

Tudo a ''todo pulmón'', como dizem os argentinos.

Os jogadores do Club Atlético Diego Armando – Divulgação

São dois, os cabeças do clube: Nicolás Geracitano e Maximiliano Cané. Nicolás é estudante de educação física, tem 26 anos e se encarrega da preparação física e do treinamento dos jogadores; Maxi, o amigo, é o ''cartola'' da equipe.

O atual elenco do Diego Armando veio do futebol society – os jogadores, no fim do ano, conquistaram o título de um torneio local, e usaram a premiação em dinheiro para comprar o uniforme que agora vestem nos gramados oficiais.

''Oficiais'', neste momento, significam os campeonatos da Liga Mercedina, bastante longe da elite. O básico para um clube que acaba de ser criado e que é levado adiante, mais do que nada, pela loucura coletiva por Maradona. Tal paixão permitiu que as inscrições nas federações fossem quitadas. A meta agora é ter uma sede.

As referências a Diego são perceptíveis, por supuesto, também no uniforme – o principal reproduz as cores do Boca; o reserva é o da seleção argentina (o titular).

Clube nasceu com forte adesão maradoniana – Divulgação

O Diego Armando estreou com três derrotas seguidas no torneio local: um 1 a 0 para o El Timón de Jáuregui, outro 1 a 0 para o Estudiantes e um 5 a 0 para o Colón. É o lanterna do Grupo A da Liga Mercedina, mas é um sucesso de público, com torcidas que até lembram as dos times profissionais, com sinalizadores, fumaças e já um cântico dos mais pegadizos, o ''Made in Argentina'', do grupo Mala Fama, que canta ''Zarpado de argentino, fanático del Diego''. ''Zarpado'' é um duplo sentido que significa, dependendo da situação, ''incômodo'' ou ''espetacular''.

Um detalhe que o Club Atlético Diego Armando não abriu mão foi registrar a fundação do clube em um….30 de outubro de 2017, aniversário de Maradona.

O sonho do Diego Armando? O de sempre: disputar a Libertadores e o Mundial.

E alguém no Brasil consegue imaginar a locura Pelé x Maradona que dominaria a Argentina em um Santos x Diego Armando pela Libertadores?!


Sampaoli e medalhões enfrentam novo atrito
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Tales Torraga

Pobre Jorge Sampaoli. Até o que seria uma solução está lhe causando problemas.

O dilema em questão usa luvas e é a sensação do Campeonato Argentino neste 2018. Trata-se de Franco Armani, goleiro do River, que está – com justiça – sendo comparado a Pato Fillol com defesas inacreditáveis, como as do Cilindro de Avellaneda, no último domingo, para ajudar o Millonario a bater o Racing por 2 a 0.

Sampaoli esteve no Cilindro para ver de perto Lautaro Martínez e, claro, Armani. Não resta dúvidas de que o arquerazo do River não merece apenas a convocação, mas também ser o titular argentino na Copa do Mundo. Ele faz milagres a cada semana. E Chiquito Romero sequer joga pelo Manchester United.

A pressão sobre Sampaoli para convocar Armani é gigante. Todos os jornais portenhos deram nota dez ao goleiro do River depois do jogo contra o Racing, e uma enquete no site do diário ''Olé'' indicou que 75% dos internautas gostariam de ver Armani não no banco de reservas – mas como titular da Argentina no Mundial.

São poucas as vozes contrárias a esta tendência.

Uma delas é a de Diego Maradona, que disse sem rodeios: ''Armani não é um grande goleiro''. Pablo Caballero, ex-arqueiro da seleção, hoje manager do Vélez, também atacou: ''Pedir a sua convocação é uma falta de respeito com os goleiros das Eliminatórias e de todo o processo. Esta pressão soa como uma manobra do River para justificar os US$ 4 milhões que gastou em um jogador veterano''.

Sampaoli, Armani e Pekerman – Montagem/TyC Sports

Armani tem 31 anos e construiu sua carreira no Atlético Nacional, de Medellín. Casado com uma colombiana, quer viver por lá depois de pendurar as luvas, e está a um passo de assinar a sua cidadania cafetera. E é essa a deixa para o argentino José Pekerman, técnico da seleção colombiana, ficar de olho bem aberto na possibilidade da sua convocação para o Mundial da Rússia.

A questão técnica é formalidade. Da maneira como está defendendo, Armani não deve (ou não deveria) ficar fora da Copa – tanto é assim que Sampaoli já agendou uma conversa pessoal com ele nesta sexta (13) em Buenos Aires.

A questão toda é: se Armani for convocado, vai ser titular. É impensável imaginá-lo no banco exercendo grande pressão sobre Romero em plena Copa do Mundo.

Mas se Romero ceder a titularidade, o problema vai estar armado.

Romero é da geração de Messi, Mascherano, Agüero, Biglia e companhia, uma figura valorizada por todos pela sua trajetória na seleção. Vai disputar sua terceira Copa, também a última, e sempre teve uma voz das mais pesadas nos bastidores.

Sampaoli mede riscos. Sem um time ainda definido e cada vez mais perto da Copa, avalia se vale a pena resolver seu problema no gol – mesmo que isso, segundo nos conta desde a seleção, signifique ''cravar uma faca no coração do grupo''.

O técnico e os jogadores já tiveram as suas primeiras desavenças depois do ''papelão de Madri'', o 6 a 1 para a Espanha. Criar um bom clima de trabalho na seleção argentina já é tão necessário quanto encontrar as respostas em campo.

Observação certeira de um parcerazo nosso, fanático pelo Charly García:

Essa panelinha dos amigos do Messi tem exigencia, veto, voto e opinião demais para quem nunca ganhou absolutamente nada na seleção, não? Ok, tem o peso do Pulga, a AFA parece um circo, mas a patota escolhe técnico, elege o grupo, seleciona o menu do almuerzo… Quem vê, pensa que ganharam as ultimas Copas.

Alguém consegue discordar?


Argentina é a grande favorecida na semi da Liga dos Campeões
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Tales Torraga

''Uma semana redonda. Melhor? Impossível.''

Assim Jorge Sampaoli avaliou com sua equipe de trabalho o que aconteceu na Liga dos Campeões com as eliminações de Barcelona, Juventus e Manchester City, equipes que poderiam levar os jogadores da seleção argentina a um grande destaque. ''Redondo. Melhor, impossível'', foi a definição que chegou ao blog.

Sampaoli hoje (só hoje, porque o processo é largo…) tem na cabeça os seguintes titulares para esta Argentina: Romero; Mercado, Otamendi, Fazio e Rojo; Mascherano, Enzo Pérez, Messi e Di María; Agüero e Higuaín.

De todos eles, apenas Fazio segue vivo na Liga dos Campeões com a Roma.

Sampaoli comemora – Olé/Reprodução

Tal descanso deve mesmo ser comemorado – principalmente para uma seleção envelhecida, cuja média de idade ultrapassa os 30 anos.

Colocando o olhar especificamente sobre Messi: a seleção precisava mesmo de seu capitão ''mais fresco''. A eliminação na Liga dos Campeões e a liderança tranquila no Campeonato Espanhol devem dar a ele a tranquilidade e o descanso necessários para uma boa Copa do Mundo. É mesmo ''melhor impossível'' para Sampaoli que Messi, Di María, Agüero e Higuaín – e provavelmente 90% da seleção – estejam treinando juntos desde a apresentação, em 21 de maio, uma segunda-feira, no prédio de Ezeiza, em Buenos Aires.

Se Sampaoli precisava de tempo para encaixar o time, aí está.

Messi tem só mais dois jogos importantes daqui até a Copa: o clássico contra o Real, em 6 de maio, e a decisão da Copa do Rei, contra o Sevilla, em 21 de abril.

Os grandes jogadores sempre chegam aos Mundiais em seus limites físicos, desgastados por temporadas intermináveis. Messi vai desembarcar na Rússia menos esgotado do que na África do Sul e no Brasil. Isso é o que interessa.

Vale observar que esta Argentina deve se juntar descansada e ainda por cima, feliz.

Afinal, o Barça já livrou a distância que vai garantir o seu Espanhol, e o mesmo ocorrem com Di María no Paris Saint-Germain e Agüero no Manchester City.

O único jogador de peso que vai precisar se desgastar um pouco mais em sua liga local é Higuaín, que ainda precisa de um esforço extra para ampliar ou conservar a liderança que a Juve hoje tem de quatro pontos sobre o Napoli.

Sampaoli não exagera. Melhor? Impossível.


Tranquilo, Palmeiras. Este Boca anda bem ‘meia-boca’
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Tales Torraga

Quando todos imaginavam que este Boca Juniors seria o grande time da Argentina neste 2018, eis que estamos aqui falando do ''Boca meia-boca'' que o país não cansa de criticar mediante a falta de resultados e, o que é pior para um argentino, a falta de brio em jogos importantes como este Palmeiras x Boca das 21h45.

A liderança do Campeonato Argentino merece uma observação mais profunda. O Boca é o ponteiro tranquilo, com sete pontos de vantagem para o segundo (o nanico Godoy Cruz) a quatro partidas do fim. Mas não há quem assista a este campeonato em Buenos Aires que não se refira a este Argentino como um torneio ''medio pelo'', gíria para definir o que é de baixa qualidade.

Outros vão além: como este Campeonato Argentino hoje é oficialmente chamado de Superliga (mamita querida…), há quem diga em alto e bom som em plena rádio que esta é a ''Superligarcha'' – ''garcha'' é uma palavra bem chula para o ato sexual.

Deixando a gritaria de lado, chama sim a atenção que o Boca perca no sábado (2 a 1, com os reservas, para o Defensa y Justicia, em plena Bombonera) e nenhum concorrente direto que venha atrás tenha capacidade de ganhar e colocar pressão na equipe. O Talleres perdeu, o San Lorenzo também. Assim fica bem mais fácil.

Sobre o time, vamos repassar o que se fala em Buenos Aires sobre cada um.

O Boca para enfrentar o Palmeiras – Olé/Reprodução

O goleiro é o fraco Rossi – e o Boca publicamente já corre atrás de um nome de mais peso para ser titular e fazer o que o monstro Franco Armani faz no River. O sonho xeneize é Marchesín, do América do México, reserva da seleção argentina.

Os laterais são Jara, pela direita, e Fabra, pela esquerda.

Jara joga mais contido, e Fabra é mais solto para apoiar pela esquerda. Ambos foram dois dos mais criticados depois da derrota do Boca para o River na decisão da Supercopa Argentina há um mês – 2 a 0 no ''superclássico do século''. Não por falhas individuais, e sim pela mescla de soberba e medo com o qual jogaram esta decisão que deveria ter perna firme, e não a cara de coitados que demonstraram.

A zaga é formada por Goltz e Magallán. Goltz é o ''xerife'' do técnico Guillermo Barros Schelotto desde o Lanús. Típico zagueiro argentino: quando passa a bola, o adversário não. Já Magallán entra no Allianz Parque sob grande pressão. Falhou feio na saída de bola e determinou a derrota do Boca para o DyJ na Bombonera.

Para ter ideia do estado de ânimo que ronda hoje este elenco, o locutor de rádio Daniel Mollo, famoso em Buenos Aires por narrar os jogos do Boca, berrou raivosamente que Magallán havia feito uma ''cagada maior que a da Sol Pérez''.

Magallán e Sol Pérez – Montagem/Infobae

Sol Pérez é a ''chica del clima'' da previsão do tempo da TV TyC Sports.

É chulo, óbvio. E se não é chulo, é violento. O Boca chega a este jogo também em clima de ameaça – se estivesse tão bem, não receberia os seus terríveis barra bravas para uma conversinha em particular depois de perder a final para o River.

(Terceiro mata-mata perdido para o River! E seguido! Sul-Americana, Libertadores e Supercopa. Terrible! Se o Palmeiras está bravo por perder o Paulista para o Corinthians, multiplique-se por três – ou melhor, por uns cinco ou seis – e se chega ao grau da tremenda irritação dos xeneizes em Buenos Aires.)

No Allianz Parque, o meio do Boca terá Pablo Pérez, Barrios e Reynoso.

Pablo Pérez, não há comentarista argentino que pense diferente, está muy mal del bocho. Complicado da cabeça. Fez o gol da dramática vitória sobre o Talleres, que praticamente definiu o Argentino, e em vez de comemorar saiu xingando palavrões para a torcida. Wilmar Barrios é excelente jogador – mas inconstante demais. Bebelo Reynoso é o toque de qualidade. Tem só 22 anos e é o típico baixinho (1,72) da picardia argentina pura. Chegou ao Boca há pouco. Precisa de rodagem.

O ataque conta com Pavón, Ábila e Cardona.

Pavón é o melhor jogador deste Boca. O ''novo Caniggia'', como dizem em Buenos Aires, por sua velocidade. Tem só 22 anos e deve ser o único convocado do clube para defender a seleção de Sampaoli na Copa do Mundo.

Ábila é um centroavante oportunista, mas que anda devendo no Boca. Já Cardona, o ''Crackdona'', comparado a Riquelme em seu começo no clube, hoje é mais criticado pelo sobrepeso – sete quilos, segundo a Rádio La Red.

O técnico Guillermo Barros Schelotto tampouco anda bem. É chamado abertamente de ''aprendiz de técnico'' nas rádios e tem seu trabalho detonado por ídolos do Boca que foram inclusive seus companheiros de time.

(O futebol é o segundo esporte na Argentina. O primeiro é a crítica.)

Tevez ainda se recupera do seu ''ano vegetativo'' da China. Enquanto isso, a AFA se recupera deste deslize absurdo aqui.

O presidente da AFA e as taças do Boca – Twitter @tapiachiqui

Esta foi uma imagem postada nas redes – e depois tirada do ar – da reunião da AFA com a Conmebol na última segunda (9) em Buenos Aires. Chiqui Tapia, o presidente da AFA, e os demais brindaram com….taças do Boca!

Se precisar explicar: Tapia é torcedor assumido do Boca. E presidente da AFA.