‘Batalha de La Plata’? Hoje é dia da ‘Moleza de Quilmes’
Tales Torraga
Os mais bravos podem espernear, mas este Estudiantes x Grêmio que começa hoje às 21h45 (de Brasília) em Quilmes não tem absolutamente nada a ver com a ''Batalha de La Plata'' e nada a ver com qualquer coisa que se espere de um confronto Brasil x Argentina em uma Libertadores. O vermelho e branco de La Plata está neste confronto ''de graça'', como costumam brincar até mesmo os sensatos torcedores do Pincha, que não entendem como um time tão, pero tan fraco, pôde vencer por 3 a 1 o Nacional do Uruguai na última rodada e ficar com esta vaga.
O Estudiantes está numa lástima de dar pena. Não tem time, não tem dinheiro e não tem estádio. Por falar em estádio, é só por isso, por uma mera questão de custo, que o jogo vai ser em Quilmes, e não em La Plata, onde o gigante Estádio Único custa mais para alugar. Você deixa de atuar na sua cidade, em um palco grande (53.000 pessoas contra 30.000), e decide jogar nos arredores. Tal falta de ambição dá dimensão exata de como este Estudiantes está ligando menos para os placares e mais para os martelos e para as britadeiras das construções do seu novo Estádio Jorge Luis Hirschi – o 1 y 57 para os locais -, que ainda não têm data de finalização, porque em abril as obras foram paralisadas por falta de dinheiro.
Em campo, o Estudiantes segue o estado de penúria e não inspira nem o mais fanático a acreditar em qualquer coisa diferente do que em duas derrotas para o atual campeão da América. Até um empate em Quilmes foge da razão – seria muito mais um descuido do Grêmio do que mérito próprio do Pincha.
E nem a classificação em cima do Nacional deve ser usada como exemplo de alerta, pois o time foi todo desmantelado durante a pausa para a Copa.
O ídolo, zagueiro e capitão Desábato (aquél…) se aposentou, e os mais maldosos de La Plata dizem que ele se antecipou ao goleiro Andújar (35), o volante Braña (39) e o complicado meia-atacante La Gata Fernández (34 anos), medalhões que se arrastam em hora extra – principalmente para encarar o campeão da Libertadores. No caso de Andújar, nem levamos muito a sério, pois se trata de um arquerazo.
Outros motivos para desconfiar do Estudiantes? Terminou o último Campeonato Argentino só em 16º entre 28 times e está sob o comando de um técnico interino há um mês e meio – trata-se do ex-meia Chino Benítez, de só 37 anos.
Como citamos, houve uma debandada: Otero, Melano, Desábato, Romero, Giménez e Dubarbier deixaram La Plata. E as chegadas não acompanharam o fluxo. Só o lateral Evangelista e o bom atacante Albertengo vieram.
Se não tem bons jogadores, este Estudiantes tampouco tem ritmo de jogo.
Como a Argentina segue o calendário da Europa, a equipe de La Plata disputou uma única partida nos últimos dois meses e meio – um 4 a 0 em cima do Central Córdoba, da Quarta Divisão, pela Copa Argentina, há três semanas.
''Batalha de La Plata''? Assunto de 1983. O confronto de hoje para o Grêmio está mais para a ''Moleza de Quilmes'' diante de uma torcida desanimada e de um time ainda mais fraco que o já muy limitado Estudiantes do primeiro semestre.