Independiente é o argentino mais traiçoeiro desta Libertadores
Tales Torraga
Uma excelente discussão (mais uma!) agita Buenos Aires neste meio de semana: qual é o melhor time argentino desta Libertadores? Boca e River ainda não encontraram caminho. O Racing, que começou assombrando e com um Lautaro Martínez voando, caiu um pouco, especialmente no campeonato local.
Seria então o Independiente, o melhor argentino desta Libertadores?
O blog segue outra linha: o Rojo, como é chamado o gigante de Avellaneda, é o argentino mais traiçoeiro da Copa. Aquele que não tem nenhum craque em campo – mas tem sim um craque à beira dele para desmontar qualquer plano adversário e tirar, como dizem os brasileiros, ''leite de pedra'' com o time que tem.
Quem segue nossas patadas y gambetas lê sobre este fantástico técnico Ariel Holan desde março de 2016. Não é nem de longe uma surpresa o ''futebol total'' que ele executa no Independiente, um time que te engana, te enrosca e…te vence, como venceu o Boca por 1 a 0 no último domingo pelo Argentino lá mesmo no Estádio Libertadores da América onde o Corinthians joga às 21h45 (de Brasília) desta quarta (18). Vimos o Rojo x Boca com atenção. Foi jogo pesado. E truncado.
(O meia Meza e o lateral-direito Bustos são de seleção e voltam hoje ao Rojo. Duas referências técnicas, sin dudas. Mas nada que se compare aos demais grandes argentinos, como os milhões desembolsados em Pratto ou Cardona, por exemplo.)
O Flamengo e o Grêmio sofreram de perto com o que este Independiente é capaz, e Fábio Carille acerta ao dizer que o empate vai ser bom para o Corinthians.
Daqui notamos que é bem capaz que o Independiente leia da mesma maneira e jogue para garantir um ponto em vez de correr o risco de perder três.
Nada mais argentino, convenhamos.
Afinal, até aqui, o Flamengo empatou com o River e o Boca ficou na igualdade com o Palmeiras. Faz sentido imaginar outra paridade entre Rojo e Corinthians.
O Corinthians só precisa ficar atento a uma certa ''excitação exagerada'' do Independiente em partidas grandes. As duas expulsões pelo árbitro de vídeo na final da Recopa não foram à toa. É um time que bate e que tenta intimidar. Joga o jogo que é permitido pelos juízes continentais e principalmente argentinos neste torneio nacional que de tão pegado às vezes mais parece um card de UFC.
Por falar em Argentina, o Corinthians não é considerado um rival temido em Buenos Aires. Qualquer noticiário sobre a partida desta noite na capital portenha destaca que o time alvinegro é um verdadeiro desastre jogando em solo azul e branco.
São, afinal, sete jogos de Libertadores na Argentina, perdendo cinco e empatando um – o único que ganhou, do San Lorenzo em 2015, foi com portões fechados e jogando pior: 1 a 0, gol de Elias, com Tite (ou Tité, como escrevem os argentinos).
Corinthians e Independiente se cruzaram pela Mercosul em duas ocasiões, em 1999 e 2001, e o Rojo venceu as duas partidas que fez em casa (2 a 0 e 1 a 0).
A noite de hoje está para empate, mas ojo com este Independiente. Traiçoeiro. Capaz de atacar ou ferir inopinadamente, segundo o dicionário. Ou ''Traicionero'', como canta este hermoso rock aqui, da banda La Beriso, uma das preferidas do técnico-roqueiro Jorge Sampaoli, El Pelado Sampa, sempre nos shows. Escuchá.