O que está por trás da má fase de Dybala?
Tales Torraga
Por que o argentino Paulo Dybala, olhado como futuro ''melhor do mundo'', passou a jogar tão mal nas últimas semanas? A resposta poderia ser a mesma se a pergunta fosse feita a Gonzalo Higuaín: passa pela seleção e pela pressão de corresponder às pressões de uma Argentina que tritura os seus talentos sem dó.
Os números de Dybala pela seleção argentina não correspondem em nada ao seu cartaz de craque da Juve. Desde que estreou na equipe nacional, em outubro de 2015, jogou 12 partidas – oito como titular. E não marcou nem um golzinho sequer.
Sendo bem sincero: Paulo, aos 24 anos, até aqui não fez por merecer estar na Argentina a ser chamada para a próxima Copa do Mundo.
E tal queda passou a ser vista também na Juventus.
Houve um ''antes e depois'' bem traçado em seu nível de jogo depois que ele declarou que ''jogar ao lado de Messi era difícil''.
Foi dizer isso e sua vida – sim – ficar difícil.
As críticas de uma Argentina cada vez mais desbocada abalaram o jogador. De acordo com Jorge Sampaoli e seu estafe, Dybala ainda precisa assimilar melhor os processos e as dificuldades que um atleta do seu gabarito necessita suportar.
Dybala começou no banco a partida de ontem (18) contra a Sampdoria. Marcou um gol, seu primeiro depois de oito jogos, mas a equipe como um todo foi mal: perdeu por 3 a 2, e agora é a terceira colocado no Italiano. A Juve tem 31 pontos, contra 33 da Inter e 35 do surpreendente Napoli, líder invicto depois de 13 rodadas.
O momento de Paulo é oposto ao seu arranque de temporada. Ele começou muito bem, marcando 11 gols só pelo Italiano até a sua queda. Mesmo com a oscilação, Dybala é o vice-artilheiro da Série A italiana, com 12 gols em 13 jogos. O artilheiro é Immobile, da Lazio, que balançou as redes 15 vezes.
''Paulo reconhece que caiu de nível. Ficamos felizes porque demonstrou coisas boas quando esteve em campo. Precisamos deixá-lo tranquilo. Avaliamos sempre sua situação com a seleção argentina'', comentou o técnico Massimiliano Allegri.
Sampaoli tem um discurso parecido – reconhece que exigir de Dybala agora talvez não seja o melhor. É mais produtivo pressionar outro jogador que aceite tudo com mais segurança.
Com isso, crescem as chances de outro jogador ainda mais jovem: Cristian Pavón, do Boca, que aos 21 anos já mostra segurança para atuar pela seleção.
A comissão técnica de Sampaoli olha com bons olhos para Pavón na lista entre os convocados, mesmo sem experiência prévia pela azul e branca.
Foi assim, em cima da hora, que Ariel Ortega, aos 20 anos, cavou seu espaço na Argentina da Copa de 1994 – o primeiro dos três Mundiais do genial ''Burrito''.