Sampaoli paga para treinar Argentina: salário será só 50% do que ganha Tite
Tales Torraga
Jorge Sampaoli foi apresentado ontem (1º) como novo técnico da seleção argentina, mas sua relação com a AFA começou com um desgaste que poucos imaginavam.
Tudo porque a dirigência da Associação Argentina de Futebol resolveu jogar pesado com o treinador e com sua famosa ansiedade. Absolutamente tudo foi rediscutido no contrato assinado na manhã desta quarta-feira. Prazos, termos e, claro, valores. Muitos valores.
E é onde moram as cifras que Sampaoli demonstra estar assumindo a Argentina realmente por amor à pátria – em que pese a pouca confiança nos empregadores.
De acordo com o jornal ''La Nación'' e com fontes consultadas pelo blog, Sampaoli precisou engolir uma redução drástica em seus salários. Sua pedida inicial era R$ 8,12 milhões por ano, valor individual que não incluiria seus 11 assistentes. O contrato acabou assinado por R$ 5,5 milhões anuais. E a quantia vai servir para pagar também os oito ajudantes, três a menos do que o pensado – e esses profissionais serão bancados pelo próprio Pelado Sampa, o careca Sampaoli.
(Tite, seu adversário no amistoso do dia 9, recebe R$ 10,5 milhões, quase o dobro do que seria o rendimento bruto de Sampaoli, sem o desconto de seus assistentes.)
A grande manobra da AFA com Sampaoli, por sinal, foi devorar sua conta bancária para pagar a multa rescisória ao Sevilla.
A saída custou R$ 5,47 milhões – deste valor, Jorge tirou R$ 3 milhões do próprio bolso. Este é o valor do bônus de desempenho que ele receberia por classificar o Sevilla à Liga dos Campeões e por terminar o Campeonato Espanhol em quarto.
Sampaoli pediu ao clube para usar este valor no abatimento da rescisão. A AFA, assim, vai pagar em parcelas os R$ 2,47 milhões restantes ao Sevilla, prometendo também zerar o ''investimento'' com Sampaoli, que agora lida com o desconforto de confiar em quem só está fechando a torneira quando a questão é o dinheiro.
A AFA ainda deve salários a Tata Martino e a Carlos Bilardo – e Sampaoli, aos 57 anos, iniciando sua trajetória na seleção, talvez não encontre portas abertas na volta ao mercado europeu em caso de frustração com o seu país.
O aperto nas contas acabou significando também o recuo na estratégia para adoçar Lionel Messi: até segunda ordem, Pablo Aimar, seu ídolo de infância, não será um dos assistentes de Sampaoli neste começo de ciclo.
Pelo menos a duração do acordo foi do agrado de Sampaoli. Seu vínculo com a seleção argentina vai durar até a Copa de 2022, que será disputada no Catar.