Patadas y Gambetas

Para bajular Messi, Argentina convoca até seu ídolo Pablo Aimar

Tales Torraga

O torcedor brasileiro merece conhecer de perto a real comoção que toma conta da Argentina neste 2017 anterior à Copa do Mundo: a última e a derradeira, o grande ato final da carreira azul e branca de Lionel Messi, que jogaria na Rússia com praticamente 31 anos. Aos 35, ninguém espera sua presença no Catar-2022.

Pois bem: a diretoria da nova AFA está disposta a dar a Lio as chaves não de Buenos Aires ou de Rosário – mas de toda a Argentina. Os cartolas estão desesperados para ele se retirar da seleção finalmente ganhando o Mundial.

(Uma tática covarde para muitos – e pode colocar o blog aí na lista. Trata-se de uma maneira declarada de colocar tudo nos ombros de Messi e lavar as mãos, algo típico de uma Argentina cada vez mais afundada na mediocridade e nos maus costumes e cada vez mais longe da pátria notável de Borges, Sabato e Pérez Esquivel.)

Pablo Aimar e Messi em 2009. Clarín/Reprodução

A designação de Jorge Sampaoli como novo técnico da seleção argentina, daqui a duas semanas, já é uma maneira de agradar Messi, mediante a amizade entre os dois. E há em curso uma nova tática para tocar as fibras sentimentais da Pulga, como Lionel ainda é chamado em Buenos Aires. Seu grande ídolo de infância, Pablo Aimar, notável camisa 10 do River Plate, terá um cargo na comissão técnica sem possuir nenhuma experiência prévia até aqui.

A credencial do Payasito Aimar, hoje 37 anos? Ter sido um enorme jogador e ser uma pessoa das mais cultas, mas não é nada disso que o coloca na seleção. É sim sua relação com Messi, em detrimento de profissionais que seriam certamente mais capacitados para desenvolver qualquer trabalho técnico em uma equipe nacional.

O cargo de Aimar dentro da comitiva de trabalho de Sampaoli ainda está sendo definido. Mera formalidade. Seu papel será mesmo o de injetar ânimo em Messi.

Está claro desde já: é uma loucura concentrar todos os caprichos em Lio sem saber sequer se ele de fato estará na seleção. Sua presença estará sempre pendente por lesão ou suspensão – e vide o que ocorreu no vergonhoso 0x2 Bolívia em La Paz.

Clarín/Reprodução 21.dez.2015

O trecho acima descreve bem a paixão de Messi por Aimar – algo que toda Buenos Aires sabe e espera que o convívio realmente renda primeiro a classificação ao Mundial, para depois sonhar com a conquista conjunta da taça na Rússia.

Messi e Aimar jogaram juntos a Copa do Mundo de 2006, aquela que a Argentina foi eliminada pela Alemanha nas quartas-de-final.

Ambos retomam a dupla agora, 11 anos depois, mas algo não mudou: a Argentina segue destruída pela Alemanha, como em 2010 nas quartas e em 2014 na decisão.

* Às 10h40: Gianni Infantino e Diego Maradona conseguiram derrubar Marcelo Tinelli da AFA – a grande jogada por trás da punição a Messi, como descrevemos aqui logo quando ela foi anunciada, ainda em março. Tinelli caiu em abril, alegando ''problemas de saúde''. Agora em maio, Messi é habilitado a jogar já ante o Uruguai.

''La pelota no dobla'', já dizia o infame Kaiser Passarella…