Opinião: Sampaoli acerta ao convocar Icardi
Tales Torraga
A primeira convocação da Argentina sob o comando de Jorge Sampaoli veio com a confirmação daquilo que muitos pediam em Buenos Aires e que hoje finalmente ocorreu: Mauro Icardi volta à seleção depois de uma única participação em 2013.
Convém repetir: a Argentina padece da falta de gols. O ataque da seleção nas Eliminatórias é pior que o da Venezuela (15 gols em 14 jogos; os venezuelanos têm 17), o que beira o absurdo contando com Messi, Higuaín, Dybala, Di María e Agüero.
Há a necessidade urgente de mudanças.
Sai Pratto, como antecipamos anteontem, e entra o polêmico Mauro Icardi, o do triângulo amoroso com Maxi López e sua ex-mulher Wanda Nara.
(Ex de Maxi, atual de Icardi.)
Sampaoli já marca uma posição desde seu momento zero na seleção.
Se Icardi não foi convocado nos ciclos de Tata Martino e Patón Bauza por eventuais problemas com o restante do grupo (leia-se antigos amigos de Máxi López, casos de Messi e Mascherano), tais desavenças terão de ser contornadas em prol de um objetivo comum, que é encontrar alternativas ofensivas para uma Argentina que, vale lembrar, ainda precisa selar sua vaga na Copa do Mundo da Rússia.
E abrir mão de um goleador como Icardi é uma loucura. Maurito é um exemplo de bom timing e de excelente jogo aéreo. E com a ressalva de que muitas situações de gols na Inter de Milão ele conquista por mérito próprio, porque a equipe não o ajuda – e imagine agora o estrago que ele pode fazer rodeado por monstros na seleção.
(Sua média de gols na temporada é de 0,66 – 26 em 41 jogos)
Que cada um fique com sua leitura do que Icardi é fora de campo. O que ninguém pode negar é que na área rival ele é como um atacante argentino de antigamente. Muito esperto – um ''pescador'', como os portenhos dizem neste pedaço de mundo. Se o zagueiro dormir com ele um instante que seja, chau.
Finalmente, Pelado Sampa. Sem panelas, sem estrelismo. Muy, pero muy bien.
Às 17h48: Sobre Sampaoli e sua lista anônima, só mesmo um futebol desleixado como o argentino é capaz de coisas do tipo. O técnico ainda não foi apresentado oficialmente, neste fim de semana se despede do clube, mas já arma suas listas sem poder assiná-las –yo, argentino atado con alambre. Chegado numa gambiarra.
El Pelado Sampa é famoso pelo seu critério no trato com os dirigentes e por exigir sempre máximo profissionalismo. Está aí a chave do seu futuro trabalho: saber como ele vai lidar com uma AFA que até aqui beirou sempre o amadorismo.