Patadas y Gambetas

Argentina encaminha acerto com Sampaoli: anúncio deve ser feito em maio

Tales Torraga

Depois do vexame em La Paz, a permanência de Edgardo Bauza na Argentina é inviável e praticamente impossível. E com a entrada da nova presidência da AFA, nesta quarta, uma mudança já está em curso: a chegada de Jorge Sampaoli. É o que informa o jornal ''Clarín'', o maior da Argentina e o primeiro a noticiar, por exemplo, que Bauza seria o substituto de Tata Martino.

O blog apurou com fontes da AFA que a entidade está decepcionada e com muita bronca de Bauza. Uma frase marcante deslizada por um dos dirigentes define bem o trabalho de Patón até aqui: ''Com ele, a gente tem dor nos olhos e nos ouvidos''.

A dor nos olhos vem do pobre futebol apresentado pela seleção. Bauza, aliás, está na corda-bamba desde tão logo assumiu. Depois da derrota de 3×0 para o Brasil ele já seria sacado, mas a vitória também por 3×0 sobre a Colômbia, somada à figura de Armando Pérez, que o contratou, nos bastidores da AFA, fizeram Patón permanecer. Mas agora, na primeira sequência dupla das Eliminatórias em 2017, ele só ganhou do Chile por um raquítico 1×0 com a ajuda do juiz e foi arrasado na Bolívia, em que pese o placar de 2×0 – poderia ser 4×0 ou 5×0 com justiça.

(Impossível vencer em La Paz? O Uruguai saiu da rambla e ganhou!)

A dor nos ouvidos vem das absurdas declarações de Bauza, como falar que a ''Argentina vai ser campeã do Mundial'', que ''não sabe o que vai fazer depois de ser campeão da Copa, que não haverá mais meta a ser alcançada'', e que a nota da Argentina frente ao Chile ''merecia ser 11 – mais que dez''.

A AFA considera que o discurso de Patón faz a torcida de boba, justamente o que não quer a associação neste momento de mudança, busca de credibilidade e respeito também frente à Fifa que tão duramente suspendeu Lionel Messi.


A escolha por Sampaoli resgata uma velha vontade tanto do treinador quanto da entidade – Jorge só não trocou o Sevilla pela Argentina pós-Martino por questão de dias e de dólares – US$ 1,5 milhão, para ser mais preciso. Este é o valor de sua multa, e a AFA agora não vê outra saída a não ser arcar com a quantia.

Ela, afinal, será menor que o prejuízo da eventual ausência no Mundial da Rússia.

A AFA trabalha o anúncio para maio, segundo o ''Clarín'' e o que apurou o blog. A data coincide com o fim da temporada europeia e facilita a negociação com o Sevilla. O trabalho teria o ponto de partida com os amistosos Fifa de junho. A próxima sequência das Eliminatórias – Uruguai em Montevidéu e Venezuela a princípio em Buenos Aires – já será sob o comando do ex-técnico da seleção chilena que, ironia das ironias, instalou o começo da pior crise da história da Argentina justamente ao derrotá-la na final da Copa América 2015 em Santiago.

* Atualizado às 12h28: Para os que olham o fim da tabela argentina nas Eliminatórias com Peru em casa e Equador fora e acham ''que o Peru é fácil'': foi o mesmo Peru que em 1969 tirou – na Bombonera! – a Argentina da Copa de 1970 e esteve a minutos de repetir o feito no Monumental em 1985 e 2009.

** Às 13h22: Sampaoli nem chegou e já recebeu um ferro fortíssimo de Carlos Bilardo, último técnico campeão mundial pela Argentina: ''Ele não serve para nada. Só serve para os dois ou três jornalistas chilenos que são seus amigos'', disparou El Narigón à Rádio Mitre. ''Se Sampaoli vem para a Argentina, tomo um barco e vou para o Uruguai. Ele não vale como treinador ou pessoa.''

A briga Sampaoli x Bilardo vem de dois anos atrás. Bilardo falou bem de Sampaoli, que chamou o dinossauro de ''antifutebol''. Desde então, as farpas são mútuas. El Narigón contou algo mais triste ainda. Quis ir ao Monumental ver Argentina x Chile e a AFA não lhe deu entradas:  ''Não me convidaram''.