Análise: Por que o ataque da Argentina é pior que o da Venezuela?
Tales Torraga
Com só 15 gols marcados em 13 jogos, a Argentina tem o terceiro pior ataque das Eliminatórias, à frente de Paraguai (13) e Bolívia (10) e atrás da Venezuela, com 16!
Como Messi-Agüero-Di María-Higuaín podem estar tão mal assim?
A pobreza do ataque é o maior sintoma da seleção que está se arrastando desde a chegada de Patón Bauza, há seis meses. Se Cavani é o artilheiro com nove gols, Messi, o melhor argentino, tem só quatro. Dois de pênalti, um de falta e um desvio do adversário. O gênio do Barcelona não fez gol finalizando jogadas!
São os trabalhadores comuns, e não os ''quatro fantásticos'', que vêm salvando a Argentina desde o ciclo de Tata Martino. Lucas Biglia fez o gol que deu a vitória sobre a Colômbia em Barranquilla. Otamendi empurrou para as redes e evitou a vergonha histórica que seria perder para a Venezuela. Ramiro Funes Mori marcou contra o Peru. Gabriel Mercado: em Santiago e contra a Bolívia em Córdoba.
Os atacantes? Higuaín, um; Di María, dois; Agüero, nenhum. Lavezzi há tempos ajudou com um; Pratto, há menos tempo, fez dois. Chega. Não tem mais.
Messi é o artilheiro da temporada espanhola. Higuaín é recordista no Calcio. Agüero vinha de uma sequência letal na Inglaterra. Mas na seleção desaparecem. A média das notas do jornal ''La Nación'' dá 4 para Agüero, 5,15 para Di María, 5,33 para Higuaín. Assustador. Contra o Chile, todos correram, brigaram e até assumiram tarefas defensivas. Mas não houve um tecido coletivo que costurasse suas virtudes.
A sensação portenha é que eles não têm de jogar mais. Nem todos. Nem sempre. Nem juntos. Se Dybala estivesse 100%, seria ele o titular contra o Chile. Os ''quatro fantásticos'' já pertencem ao passado. Messi é intocável. Os outros tienen que salir.
Falta gol para a seleção de Messi, Higuaín, Agüero e companhia. Parece uma brincadeira. Mas é bem verdade.
E nem é de hoje. Basta lembrar dos três gols perdidos na final contra a Alemanha em 2014. Ou não ter conseguido marcar nem um mísero gol sequer nas três decisões que foram para a prorrogação – o Mundial e as duas Copas Américas.
Bauza precisa agir. E desde a convocação.
Ou correr o risco de ele, Patón, ser desconvocado.