Patadas y Gambetas

Prisão, bebida e doping de Maradona. O louco técnico que mudou Lucas Pratto

Tales Torraga

Hoje começando a brilhar no São Paulo, Lucas Pratto bem que poderia ter sua carreira cortada com um claro A.C/D.C: Antes de Coco e Depois de Coco Basile.


Em 2013, Pratto disse à revista ''El Gráfico'' que mudou radicalmente sua forma de jogar com Coco Basile, técnico do Boca no curto período do atacante no clube.

“Conhecer o Coco fez daquele semestre um dos mais positivos da minha carreira'', afirmou Pratto, que passou pelo Boca por poucos meses em 2009. O que foi dele depois dali comprova o cartaz de Basile: Pratto evoluiu mais e mais a ponto de ser fundamental na Universidad Católica e no Vélez antes de chegar ao Brasil.

''Basile mudou minha forma de jogar. Antes eu me baseava na força, para mim a jogada precisava terminar em um cruzamento ou um passe ao companheiro quase sempre. O Coco me deu confiança  e eu comecei a me animar, a jogar mais, a procurar o jogo e buscar a finalização com mais decisão'', concluiu.

Os mais velhos ou interessados pela Argentina sabem bem quem foi Alfio Coco Basile. Ex-treinador da seleção, foi sob seu comando, aliás, que a Argentina conquistou seus últimos títulos, o bi da Copa América em 1991 e 1993.

O que poucos no Brasil sabem é que Basile foi um esforçado zagueiro, campeão da Libertadores e do Interclubes com o Racing em 1967. Esforçado e às vezes violento. Em 1971, ao ser expulso, foi preso (!) por um então decreto do general Juan Carlos Onganía, presidente da república que determinou cadeia aos jogadores que levassem cartão vermelho naqueles tempos sombrios de ditadura.

Hoje com 73 anos, Basile encarna a figura do idoso boêmio e que fala sem parar – quase um arquétipo de Buenos Aires. Em um mero passeio pela capital portenha à noite é possível ver centenas de ''Basiles'' perambulando pelos bairros.

A relação de Coco com a noite e com a bebida é tão intensa que ele sempre está na TV com algum tema relacionado ao assunto. Na semana passada, por exemplo, ele apareceu cantando e fazendo as vezes de degustador de whisky.


O jeito fanfarrão que hoje faz a Argentina rir lhe custou o cargo de técnico da seleção. Em 1994, o país todo considerou que o comportamento ''boleiro'' demais de Basile foi responsável pela desorganização que culminou com o doping de Maradona naquela Copa e a eliminação para a Romênia ainda nas oitavas.

No lugar de Basile entrou o seu contrário, o linha-dura Daniel Passarella, que durou até 1998. El Kaiser caiu junto com a até hoje muito sofrida derrota para a Holanda no último minuto das quartas-de-final do Mundial da França.