Para mudar desfecho da Libertadores, Macri vira a casaca e se alia ao River
Tales Torraga
A negativa do Boca Juniors em disputar a segunda final da Libertadores tem desde a noite de sábado (24) um opositor muy pesado: trata-se ninguém menos de Mauricio Macri, presidente da Argentina e histórico ex-mandatário do clube xeneize.
Constrangido com o profundo golpe na imagem da Argentina, ainda mais às vésperas do G20, Macri tem sido uma peça das mais ativas nos bastidores desta caótica Libertadores. Na noite de sábado, ele e Daniel Angelici, atual presidente do Boca, conversaram e chegaram a um acordo para que a partida fosse disputada no domingo. A posterior recusa de Angelici de entrar em campo surpreendeu – e irritou – o atual homem forte da Argentina, que pela primeira vez, desde a sua posse, em 2015, passou a divergir do clube que comandou entre 1995 e 2007.
O resultado da dissidência entre Macri e Angelici? A surpreendente aproximação entre o presidente argentino e Rodolfo D'Onofrio, mandatário do River. Ambos alinharam o discurso e entraram em contato com a Conmebol para demonstrar, na noite desta terça, as garantias necessárias de segurança para a segunda partida voltar a ser disputada no Monumental de Núñez.
Macri, assim, diminuiria o papelão causado pela incapacidade geral no último sábado; e o River, óbvio, manteria os seus ganhos financeiros e a igualdade esportiva que uma decisão em Núñez representaria.
Apesar de obviamente atenciosa com o pedido de Macri, a Conmebol por enquanto se mantém firme em sua negativa: a partida será mesmo realizada fora da Argentina. Caso o Boca mantenha sua posição de não entrar em campo e pedir os pontos no TAS (o Tribunal Arbitral do Esporte), ficará isolado de uma maneira que pode vir a ser insustentável, tanto para o desfecho da atual Libertadores quanto para as suas relações historicamente férteis com esta presidência da Argentina.
Nesta quarta (28), D'Onofrio voltou a acusar o Boca de faltar com a palavra, mas desta vez usou um tom muito mais irônico: ''Venham jogar, vocês podem ganhar, não somos tão bons assim'', disse, entre outras bravatas. O discurso mais áspero foi detectado como um claro sinal de que o clube de Núñez conta agora com um respaldo inédito para atingir o seu objetivo. Não é para menos: o triunvirato River, Conmebol e Macri exige a realização da segunda partida.
Resta saber os próximos passos do Boca neste enlouquecedor jogo de xadrez que segue provando que o cotidiano argentino supera qualquer ficção.