Análise: Boca começa final como favorito
Tales Torraga
* Atualizado às 16h46: Era impossível mesmo a bola rolar depois de tanta água. A previsão para este domingo também é de chuva, e de igual intensidade. A partida está remarcada para as 17h (de Brasília). Caso haja nova suspensão e o jogo passe para o próximo fim de semana, o River será favorecido pela possibilidade da recuperação física de Ponzio e Scocco. O time de Gallardo assim diminuiria o favoritismo do Boca e passaria a equilibrar um pouco mais a decisão. De locos.
Fim de papo. A partir das 18h (de Brasília) deste sábado, uma Bombonera colapsada e provavelmente chuvosa vai ver o começo da mais acirrada e aguardada decisão de Libertadores da América de todos os tempos. Para quem não acredita, basta conferir o jornal espanhol ''Marca'' de hoje, que dedicou a sua capa justamente ao superclássico argentino entre Boca Juniors e River Plate.
Por falar em jornal, o ''La Nación'', de Buenos Aires, traz hoje também o resultado de uma simulação do Boca x River nada menos que cem vezes no Football Manager, e o Boca foi o campeão 58 vezes, contra 42 do River. Usar o videogame está longe de ser bobagem: em março, houve uma simulação – também centenária – da Copa do Mundo. E deu França campeã e Harry Kane artilheiro, entre outros resultados iguais.
Embora o discurso geral em Buenos Aires seja o convencional ''não há favoritos em tamanho duelo de gigantes'', é perfeitamente possível atribuir vantagem prévia ao Boca, que chega a este sábado em condições melhores que o River.
O primeiro ponto a se observar é a atuação do ataque azul y oro. Guillermo Barros Schelotto encontrou a melhor formação, que é colocar Villa e Pavón bem abertos e Wanchope Ábila centralizado. Benedetto, Tevez, Zárate e Cardona começam no banco – e que banco de reservas! O rendimento ofensivo da equipe disparou: passou de 1,33 gol da fase de grupos para 2,16 no mata-mata.
Pelo lado do River, o ataque é justamente uma dificuldade. Borré e Pratto, os titulares deste sábado, não são goleadores e não vivem fases especialmente efetivas. E Scocco, autor de dois gols nos últimos dois superclássicos, talvez nem no banco fique – carrega uma lesão muscular e é pouco provável que possa render. Um exemplo da complicação do gigante de Núñez no ataque é a presença, entre os suplentes, do pibe Julián Álvarez, de 18 anos e óbvia inexperiência.
Outra virtude xeneize está no meio-campo. Schelotto também encaixou o sistema mais eficiente, escalando o tridente brigador Barrios-Nández-Pablo Pérez.
O River, por sua vez, sofre.
Estará sem seu capitão, o experiente volante Leonardo Ponzio, que é considerado o ''técnico que a equipe tem em campo''. A sua ausência, aliada à do treinador Marcelo Gallardo, que está proibido de sequer entrar na Bombonera, é uma grande interrogação pelo lado vermelho e branco. O substituto de Ponzio será Enzo Pérez, de fraco rendimento neste 2018.
A decisão deste sábado vai mostrar um cenário curioso: nada menos que dez dos 22 titulares estão com dois cartões amarelos e pendurados para a finalíssima do dia 24, no Monumental.
Pelo lado do Boca, são quatro: os volantes Nández e Pablo Pérez, o lateral-esquerdo Olaza e o atacante Pavón. E pelo River são seis – mais de meio time.
A lista conta com a dupla de zaga titular, Maidana e Pinola, que certamente terá muitos problemas para frear, nesta condição, o já citado eficiente ataque do Boca. Os demais que precisam ficar com um olho na bola e outro no cartão são o volante Enzo Pérez, o meia Pity Martínez, e os dois dianteiros, Borré e Lucas Pratto.
Por fim, até a curiosa estatística postada ontem, a que mostra que os visitantes levam a melhor nos superclássicos recentes, a princípio favorece o Boca – que, afinal, decide o título no Monumental e teria a condição de se recuperar de um improvável tropeço neste sábado.