Opinião: Dybala segue empacado na Argentina
Tales Torraga
Pobre Argentina. A tão pedida renovação da seleção chegou, mas o bom futebol, não. E a derrota de 1 a 0 para o Brasil nesta terça escancarou algo que tem incomodado os argentinos em especial: Paulo Dybala segue sem chegar perto de ser, com a azul e branca, aquilo que é com o preto e branco da Juventus.
Chega a ser cruel, mas Dybala, na seleção desde 2015, não fez um gol sequer com a equipe nacional. Nem em amistosos, muito menos em jogos oficiais.
O que deixa ainda mais claro que Dybala vai precisar melhorar seu nível, a ponto de sequer merecer novas convocações, é que todos os autores de gols no ciclo Scaloni o fizeram pela primeira vez: Pity Martínez, Lo Celso, Giovanni Simeone, Lautaro Martínez, Pereyra, Pezzella e Cervi. E nada de Dybala, que segue esperando.
Talvez poucos no Brasil estejam atentos, mas Dybala está sob o seu quarto comando na seleção. Estreou na equipe em outubro de 2015, com Gerardo Martino, para depois ser treinado por Patón Bauza, Jorge Sampaoli e Scaloni. São mais de 700 minutos, em 16 partidas, sem balançar as redes nem contra adversários decorativos como Iraque, Guatemala ou Cingapura.
Quem convive com a seleção responde que o mau futebol de Dybala, tal cual um certo Lionel Messi, passa mais pela cabeça do que pela sua condição técnica: ''É uma questão de timidez. Quando ele se soltar, decola'', repete mais de um integrante consultado pelo blog. ''Ele sequer jogou a Primeira Divisão na Argentina. Quando entra em campo, não se acha digno da convocação. Questões de pertencimento. São coisas que passam em um país tão passional e futbolero como o nosso.''
São poucas as outras possibilidades que justificariam ele ter 72 gols na Juve e nenhum na seleção.
Achavam até que enfrentar o Brasil deixaria Dybala mais motivado para ''guardar'' o seu primeiro gol para uma partida muito especial. Que nada. Os jogos e anos passam. E Dybala segue sem mexer nas redes – só no cada vez mais golpeado ânimo argentino.