Pratto supera críticas e enfim brilha no River
Tales Torraga
Os últimos meses comprovam: o atacante Lucas Pratto é mesmo um homem de enorme paciência. Mesmo aos 30 anos e com um passado recente pela seleção argentina, ele foi criticado como poucos outros jogadores depois da sua chegada ao River Plate, em janeiro, na contratação mais cara da história do clube, custando R$ 44,4 milhões aos cofres do Millonario de Núñez.
As razões das pesadas críticas eram basicamente três: 1) Ter sido torcedor do Boca quando criança, 2) Um sobrepeso em decorrência de uma lesão e 3) A falta de eficiência, incompatível em um atleta tão caro.
Mas o passar do tempo deu razão a Marcelo Gallardo e Enzo Francescoli, técnico e dirigente do River que fizeram todo o esforço necessário para a chegada do Urso (''Oso''), como Pratto é conhecido entre os colegas. O ex-atacante de São Paulo e Atlético-MG é, hoje, o atacante mais temido da Argentina, com gols em todos os últimos quatro jogos em que o clube de Núñez balançou as redes.
O gol de sábado, aliás, foi um golaço, de cobertura, na vitória por 3 a 1 sobre o fraco Villa Dálmine, pela Copa Argentina. Pratto tentou cruzar e acertou o ângulo do goleiro, que estava mal posicionado. E não teve pudores depois da partida ao comentar o lance: ''Dei sorte, tentei cruzar, mas o futebol é um jogo e também permite isso''.
Segundo apurou o blog com a comissão técnica do River, a grande virtude de Pratto para seguir em alta com os seus chefes, mesmo nos piores momentos, foi a tranquilidade demonstrada em meio à rotina de trabalhos. Experiente, mas muito longe de querer ser estrela, Lucas conquistou a confiança de Gallardo exatamente por comprovar, em campo, que a sua permanência fazia sentido. Os companheiros, claro, colaboram – e muito. O River hoje tem uma dianteira das mais potentes do continente com as presenças de Pratto, Scocco e Mora, servidos pelos habilidosos e pensantes Pity Martinez e Juan Quintero.
Gallardo completou neste final de semana exatos quatro anos à frente do River e tem como norma a escalação de jogadores de bagagem (e confiança) em cada uma das linhas da equipe. Na defesa, o responsável por ser a imagem do treinador é o inesgotável Jonathan Maidana, no clube desde 2010. No meio-campo, tal papel é de Leonardo Ponzio, talvez o jogador mais querido pela torcida na atualidade, e o ataque já conta com Pratto com tal referência.
O técnico já percebeu: errando ou fazendo gols (de sorte que seja), Lucas é garantia de paz e profissionalismo principalmente na rotina com os companheiros. E isso, para Gallardo, vale tanto quanto os gols, que agora saem sem economia.
O River, claro, conta com a boa fase de Pratto no muy picante confronto de oitavas de final de Libertadores contra o Racing de Ricky Centurión, outro ex-são-paulino. A primeira partida será no Cilindro de Avellaneda, às 19h30 (de Brasília) do próximo dia 9 – a volta será realizada em Núñez, no dia 29, também às 19h30.