Patadas y Gambetas

Técnico do River escala o filho como titular

Tales Torraga

O técnico Marcelo Gallardo, do River, vive uma semanas das mais estressantes. Perto de alcançar sua segunda decisão de Libertadores em três anos, ele vai ter um sábado (28) para mexer com as emoções mesmo quando o dia deveria ser de um jogo dos mais triviais – contra o Talleres, pelo Argentino, às 21h20 (de Brasília).

A partida vai ser muy especial para ele e para a família pela estreia do seu filho, Nahuel, de 19 anos, como titular do River Plate em um jogo oficial.

Nahuel Gallardo treina no Monumental – River/Divulgação

Nahuel é lateral-esquerdo e descrito pelo jornal ''Clarín'', o principal da Argentina, como ''briguento e bom marcador''. Neste ano, em uma partida da Reserva, como são conhecidos na Argentina os torneios similares aos dos Aspirantes, ele saiu na mão com um adversário, como já havia feito nas férias em Punta del Este.

O filho de Gallardo ficou famoso por ser gandula nos jogos do pai. É tradição no River que os jogadores da base sejam os alcanzapelotas dos profissionais.

Nahuel não chega à titularidade como privilégio concedido por Marcelo. Ele vem sendo o titular da Reserva desde o começo do ano, e como a equipe escalada neste sábado (28) em Córdoba será de jogadores que não vão para a semi da Libertadores contra o Lanús, é natural que ele seja escolhido para começar o jogo.

Gallardo é beijado por Nahuel – TV/Reprodução

Um dos grandes orgulhos de Marcelo é não ter feito a menor pressão – nem no filho e nem no clube – para tal momento acontecer. Apesar de sua pecha de durão, quem o conhece bem sabe que é bem capaz de o Napoleón Gallardo precisar esconder as lágrimas ao ver o rebento defender a camisa do clube que ama.

''Vou exigir meu filho mais que os outros'', contou, sincero, sobre o que esperar do tratamento destinado a Nahuel. ''Trato de separar, por mais que os outros achem que isso seja difícil. Estou aqui para analisar rendimentos. Também sou pai, mas no futebol, em um clube como o River, as coisas são assim.''

As coisas são assim mesmo, Marcelo querido.

A criança que você carregava no colo hoje é um adulto que já está traçando a vida nessas quatro linhas tão importantes para você, para a gente, para todo mundo.

''Yo veo el futuro repetir el pasado
Veo un museo de grandes novedades
Y el tiempo no para. No para, no, no para…''
''El tiempo no para'', Bersuit Vergarabat

Marcelo e Nahuel em Monaco em 1999 – Arquivo pessoal

* Atualizado: Que loucura. O River levou 4×0 do Talleres – e o Lanús também foi atropelado por 4×0, mas pelo Huracán. Tanto River quanto Lanús jogaram fora.

O que os atropelos mudam a decisão de terça-feira (31)?

Absolutamente nada. Pelo Argentino, River e Lanús escalaram ''times mistos'' entre as opções B e C. Até os reservas importantes para a Libertadores foram poupados dos compromissos do campeonato nacional.

E Nahuel Gallardo?

Teve uma estreia bastante discreta. Não brilhou e não comprometeu. Levou cartão amarelo por uma patada violenta – e um pouco destrambelhada – e foi repreendido pelo pai. ''Não se jogue tanto no chão'', pediu Marcelo.

Marcelo (costas) e Nahuel – Olé/Reprodução