Indisciplina de Centurión faz Boca recuar em negociação com o São Paulo
Tales Torraga
A contratação de Ricardo Centurión foi para a geladeira. O blog apurou em Buenos Aires que a direção do Boca Juniors vai esperar pelo menos duas semanas para decidir se segue na tentativa de negociá-lo em definitivo junto ao São Paulo por US$ 4 milhões (cerca de R$ 12,5 milhões).
A razão da pausa nas tratativas? A semana insana que vive o clube.
Na capital portenha, qualquer comentário sobre o Boca é acompanhado por um ''Boca es un cabaret'' ou ''Boca o quilomboca?'', trocadilho juntando o nome do Boca com ''quilombo'' – ''bagunça ou confusão'', em português.
Como se não bastasse a troca de socos entre seus zagueiros em um treino, nesta quarta-feira foi divulgada uma gravação de Centurión fora de si procurando briga em um hotel em plena concentração do Boca em Mar del Plata.
Centurión estava assim por uma gira na Samsara, famosa balada de Mardel, de acordo com o jornalista Pablo Carrozza. O camisa 10 do Boca estaria alcoolizado, mas não se sabe o que desatou sua ira naquele momento.
O mau comportamento de Centurión é o assunto do dia na Argentina, tanto que foi parar na capa do diário ''Olé'', a referência esportiva do país. Muitos apontam o dedo ao técnico Guilllermo Barros Schelotto, um notório pavio-curto. Calentón como ele é, está longe de conseguir transmitir paz a um elenco à beira da loucura.
Quem trouxe interessantes opiniões sobre Centurión foi José Basualdo, ex-jogador de Boca, Vélez e seleção argentina e hoje treinador desempregado: ''Centurión é uma bomba-relógio. Falo com amigos do Racing e me respondem: 'menos mal que ele foi vendido ao São Paulo'. Não foi Guillermo quem trouxe Centurión, foi a diretoria'', contou Basualdo à FOX Sports.
O veterano pegou pesadíssimo com o 10 do Boca: “Centurión não tem nível mental para saber onde está. Precisam dizer que ele está com a camisa do Boca, precisam localizá-lo porque se ele não gostar, o Boca tem de buscar outro jogador com essas características, porque o Boca não perdoa. O entorno te leva a fazer o que ele faz. Se ele treina duas horas e tem 22 para fazer o que quiser, qual a solução? Se ele não se dá conta e não amadurece? Precisa ter um policial com ele todo o tempo.''
Centurión põe o Boca em xeque numa situação tremendamente típica na Argentina. É um jogador que rende em campo, mas atua de forma desencajada fora dele. Há quem já o compare a Ariel Ortega, mas aí há a óbvia constatação de que Ortega sim era uma estrela, ao contrário de Centurión.
O que é Centurión? Quem ele é? Talvez nem o próprio saiba. Uma pena.
O Boca não perdoa. A Argentina também não.Na capa do ''Olé'' desta quinta, uma ironia com Centurión e o comediante Peter, famoso pelo quadro de TV Peter Capusotto y sus videos.
Em tempo: os zagueiros brigões vão receber do Boca apenas 50% do salário deste mês. Ricky até agora não teve sanção por sus videos.
Proteção? Gente próxima ao Mundo Boca encara esta atitude como fim de paciência e de ciclo no clube – e se é para se desgastar com ele, que seja de uma vez só, devolvendo-o ao São Paulo em junho ou antes.
Até lá, Centurión já sabe: vai ser de bom tom passar por um psicólogo uma vez por semana, como já lhe indicou o Boca.