Por que o Lanús é o argentino mais perigoso desta Libertadores
Tales Torraga
A Argentina conta nesta Libertadores com dois gigantes (Estudiantes e River Plate), um grande (o San Lorenzo de Almagro) e um time capaz de fazer um estrago ainda maior que todos esses três. Estamos falando do Lanús, que na noite de sábado conquistou a Supercopa Argentina sobre o River Plate com um impressionante 3×0 no Estádio Único de La Plata. Não houve titulares poupados, não houve desleixo, não houve nada além de um desempenho simplesmente espetacular do Lanús.
O último Campeonato Argentino já havia sido conquistado com um atropelamento histórico de 4×0 no San Lorenzo, também representante do país na Libertadores.
O título de sábado foi o terceiro do Lanús na Argentina nos últimos meses, e o terceiro em cima de um clube grande. Além de River e San Lorenzo, a outra conquista do Granate, como é chamado o Lanús pelo uniforme, foi sobre o Racing, um 1×0 nos acréscimos do segundo tempo para ganhar a Copa Bicentenário.
Ou seja: este Lanús tem bola para bailar os grandes e tem coração para não desistir da vitória até o final. Foi o que se viu no sábado. O Lanús não tem craques, não tem virtuosos, não dá espetáculos individuais, mas é capaz de um jogo coletivo que deixa qualquer adversário grogue e à espera do nocaute. ''Jogamos como homens. Nosso time não é um time de craques, é um time de homens'', inflou o peito o técnico Jorge Almirón, ex-Independiente, hoje à frente do grande trabalho de sua vida.
O Lanús está no Grupo 7 da Libertadores ao lado de Nacional do Uruguai e a Chapecoense. A quarta equipe do grupo é uma figurante, o Zulia, da Venezuela.
É de se pensar que Lanús e Nacional avancem nesta chave. Este Lanús copero tem feito a Argentina traçar muitas semelhanças entre esta equipe e o ápice do River de Gallardo, ali por 2014 e 2015, quando o time ganhava sempre con lo justo, metendo o pé se fosse necessário, quase sempre era e quase sempre a patada chegava, e assim o time conquistou em 2015 a Libertadores que não erguia desde 1996.
O Lanús tem o que River, San Lorenzo e Estudiantes ainda não demonstraram: casca grossa em decisões. River e Estudiantes abrem a Libertadores em queda; ao contrário do Lanús, longe dos grandes centros, quieto na dele, letal.
O brasileiro que encarar o Lanús esperando um adversário de qualidade inferior vai certamente se surpreender com a raça de uma equipe que sabe jogar de acordo com o adversário e com o momento. Há, claro, bons valores individuais. No sábado, os que brilharam foram o zagueiro/lateral-esquerdo Bragheri, o pícaro camisa 10 Martínez e a dupla de ataque marcada pela ousadia de Lautaro Acosta, um jogador tão capaz quanto rebelde, e com a frieza de José Pepe Sand, 36 anos, um atleta de outros tempos, calado e eficiente, sem frescuras e com muito futebol.
É um time que já deixou claro que vai usar o Campeonato Argentino – até por ser o campeão vigente – como mera preparação para a Libertadores. O Lanús hoje é o sexto. Está cinco pontos atrás do Boca. O Lanús de verdade é o que se vê em Copas como a última Sul-Americana, quando foi eliminado pelo Independiente em uma rara má atuação, mas que deixou a vida em um duelo decidido só com briga e com uma triste cusparada de Lautaro Acosta na cara do técnico Gabriel Milito.
Além da contundente atuação, outra grande surpresa do sábado foi o prêmio entregue ao melhor em campo. O atacante Acosta levou para casa uma…
Churrasqueira.