Patadas y Gambetas

Maior campeão da Libertadores, argentino Bochini hoje é animador de festas

Tales Torraga

Aos 62 anos, Ricardo Enrique Bochini é daqueles raros jogadores de futebol que merecem ser chamados de lenda viva com todas as letras. Una leyenda viviente.

Maior ídolo da história do Independiente, ele conquistou pelo clube nada menos que cinco Libertadores e dois Mundiais. Vestindo uma só camisa, ninguém jamais ergueu tantas Libertadores como ele (na soma, El Bocha só fica atrás do colega Sá, de quatro conquistas com o Independiente e duas com o Boca nos anos 70).

A atualidade de Bochini é pouco convencional para um ex-jogador de sua envergadura. Ele trabalha como animador de festas com um cachê módico para os padrões brasileiros, mas necessário para a dura realidade argentina. El Bocha cobra entre 8.000 a 11.000 pesos (R$ 1.700 a R$ 2.330) para participar de festas de aniversário, jogos de futebol ou comemorações de fim de ano de empresas.

El Bocha, em festa, mostra uma cuia de chimarrão – a calabaza, na Argentina

Em entrevista publicada hoje no jornal ''La Nación'', Bochini nega que faça isso por problemas econômicos. Desde sua aposentadoria, há 25 anos, são comuns as versões argentinas que indicam que ele é mais um caso típico do jogador de fama e relevância somente no tempo em que o futebol não era milionário como hoje.

El Bocha é embaixador do Independiente e recebe a pensão que a AFA paga aos campeões mundiais – ele era reserva na Copa de 1986. E atribui a atual função a uma mera conveniência. Ele mesmo agencia os encontros e usa de sua fama para espalhar alegria em eventos de pessoas de geralmente acima dos 40 anos, para os quais Bochini é praticamente um Maradona. ''Quase desmaiam'', brinca ele.

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O ex-jogador diz também que sua excelente biografia Yo, el Bocha,  escrita pelo jornalista Jorge Barraza e lançada em maio, está na terceira tiragem e soma 20.000 exemplares vendidos. E que fica com parte do lucro. O livro é um retrato nu e cru das dificuldades mentais sofridas pelo enganche (o meia, no Brasil) que mesmo com tantos problemas foi ídolo de ninguém menos que Diego Armando Maradona.

Bocha ganhou sozinho mais Libertadores do que qualquer time brasileiro – batendo inclusive São Paulo (1974) e Grêmio (1984) nas finais. ¡Qué pedazo de jugador!