Guia do Campeonato Argentino: favoritos e novidades do ‘torneio dos loucos’
Tales Torraga
Um campeonato de outro planeta, uma coisa de loucos.
É assim que o futebol argentino tem sido tratado no país.
Exemplo? A capa do guia do diário ''Olé'' nas bancas de Buenos Aires.
A razão da loucura? O campeonato só teve início confirmado na antevéspera, de tão feia que está a falta de grana dos clubes e da AFA. A associação segue regendo a competição mesmo depois da intensa e triste guerra por dinheiro contra os clubes.
O intervalo entre o final do último Argentino e o começo deste é de 89 (!) dias.
O campeonato foi aberto ontem com duas partidas menores, Sarmiento 1×0 Arsenal e Godoy Cruz 1×0 Huracán. Todos os grandes farão suas estreias neste fim de semana (sábado, Racing x Talleres e San Lorenzo x San Martín; domingo, Belgrano x Independiente, River x Banfield e Lanús x Boca). A tabela oficial está aqui.
Nosso apanhado sobre o Campeonato Argentino 2016/2017 é este:
Nome oficial: Torneo de la Independencia-Copa Axion Energy
Disputado desde: 1891
Duração: 26 de agosto de 2016 a 29 de maio de 2017
Recesso: 18 de dezembro a 12 de fevereiro para amistosos de verão no exterior
Clubes: 30 (!!)
Sistema: turno único, todos contra todos: 30 jogos, com o acréscimo da rodada especial de clássicos com mando invertido em relação ao campeonato comum
Na TV: sem previsão de transmissão para o Brasil
Na Libertadores 2018: os quatro primeiros na competição
(Na Libertadores-2017 já estão classificados, pelo Argentino anterior, Lanús, San Lorenzo, Estudiantes e Godoy Cruz)
Na Sul-Americana 2017: do quinto ao décimo
Rebaixamento: os quatro últimos. Os dois melhores da B Nacional sobem. Último a cair: Argentinos Juniors. Último a subir: Talleres
Os 30 clubes:
De Avellaneda – Racing e Independiente
Bahía Blanca – Olimpo
Banfield – Banfield
Buenos Aires – Boca Juniors, Huracán, River Plate, San Lorenzo e Vélez
Córdoba – Belgrano e Talleres
Gobernador Costa – Defensa y Justicia
Godoy Cruz – Godoy Cruz
Junín – Sarmiento
La Plata – Estudiantes e Gimnasia y Esgrima
Lanús – Lanús
Mar del Plata – Aldosivi
Paraná – Patronato
Quilmes – Quilmes
Rafaela – Atlético Rafaela
Rosário – Newell's Old Boys e Rosario Central
San Juan – San Martín
San Miguel de Tucumán – Atlético Tucumán
Santa Fe – Colón e Unión
Sarandí – Arsenal
Turdera – Temperley
Victoria – Tigre
Maiores estádios: Monumental (capacidade para 61.688 pessoas), Mario Kempes (57.000, Córdoba) e Ciudad de La Plata (53.000)
Menores: Nuevo Monumental (16.000, Rafaela), Julio Grondona (16.300, Sarandí) e Natalio Carminatti (18.000, Bahía Blanca)
Maiores campeões: River (36 títulos), Boca (31), Racing (17), Independiente (16) e San Lorenzo (15)
Favorito: Rosario Central. Está desesperado em ganhar algo. Perdeu jogadores importantes depois da Libertadores: Donatti (Flamengo), Lo Celso (no clube, mas a caminho do PSG) e Cervi (Benfica). Mas manteve o técnico Chacho Coudet e contratou o bom atacante colombiano Téo Gutierrez, 31, ex-River e Racing.
Deve ser o suficiente. Até porque os grandes estarão com as pernas voltadas à Copa Argentina e à vaga que sai de lá para a Libertadores 2017. O Central também busca esta vaga. Mas vai priorizar muito o Argentino que não conquista há 30 anos.
Logo depois do Central vem a dupla de praxe, River e Boca, nesta ordem.
O elenco do River é hoje o melhor da Argentina. A prova é a Recopa Sul-Americana conquistada nesta semana. Segue com o excelente técnico Marcelo Gallardo.
O Boca incorporou praticamente um time inteiro, mas de jogadores que precisam disputar as posições entre si. Não há uma estrela que chegue e resolva. A vinda mais cara já estreou (e mal) na Libertadores, o atacante Benedetto.
Guillermo Barros Schelotto foi ídolo como jogador e é respaldado pela torcida, mas a desconfiança pela derrota para o Del Valle na Libertadores segue bem viva.
O brasileiro: Diogo Silvestre, 26 anos, lateral-esquerdo do Estudiantes de La Plata. Estava no Peñarol-URU e foi emprestado por um ano. Passou antes por Goiás, Anderlecht-BEL e Sporting-POR. É de Paranavaí (Paraná) e da base do São Paulo.
Foi titular do vice da seleção brasileira no Mundial sub-20 de 2009 no Egito. Perdeu a final nos pênaltis para Gana. Outros que estavam naquela seleção são Alan Kardec, Douglas Costa e Paulo Henrique Ganso.
Quem mais comprou: River (16,6 milhões de euros em Lollo, Larrondo, Moreira, Rossi e Mina, entre outros).
Quem mais vendeu: River (19,7 milhões de euros com Mammana, Balanta, Simeone e Mercado, entre outros).
Contratações mais caras:
Darío Benedetto, 4,85 milhões de euros (hoje Boca, ex-América-MEX)
Luciano Lollo, 3,15 milhões de euros (hoje River, ex-Racing)
Marcelo Larrondo, 3,00 milhões de euros (hoje River, ex-Central)
Últimos campeões (oito diferentes em oito torneios):
2016 – Lanús
2015 – Boca Juniors
2014 – Racing
2013/2014 Final – River Plate
2013/2014 Inicial – San Lorenzo
2012/2013 Final – Vélez Sarsfield
2012/2013 Inicial – Newell's Old Boys
2011/2012 Clausura – Arsenal
Últimos artilheiros:
2016 – José Sand (Lanús), 14 gols
2015 – Marco Rubén (Central), 21
2014 – Lucas Pratto (Vélez), Maxi Rodríguez (Newell's) e Silvio Romero (Lanús), 11
Maior artilheiro: Arsenio Erico (295 gols entre 1934 e 1947 por Independiente e Huracán).
Recorde de participações: Hugo Loco Gatti (765 jogos entre 1962 e 1988, goleiro de Atlanta, River, Gimnasia, Unión e Boca).
Maiores torcidas*: Boca (40,4%), River (32,6%), Independiente (5,5%), Racing (4,2%) e San Lorenzo (3,9%).
* Dados de 2012 e usados desde então pelas transmissões de TV