Patadas y Gambetas

Centurión testa fama de carrasco do River no ‘faroeste’ de Avellaneda
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Tales Torraga

Ricardo Centurión jamais escondeu: é tão fanático pelo Boca que tem até um Maradona tatuado na perna. O imperdível clássico – podemos chamá-lo também de ''faroeste'' – das 19h30 (de Brasília) de hoje (9) no Cilindro de Avellaneda tem inúmeras atrações para onde quer que se olhe. Mas é justo, até pelo seu passado brasileiro, colocar os holofotes em cima de Ricky Centurión, hoje a grande carta de ataque da esforçada Academia treinada pelo explosivo técnico Chacho Coudet.

Centurión, estrela do Racing – Racing/Divulgação

O amor pelo Boca – e a automática antipatia com relação ao River – faz de Centurión um verdadeiro pesadelo para o millonario de Núñez.  Quando vê a banda vermelha do outro lado da cancha, Ricky costuma simplesmente arrebentar. Até hoje, enfrentou o River em seis ocasiões. Ganhou quatro (duas pelo Racing, uma pelo São Paulo e uma pelo Boca) e empatou uma. A única que perdeu, um 3 a 1 em plena Bombonera, quando ainda jogava pelo Boca, saiu de campo ainda no primeiro tempo, machucado. Ou seja: o River jamais derrotou Centurión com ele em campo até o fim.

O atacante não foge da pressão e diz que ''deu risada'' quando soube que o adversário nesta picante oitavas de final da Libertadores seria justamente o River. O atual desempenho do loco Centurión em campo é mesmo dos melhores já vistos em sua carreira. Fez 20 jogos pelo Racing desde que voltou ao clube em janeiro, marcando nove gols e servindo nove assistências. Estava jogando tão bem que seria levado por Jorge Sampaoli à Copa do Mundo da Rússia, mas uma ida sua a uma balada em uma hora pouco apropriada colocou tudo a perder. Ele tem só 25 anos. Pode ser uma boa aposta para o Catar-2022, mas vamos voltar ao mega clássico de hoje.

Centurión, claro, vai enfrentar um River muy fuerte – e que começa a série como favorito, até por decidir a classificação em Núñez no próximo dia 29.

O time comandado pelo brilhante técnico Marcelo Gallardo segue contando com uma seleção em vermelho e branco. O goleiro é Armani, um dos poucos sobreviventes do vexame argentino na Copa do Mundo. Os defensores são Montiel, Martínez Quarta, Pìnola e Casco – não é uma linha que costuma jogar sempre junta e que pode demonstrar fragilidade. O meio-campo tem os volantes Ponzio, Palacios e Nacho Fernández e a habilidosa e pensativa armação de Pity Martínez para servir o potente ataque com Scocco e Pratto.

O Racing vai a campo com um desfalque importante, o zagueiro Donatti. Lautaro Martínez está há tempos na Inter de Milão e já cedeu lugar ao ótimo Gustavo Bou, que está em grande fase. Os 11 de Coudet no Cilindro serão: Arias; Saravia, Sigali, Orban e Soto; Zaracho, Nery Domínguez, Neri Cardozo e Centurión; Licha López e Bou.

Que ninguém se espante se a partida virar um ''concerto de golpes e patadas'', como dizem os argentinos, e ser uma guerra em campo estilo River x Boca na Libertadores-2015. O River, insistimos, é favorito na série, mas um placar largo em favor do Racing no enlouquecido Cilindro pode destrozar este prognóstico.


Até onde vai este Boca galáctico e problemático?
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Tales Torraga

O Boca Juniors volta à Libertadores às 19h30 desta quarta (8) para enfrentar o Libertad, do Paraguai, na Bombonera que deve esquentar a fria noite portenha neste agosto. ''Esquentar'' é um verbo apropriado ao torcedor do Boca que anda muy caliente de…nervoso. O clube conquistou quatro Libertadores em oito possíveis na década passada e desde 2007 não a ganha mais. Una piña fuerte.

Esta fila de 11 anos é um verdadeiro pesadelo para os xeneizes, que perderam espaço internacional para o River Plate e resolveram se reforçar com tudo. Nesta pausa para a Copa chegaram o atacante Zárate, o meia colombiano Villa, o central Izquierdoz, o goleiro Andrada e o lateral uruguaio Olaza.

Izquierdoz, Villa e Zárate, reforços do Boca com o presidente, Daniel Angelici – Boca/Divulgação

Não é mero ufanismo azul y oro: este Boca é uma verdadeira seleção, chamada de ''Dream Team'', ''Galácticos'' e muito mais por toda a Argentina. De fato, o clube tem elenco suficiente para montar dois times e meio de jogadores de elite para enfrentar qualquer equipe – incluindo as brasileiras.

Essa fartura, porém, se encaixa no velho dito ''tudo o que é em excesso faz mal''. Há uma verdadeira obsessão em torno da Libertadores e em torno das cifras despejadas em busca dela. Só neste último mercado de passes foram US$ 20 milhões em contratações – se somarmos as últimas três (2015, 2016 e 2018) Libertadores, todas sob o comando do mesmo presidente, Daniel El Tano Angelici, tal cifra decola para os US$ 65 milhões despejados em 38 reforços.

Em campo, pasó de todo. Exemplo 1: trocaram de goleiro quatro vezes  (Orión, Sara, Rossi e agora chegou Andrada). 2: formaram cinco duplas de zaga (Tobio, Cata Díaz, Torsiglieri, Insaurralde, Goltz e Magallán são alguns que jogaram). 3: A camisa 10 vagou entre Lodeiro, Tevez, Centurión e Cardona, que ainda não terminou de convencer.

O Boca que derrapa fora da Argentina fincou com força a sua bandeira no território local. Ganhou três Campeonatos Argentinos desde 2015 e comemorou outro ''tricampeonato'', seu terceiro balanço consecutivo de superávit.

A pressão está toda sobre o técnico Guillermo Barros Schelotto, no cargo desde março de 2016. Os bons jogadores brotam mesmo por todos os lados: Pavón, Barrios, Magallán, Nandez e Benedetto têm futuro europeu e devem ser os próximos a fazer as malas – vão render, juntos, mais de 50 milhões de euros.

Mais um motivo de pressão? O clube ter seis Libertadores conquistadas e estar a apenas uma de igualar o recorde de sete, hoje com o Independiente.

Pelo calendário argentino/europeu, o Boca está ritmo e só jogou uma vez nos últimos dois meses e meio (um 6 a 0 no Alvarado, da Terceirona pela Copa Argentina, há uma semana). O Libertad, por sua vez, vem com mais rodagem: está em plena competição há três semanas e esta será a sua quinta partida no período.

É bem provável que o Boca suba as arcaicas escadas em direção ao gramado da Bombonera nesta quarta com o seguinte 11 inicial: o goleiro será o estreante Andrada, ex-Lanús; Jara, Goltz, Magallán e Más mantêm a linha defensiva usada no final da fase de grupos da Libertadores. O meio-campo conta com Barrios e Pablo Pérez como volantes (boa dupla) e Pavón, Zárate, Cardona (ou Villa) na aproximação ao único atacante de ofício, Wanchope Ábila.

Tevez é reserva, e por enquanto está resignado como ninguém jamais o viu. Gago sofreu uma lesão muscular decorrente da sua inatividade por operar o joelho e é esperado para voltar a atuar normalmente em outubro.

O Boca tem time, camisa, torcida, dinheiro e enorme influência nos bastidores. Só não tem nenhuma paz. Por isso, quase foi eliminado na primeira fase. Por isso, uma previsão bem sensata é uma repetição da campanha de 2016, chegando até a semifinal e não passando disso.

Schelotto está em xeque. E não demonstra encontrar recursos que possam transferir otimismo aos xeneizes mais sensatos, que duvidam demais da sua capacidade de conduzir o elenco e administrar as pressões das partidas mais importantes.


‘Batalha de La Plata’? Hoje é dia da ‘Moleza de Quilmes’
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Tales Torraga

Os mais bravos podem espernear, mas este Estudiantes x Grêmio que começa hoje às 21h45 (de Brasília) em Quilmes não tem absolutamente nada a ver com a ''Batalha de La Plata'' e nada a ver com qualquer coisa que se espere de um confronto Brasil x Argentina em uma Libertadores. O vermelho e branco de La Plata está neste confronto ''de graça'', como costumam brincar até mesmo os sensatos torcedores do Pincha, que não entendem como um time tão, pero tan fraco, pôde vencer por 3 a 1 o Nacional do Uruguai na última rodada e ficar com esta vaga.

O Estudiantes está numa lástima de dar pena. Não tem time, não tem dinheiro e não tem estádio. Por falar em estádio, é só por isso, por uma mera questão de custo, que o jogo vai ser em Quilmes, e não em La Plata, onde o gigante Estádio Único custa mais para alugar. Você deixa de atuar na sua cidade, em um palco grande (53.000 pessoas contra 30.000), e decide jogar nos arredores. Tal falta de ambição dá dimensão exata de como este Estudiantes está ligando menos para os placares e mais para os martelos e para as britadeiras das construções do seu novo Estádio Jorge Luis Hirschi – o 1 y 57 para os locais -, que ainda não têm data de finalização, porque em abril as obras foram paralisadas por falta de dinheiro.

O histórico entre Estudiantes e Grêmio – @somosdxtf/Reprodução

Em campo, o Estudiantes segue o estado de penúria e não inspira nem o mais fanático a acreditar em qualquer coisa diferente do que em duas derrotas para o atual campeão da América. Até um empate em Quilmes foge da razão – seria muito mais um descuido do Grêmio do que mérito próprio do Pincha.

E nem a classificação em cima do Nacional deve ser usada como exemplo de alerta, pois o time foi todo desmantelado durante a pausa para a Copa.

O ídolo, zagueiro e capitão Desábato (aquél…) se aposentou, e os mais maldosos de La Plata dizem que ele se antecipou ao goleiro Andújar (35), o volante Braña (39) e o complicado meia-atacante La Gata Fernández (34 anos), medalhões que se arrastam em hora extra – principalmente para encarar o campeão da Libertadores. No caso de Andújar, nem levamos muito a sério, pois se trata de um arquerazo.

Outros motivos para desconfiar do Estudiantes? Terminou o último Campeonato Argentino só em 16º entre 28 times e está sob o comando de um técnico interino há um mês e meio – trata-se do ex-meia Chino Benítez, de só 37 anos.

Como citamos, houve uma debandada: Otero, Melano, Desábato, Romero, Giménez e Dubarbier deixaram La Plata. E as chegadas não acompanharam o fluxo. Só o lateral Evangelista e o bom atacante Albertengo vieram.

Se não tem bons jogadores, este Estudiantes tampouco tem ritmo de jogo.

Como a Argentina segue o calendário da Europa, a equipe de La Plata disputou uma única partida nos últimos dois meses e meio – um 4 a 0 em cima do Central Córdoba, da Quarta Divisão, pela Copa Argentina, há três semanas.

''Batalha de La Plata''? Assunto de 1983. O confronto de hoje para o Grêmio está mais para a ''Moleza de Quilmes'' diante de uma torcida desanimada e de um time ainda mais fraco que o já muy limitado Estudiantes do primeiro semestre.


Entenda o Boca x Independiente que hoje divide toda a Argentina
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Tales Torraga

A Libertadores está de volta com confrontos muy interesantes a partir desta terça (7), mas a Argentina gasta o verbo sem respirar em um outro confronto, o de Boca Juniors e Independiente, que nesta semana podem ter uma nova reedição da imensa e interminável polêmica para saber quem é o ''Rey de Copas'' do país.

O Boca hoje tem 18 taças internacionais nas suas vitrines (o recordista mundial é o Real Madrid, com 25). Mas o Independiente tem 17 e pode igualar a contagem caso vença o Cerezo Osaka (!) pela Suruga Bank (!!) em uma partida que promete fazer a Argentina acordar mais cedo nesta quarta (8). O confronto entre o Rojo e o time japonês começa às 7h (de Brasília, Buenos Aires e Avellaneda).

Nem é preciso dizer que a torcida do River Plate, histórico rival do Boca, vai torcer demais para o Independiente, e que o Racing, principal adversário do Rojo, fará o mesmo pelo Cerezo Osaka.

A dicotomia Rojo x Boca é só mais uma em um país coalhado delas, e colocar numa mesma contagem um título de Mundial e de Libertadores com uma Suruga Bank beira o despropósito. Mas como bem lembra o ''Olé'' na edição que hoje circula pelas frias calles de Buenos Aires, a rixa entre os clubes vem de longe – no mínimo desde 2006.

Naquele ano, o Boca de Basile conquistou a Recopa Sul-Americana em cima do São Paulo no Morumbi, e Buenos Aires amanheceu no dia seguinte com muitos cartazes com referência à conquista – era o 16° título internacional do clube, que passaria a ser o maior ganhador do planeta, à frente de Independiente, Milan e Real. O cartaz mais lembrado dizia o seguinte: ''A melhor carne, as mulheres mais lindas e o maior clube do mundo''.

Menos de um dia depois, um outro cartaz do Rojo rebatia: “Cuatro de copas hay muchos. Rey de Copas, uno solo”. Na ocasião, o Independiente registrou o slogan “Rey de Copas” para ninguém usar (Cuatro de copas é uma gíria para algo/alguém inexpressivo, o 'Zé Ninguém' dos argentinos.)

Os títulos de Independiente e Boca – Olé/Reprodução

A lista completinha é esta acima, de novo do ''Olé''. E a atualização nos números delas volta a dar vida a uma outra ironia tão peculiar aos argentinos.

Nas últimas décadas, a torcida do Boca cansou de ironizar todos os outros dizendo que a história do Boca era ''mostrada em cores, enquanto a do Independiente, em preto e branco''.

O Boca não conquista nada internacional desde 2008. Então é a vez de o Rojo (e o River, –claro!-) dizer que as conquistas do Boca são em cores e as do Independiente em…HD, como a épica Sul-Americana do ano passado e a muito provável Suruga Bank desta quarta.


Argentina anuncia novos técnicos sem sequer avisá-los
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Tales Torraga

A seleção argentina parece mergulhada em um poço que ainda não chegou ao fundo. Nem o Mundial patético e nem a bizarra saída de Jorge Sampaoli parecem ter ensinado algo a uma AFA que cometeu a barbaridade de anunciar, ontem (2), que a equipe nacional será comandada por uma comissão interina até o final do ano sem…sequer avisá-los disso, segundo apurou o blog.

(Não é brincadeira. É verdade. E triste.)

O mais bizarro de tudo é Chiqui Tapia, o presidente da AFA, repetir inúmeras vezes a palavra ''projeto'' para a seleção e tomar tal atitude – a de sequer falar antes com Lionel Scaolini, o técnico que será responsável pela seleção até o fim do ano, sendo auxiliado por Pablo Aimar e Martín Tocalli. O trio está com a Sub-20 no Torneio de L'Alcúdia e, pelo que confirmamos, sequer teve a oportunidade de ratificar que teria interesse em assumir a seleção principal. Ou seja: a AFA nem deu o direito para que eles dissessem ''não''.

Os dois treinadores mais experientes que vão ser buscados pela AFA até o fim do ano são José Pekerman e Alejandro Sabella. Ambos, óbvio, já sabem do novo papelão protagonizado pela entidade e do risco que correm ao aceitar trabalhar com quem age com tamanho improviso e desrespeito.

Os próximos jogos da Argentina neste ano são os amistosos contra Guatemala e Colômbia nos dias 7 e 11 de setembro, ambos nos Estados Unidos. É esperado um encontro também contra o Brasil, em data a ser oficializada.


A mudez de Messi espanta mais que a bobeira de Neymar
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Tales Torraga

Bien. Enquanto o Brasil discute o desastroso e desastrado comercial de Neymar, o olhar argentino para o tema é uma mescla do que trouxeram aqui os ótimos colegas Menon e Juca Kfouri. ''Pero qué querés que te diga? Propaganda? Bobeira? Vocês esperavam o quê? Quer algo mais bobo do que rolar no chão? A gente rola no chão quando é criança e não sabe andar. Rolar te pagando milhões de euros, boludo? Os jogadores estão fazendo os torcedores e os chefes de idiotas, loco. Vamos parar com isso, vamos ao cinema, vamos agarrar um livro, o Brasil está cheio de praias, é impossível a vida não ser melhor do que parar para ver um adulto milionário rolando no chão. Coitado de quem engole isso. Coitado mesmo'', me diz o amigazo Juan Saavedra, um dos portenhos com quem mais gosto de conversar sobre fútbol.

Este pensamento é horizontal entre os argentinos – aqueles que se dispõem a falar de Neymar, pelo menos. O Brasil, então, que tenha certeza: as pancadas que Neymar recebe entre os seus compatriotas não são nada perto do que o mudo Lionel Messi está levando na Argentina. O Pulga está fazendo jus à sua lamentável estampa de vestir azul e branco, olhar para o chão, fechar a boca e decepcionar.

Ele, capitão da Argentina, cinco vezes melhor do mundo, veterano de 31 anos, maior artilheiro da seleção em todos os tempos, não deu nenhuma declaração pública depois do misto de vergonha e loucura que foi a Copa do Mundo argentina, enfiando goela abaixo do torcedor a visão certeira do companheiro de UOL Matheus Pichonelli: a única coisa que vale é esta gelada relação padrão-empregado que parece imperar hoje em algumas cabeças pequenas do futebol mundial (as outras modalidades, com estrelas de estratos culturais mais elevados, fogem desta análise).

Exemplos da acidez argentina com Messi?

1) Ser chamado de ''cagão'' por Gustavo Lopez, um dos radialistas mais ouvidos do país, na La Red.

2) E de ''mau companheiro e pessoa tóxica'' por Alejandro Fantino, outro sucesso de audiência entre os argentinos no canal de TV Trece e na própria Rádio La Red.

''Don´t cry for me, Neymar'', cantaria Madonna.

Messi é capitão da seleção argentina há oito anos, desde o ciclo Diego Armando Maradona, e o fato de ele não se dar ao trabalho de se dirigir ao fanático argentino é um golpe pesado demais em uma torcida sofrida e passional e que, voltamos a repetir, não vai derramar uma lágrima sequer se ele não voltar nunca mais a vestir a camisa nacional.

Nem um recadinho no Instagram, nem um comercial oportunista, nem uma entrevista escolhendo o lugar, o entrevistador e as perguntas. Nada. Zero. Cero.

Em Buenos Aires, Messi tem uma estátua e uma estação de metrô decorada em sua homenagem (José Hernández, línea D). É pai de três crianças lindas e preza pelo bajo perfil, pela discrição, pelo silêncio.

Ser silencioso é uma coisa, mas não ter nenhum respeito pelo seu público é outra, é o que dizem os argentinos. E está cada vez mais difícil discordar.


Pratto supera críticas e enfim brilha no River
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Tales Torraga

Os últimos meses comprovam: o atacante Lucas Pratto é mesmo um homem de enorme paciência. Mesmo aos 30 anos e com um passado recente pela seleção argentina, ele foi criticado como poucos outros jogadores depois da sua chegada ao River Plate, em janeiro, na contratação mais cara da história do clube, custando R$ 44,4 milhões aos cofres do Millonario de Núñez.

Pratto comemora gol no sábado – River Plate/Divulgação

As razões das pesadas críticas eram basicamente três: 1) Ter sido torcedor do Boca quando criança, 2) Um sobrepeso em decorrência de uma lesão e 3) A falta de eficiência, incompatível em um atleta tão caro.

Mas o passar do tempo deu razão a Marcelo Gallardo e Enzo Francescoli, técnico e dirigente do River que fizeram todo o esforço necessário para a chegada do Urso (''Oso''), como Pratto é conhecido entre os colegas. O ex-atacante de São Paulo e Atlético-MG é, hoje, o atacante mais temido da Argentina, com gols em todos os últimos quatro jogos em que o clube de Núñez balançou as redes.

O gol de sábado, aliás, foi um golaço, de cobertura, na vitória por 3 a 1 sobre o fraco Villa Dálmine, pela Copa Argentina. Pratto tentou cruzar e acertou o ângulo do goleiro, que estava mal posicionado. E não teve pudores depois da partida ao comentar o lance: ''Dei sorte, tentei cruzar, mas o futebol é um jogo e também permite isso''.

Segundo apurou o blog com a comissão técnica do River, a grande virtude de Pratto para seguir em alta com os seus chefes, mesmo nos piores momentos, foi a tranquilidade demonstrada em meio à rotina de trabalhos. Experiente, mas muito longe de querer ser estrela, Lucas conquistou a confiança de Gallardo exatamente por comprovar, em campo, que a sua permanência fazia sentido. Os companheiros, claro, colaboram – e muito. O River hoje tem uma dianteira das mais potentes do continente com as presenças de Pratto, Scocco e Mora, servidos pelos habilidosos e pensantes Pity Martinez e Juan Quintero.

Gallardo completou neste final de semana exatos quatro anos à frente do River e tem como norma a escalação de jogadores de bagagem (e confiança) em cada uma das linhas da equipe. Na defesa, o responsável por ser a imagem do treinador é o inesgotável Jonathan Maidana, no clube desde 2010. No meio-campo, tal papel é de Leonardo Ponzio, talvez o jogador mais querido pela torcida na atualidade, e o ataque já conta com Pratto com tal referência.

O técnico já percebeu: errando ou fazendo gols (de sorte que seja), Lucas é garantia de paz e profissionalismo principalmente na rotina com os companheiros. E isso, para Gallardo, vale tanto quanto os gols, que agora saem sem economia.

O River, claro, conta com a boa fase de Pratto no muy picante confronto de oitavas de final de Libertadores contra o Racing de Ricky Centurión, outro ex-são-paulino. A primeira partida será no Cilindro de Avellaneda, às 19h30 (de Brasília) do próximo dia 9 – a volta será realizada em Núñez, no dia 29, também às 19h30.


Calleri quase apanha da torcida do River em partida de futsal
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Tales Torraga

Jonathan Calleri viveu momentos de tensão nas suas férias em Buenos Aires. Nesta quinta (26), ele acompanhou um amigo que joga futsal pelo River Plate em uma partida contra o San Lorenzo, no ginásio do Ferro Carril Oeste. Reconhecido pelos fanáticos do time de Núñez, o ex-são-paulino esteve perto de trocar socos com os torcedores que o insultaram pelo seu passado como jogador do Boca.

Calleri (de preto e de costas) conversa com torcedores – @Sepu79/Reprodução

Mais do que as raízes xeneizes, o que desatou a fúria dos torcedores era a presença de Calleri no nefasto confronto da Libertadores de 2015 que terminou com os atletas do River com os olhos queimados por gás pimenta. Ao ser reconhecido no ginásio, Calleri precisou ouvir ofensas a respeito daquela partida, o que ele rebateu fazendo alusão ao rebaixamento do River à Série B da Argentina em 2011.

Em quadra, o jogo chegou a ser paralisado para que os ânimos se acalmassem e os mais sensatos impedissem qualquer agressão. O River perdeu para o San Lorenzo por 5 a 3 e foi eliminado da Copa Argentina de Futsal.

Atacante com competente passado pelo São Paulo, Calleri, 24, segue no Las Palmas, da Segunda Divisão da Espanha. O Racing tentou a sua contratação para o lugar de Lautaro Martínez, agora na Inter de Milão, mas os dirigentes do clube espanhol não aceitaram emprestá-lo.


Argentina sonha com dobradinha Sabella-Simeone na seleção
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Tales Torraga

Embora a AFA despiste e diga que não está negociando para encontrar o substituto de Jorge Sampaoli, o blog apurou que um movimento importante neste sentido ocorreu nesta semana. E a solução pode vir de um nome que já passou pela seleção – o de Alejandro Sabella, que comandou o país no Mundial de 2014, no Brasil, e que não trabalha desde então por motivos de saúde.

Sabella está com 63 anos e já teria dado o seu ok para ser o ''diretor de seleções'' na nova organização que a AFA pretende para as equipes nacionais. E caberia a ele, Alejandro, determinar o novo técnico da seleção adulta – e o treinador que finalmente aceitaria o comando da seleção com ele é Diego Simeone.

Outro nome cotado para ser diretor é o de José Pekerman, como o blog informou na semana passada, mas Sabella hoje aparece à frente de Pekerman por uma simples razão: está livre de qualquer contrato vigente, o que não ocorre com Pekerman na Colômbia.

Sabella, sendo oficializado, cuidaria das categorias de base e especialmente do Sul-Americano Sub-20 que será disputado no Chile, em janeiro, dando vagas ao Mundial da Polônia e à Olimpíada de Tóquio-2020.

O vínculo entre Sabella e Simeone é antigo. Na Copa do Mundo de 1998, por exemplo, Simeone era o capitão da seleção e Sabella era o técnico de fato, tomando a maioria das decisões e deixando os holofotes com Daniel Passarella, o explosivo treinador de turno. Sabella e Simeone trabalharam juntos também no Estudiantes, em 2006. Simeone era o técnico da equipe que conquistou o então título argentino, enquanto Sabella compunha a diretoria do clube.

Sabella já se colocou à disposição até mesmo a assumir a seleção principal como ''técnico tampão'' para esperar a saída de Simeone do Atlético de Madri. Diego renovou no ano passado um contrato que vai até 2020, e a ideia de Alejandro é contar com ele no segundo semestre de 2019, nas Eliminatórias para o Catar-2022.


‘Água batizada de Branco’ vira troféu em título feminino do Estudiantes
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Tales Torraga

O Estudiantes de La Plata conquistou neste domingo (22) o seu primeiro título no futebol feminino – foi a Copa de La Plata, definida com um empate por 0 a 0 contra o Excursionistas no Coliseo del Bajo Belgrano, em Buenos Aires.

Jogadora do Estudiantes ergue o 'bidón de Branco' – Rugido Pincha/Reprodução

Como a AFA não levou troféus para a premiação, as jogadoras do Estudiantes comemoraram o título erguendo um galão de água. O galão é uma referência à ''água batizada'' dada a Branco na Copa do Mundo de 1990. Como o técnico da seleção da Argentina de então era Carlos Bilardo, um emblema do Estudiantes, qualquer festejo típico do clube de La Plata tem referência ao ''bidón de Branco'', como é chamada a trapaça imposta ao lateral-esquerdo brasileiro.

Embora o Estudiantes carregue este nome por seu histórico vínculo com instituições de ensino, parte da sua torcida é mais radical e rechaça qualquer forma de fair play. Nas partidas da equipe, são comuns as bandeiras e faixas com referências ao ''bidón'' e às outras trapaças da equipe, como os famosos alfinetes que Bilardo usava para espetar, nos escanteios, os adversários em seus tempos de atleta.