Patadas y Gambetas

Pratto e Centurión buscam redenção no ‘infernal’ Monumental de Núñez
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Tales Torraga

O clássico River Plate x Racing às 19h30 (de Brasília) desta quarta (29) será especial para dois jogadores de passado recente por clubes brasileiros. Estamos falando de Lucas Pratto e Ricardo Centurión, que têm muito a ganhar e a perder nesta noite em um Monumental de Núñez que estará lotado como nunca neste 2018. A partida de ida, no Cilindro de Avellaneda, há três semanas, terminou 0 a 0, com muitas patadas e poucas chances de gols.

Já voltamos ao assunto estádio, antes vamos contar o que acontece com Pratto.

Contratação mais cara da história do River, custando cerca de R$ 45 milhões, o atacante está numa seca brava. O curioso é que seu jejum ocorre justamente depois do seu melhor momento no clube, e há um mês dizíamos o quanto Lucas realmente penara para agradar a exigente torcida do River.

Desde então, o clube não fez mais gols. A situação do River é uma das mais curiosas do futebol argentino em todos os tempos. O time está invicto há 23 jogos. Mas não faz gols há exatos quatro, todos terminados, claro, em 0 a 0. E Pratto, óbvio, é refém desta seca. Sua cara contratação é especialmente observada em partidas como a de hoje. E ele é o único jogador de peso da dianteira millonaria que chega a esta decisão com o físico em bom estado. Scocco e Pity Martínez vêm de lesão e devem jogar, mas praticamente no sacrifício.

O caso de Centurión é ainda mais delicado. Uma verdadeira gangorra desde que voltou ao Racing, no começo do ano, ele bateu boca simplesmente com o presidente do clube há duas semanas. O motivo? Um exagero do atleta na vida noturna, nas bebidas e na tentativa de trocar os treinos em Avellaneda por manhãs de ressaca. Ricky, como é chamado na Argentina, sabe que uma vitória nesta noite fará com que os seus desmandos sejam olhados de maneira branda pelos torcedores do Racing, ao menos até o confronto das quartas de final, simplesmente contra o Independiente.

A hora do esforço para Centurión é agora, e uma queda ante o River pode ter o efeito contrário, que é o de ele ter as suas noitadas colocadas em uma perspectiva obviamente negativa.

Uma Catedral prestes a explodir – Reprodução/TV

Por fim, o Monumental, que a torcida do River insiste em chamar em Buenos Aires nesta quarta de ''Catedral'' ou de ''Carnaval de Núñez''. O Millonario conseguiu ampliar a sua capacidade de 63 mil para 66 mil torcedores, mas todos os que conhecem os meandros do estádio sabem que as invasões e a superlotação são frequentes neste tipo de jogo. Certamente teremos cerca de 70 mil, com a possibilidade de, numa repetição da loucura da decisão da Libertadores, ver esta quantidade beirar as insanas 80 mil pessoas que se espremiam e tomavam chuva na terceira volta olímpica do clube na competição.

Talvez custe ao brasileiro entender, mas o Monumental em decisões é um estádio ainda mais letal que a Bombonera. Um exemplo? Sob o comando de Marcelo Gallardo, o River definiu dez mata-matas no Monumental. Passou em nove e só caiu ante um, contra o Independiente del Valle, nas oitavas da Libertadores-2016, quando o goleiro equatoriano defendeu 26 chutes, segurou o 1 a 0 e eliminou o então campeão.

Por fin, o 'Zucugate', com a escalação de Zuculini na primeira partida, praticamente desapareceu do noticiário e das conversas dos torcedores de Racing e River. Veremos até quando.


Opinião: Ginóbili foi o maior atleta da história da Argentina
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Tales Torraga

O tema é apaixonante e sempre arrepia a pele.

Principalmente a nossa pele argentina, de tantos heróis em quadras, circuitos e gramados por todo o mundo.

Difícil para um ''boleiro de lei'' tirar de Maradona as lembranças da máxima felicidade pessoal (o Mundial 86) ou, entre os mais jovens, tudo o que Messi significa hoje. É difícil também apagar o que representou Guillermo Vilas como revolucionário no tênis mundial ante os grandes rivais dos anos 70, Borg e Connors.

Porém – e esta é apenas uma (simples) opinião pessoal -, o maior esportista argentino da história se chama Emanuel Ginóbili.

Monzón, Diego, Manu, Vilas e Fangio – Montagem/Olé

É complicado demais comparar atividades puramente ''humanas'' com outras mecânicas; esportes coletivos e individuais.

Mas tentaremos.

E em um primeiro corte está bem clara a ''universalidade'' do próprio esporte.

Neste sentido, o futebol e o basquete têm exigência superior: suas competições abarcam todos os países, sem distinção de poder econômico ou social.

A Argentina não tem apenas ''história, lendas e pergaminhos'' no futebol.

Três dos nossos jogadores – Di Stéfano nos anos 50, Maradona nos 80/90 e Messi na última década – foram considerados os ''autênticos número 1 do mundo'' sem discussões. Um mérito imenso, equivalente ao prazer que ofereceram às multidões.

Isso não se mede só em estatísticas, mas também em emoções.

Mas o basquete, porém, também tem dimensão universal (o tênis o alcançou nas últimas décadas), e, neste caso, com dificuldades extras. Se trata de um esporte em que a liga profissional dos Estados Unidos – a NBA – se instalou em outra galáxia.

Por um longo tempo, inacessível para as estrelas do resto dos outros países. Basta lembrar como os grandes jogadores dos anos 70 e 80, procedentes de potências como a ex-União Soviética ou a ex-Iugoslávia, tinham dificuldades para se adaptar ou conseguir uma vaga de titular em qualquer equipe da NBA, grande ou pequena.

Manu Ginóbili, oriundo da ''capital'' do basquete argentino como é Bahía Blanca, não foi um prodígio juvenil, nem sequer surgia como o mais promissor dos jogadores da sua geração, segundo contam os especialistas. Mesmo assim, cumpriu uma trajetória triunfal pelas ligas europeias. E quem o recrutou na NBA?

Logo uma das equipes mais consistentes, o San Antonio Spurs, onde ele fez história por 15 anos. Vamos definir assim: em uma competição onde se joga todo dia, e onde os reis se chamavam Michael Jordan ou Magic Johnson para os mais antigos, LeBron James ou Kobe Bryant para os mais novos, Manu Ginóbili, um argentino, um estrangeiro no meio desses gigantes, se encaixou de igual para igual.

Esse grau de dificuldade – competir contra os melhores da melhor liga que existe (por poder físico, esportivo, estrutura e organização), supõe a escalada do Everest para um simples mortal. Ginóbili conseguiu. E se manteve. Até os 40 anos. Incrível.

Este, porém, é só um aspecto.

O outro é que Ginóbili simboliza a Geração Dourada, provavelmente a maior expressão coletiva da história do esporte argentino (junto com as seleções de futebol campeãs do mundo), capaz de derrubar duas vezes (em uma delas, em sua própria casa) as seleções da NBA, capaz de dar à Argentina uma das mais celebradas medalhas de ouro na história, a dos Jogos de Atenas.

A admiração por Ginóbili não diminui um centímetro que seja no que podemos sentir pelo restante dos nossos grandes. A entrega heroica dos mais recentes, como Lange, Pareto ou Del Potro no Rio ou em Zagreb, por exemplo.

Porém, colocados no desafio e na eleição ''cruel'' ante a fria sentença dos números, não resta outra: Ginóbili foi o maior nos máximos desafios de um esporte tão duro.

(Simplesmente a NBA e os Jogos Olímpicos!)

E, entre seus contemporâneos, por essa mesma universalidade, por esse grau de dificuldade e por sua vigência, um certo Messi ainda tem muito para nos assombrar e lutar por esse lugar nesta eleição tão arbitrária.

* Texto publicado originalmente há um ano e hoje mais vigente do que nunca. Com Luis Vinker (de Buenos Aires, do ''Clarín'' e de sempre buenos amargos).


Como os times argentinos chegam a esta semana decisiva de Libertadores?
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Tales Torraga

O blog situa a partir de agora a situação de cada um dos seis clubes argentinos que vão jogar a vida – e un poco más… – nesta semana muy picante de Libertadores:

INDEPENDIENTE (joga contra o Santos às 19h30 desta terça. Resultado da ida: 0 a 0)
O time comandado por Ariel Holan surfa numa autossuficiência raríssima de se ver. Está se considerando mais do que capaz de segurar o Santos no Pacaembu lotado. Lembra que venceu o Corinthians em Itaquera, foi campeão em cima do Flamengo no Maracanã entupido de gente e só empatou com o Grêmio em Porto Alegre na decisão da Recopa porque tinha um a menos.

É, de fato, um time muito copeiro. E que se esquiva de qualquer polêmica com relação ao ''caso Sánchez'' com uma máxima difícil de rebater: quem pode acusar o Independiente, dentro do regulamento, de apenas querer cumprir as leis? No Argentino, a situação não é favorável: perdeu por 1 a 0 para o Defensa y Justicia em casa no sábado com um time misto. Estará completinho e com os dentes apertadíssimos em campo – e com um gênio à beira dele, como é Ariel Holan. Há ainda, um cuidado extra com o entorno. O time vai ficar hospedado em um hotel bem perto do Aeroporto de Guarulhos e vai se movimentar pela cidade com cuidado para não sofrer com a fúria da torcida do Santos pela eventual vitória por 3 a 0 dada pela Conmebol. O clube até divulgou uma nota de bons modos aos torcedores argentinos que estarão na capital paulista, pedindo para que eles evitem gestos e palavras racistas (!).

ATLÉTICO TUCUMÁN (pega o Atlético Nacional às 21h45 de terça. Ganhou a ida: 2 a 0)
É a grande surpresa argentina das últimas Libertadores – mais até que o Lanús semifinalista do ano passado, que superou, na bola, o San Lorenzo nas quartas. O Tucumán é um nanico confesso de pouquíssimos recursos, mas com um time enlouquecido, capaz de surpreender grandes da Argentina e da América, como o Atlético Nacional. Vem de vitória no Argentino: 2 a 1 no Colón na sexta, com o reserva.

Vale muito a pena ficar de olho no atacante PR7 – Pulguita Rodríguez, de 33 anos, uma lenda no clube por sua entrega, e no competentíssimo técnico Ruso Zielinski, um técnico que segue candidato a milagres (era ele que comandava o Belgrano que mandou o River à B Nacional em 2011). 

ESTUDIANTES (enfrenta o Grêmio às 21h45 de terça. Ganhou a ida: 2 a 1)
O Estudiantes está relaxado e sem se considerar minimamente favorito contra o Grêmio. Os times argentinos são perigosos demais nesta condição. A equipe atual do Pincha é uma mescla de jovens e medalhões que, em tese, não teria a menor chance de incomodar o campeão da América, mas o resultado da ida em Quilmes provou que o Grêmio precisa tomar mais cuidado. Ainda assim, não dá para olhar o Estudiantes como favorito a avançar – o próprio histórico Alejandro Sabella, em uma homenagem na semana passada na Universidade de La Plata, disse que o clube precisa terminar o seu novo estádio, para só depois se preocupar em reforçar o time. E é esta a sensação que reina entre a torcida.

Atuou com os reservas e perdeu por 2 a 1 para o Belgrano pelo Argentino na sexta.  La Gata Fernández está machucado e não deve atuar no Sul. Ojo: o Estudiantes vem de vitória recente sobre o Boca no Argentino por 2×0 com bolas paradas muito bem trabalhadas.

RIVER PLATE (segue o 0 a 0 da ida com o Racing às 19h30 de quarta)
O time do Muñeco Gallardo vive uma loucura: não perde há 23 partidas, mas não consegue fazer um gol há quatro jogos. Pratto, que vinha jogando bem e deixando os seus, entrou numa seca brava e agora é bastante questionado. A quarta-feira está propícia à sua redenção. O clube ainda estuda se vai poder escalar Zuculini no lugar do caudillo Ponzio – como ninguém reclamou a sua escalação nas partidas anteriores, o volante está inclusive habilitado para atuar nesta quarta.

As lesões são um problema. Scocco e Pity Martínez vão ser aguardados até o último momento. Gallardo confia nos substitutos: ''Adoro que nos vejam por baixo''. O último 0 a 0 pelo Campeonato Argentino, contra o Argentinos Juniors no Monumental, teve os titulares em campo e mostrou duas coisas: 1) A defesa está bem, com o goleiro Armani brilhando como poucos outros; 2) O ataque anda terrível. Cheiro de pênaltis no Monumental que deve estar lotado e enlouquecido como nunca neste ano.

RACING (segue o 0 a 0 da ida com o River às 19h30 de quarta)
A Academia continua esperneando pela escalação de Zuculini na partida de ida – para a maioria da imprensa, uma simples ''tribuneada'', o famoso ''jogar para a torcida'', depois de ver o Independiente acionar a Conmebol pela participação de Carlos Sánchez. Atropelou o Patronato por 3 a 0 na última rodada do Argentino, na sexta, usando um time misto. Chega mais inteiro que o River, até por contar com os seus titulares frescos e pressionados a dar tudo em campo.

O time do Racing é pior que o do Racing, mas merece respeito e tem condições totais de obter a vaga no Monumental. Mas será realmente difícil demais. Insistimos: está com cheio de pênaltis.

BOCA JUNIORS (fez 2 a 0 no Libertad na Bombonera. Joga às 19h30 de quinta)
Está muy tranquilo depois da vitória da ida, e o 0 a 0 deste domingo no Ducó contra o Huracán só serviu para dar ritmo a Fernando Gago, que voltou de lesão, em meio a vários reservas. Tevez sequer ficou no banco. Segundo a comissão técnica, para preservá-lo para a Libertadores.

O Boca perdeu o zagueiro Izquierdoz, machucado, e não sabe se escala Zárate ou Wanchope Ábila como centroavante. O time tem assumido um protagonismo desnecessário nas críticas ao River pelo ''Zucugate'', como tem sido chamado o caso do volante que não deveria ser escalado. Olhar mais para o rival do que para si: esta praticamente tem sido a rotina do Boca nas últimas temporadas internacionais com relação ao River.


Líder na Argentina, Bauza valoriza sua passagem pela seleção
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Tales Torraga

O técnico líder da Argentina é um grande conhecido do futebol brasileiro. Estamos falando de Edgardo ''Patón'' Bauza, comandante do Rosario Central que aparece na primeira colocação da tabla do Campeonato Argentino depois de duas rodadas. É o único com seis pontos, com vitórias sobre o Banfield e o Talleres, ambas por 1 a 0 (e isso te diz algo, torcedor do São Paulo?).

Patón Bauza, líder do Campeonato Argentino – Olé/Reprodução

Bauza está com 60 anos e voltou à Argentina depois de dois anos e meio, período em que comandou quatro equipes diferentes. Pela ordem: o São Paulo e as seleções de Argentina, Emirados Arábes e Arábia Saudita. Tal qual um Felipão que vê o retorno ao Palmeiras como ''uma volta para a casa'', Patón fez o mesmo ao aceitar a proposta de retornar ao Central depois de 17 anos – deixara o clube em 2001. Bauza foi um dos maiores ídolos da história do clube. Zagueiro com mestrado e doutorado em patadas y piñas,  ele tem se destacado hoje por duas coisas em falta no futebol argentino. 1) Jogar o mais simples possível. 2) Confiar em caciques em cada uma das linhas do campo.

Na defesa, o seu técnico em campo é o zagueiro Caruzzo, ex-Boca, aquele que teve a mão mordida por Emerson Sheik. No meio-campo, quem cumpre este papel é Ortigoza, e no ataque a missão é de Marco Ruben.

Bauza está parecendo o…Bauza cativante e sincero dos tempos de San Lorenzo, bem diferente do técnico assustado e cheio de tiques do tempo de seleção argentina. Ele não comenta nada em público, mas valoriza a sua passagem pela equipe nacional por um motivo bastante fora do comum – percebeu que o futebol precisa ser praticado da maneira mais simples possível, quase à moda antiga, sem deixar que os caprichos dos jogadores sejam colocados acima das referências traçadas pelos técnicos. ''Representar a seleção é o mais lindo que existe, me surpreende que treinadores e jogadores não queiram passar por isso'', tem repetido nesta semana em que é uma figurinha fácil nos programas de futebol nas rádios e nas TVs da Argentina.

Fiel ao seu estilo, o Patón se recusa a falar até onde pode chegar o seu Central. ''Vamos brigar. Temos um time com jogadores altos e fortes. Cabe a mim aproveitá-los'', assegurou, mostrando os dentes, mostrando o que espera de seus jogadores em campo. ''Ortigoza, por exemplo, é um craque. Tem autoridade e é um líder nato. Ele e Caruzzo representam o que mais quero em campo.''

O Central não conquista o Argentino desde 1987. Para quem acompanha mais de perto o futebol no país, parece missão praticamente impossível que os canallas, como são chamados, desbanquem Boca, River e Independiente, os três times mais fortes da Argentina, em um campeonato de 25 rodadas e pontos corridos.

Mas questionar a capacidade de briga de Bauza, Ortigoza e companhia não é atitude das mais inteligentes. O título é realmente difícil. Mas uma vaga para a Libertadores-2019 não. Os quatro melhores do Argentino avançam direto à competição continental.


Por que o técnico do Banfield usa um megafone para comandar a equipe?
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Tales Torraga

Julio Cesar Falcioni é um grande conhecido do torcedor brasileiro que acompanha futebol. Era ele, por exemplo, o técnico do Boca Juniors que perdeu a Libertadores para o Corinthians em 2012. Hoje no Banfield, o ''Imperador'', como é chamado na Argentina, está chamando a atenção por entrar em campo com um…megafone para comandar a sua equipe.

Falcioni com o megafone – Reprodução/TV

O recurso foi visto por todo o mundo na noite desta terça (21) no áspero encontro entre o Defensa y Justicia e o Banfield pela Copa Sul-Americana. Válida pela ida das oitavas de final, a partida terminou com um chato 0 a 0 no estádio do Defensa, exigindo bastante da voz de Falcioni.

É exatamente esta a razão do megafone. Como ele operou recentemente a garganta e sofre demais para falar alto, adotou o aparelho para se comunicar com os seus jogadores tanto nos treinos como nos jogos. A ''estreia'' do megafone ocorreu no último fim de semana, pelo Campeonato Argentino, com uma vitória por 1 a 0 sobre o Gimnasia.

Falcioni tem 62 anos. Ex-goleiro, ele detectou um câncer na laringe e retirou um nódulo em uma cirurgia de 12 horas ocorrida em janeiro. Sua presença em campo esteve sempre em dúvida por parte dos dirigentes do Banfield, mas o técnico prefere que a sua recuperação seja a mais normal possível com o trabalho.

Por enquanto, nenhum médico do clube vetou as suas participações nas partidas ou aconselhou que ele fique em uma tribuna se comunicando por rádio com o seu assistente, Sebastián Battaglia, ex-volante do Boca.


Opinião: Centurión é o novo Garrincha
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Tales Torraga

POR GUSTAVO VEIGA*

Ricardo Centurión é o novo Garrincha, o novo Houseman, o novo Best, mas não por sua condição futebolística, que ninguém questiona. E sim por sua vinculação com certos escândalos, com a sua vida privada passando a ser midiática. Ele faz a sua parte, exibindo-se com histrionismo, mas, os que deveriam cuidá-lo e não expor as suas debilidades, também fazem a sua.

E é muito pior.

Victor Blanco, o presidente do Racing, lhe dedicou algumas palavras: ''Ele tomou demais, são vícios, é preciso ajudá-lo''. Expôs, assim, as razões pelas quais Centurión não havia sido titular no jogo contra o Atlético Tucumán, pelo Campeonato Argentino. ''Blanco diz que quer me ajudar e me surpreende, porque não me está ajudando. Ele que me diga a sós'', respondeu o meia-atacante.

Centurión contra o River pela Libertadores – TN/Reprodução

Se Centurión tiver um problema de adição ao álcool ninguém deveria – salvo ele mesmo – lembrá-lo, fazê-lo público, remarcá-lo para os meios de comunicação, sempre ávidos para descrever, sem pudor, as vidas privadas e alheias dos famosos. Os painéis de opinólogos seriais da TV são uma visão exacerbada deste circulo obsceno e de multidões do qual falava Dante Panzeri quando se referia ao mundo que rodeia o futebol. As pessoas ficam à espera de que alguma miséria transcenda o mundo do espetáculo – que, por supuesto, inclui o futebol.

Não é necessário explicar: o jogo é um grande negócio e se nutre desse tipo de histórias, baseadas em problemas privados, em condutas sociais que as vidas dos famosos transmitem com contundência.

É preciso cuidar de Centurión – como sugere -, mas não deixando-o exposto, como fez Blanco. Com o esclarecimento necessário de que não deveria cuidá-lo como uma mercadoria (pois é muito bom jogador e tem um valor alto de mercado). Centurión é, antes de tudo, uma pessoa. Com seus problemas, como qualquer mortal que pisa nesta terra. Mas com a diferença de que suas condições esportivas o colocam em um lugar de privilégio, mas também na corda-bamba mostrada pelos meios. Aí, desde sempre, alguém que se posiciona na frente de uma câmera, um microfone ou um computador vai estar disposto a denotá-lo pelo que faz fora do campo, e não dentro dele.

A vida privada dos famosos fatura extraordinários dividendos desde o fim do Século 19. Foi quando nasceu o conceito de imprensa amarela, por um forte debate jornalístico entre o jornal ''New York World'', de Joseph Pulitzer, e o ''New York Journal'', de William Hearst. Esses meios receberam acusações de outros por magnificar certas notícias e pagar aos seus entrevistados para conseguir uma exclusiva.

Centurión está exposto a essa lei da selva, tão grande como a Amazônia. Pediu para que se Blanco tenha algo a dizer sobre sua conduta, que o diga em particular. Não pediu muito. O restante, o que ele faz com seu mundo privado, vai seguir dependendo dele.

* A sensível mirada para o caso Centurión é do colega periodista Gustavo Veiga, do jornal ''Página 12'', que gentilmente nos autorizou a traduzir e publicar o seu ponto de vista. Quem quiser ler mais sobre seu trabalho (e vale a pena) deve conferir o seu site pessoal. Gracias totales, Veiga!


‘Plano M’: como Mascherano ganhou força para ser o técnico da Argentina
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Tales Torraga

O primeiro a soltar a bomba, vale reconhecer, foi o ótimo Mariano Closs, um dos melhores narradores da Argentina, em seu programa na Rádio Continental, de Buenos Aires. E estava na cara que um profissional da sua bagagem não mandaria a bola para longe: o blog apurou que é mesmo verdade que a AFA vai, sim, oferecer a Javier Mascherano para que ele seja o novo técnico da seleção.

E não será um convite qualquer: o presidente Chiqui Tapia em pessoa agendou para a próxima semana uma viagem à China, onde o Jefecito joga no Hebei Fortune, para trocar impressões sobre como deve ser a seleção daqui para a frente.

Tapia presta homenagem a Mascherano na Bombonera – AFA/Divulgação

A AFA já fez sondagens pouco concretas a Mauricio Pocchetino e a Diego Simeone, e ambos deram o seu não. O interesse por Mascherano tem tudo a ver, óbvio, com uma questão de dinheiro. A associação ainda paga a rescisão de Jorge Sampaoli (cerca de US$ 1,5 milhão) e sofre para arcar com um débito em aberto de US$ 300 mil com Tata Martino. O acerto com Mascherano, que nem técnico ainda é, seria por um valor na casa dos US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) mensais, uma dádiva para uma AFA que reclama da falta de dinheiro em tudo o que faz e chega à Rússia para disputar o Mundial em um avião particular dos mais luxuosos (e pintado de Rolling Stones só para agradar o roqueiro Sampaoli, já demitido).

O segundo ponto que leva a seleção a Mascherano é a possibilidade de colocar em prática aquilo que Tapia sempre defendeu: ter um técnico jovem à frente da equipe nacional. Mascherano está com somente 34 anos, mas disputou quatro Copas pelo país e é o recordista de jogos com a azul e branca, e seria submetido ao auxílio determinante de alguém com as ''costas quentes'' que viriam de José Pekerman ou Alejandro Sabella, os dois nomes mais fortes para ser o novo diretor de seleções, cargo que Tapia também pretende criar. Pekerman e Sabella foram os dois técnicos mais determinantes na trajetória de Mascherano na seleção – o convívio entre eles, a princípio, seria fluído e sem os lamentáveis motins que resultaram no fracasso argentino na Copa e na saída de Sampaoli do comando da equipe.

Pronto três para o ''Plano M'': Messi. A sintonia entre o ex-camisa 5 e o camisa 10 sempre foi das mais poderosas, e a AFA não quer abrir mão dos negócios que deixariam de ser gerados com a ausência de Messi no elenco. Lionel, óbvio, está desgastado com toda a bagunça que virou a seleção argentina depois da morte de Julio Grondona, ex-presidente da AFA, mas jamais recusaria qualquer pedido vindo de um amigo de tão longa data. Estudos que circulam na imprensa argentina nos últimos dias mostram que há uma desvalorização de mercado de cerca de 50% da seleção sem Messi no que diz respeito às comissões de TV e de patrocinadores. Não é de se duvidar que a taxa real seja até um pouco superior a isso.

Mascherano já postou em seu Twitter – e mais de uma vez – que estava fazendo o curso de treinador da ATFA (Asociación de Técnicos de Fútbol Argentino). As primeiras postagens do Jefecito eram de 2016. O curso da ATFA dura exatamente dois anos, pelo que apurou o blog, e pode ser feito à distância. Apenas o exame final é presencial – três fatores que têm tudo a ver com a possibilidade de o ex-volante assumir a equipe a partir de janeiro.

O único senão em tudo isso seria uma recusa de Mascherano, mas não é o que o seu entorno indica. Sebastián, irmão do Jefecito, até já declarou que a família se prepara para que ele assuma o cargo.


O dia em que o Boca levou 9 a 1 do Barcelona
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Tales Torraga

Barcelona e Boca Juniors jogam às 13h15 (de Brasília) de hoje (15) no Camp Nou pelo Troféu Joan Gamper, tradicional encontro amistoso que o clube catalão realiza desde 1966. O confronto dos dois gigantes mundiais será, por supuesto, interessante por si só, ainda mais colocando os desafetos Tevez e Messi em cada lado do campo, mas é impossível olhar para os dois clubes sem se lembrar de um outro Barça x Boca ocorrido em 1984 e terminado com vitória catalã por…9 a 1.

O placar histórico no Camp Nou – Revista Goles/Reprodução

O técnico do Boca era um brasileiro, Dino Sani, que amargou o pior resultado da história xeneize, contando amistosos e partidas oficiais. Em 1984, o Boca viveu, de longe, a temporada recente mais negativa da equipe, muito distante dos títulos e de uma condição mínima de estrutura, com a Bombonera ameaçada de desmoronamento e com o time perdendo jogadores como Ruggeri e Gareca para os principais rivais. Aquele Boca sofria demais para fazer frente aos grandes clubes argentinos daqueles tempos, como River Plate, Independiente e Argentinos Juniors.

Fora da Argentina, então, a situação ainda era mais crítica, como se percebeu com o 9 a 1 em uma partida que inicialmente serviria apenas para faturar. Com 30 minutos de jogo já estava 2 a 0 – aos 33, o carniceiro Roberto Passucci foi expulso, e o Barça aumentou para 3 a 0 antes do final do primeiro tempo, e com um homem a mais em campo. Com 20 minutos do segundo, já estava 7 a 0 – una locura.

A ficha com as escalações e os gols é esta aqui (o vareio foi tão grande que até deixaram escapar um acento no Júniors):

Mais vergonhosa do que esta passagem do Boca, apenas uma outra, ocorrida também em 1984, quando a equipe jogou uma partida pelo Argentino – contra o Atlanta, na Bombonera – com camisas de treino improvisadas como uniforme reserva. Detalhe: a numeração foi igualmente improvisada, pintada com canetinha e se desfazendo ao longo do jogo. Mas deixamos este assunto para outro dia – não sem antes mostrar um registro deste bizarro momento da história argentina.

Boca x Atlanta em 1984 – Goles/Reprodução


Como Icardi e Lautaro Martínez serão ‘os’ caras da nova Argentina
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Tales Torraga

A renovação tão pedida pela torcida argentina vai ser levada adiante até mesmo pelo comando interino da seleção. O técnico Lionel Scaloni e o auxiliar Pablo Aimar já começaram a definir a lista de convocados para os primeiros amistosos da equipe pós-Sampaoli, e dois nomes serão especialmente trabalhados como as referências deste novo processo. E ambos jogam no mesmo time, a Inter de Milão, que espera bastante nesta temporada do que pode vir a fazer a dupla formada por Mauro Icardi e Lautaro Martínez.

A Argentina volta a campo nos próximos dias 7 e 11 de setembro para amistosos contra Guatemala (em Los Angeles) e Colômbia (Nova Jersey). A idade, a condição técnica e o entrosamento colocam Icardi (25 anos) e Martínez (20) nesta posição de destaque – em que pese a possibilidade de saída de Icardi para o Real Madrid -, e ambos não estão rotulados por tantas derrotas e por tantos vexames. Os dois contam também com boa aceitação do público, sedento por mudanças e caras novas na equipe nacional.

Muitos outros jovens devem ser chamados por Scaloni. Uma lista bem coerente publicada nesta segunda (13) pelo jornal ''La Nación'' traz os nomes de Ascacibar, Paredes, Kranevitter, Pezella, Ocampos, Ramiro Funes Mori, Lucas Alario e Santiago Cáseres, além de Dybala, Lo Celso, Mercado, Tagliafico e Acuña – os organizadores dos amistosos exigem uma cota de convocados com presença no último Mundial.

Os representantes do futebol local, por supuesto, terão a sua vez – Pavón, Meza e Armani, trio que esteve na Rússia, também está garantido -, e outros dois que surgem com boas chances são o zagueiro Lisandro Magallán, do Boca, e o volante Matías Vargas, do Vélez.

Chiqui Tapia, presidente da AFA, já disse que ''o ciclo dos históricos está encerrado''. Isso significaria, a princípio, que Di María, Agüero, Higuaín, Banega, Biglia e Mascherano não devem mais vestir a camisa da seleção, embora os três primeiros ainda sejam mantidos em alta cotação pelo atual comando técnico. Dois medalhões chamados por telefone e convidados ainda nesta próxima semana serão o goleiro Sergio Romero e Lionel Messi. O arqueiro é visto como um líder positivo e que pode ajudar a seleção neste momento de mudança. Já Messi, segundo apurou o blog, estaria disposto a voltar à equipe somente na Copa América do ano que vem, no Brasil.


5 motivos para ver o Campeonato Argentino que começa hoje
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Tales Torraga

Vélez Sarsfield e Newell's Old Boys se enfrentam a partir das 19h (de Brasília) desta sexta (10) no Estádio José Amalfitani na partida que dá início ao 134º Campeonato Argentino da história. O torneio que arranca hoje só termina no próximo dia 8 de abril, e o blog traz cinco razões para não perder a competição que pode representar uma nova fase para o futebol local azul e branco.

River e Boca: um dos dois será o campeão – AFA/Divulgação

1) BOCA x RIVER E SÓ. A Superliga Argentina corre sério risco de virar uma competição dominada apenas por Boca Juniors e River Plate, repetindo o que ocorre, por exemplo, com Real Madrid e Barcelona na Espanha. A razão tem a ver com o dinheiro que cada uma das equipes está conseguindo amealhar nas últimas temporadas. Como são os dois maiores clubes do país, ambos administram uma verba inacessível a todos os demais – e aí se incluem também os outros grandes, como San Lorenzo, Racing e Independiente. O bicampeão Boca, por exemplo, vai correr atrás do tri sendo patrocinado pela Qatar Airways, que paga cerca de R$ 20 milhões ao clube por ano, valor bem acima dos demais.

2) O ÚLTIMO TANGO DE TEVEZ. Carlitos Tevez já deu declarações públicas dizendo que deve parar de jogar no final deste ano – especialmente se o Boca conquistar a tão sonhada Libertadores. Como ele tem sido reserva de Zárate nas partidas de Copa, é plenamente capaz que Tevez atue como titular durante boa parte do Campeonato Argentino que deve acompanhar as últimas patadas y gambetas da sua carreira. Tevez está com 34 anos e joga profissionalmente há 16. Sua sequência para o ano que vem não é encarada de maneira séria por ninguém pelos lados de La Boca.

3) A VOLTA DOS VISITANTES. Depois de cinco anos, o Campeonato Argentino voltará a ter as torcidas dos dois clubes no mesmo jogo. A princípio, somente 13 clubes deram o ok para receber ambas as hinchadas, mas os órgãos de segurança da Argentina querem que a adesão seja lenta e gradual até o fim da competição. Os cinco grandes, por exemplo, começam o campeonato permitindo somente a entrada dos seus fanáticos, mas os clubes pequenos, de olho em maiores faturamentos, poderão abrir os seus portões para as equipes mais populares.

4) DUELO DOS TÉCNICOS. Sempre caracterizada por bons treinadores, a Argentina neste ano vai ver novos nomes para ameaçar a dinastia de Marcelo Gallardo (River) e Guillermo Barros Schelotto (Boca). Dois deles estão de volta ao país: Patón Bauza, no Rosario Central, e Sebastián Beccacece, ex-auxiliar de Jorge Sampaoli, retornando ao Defensa y Justicia. Outros dois nomes que podem comprovar o que os seus bons trabalhos indicam são Ariel Holan, do Independiente, e Gabriel Heinze, do Vélez.

5) REBAIXAMENTO DO VÉLEZ. Por falar em Vélez, o campeão mundial de 1994 começa a temporada com a corda no pescoço – tem a segunda pior média dos últimos campeonatos (atrás apenas do Colón) e não conta com uma equipe forte o suficiente para fugir fácil da degola. Quem acompanha o clube de perto diz que apenas um milagre fará o time escapar da B Nacional. O Argentino deste ano tem 26 equipes, e as quatro últimas caem, para ascenso de somente dois clubes da divisão inferior, reduzindo a quantidade total de times para 24 a partir de 2019.

CLUBES PARTICIPANTES (26): Aldosivi, Argentinos Juniors, Atlético Tucumán, Banfield, Belgrano, Boca Juniors, Colón, Defensa y Justicia, Estudiantes de La Plata, Gimnasia y Esgrima, Godoy Cruz, Huracán, Independiente, Lanús, Newell's Old Boys, Patronato, Racing, River Plate, Rosario Central, San Lorenzo, San Martín de San Juan, San Martín de Tucumán, Talleres, Tigre, Unión e Vélez Sarsfield  

SISTEMA: Todos contra todos, em 25 rodadas.

NA LIBERTADORES: Os quatro primeiros, que, para o blog, devem ser, pela ordem, Boca, River, Independiente e Racing (há vagas também ao campeão da Copa Argentina, ao campeão da Copa da Superliga e ao melhor argentino na Sul-Americana)

NA SUL-AMERICANA: Entre o quinto e o nono colocado.

NA TV PARA O BRASIL: Fox Sports