Patadas y Gambetas

A nova obsessão de Patón Bauza
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Tales Torraga

Brincadeira da semana em Buenos Aires, onde tudo é broma:

Patón Bauza está com os olhos vermelhos.

Mas não é o que estão pensando, boludos.

É de tanto assistir a vídeos.

O foco do novo técnico da Seleção é tamanho que ele trocou o número do celular duas vezes nos últimos dez dias. Está comprometido (ou obcecado?) em conhecer melhor seus jogadores e seu próximo oponente – dia 1º, Mendoza, simplesmente o Uruguai, líder das Eliminatórias e de eternos clássicos contra os argentinos.


Bauza ama ler. Livros 'de verdade', no papel. Política, literatura, comportamento. Não é tão chegado no celular: ''Te interrompe e te distrai sempre'', repete.

Bauza e Maxi, seu filho, trabalham em edições de vídeos desde que assumiram a Seleção, há 18 dias. Patón contou que já assistiu a quatro horas de gravações de cada um dos 27 jogadores que convocou. Ou seja: mais de 100 horas só aí.

A forma de trabalhar de Bauza é detalhada e específica. Pediu a Maxi também um relatório semanal de 60 jogadores que pretende ter na mira. Estatísticas, lesões e rendimentos. ''Não posso tirar de ninguém a oportunidade de quem merece estar na Seleção'', é seu novo lema, publica hoje (18) o diário ''Olé''.

A preparação 'com olhos vermelhos' agora é ver os últimos dez jogos disputados pelo Uruguai. A estratégia para enfrentar a adversária seguinte Venezuela também já começou.  Seu preparador físico,  Bruno Militano, está em Mérida para trabalhar a logística – complicados transporte, hospedagem e lugares de treino.

Ver vídeos e estudar com a típica profundidade argentina é tema recorrente da Seleção nos últimos 30 anos com dois personagens específicos.

O primeiro: Carlos Salvador Bilardo, El Narigón.

São famosas demais, até hoje, suas caminhadas pela calle Florida atrás de artigos para videocassetes e de revistas e jornais importados para saber dos seus atletas.

(Em certas lojas, em pleno 2016, quando se encontra algum antigo conhecido, se brinca: 'Qué buscás, Narigón?', gíria que remete a este tempo, aos anos 80.)

Bilardo varava a madrugada revendo jogos. E de madrugada mesmo telefonava para os jogadores para falar dos vídeos. Era odiado pelas esposas. Por supuesto.

Outro famoso viciado em gravações? Marcelo Loco Bielsa.

Seu quarto ficava no próprio CT da Seleção. Era um cubículo onde só cabia uma cama de solteiro, uma TV, um DVD e uma escrivaninha. Austero demais, El Loco.

Depois de analisar as mesmas imagens por horas, saía, de madrugada, para caminhar – e ouvindo áudio de palestras no walkman. Em um desses passeios noturnos, foi confundido com um assaltante e quase baleado pela segurança.

Seu acervo – com dezenas de milhares de cópias – estava guardado no prédio da AFA em Ezeiza até pouco tempo atrás. Capaz de ainda estar e nem saberem.

Memorabilia da loucura de como a Seleção vive – estuda, discute, analisa e daí tira as grandes sacadas táticas que escrevem a história do futebol argentino.

Prepárate, Patón!


El Alma: Un gran regalo que me tocó vivir
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Tales Torraga

''Estoy un poco triste. Fue un gran regalo que me tocó vivir.''

Luis Scola e Manu Ginóbili 1996/2016

* Eliminou os EUA no Mundial dos EUA-2002. Prata
* Eliminou os EUA na Olimpíada de Atenas-2004. Ouro

* Foi medalha de ouro e bronze nas últimas três Olimpíadas

O Brasil de 1958 a 1970 marcou o futebol mundial.

A Argentina de 2002 a 2016 marcou o basquete.

Gracias totales por tanta magia.

Por tanta alma, El Alma.

Das maiores equipes da história latino-americana no esporte.

Seja ele qual for.


Centurión treina pela primeira vez no Boca: “Feliz, onde queria estar”
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Tales Torraga

Ricardo Centurión treinou nesta manhã pela primeira vez na Casa Amarilla, a Casa Amarela, o CT do Boca Juniors. O atacante recém-chegado do São Paulo logo foi colocado na esquerda – dali deve fazer companhia aos badalados Tevez e Pavón.

Centurión foi avaliado por Guillermo Barros Schelotto também como centroavante.

Centurión na Casa Amarilla – BOCA JUNIORS/IMPRENSA

O ex-são-paulino foi descrito pelo ''Olé'' como 'feliz, sem ocultar a alegria de estar onde realmente gostaria'. Fez práticas leves nesta terça-feira, e hoje (17) trabalhou taticamente pela primeira vez. O Campeonato Argentino vai começar no dia 26.

Curiosidade pouco revelada em sua passagem pelo São Paulo, Centurión tem uma tatuagem de Maradona na panturrilha e é torcedor do Boca desde criança.


A torcida já o aprecia antes da estreia. Centurión tem grande fama de ''bancar as patadas''. Em um Boca x Racing amistoso no começo do ano passado, deixou claro.

Apanhou e seguiu jogando como se nada.


Amigo da ditadura e inimigo de Maradona: o Havelange que a Argentina lembra
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Tales Torraga

A imprensa argentina manteve extremo respeito com João Havelange, importantíssimo personagem da história esportiva do país, morto nesta terça (16).

Foi com Havelange no comando da Fifa que o país organizou um Mundial (em 1978) e ganhou suas duas únicas Copas – além da de 1978, a de 1986, no México.

Mais que isso: era ele o dono da bola durante toda a carreira de Diego Armando Maradona, seu inimigo declarado. Foi da mão de João que partiu a Copa beijada por Maradona no Azteca em 1986 enquanto Havelange olhava para outro lado.

Antes das desavenças, Maradona e Havelange haviam trocado sorrisos e troféus no Mundial Juvenil de 1979. Diego, com 18. Havelange, presidente da Fifa fazia cinco.


Maradona e Havelange começaram a se estranhar em 1986. O craque se revoltou com os horários dos jogos – disputados sob o sol do meio dia na altitude do México – e ameaçou organizar até uma greve.

O estopim veio quatro anos depois.

Maradona, imediatamente depois de perder, se recusou a dar a mão a Havelange na Copa do Mundo de 1990, na Itália. El Diez o chamou publicamente de ''ladrão'' pelo pênalti que fez a Alemanha ganhar aquele Mundial sobre a Argentina.

Maradona continuou destinando pesadas farpas ao brasileiro, tratando-o como ''vendedor de armas'' – pelos seus negócios e os de sua família na Bélgica.

Daí em diante, a carreira de Maradona mergulhou nas punições e nas drogas.

Beirando os 80 anos, Havelange também não economizou na munição. Tratou Diego mais de uma vez como um ''intoxicado sem rumo e totalmente fora de si''.


Uma das versões recorrentes de Maradona para seu afastamento da Copa de 1994 por doping é que a Fifa usou sua popularidade para promover aquele Mundial nos Estados Unidos – país onde o futebol não era e continua não sendo famoso.

Depois de obter o que pretendia – inclusive invalidando o antidoping na repescagem daquelas Eliminatórias contra a pobre Austrália -, a Fifa lhe ''cortou as pernas'' para, com sua exclusão, abrir caminho para o Brasil conquistar o Mundial.

A Copa dos EUA foi a única vencida pelo Brasil com Havelange mandando na Fifa.

Os argentinos fazem questão de lembrar também que era Havelange o presidente da Fifa a ladear os passos de Jorge Rafael Videla, comandante da junta militar que matou milhares de pessoas enquanto a Copa do Mundo ocorria no país em 1978.


Durante muito tempo afirmou-se na Argentina que Havelange, em 1976, recebeu de Videla terras no campo para reafirmar seu apoio ao Mundial. Já se sabia de antemão que a bola iria rolar em meio ao banho de sangue da população portenha.

Havelange negou esta versão na década seguinte.

Em 2010, Videla começou sua prisão perpétua por crimes contra a humanidade.

Morreu numa cela em maio de 2013. Tinha 87 anos.

A morte de Videla na capa do jornal ''Página 12''


Final com Del Potro dobra audiência de Boca x San Lorenzo na TV argentina
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Tales Torraga

Juan Martín del Potro chegou nesta tarde a Buenos Aires, onde participou de uma concorrida conferência de imprensa em um hotel do centro portenho. Amanhã (16) já estará na sua Tandil, a 430 quilômetros da capital, onde será homenageado.

Sua épica final olímpica contra Andy Murray na tarde deste domingo gerou audiência média de 12,9 na TV Pública Argentina, com pico de 16,9.

O confronto contra o escocês Andy Murray foi ao mesmo tempo que Boca Juniors x San Lorenzo, clássico de pré-temporada de uma Argentina ávida por futebol. Terminado há quase dois meses, o campeonato nacional vai recomeçar dia 21.

O amistoso vencido pelo Boca por 2×0 obteve média de 7,1 no Canal 13. A TV Pública Argentina e El Trece são canais da TV aberta. Na TV por assinatura, ESPN, TyC Sports e Fox Sports também transmitiram a inesquecível prata de Del Potro.

Das frases mais cativantes em Buenos Aires, disse que ganhou de Djokovic e Nadal 'a lo Boca' – na pura raça. O tenista de 27 anos é reconhecido torcedor azul y oro.


Imprensa argentina delira com vitória histórica: “Ganhamos com alma e vida”
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Tales Torraga

O Argentina 111×107 Brasil no basquete gerou grande comoção em Buenos Aires mesmo com uma concorrência de muito peso. A partida dividiu as atenções com a simultânea semifinal do tênis entre Juan Martin del Potro e Rafael Nadal.


Tanto a TyC Sports quanto a TV Pública Argentina repartiram suas telas para seguir ambas definições. ''É um jogo de basquete para realmente testar o pacto de paz entre brasileiros e argentinos. E para todo portenho berrar diante da televisão'', sintetizou Gonzalo Bonadeo, principal narrador da TyC, fazendo referência ao segundo esporte dos argentinos: quebrar a garganta en serio com qualquer vitória.

''Difícil dizer o que se sente'', seguiu o locutor, lembrando do cântico de muito sucesso dos torcedores argentinos na Copa do Mundo de 2014.


As transmissões da TyC Sports  e da TV Pública Argentina foram equilibradas e sem pimenta na rivalidade. O jogo foi dramático por si só. Desnecessário colocá-lo mais peso. Repararam tanto no que ocorria na arquibancada quanto em quadra.

Muy tranqui.

Mesmo o irônico ''Olé'' não carregou no molho desta vez. Elogiou as cestas salvadoras de Nocioni e Campazzo. Lembrou que a Argentina perdia por oito pontos a dois minutos do fim do tempo normal. E reforçou o que é música no ouvido de todo e qualquer portenho. Foi uma ''vitória tremenda, com alma e vida''.

El Alma, é este o apelido da seleção de basquete.


''Uma vitória heróica'', cravou o ''La Nación'', lembrando que o triunfo foi importante também por assegurar a vaga antecipada nas quartas-de-final.

O ''Clarín'' foi mais longe: ''Um clássico infartante, com um ginásio em silêncio com a cesta de três de Chapu Nocioni definindo a ida à prorrogação''.

''Os abraços não alcançam. A emoção é muita. O desgaste também, mas a Argentina levou o prêmio maior'', finalizou.


Opinião: Por que argentinos (e brasileiros) são ignorantes no esporte
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Tales Torraga

Excelente coluna de Juan Pablo Varsky* no ''La Nación'' de hoje (13). Trechos:

O público argentino se nota em qualquer sede onde esteja um atleta ou time.

Se faz sentir no Maracanãzinho, no vôlei. Na Arena Carioca, no basquete.

No Centro Olímpico de Tênis, com Del Potro.

A versão 'testosterona' aparece nos momentos decisivos.

O incentivo passa sempre pelo fator H. 'Pongan huevos'. 'Metam culhões'.

Tão supervalorizado por fãs e jornalistas, os próprios protagonistas baixam a influência deste aspecto. Julio Velasco, técnico de vôlei da seleção argentina masculina, falou de falta de lucidez para explicar a derrota para a Polônia.

''Os jogadores diziam 'Vamos' como se o problema fosse motivação.''

''O time não estava lúcido.''

Os gritos e os huevos explodiram em Argentina x Lituânia, no basquete.

A Seleção chegou aos cinco minutos finais no contexto ideal: jogo parelho e tempo suficiente para impor sua experiência sobre os europeus.

O time, porém, não executou bem sob pressão e perdeu.

''Fraco jogo mental. Eles foram mais lúcidos. Nos enlouquecemos um pouco com o afã de ganhar com coragem. Ocorre habitualmente no nosso país.''

''Pensamos que se ganha com huevos. Se ganha jogando bem.''

Esta declaração de Ginóbili deveria passar em cadeia nacional junto à de Velasco.

Quando a principal explicação de um resultado passa por palavras como atitude, coragem, caráter e huevos, tudo se reduz a uma questão emocional.

Muitos torcedores, cada vez mais, apelam a este refúgio e se sentem justificados quando os jornalistas elegemos este atalho cruel, falso e injusto.

A análise dos esportes exige conhecimentos e conceitos específicos.

Os Jogos Olímpicos expõem nossas carências e limitações. O argumento de 'não sentir a camiseta' ou 'eles não têm fome' para superar a nossa ignorância é muito tentador. A mensagem chega. O torcedor se apropria. O atleta é maltratado.

Na maioria das decisões, o assunto não passa por vontade.

E sim por decisões tomadas durante o jogo.

A alma não é suficiente para ganhar batalhas. Juan Martín del Potro colocou coração. Mas mais importante foram sua lucidez e fortaleza mental para impor seu plano apenas quando Bautista Agut lhe deu a oportunidade.

No tie-break, Delpo executou melhor que seu rival sob pressão e cansaço.

O torcedor vai seguir cantando.

O desafio é nosso: mais lucidez e menos huevos para explicar o jogo.

Vamos deixar as músicas para o carnaval carioca, onde todos somos iguais.

* Juan Pablo Varsky é – e não de hoje – o principal jornalista esportivo da Argentina, a quem publicamente agradecemos por tantas lições e generosidade.


Olimpíada motivou Messi a voltar à Seleção
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Tales Torraga

Lionel Messi voltou. Sem sequer ter ido. Brincadeira da noite em Buenos Aires: ele agora detém novo recorde na carreira, o de mais breve renúncia à Seleção. Do choro e do 'ya está' de Nova Jersey para agora, nenhuma partida oficial. Só 47 dias.

A volta de Messi à Seleção era certa desde o começo de agosto.  O que se oficializa hoje (12) é sua participação contra Uruguai (Mendoza) e Venezuela (Mérida) nos dias 1º e 6 de setembro. A comissão técnica esperava que ele só voltasse em 2017. A Argentina é a terceira nas Eliminatórias (11 pontos, dois atrás do líder Uruguai).

A antecipação é fácil de entender. Messi ficou particularmente tocado com o carinho que os atletas olímpicos argentinos receberam dos torcedores no Rio de Janeiro.


Messi sabe o que é ganhar a medalha de ouro – brilhou com uma em 2008, em Pequim, o que não é a mesma coisa de triunfar em um país vizinho. Daí sua recarga na bateria para voltar a sentir o que 99 de 100 atletas argentinos valorizam até los huesos: pôr a bandeira do país sobre o coração e dejar todo hasta la muerte.

A relaxada conversa de Patón Bauza com Messi em Barcelona foi ontem, quinta. Entre um mate e outro, falaram mais do ouro da Peque Pareto no judô e da vitória de Del Potro sobre Djokovic do que qualquer sistema de trabalho a ser implantado.

Bauza colocou em prática aquilo que se dispôs desde o começo. Bastava dar carinho e profissionalismo. Messi voltaria à Seleção pelas próprias pernas.

Contribuiu para seu retorno também algumas brincadeiras sobre a rivalidade de Rosário. Bauza brincou que ficaria sozinho se ele, do Central, não tivesse ninguém do Newell's para cargar. Excelente técnico, Patón é ainda melhor motivador.

Jaque mate, leproso.

Bauza e Messi compactuam também que a união gera uma bem-vinda mensagem de paz no momento em que Rosário registra seguidos assassinatos de torcedores e outras barbaridades em uma cidade cada dia mais conturbada e ajoelhada.

A distância entre ambos neste momento delicado em que famílias são devastadas pela loucura do futebol poderia ter efeito contrário à buena onda que propõem agora.

Juntos, Messi e Bauza dizem, Rosário está no cume. No topo do ranking da Fifa e como técnico e capitão. Tal mensagem será muito difundida a partir de agora, aproveitando que a Seleção se aconchega em outras províncias e se distancia de Buenos Aires pelo cada vez maior e mais agressivo mau humor portenho.

As fibras sentimentais aguçadas pela Olimpíada do Rio deixam claro também que Messi, aos 29 anos e com muito provavelmente mais cinco em alto nível, precisa olhar para fora do clube se quiser ter desafios. Já ganhou tudo pelo Barcelona.

Não ganhou nada pela Seleção. Está é a grande, imensa motivação da sua vida.

A volta de Messi atende também a um particular interesse de Bauza. Patón precisaria formar uma seleção sem ele e depois incorporá-lo com todas as comparações e tormentas que envolvem a chegada de um jogador de seu naipe.

Arrancam juntos desde o primeiro passo. Ponto para Patón, que começa seu trabalho com expressiva vitória antes mesmo de entrar em campo.

Sua serenidade conquistou Messi. La Pulga não é tão chegada em rock. Prefere cumbia e reggae. Seu grupo preferido é o Los Cafres. Mas acaba de mandar o melhor dos trechos do grande sucesso da banda portenha – e bien rockera – La 25:

(…) 'Nunca me fui del barrio, siempre estoy llegando' (…)

Os convocados por Bauza para os jogos contra Uruguai e Venezuela:


Saúde de Maradona volta a preocupar a Argentina
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Tales Torraga

A eliminação do futebol olímpico já é passado. A preocupação da Argentina nesta quinta (11) é com o estado de saúde de Diego Armando Maradona, de 55 anos.

Maradona há duas semanas, em evento publicitário

Diego participou ontem (10) à noite do programa Un Buen Momento, da rádio portenha La Red. É onde mais se pronuncia. Lá trabalham os apresentadores e amigos Gustavo López e Alejandro Fantino. El Diez voltou a metralhar todos.

Como nas últimas vezes, sua voz demonstrou extrema confusão. Em certos trechos, parecia fora de si. Ouvi-lo é uma tortura. Não pelas opiniões. E sim porque Maradona escancara cada dia mais o sofrimento decorrente dos seus excessos.

Ao difícil momento somou-se outro episódio. As TVs argentinas noticiaram hoje os detalhes da briga que o separou outra vez da namorada, Rocío Oliva, de 25 anos.

Maradona está em Buenos Aires há dois meses. Raridade. Ele desde 2012 vive em Dubai, onde é embaixador do esporte. Ganha cinco milhões de dólares por ano, informa a imprensa portenha – que também não entende sua gira pela capital.

Diego atravessa fase familiar igualmente dura. Sua mãe morreu em 2011. Seu pai, em junho do ano passado, quando foi visto especialmente destroçado. Está distante dos irmãos, Hugo e Lalo. E em grave litígio com a ex-esposa, Claudia, mãe das suas filhas Dalma e Gianinna – famosas pelas infinitas brigas entre si e com os pais.

Maradona tem outro filho (Dieguito, de 3 anos) com Verónica Ojeda, que fuzilou Diego por não se importar com a criança que acabara de operar os testículos.

Como ocorre há muitas décadas, Maradona e Buenos Aires não conseguem conviver em paz. Seus passos são seguidos 24 horas – e programas de TV em plena madrugada se dedicam a discutir até o que ele dispara pelo WhatsApp.

Maradona disse ontem (10) que ofereceu ajuda ao técnico Vasco Olarticoechea.

Mas ele é quem precisa ser ajudado, clama a opinião geral – enfatizando sua internação em 2004, quando um ataque cardíaco quase o matou.

Diego manifestou interesse em viajar ao Rio e ver o amigo Juan Martín del Potro, mas seu entorno está em silêncio. Não confirma a viagem. Tampouco a descarta.


Torcida dispara contra Calleri e o culpa pela eliminação argentina
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Tales Torraga

Mês e meio depois da cruel derrota para o Chile na Copa América, Buenos Aires voltou a ficar re caliente com o futebol nesta fresca e deliciosa tarde de 18 graus.

Fora da Olimpíada na primeira fase. E eliminada por Honduras!

Se o culpado de então foi Messi, a bola da vez portenha é Jonathan Calleri.

Hoje, como na estreia contra Portugal, ele perdeu gols tidos como fáceis e pouco compatíveis com seu status de artilheiro da Libertadores da América.

Dos comentários mais repetidos pelos irritadíssimos torcedores, o de que ele faz gols difíceis e lindos e perde os simples – caso claro desta Olimpíada brazuca.

Argumentam que tal estilo não tem nada a ver com recurso técnico. São só maneiras sofisticadas de caçar transferências – repetem que seu empresário foi um gênio ao vendê-lo por 10 milhões de dólares ao West Ham e colocá-lo na mira do Barcelona.

Correa, camisa 10 que desperdiçou o pênalti que poderia dar a classificação à Argentina, nem aparece neste radar de fúria. Vá entender.

É claro que a mão pesada em Calleri é desproporcional e novo sintoma do cada vez mais típico e pesado destempero da torcida argentina cansada de sofrer.

O resultado vergonhoso no Rio reflete a total falta de organização da AFA – as seleções de base estavam abandonadas, sem dinheiro nem para comer.

Nos treinos, o técnico Vasco Olarticoechea escalou o time reserva com o…roupeiro!

'Papelão olímpico', crava o ''Olé'', e o tom ácido é seguido pelas TVs e demais portais que castigam forte os dirigentes. Só depois aparecem os jogadores. Os que não foram e os que estiveram em campo e não conseguiram vencer Honduras.

A Argentina chegou ao Brasil no primeiro lugar do ranking da Fifa e com invencibilidade olímpica de 12 vitórias seguidas e sai…vazia. Sem nada.

É um país bipolar demais.

Do ouro da peque (de pequena) Paula Pareto no judô à torre Del Potro.

Do bi seguido com 100% à queda na primeira fase do futebol.

Así, de extremistas y contradictorios, somos los argentinos.