Patadas y Gambetas

Bauza é rejeitado por 91% da Argentina, que insinua marmelada por “Me$$i”
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Tales Torraga

A Argentina precisava ganhar do Chile e ganhou por um raquítico 1×0. Mas o humor dos portenhos com a seleção segue péssimo, como há muito tempo não estava – desde o ciclo de Diego Maradona como técnico, ali por 2009 e 2010.

A irritação com o trabalho de Edgardo Bauza é geral. Sintoma disso é a enquete do site do jornal ''Olé'' apontar que 91% dos leitores ficaram descontentes com o desempenho do time contra o Chile. A Argentina sofreu o tempo todo e ganhou com um gol gerado por um pênalti inexistente marcado aos 15 minutos do primeiro tempo. Antes, logo aos sete, o juiz brasileiro Sandro Meira Ricci anulou um gol legal do Chile. E Patón ainda falou que ''a atuação da Argentina merecia nota dez''!

As críticas a Bauza são duríssimas nas ruas e na imprensa. Os principais comunicadores argentinos não mediram palavras para detonar seu trabalho. Alejandro Fantino, apresentador do programa de TV Animales Sueltos, das atrações mais assistidas do país, afirmou que ''pior que isso a Argentina não pode jogar''. Mariano Closs, o ''Galvão Bueno argentino'', bateu forte em Bauza durante todo o jogo e disse que esse time era ''impossível de aplaudir''.

Pior foi o No Todo Pasa, debate da TV TyC: A Argentina ''ganhou roubado e com o time todo pendurado no travessão, rezando para o Chile não empatar''.
Quem também disparou com chumbo grosso – e até por isso retratou bem o ânimo geral com a seleção – foi o técnico Caruso Lombardi: ''O Chile foi muito melhor que a Argentina. O juiz desequilibrou. Não me estranha. A Argentina precisa classificar, isto não me surpreende mesmo eu sendo argentino'', detonou Caruso.

''Vocês acham que Messi não vai à Copa? Se ele não se classifica, dão um jeito de passar oito em vez de seis. Seria uma loucura. Iriam perder muito dinheiro. Levariam na força, como levaram o Maradona para a Copa de 1994.''

Para Lombardi, os únicos que se salvam são Messi, Mascherano, Mercado e Otamendi. ''Todos os outros deveriam ser do futebol local.''

É neste ânimo – ou melhor, desânimo – que a Argentina volta a se concentrar neste fim de semana para enfrentar a Bolívia em La Paz na terça-feira às 17h (de Brasília).

São cinco desfalques: Biglia, Higuaín, Otamendi e Mascherano, suspensos por cartões amarelos, e Mercado, machucado. O outro lateral, Emmanuel Mas, saiu lesionado contra o Chile e também é dúvida.


Obrigado por errar! Só a arbitragem brasileira salva a terrível Argentina
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Tales Torraga

Atropelar o Uruguai foi tão fácil que o Brasil ''resolveu ajudar'' a Argentina.

Pois foi só assim, com uma grande mão do árbitro Sandro Meira Ricci, que a seleção conseguiu ganhar do Chile por 1×0 no puro sofrimento. Sem ideias, sem inspiração, sem nada. Um pênalti inexistente e nada mais. Um horror.

A ajuda foi tão clara que até o ''Olé'' reconheceu que Di María mergulhou no seu penal. Piletazo. Um Piscinão.

Obrigado por errar, brasileiro!, ainda tirou sarro. Não foi a única ajuda – houve também um gol legal do Chile anulado instantes antes. ''Ricci lembrou que está no Monumental'', repetiu mais de uma vez o narrador De Paoli no TyC Sports.

Quem não errou foi Messi, toneladas mais leve depois de converter o pênalti e apagar a bola nos céus que mandou  nos Estados Unidos. O jogo foi um risco permanente para a Argentina durante todo o tempo. A equipe não teve notícias de Messi na segunda metade. Lio mandou um Twitter ou outro no primeiro e só.

Tudo curto, tudo sofrido, nada elaborado.

A torcida esfriou, não respondeu, o retorno da seleção à capital foi dos mais apagados possíveis. Nem parecia Argentina. Nem parecia Buenos Aires.

Na única mudança tática, Agüero saiu para a entrada de Banega, para segurar o resultado, ainda aos 12 minutos do segundo tempo. E o Chile deu um sufoco na Argentina a partir daí, para bom trabalho de Chiquito Romero que se salvou também graças à má pontaria dos atacantes da Roja.

A sensação que transbordou o Monumental nesta quinta foi a de que a Argentina deveria se inspirar de vez no exemplo do espetacular Brasil: colocar o melhor técnico à disposição é uma urgência. E Bauza, apesar da terceira colocação e de estar só atrás de Brasil e Uruguai, dá sinais de ideias escassas e de que o sufoco está longe acabar. Patón conquistou só 11 pontos em 21 possíveis. A terceira colocação está também no crédito do antecessor Martino.

A vitória de hoje, na de Sandro Meira Ricci, pero son cosas que pasan.


Mudo, Messi quer que seu talento fale mais alto para exorcizar o Chile
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Tales Torraga

Chegou a grande noite, a que Buenos Aires implorava para chegar desde o fim do ano passado. O Monumental de Núñez já garantiu lotação máxima para empurrar a seleção argentina para cima do Chile, seu grande carrasco nos últimos anos. A patada inicial deste jogo com clima de final de Copa vai ser às 20h30 (de Brasília).

A Argentina amanheceu determinada a deixar para trás suas páginas mais rasuradas: as das finais das últimas duas Copas Américas perdidas para o Chile. Na segunda delas, ao errar seu pênalti, Messi anunciou que deixaria a seleção. Não era mesmo para levar a sério. La Pulga hoje é a grande esperança da equipe de Bauza que precisa ganhar sí o sí para sair da perturbadora quinta colocação que a deixa na Repescagem para o Mundial da Rússia-2018 (Uma Copa sem Messi!? Pensem!).

Lio está em greve de silêncio com a imprensa argentina por conta do ''caso Lavezzi'', quando um radialista informou em novembro que o atacante estaria fumando maconha na concentração, o que irritou todo o grupo de jogadores. El Diez argentino tem muitos atritos com o Chile. Além de perder seu pênalti, Messi lidou com o absurdo de ter sua família agredida na primeira decisão perdida em Santiago. A rivalidade Argentina x Chile é, já há anos, a mais violenta do continente e envolve até uma mordida de cão e a Guerra das Malvinas.

(Ontem, o jornal ''La Nación'' trouxe um papo com o técnico Claudio Borghi espantado por crianças argentinas dizer que ''vão matar os chilenos''.)

A tensão vai ser gigante também fora de campo. Foram vendidas 2.800 entradas para os torcedores do Chile, mas a polícia de Buenos Aires estima em 8.000 as pessoas do país que estarão, ou tentarão estar, no Monumental de Núñez.

O silêncio de Lio e seus colegas é compensado pelas longas entrevistas de Patón Bauza, que ontem faltou por cerca de 30 minutos e teve de responder se o craque do Barcelona não atua muito abaixo da média quando está sob seu comando, o que o técnico despistou com serenidade e educação.

Messi finalmente volta ao campo do River, onde não atua desde antes da Copa de 2014, em amistoso contra Trinidad e Tobago. O Monumental é tido por muitos como uma ''geladeira'' que nem o astro do Barcelona é capaz de esquentar.

Ele, claro, não estará sozinho nesta noite, na partida que Juan Antonio Pizzi, técnico do Chile, diz ser o grande clássico do continente na atualidade. Com Dybala machucado, Bauza vai escalar os ''quatro fantásticos'' Messi-Agüero-Higuaín-Di María, que jogaram juntos 13 vezes e ganharam dez. Na última vez em que foram a campo, a desastrosa derrota por 3×0 para o Brasil em Belo Horizonte.

Os titulares que vão sair do vestiário Ángel Labruna para o verde césped: Chiquito Romero; Mercado, Otamendi, Rojo e Más; Mara Biglia e El Jefecito Mascherano; La Pulga Messi,  El Kun Agüero e Fideo Di María; Pipita Higuaín.

Todo o picante está servido em uma milanesa que pode descer bem, mas que já causou muita indigestão. É uma partida decisiva, uma ''final de Copa'', como muitos repetem em Buenos Aires. Nem todos, verdade, porque essas noites gigantes são a deixa para derramar no copo uma característica argentina como o vinho: uma mania de grandeza cada vez maior e cada vez mais fora da realidade.

É só ler o jornal ''Olé''. Hoje tem aula! Ay ay ay…


Relembre 5 sufocos argentinos nas Eliminatórias. Agora é a vez de Messi…
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Tales Torraga

Buenos Aires acordou (mais) ansiosa na véspera do duelo crucial contra o Chile, às 20h30 desta quinta, no Monumental de Núñez. Esta é a pior campanha da Argentina na história das Eliminatórias com o atual formato. E o momento de Edgardo Bauza é crítico. Patón conquistou só oito dos 18 pontos que disputou.

Como um tango daqueles bem sofridos e arrastados, a Argentina que hoje está na Repescagem guarda sufocos terríveis nas Eliminatórias. Relembramos cinco deles.

(Preparate, Messi!)

2009. Diego Maradona era o técnico, e a Argentina precisou de um gol milagroso de Palermo contra o Peru, no Monumental empapado de chuva, e outro de Bolatti contra o Uruguai, para se classificar só na última rodada. Maradona foi Maradona – e bem pior que Zagallo e o ''vão ter que me engolir''. El Diez disparou aos jornalistas em plena coletiva de imprensa: ''Que chupem e sigam chupando''. Messi já estava no time, e já era muito questionado pelo desempenho. A equipe na ocasião em Montevidéu: Romero; Otamendi, Schiavi, Demichelis, Heinze; Gutiérrez, Mascherano, Verón, Di María (Monzón); Messi (Tevez) e Higuaín (Bolatti).

1993 (1). A Argentina de Coco Basile era a bicampeã da Copa América e tinha um time sólido, com Redondo, Simeone e Batistuta. Pela frente, a Colômbia de Rincón, Asprilla e Valderrama. O jogo terminou na maior surra sofrida pela Argentina em casa: um absurdo 5×0 que deixou a seleção na Repescagem – que também só foi alcançada graças a um 2×2 no finalzinho entre Peru x Paraguai.

1993 (2). A Argentina enfrentou a Austrália pela Repescagem e ganhou apertado. Foi 1×1 em Sydney e 1×0 no Monumental de Núñez, gol de Batistuta. Maradona revelou anos depois que a Argentina se dopou para jogar esta série – justo ele, Diego, banido do Mundial dos Estados Unidos justamente pelo doping. Aquela Argentina atuou com: Goycochea; Chamot, Vázquez, Ruggeri e MacAllister; Pérez, Redondo, Simeone e Maradona; Batistuta e Balbo (Zapata).

1985. Contra o Peru, no Monumental, uma tarde e noite de chuva que deixaram a Argentina apreensiva até o gol de Gareca aos 36min do segundo tempo. O 2×2 foi dramático, mas suficiente para assegurar a vaga e abrir caminho para o Mundial que a equipe conquistaria no ano seguinte, no México. Passarella, a estrela da classificação, não jogou aquela Copa. Ele suspeita até hoje que tenha sido envenenado pela própria Comissão Técnica. A seleção escalada por Carlos El Narigón Bilardo em Núñez foi: Fillol; Camino (Gareca), Passarella, Trossero e Garré; Giusti, Barbas (Trobbiani), Burruchaga e Maradona; Pasculli e Valdano.

1969. Mas no outro Mundial do México, em 1970, o país sequer se classificou. Foi eliminado pelo mesmo Peru, na Bombonera, que desde então passou a ser um território maldito para a seleção argentina. O Peru era treinado pelo brasileiro Didi, que por conta desta façanha na cancha do Boca foi…contratado pelo River. Foi 2×2, e a Argentina treinada por Adolfo Pedernera tinha: Cejas; Gallo, Perfumo, Albrecht e Marzolini; Rulli, Brindisi, Pachamé e Marcos; Yazalde e Tarabini.


Opinião: A “escola argentina de goleiros” é uma lenda. Nos enganaram
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Tales Torraga

Você é brasileiro de mais de 30 anos? Com certeza já ouviu maravilhas da ''escola argentina de goleiros'', de ''arqueiros fantásticos, elásticos e acrobáticos''.

Você é argentino? Então sabe que tal escola é uma lenda. Que a Argentina jamais foi esta potência toda com as luvas, que houve uma safra acima da média ali pelos anos 50 e 60. E só. Não havia (e não há) um sistema, um legado, uma tradição que transmita os conhecimentos dos grandes porteros de uma geração para outra.

Até mesmo os grandes porteros merecem uma reflexão. Foram mesmo grandes?

O mito dos goleiros argentinos no Brasil ganhou força nos anos 70 pelo trio Cejas, Andrada e Ortiz, de Santos, Vasco e Atlético-MG – que reforçaram o que havia sido feito por José Poy no São Paulo décadas antes. Goleiros competentes, claro, mas do nível de muitos de então. Não depreciamos o que os goleiros argentinos fazem ou fizeram: só constatamos que não há uma escola, não há uma sala de aula, os talentos emergiram graças ao esforço individual. São como os brasileiros que conquistaram a Fórmula 1. Eles brilharam. A estrutura oferecida pelo país não.

Loco Gatti – goleiro argentino enfeitado (e nem sempre eficaz)

Qualquer conversa com qualquer portenho que viva o futebol explica em detalhes a razão da inexistência da ''escola argentina de goleiros''. E a justificativa é a mais infantil do mundo: a pura discriminação. Na Argentina, o goleiro é o anti-futebol, é o que não sabe jogar e por isso acaba parando no gol. Maradona cansava de menosprezá-los, até mesmo como técnico: ''E você queria o quê? Ele é goleiro!''.

Tal hostilidade ajudou a formar personalidades mais ásperas.

Pato Fillol, o verdadeiro herói da Copa de 1978, com todo respeito ao Matador Mario Kempes, já repetiu que sua rotina depois dos jogos era descer do ônibus do River para bater em quem o xingava com gracinhas do tipo. Fillol sim foi um ET, o irmão argentino de Gylmar dos Santos Neves e do uruguaio Mazurkiewicz.

Houve também Amadeo Carrizo, o querido Amadeo, eleito o melhor da América do Sul no século 20. Mas como fazer de Amadeo a superioridade argentina no gol? Ele foi tido como responsável e quase apanhou em Buenos Aires depois do vexame e da queda do Mundial 1958 por 6×1 contra a Tchecoslováquia na primeira fase!

Se até hoje os velhinhos de Belgrano e Núñez dizem que o River só perdeu a Libertadores de 1966 para o Peñarol por culpa dele, Amadeo? Se os mesmos velhinhos e muitos outros quase me socam para garantir que os pré-históricos Tesorieri, Errea e Irusta não eram grandes coisas? ''Do que está falando, pibe? Nesses tempos fugíamos das Copas para não dar vexame! Vá estudar'', me cortam.

Fillol sim foi gigante – mesmo aos 40 anos, quando pendurou as luvas como estrela do Vélez. Os que vieram antes e depois são de nível abaixo. A Argentina nas últimas Copas foi defendida por Pumpido (1986 e 1990), Goycochea (1990), Islas (1994), Roa (1998), Cavallero (2002), Abbondanzieri (2006) e Chiquito Romero (desde 2010). Decadência? Não. Normalidade. A ''escola argentina de goleiros'' jamais existiu. Ela foi a lenda repetida mais de uma vez que virou verdade no Brasil.

(Que escola é esta que quis naturalizar o colombiano Navarro Montoya e o paraguaio Chilavert nos anos 90? Que escola é esta que tem Romero, reserva dos seus clubes há quatro anos, como recordista de participações na seleção? Que escola é esta que tinha um goleiro colombiano, Córdoba, como homem de segurança do grande time argentino moderno, o Boca de Bianchi? Não resumimos o ofício de goleiro ao de tapa penales como Goycochea e Abbondanzieri?)


Monumental de Núñez lança projeto para ser maior que o Maracanã
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Tales Torraga

Casa do River Plate e da seleção argentina, o Monumental de Núñez vai ampliar sua capacidade para ser maior que o Maracanã. É este o objetivo do projeto de remodelação do estádio anunciado por Rodolfo D'Onofrio, presidente do River.

Desenho do novo Monumental de Núñez – Reprodução/River Plate

O blog teve acesso ao plano que estima em cerca de US$ 70 milhões (R$ 217 milhões) o custo do novo Monumental. Para se comparar, a modernização do Beira-Rio, para 51.300 pessoas, consumiu R$ 330 milhões para a Copa de 2014.

Construído em 1937, o Monumental não passa por grandes reformas desde a Copa do Mundo de 1978. Muitas de suas instalações são antigas e perigosas. São comuns as cenas de cadeiras quebradas e arremessadas contra jogadores ou torcedores adversários. Os banheiros, os acessos e os sistemas de segurança também são defasados, o que obriga o River, dono do estádio, a agir rápido se quiser manter sua condição de principal cancha argentina – algo hoje já em dúvida com a construção dos modernos Estádio Único, em La Plata, e o Mario Alberto Kempes, de Córdoba, para 53.000 e 57.000 pessoas.

O Monumental hoje recebe 62.000 torcedores, e a ampliação faria chegar aos 82.000 espectadores. Se a capacidade for confirmada, passaria o Maracanã (78.000), o Morumbi (67.000) e assumiria a condição de maior praça esportiva da América do Sul, batendo o Monumental de Lima – 80.000 presentes no Peru.

Fazer caber mais gente em Núñez ocorreria de duas formas, segundo o plano de modernização. A primeira seria substituir a atual pista de atletismo por um novo setor, tornando o Monumental um estádio com o público muito mais próximo ao gramado, que seria reduzido e colocado em nível inferior ao atual. A mudança nas antigas instalações nos demais setores também permitiria aumentar a capacidade.

As normas atuais exigem mais distância entre um torcedor e outro, mas o River considera que há maneiras de ganhar este espaço que faria o Monumental ''inflar'' especialmente seu setor popular, chamado Sívori, onde fica o placar.

A ideia do River é começar as obras em 2018 – forma de celebrar os 40 anos da conquista da Argentina no Mundial de 78, lá mesmo, no Monumental. O clube busca um parceiro para pagar a reforma e com isso ocupar o nome oficial do estádio.

Hoje, o gigante de Núñez é batizado como Antonio Vespucio Liberti, histórico presidente do clube entre os anos 30 e 60. Já houve negociações com a Emirates e a Huawei, empresa chinesa de telecomunicações que patrocina o Boca Juniors.


Conversas entre o River e a AFA (Associação de Futebol Argentino) sobre o novo Monumental estão previstas também para esta semana de Argentina x Chile, às 20h30 (de Brasília) de quinta, lá mesmo em Núñez, onde a seleção de Bauza luta para sair da quinta colocação das Eliminatórias. Hoje, a Argentina jogaria a Repescagem para o Mundial da Rússia-2018. Que fase, muchachos.


Bauza (surta e) já projeta o futuro depois de ganhar a Copa com a Argentina
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Tales Torraga

Edgardo Bauza sempre foi sensato, mas desde que assumiu a seleção argentina, em agosto, abandonou a lucidez. Patón virou um falastrão totalmente desorientado, e sua mais recente pérola é também uma das piores: ''Depois de ser campeão do mundo, não sei com o que vou trabalhar. Na América do Sul, joguei o que poderia jogar e ganhei. Se ganho a Copa, não teria nenhuma conta pendente. Vamos ser campeões contra uma seleção da Europa'', afirmou ao jornal ''La Nación'' em uma entrevista que merece ir para o divã. O Bauza 2017 jogou o bom senso no lixo.

Que qualquer um faça tal projeção já soa como uma esquizofrenia – e que isso parta do técnico de uma seleção que não conquista nada há 24 anos é uma falácia e um delírio que já entram em choque com a timidez e o comedimento adotados há muitos anos por Messi e Mascherano, os capitães. O mais incrível no discurso de Bauza é que ele ocorre justamente nos dias que antecedem o perigosíssimo confronto contra o Chile pelas Eliminatórias, na próxima quinta, no Monumental de Núñez lotado.

Falar do que vai fazer depois de ganhar uma Copa do Mundo da qual sequer classificado está. Pior: que corre risco sério de nem disputá-la.

Dá para ser mais lunático?

A Argentina já é tricampeã e Messi já é campeão, segundo a cabeça de Bauza (e só ela). Se isso é dito pela criançada no colégio a gente entende e releva. Mas quem repete isso sem parar é o técnico que briga para fugir da Repescagem. Não há ninguém para orientá-lo? Por que Bauza, aos 59 anos, virou uma mistura de Caruso Lombardi, Renato Gaúcho e Vampeta? Que mania de grandeza é esta?

''Você sabe como um argentino se suicida? Ele sobe em cima de seu ego e se joga lá de cima'', brincou certa vez o papa Francisco. Ele brinca, Patón.

O Monumental não. Cuídate.


“A Argentina de 86 foi melhor que o Brasil de 70”, diz Carlos Bilardo
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Tales Torraga

Técnico da Argentina campeã da Copa de 1986, Carlos Salvador Bilardo voltou aos holofotes em Buenos Aires nesta quinta-feira (16). No dia do seu aniversário de 75 anos, a TV, a rádio e a internet prestaram homenagens e reprisaram entrevistas do histórico treinador. E uma de suas opiniões é de causar calafrios nos brasileiros: ''A Argentina de 1986 foi melhor que o Brasil de 1970 e a Holanda de 1974. Sem nenhuma dúvida. Era um futebol mais rápido. É o mesmo quando me dizem: Pelé, Maradona ou Di Stéfano? Ou quando me perguntam: um médico de antes ou um de agora? Um de agora, velho. O de agora me salva, o de antes não tinha capacidade para me salvar'', cravou, em retrospectiva mostrada pelo canal de TV TyC Sports resgatando uma longa entrevista do ex-técnico para a revista ''El Gráfico''.

Colocar a Argentina de Maradona, Valdano e Burruchaga acima do Brasil de Pelé, Tostão e Rivellino não foi a única cutucada do Narigón Bilardo no futebol canarinho em seu aniversário. Algoz também do Brasil de Lazaroni na Copa de 1990, ele negou com veemência ter dado ''água batizada'' a Branco. Disse que a equipe brasileira foi eliminada com justiça e que qualquer outra interpretação é um choro livre: ''Sonífero na água?! Que história é essa? A imprensa põe qualquer coisa. Estou no futebol há mais de 50 anos e nunca puderam comprovar nada do que diziam. Então, como pode ser? O que não contam é que eu trabalhava das seis da manhã até meia-noite. Isso eu não disse nunca: ensinava os jogadores até a gritar os gols e não perder energia. É só ver o que Caniggia fazia naquele Mundial''.

Maradona e Basualdo, dois argentinos que estiveram naquele confronto contra o Brasil em 1990, admitiram a trapaça contra Branco.

Além de treinador, Bilardo foi médico – e revelou que, como cirurgião, operar com sucesso um câncer de reto foi sua experiência mais inesquecível: ''Muito mais que conquistar o Mundial de 1986''. Personagem polêmico, era o meio-campista do Estudiantes campeão da Libertadores de 1968, 1969 e 1970: ''Ganhar do Palmeiras em 1968 foi uma das únicas vezes que chorei pelo futebol em toda minha vida''.

Conquistou também o Intercontinental de Clubes de 1968, e era famoso por jogar carregando alfinetes no calção e nos meiões. Nas cobranças de escanteio, furava o adversário com o alfinete: ''Afinal, naquele tempo não tinha Aids'', falou.

Amigo de Maradona nos bons tempos, admitiu que chegou a trocar socos com El Diez mais de uma vez. A mais famosa, quando os dois estavam no Sevilla, em 1993. ''Ele me xingou ao sair de campo e fui buscá-lo na sua casa. Saíamos na mão e nossas mulheres nos separaram. No outro dia, estávamos os dois, no treino, com a cara machucada'', contou.

Bilardo no mês passado simplesmente abandonou no ar o histórico programa de rádio que apresentava em Buenos Aires para não mais voltar.

Tantas histórias renderam uma ótima autobiografia, ''Bilardo, Doctor y Campeón''. El Narigón, de fato, é um dos personagens mais loucos da muy loca, casi surreal, história da Argentina no futebol.


O maior, disparado: River empolga na estreia e poupa Argentina de vexame
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Tales Torraga

Coube ao River Plate, que na Argentina se auto-intitula ''o maior, disparado'', vencer uma complicada estreia por 3×1 e fazer a metade rojo y blanca de Buenos Aires bater no peito garantindo que a mística copeira argentina nesta Libertadores está, sim, bem viva no uniforme de Núñez – um dos mais lindos do mundo, convenhamos.

E este uniforme terminou tricolor na encharcada noite da Colômbia devido ao barro e ao aguaceiro que parou a partida no primeiro tempo. Nada que assustasse o Millo: o River atropelou o Independiente Medellín com uma segurança que não era vista desde meados do ano passado, com uma partida controlada em todas as linhas de campo e sem dar chances ao rival, que bateu e não soube o que fazer.

Os gols do River foram de Alario, de pênalti, de Driussi e do zagueiro Martínez Quarta. Só jovens: 24, 21 e 20 anos. É claro que a estreia é só uma estreia e que o caminho é longo, mas a primeira partida do River nesta Libertadores serviu para apagar algumas más impressões deixadas pelas equipes argentinas nesta Copa.
Em um campo pesadíssimo, onde a decantada falta de ritmo seria uma preocupação no segundo tempo, o River impôs sua perna forte e bancou todas as patadas dos desesperados colombianos que atuaram com uma violência ''modo anos 70'' no segundo tempo até chegar ao gol de honra, e de pênalti, nos instantes finais.

Os três gols marcados acabam camuflando as grandes atuações da noite – o zagueiro Maidana, uma parada duríssima para qualquer atacante, e o retorno do volante Ariel Rojas, que ofereceu a lucidez e as saídas de jogo que Marcelo Gallardo tanto buscava desde o adeus de Sánchez.

Voltou River e voltou a mística, muchachos. Qualquer um que caminhe nesta quinta ali pela Corrientes perto do Obelisco vai cansar de ouvir isso. E de ouvir também que o River não estreia, apenas volta a ocupar seu posto de ''o maior da Argentina, disparado'' na busca da sua quarta Libertadores – os argentinos são assim, nem começam e já pensam no fim, e olhe que o começo tinha cara de vexame, mas vá tentar convencer alguém que esta Libertadores não vai ser da Argentina, a maior campeã da história da Copa, pátria que na Libertadores é capaz de ''ganhar sozinha, só com a camisa'' (sim, se ouve de tudo, buenos aires y buenos oídos, ahí vamos).

Cartaz ao redor do Monumental nesta quinta: ''River voltou. O maior, disparado''


River tenta salvar Argentina de seu pior começo de Libertadores em 15 anos
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Tales Torraga

A falta de ritmo não era falácia. Os times argentinos estão sofrendo tanto com a recente inatividade que até agora nenhuma equipe do país ganhou na Libertadores. E cabe ao River Plate, também sem ritmo e também sem uma equipe estrelada, salvar a honra do país neste começo de competição.

O River estreia na Libertadores às 21h (de Brasília) desta quarta-feira (15) contra o Independiente Medellín, na Colômbia, tentando evitar uma marca negativa que dura 15 anos. É preciso recuar para 2002 para encontrar uma primeira rodada de Libertadores sem vitórias de equipes argentinas.

Na ocasião, os cinco representantes argentos estrearam assim: San Lorenzo 0x1 Potosí, Vélez 0x0 Morelia, Boca 0x0 Santiago Wanderers e River 0x0 Talleres.

Agora em 2017, o Atlético Tucumán ficou no 1×1 com o Palmeiras e o Godoy Cruz repetiu o placar contra o Atlético-MG. O San Lorenzo apanhou de 4×0 do Flamengo, e o Lanús perdeu em casa por 1×0 para o Nacional do Uruguai. E o Estudiantes tampouco fez melhor papel: foi vencido pelo Botafogo por 2×1 no Rio.

E o que esperar do River nesta Copa?

Uma equipe instável e que só se classificou à Libertadores com um título desesperado da Copa Argentina e um alucinante 4×3 sobre o Rosario Central.

O técnico Marcelo Gallardo deve enfrentar o Medellín levando o seguinte time a campo: o goleiro é o contestado Batalla, de apenas 20 anos; os laterais são Mayada pela direita (volante improvisado) e Casco (recém-recuperado de lesão e convocado pela seleção argentina para atuar na esquerda em 2015).

Os zagueiros são o experiente Maidana, campeão da Libertadores por Boca e River, e o pibe Martínez Quarta, também de 20 anos. Vêm então três volantes experientes: Nacho Fernández, Ponzio e Rojas. Nacho é o motor, Ponzio é o pulmão, Rojas é o cérebro na distribuição das jogadas. O armador será o muito contestado Pity Martínez; no ataque, o ponto forte, com os competentes Alario e Driussi.

É um River menos temível que o campeão de 2015 (Barovero, Mercado, Funes Mori, Vangioni, Kranevitter, Sánchez…) e o que foi eliminado nas oitavas de 2016 pelo Independiente del Valle.

A campanha no Argentino também não é animadora: o Millonario está em oitavo, 11 pontos atrás do líder Boca, com exatamente 15 de 30 rodadas disputadas.

Terrible, muchachos, pero esto es lo que hay.