Patadas y Gambetas

Ausência de Icardi provoca vazio que Copa não vê desde 1986
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Tales Torraga

E Mauro Icardi realmente vai ver a Copa do Mundo pela TV. Já era esperado? Se olhar para a história – e não para a histeria argentina -, não, nada esperado.

É realmente raro demais que o artilheiro do Campeonato Italiano não tenha um espaço sequer como reserva no Mundial. Tal situação não ocorria desde 1986, quando o italiano Roberto Pruzzo, então na Roma, não foi levado pelo técnico Enzo Bearzot para a Copa do Mundo disputada no México e vencida pela Argentina.

(Muitos, claro, já ligam a ausência de Maurito ao tri argentino, só pela coincidência.)

Icardi lamenta em Núñez ante a Venezuela – AFA/Divulgação

Icardi, pela Inter de Milão, e o italiano Immobile, da Lazio, dividiram a condição de ''Capocannoniere'', como são chamados os artilheiros de cada edição do Campeonato Italiano. Cada um terminou a competição com 29 gols. Icardi jogou 34 vezes para atingir esta marca; Immobile atuou em 33 compromissos, mas não teria chances de Mundial porque a Itália caiu nas Eliminatórias.

E por que Sampaoli não levou Icardi no vigor dos seus 25 anos?

Por ele entender que Mauro não combina com o seu estilo de jogo. Icardi, na Inter de Milão, é responsável por aquilo que os argentinos chamam de ''último toque''. É um finalizador excelente, mas obriga que o restante do time jogue em sua função. Sampaoli não imagina a Argentina jogando desta forma. Higuaín e Agüero, os atacantes escolhidos pelo técnico, vão fazer um pouco de tudo – inclusive armar e marcar, dando o toque de agressividade que a Argentina quer impor na Rússia.

É claro que há versões que indicam que Icardi foi rejeitado pelos medalhões da seleção, que não toleram o seu relacionamento com Wanda Nara, a ex-mulher de Maxi López. O blog apurou que não houve tal rejeição – mas Icardi sim perdeu muitos pontos com Sampaoli ao pedir dispensa dos amistosos da seleção em novembro do ano passado ante Rússia e Nigéria. Icardi estava machucado, mas sua presença nos treinos e no convívio com o técnico eram fatores que ele deveria levar em consideração ao não correr o risco de ser preterido na convocação final.

Os últimos artilheiros do Italiano em anos de Copa – e como eles foram no Mundial:

1990 – Marco Van Basten (HOL/Milan) – eliminado nas oitavas pela Alemanha
1994 – Giuseppe Signori (ITA/Lazio) – vice diante do Brasil
1998 – Oliver Bierhoff (ALE/Udinese) – eliminado nas quartas pela Croácia
2002 – David Trezeguet (FRA/Juventus) – eliminado na primeira fase
2006 – Luca Toni (ITA/Fiorentina) – campeão ante a França
2010 – Antonio Di Natale (ITA/Udinese) – eliminado na primeira fase
2014 – Ciro Immobile (ITA/Lazio) – eliminado na primeira fase


Balada tira Centurión da Copa do Mundo
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Tales Torraga

A grande surpresa da lista dos 23 argentinos que vão à Rússia que Jorge Sampaoli acaba de anunciar em Buenos Aires é a entrada de Maximiliano Meza, do Independiente, que convenceu o treinador de que é uma aposta mais confiável do que Ricardo Centurión, o ex-são-paulino que hoje atua no Racing.

Em público, Sampaoli diz que a escolha por Meza foi técnica e tática. O ótimo meia do Rojo atua (e bem) na armação, no ataque e na marcação – uma das suas muitas funções no Independiente foi no doble cinco armado por Ariel Holan em partidas pontuais. ''Doble cinco'' é como os argentinos chamam a dupla de volantes.

Centurión (da esquerda à direita, o segundo em pé), fora da Copa – TyC Sports

Centurión, claro, não oferecia tal polivalência a Sampaoli. Sua virtude como reserva de Di María na Rússia seria o jogo rápido e driblador. Mas não foi nenhuma condição técnica ou tática que o tirou da Copa – e sim o seu comportamento.

O Racing passou por um vexame histórico na última quinta-feira ao perder por 1 a 0 e ser eliminado da Copa Argentina pelo Sarmiento de Resistencia, da Terceirona. E o que Centurión fez depois do jogo? Foi a uma boate comemorar o aniversário de Darío Benedetto, seu ex-companheiro do Boca. A aparição de Centurión caiu mal entre a torcida do Racing e foi digerida de maneira ainda pior por Sampaoli, que desistiu de levá-lo à Rússia por este deslize que se soma a tantos outros.

O blog apurou que Sampaoli e seus auxiliares consideraram o comportamento de Centurión como um tema de constante atenção em plena Copa – e que faria mais sentido se livrar desta eterna interrogação em um mês tão desgastante quanto o Mundial. A escolha foi fechada também pelo comprometimento que Meza demonstrou na última convocação, nos amistosos ante Itália e Espanha.

Uma das vozes que mais pesaram nos bastidores da seleção foi a de Lionel Messi, que demonstrou a Sampaoli ter ficado surpreso com a postura adulta e tranquila do atleta de 26 anos do Independiente em sua estreia na seleção.

Sampaoli tanto botava fé na utilidade de Centurión que considerava deixá-lo no mesmo quarto de Messi durante a Copa. No fim, El Pelado Sampa ponderou que a possibilidade de Centurión estressar Messi era bem maior do que a chance de ''domesticar'' o jogador do Racing que vive um claro caso de auto-sabotagem.

Há dez meses, horas antes de fechar sua permanência no Boca, onde era camisa 10 e ídolo, Centurión pôs tudo a perder brigando numa balada. Na semana passada não houve briga, mas sim o péssimo padrão de agir de maneira negativa diante de uma situação que poderia representar tanto ganho para a sua vida profissional.


Argentina briga entre si antes mesmo de começar a treinar para a Copa
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Tales Torraga

É tão comum quanto o azul e branco da camisa. Se não houver farpa e desavença interna, não é a Argentina na preparação para uma Copa do Mundo.

A dificuldade crônica de se armar um ambiente produtivo de trabalho – dentro e fora da lista dos convocados – é mesmo um traço extremamente comum na história da Argentina nos Mundiais. Mas o curioso da situação de agora é que as primeiras munições acabaram sendo trocadas antes mesmo de a equipe se juntar de vez e arrancar a sua preparação para a Copa, o que vai acontecer na próxima segunda (21) no CT da AFA em Ezeiza, pertinho do Aeroporto Internacional de Buenos Aires.

Agüero x Gómez x Biglia – Montagem Olé/Reprodução

O tema que elevou a temperatura interna da equipe foi a joelhada nas costas que o atacante Papu Gómez, da Atalanta, acertou em Lucas Biglia, volante do Milan. Válido pela penúltima rodada do italiano, o Atalanta x Milan foi dos mais ásperos, com nove amarelados e dois expulsos no último domingo. Biglia havia fraturado duas vértebras há menos de um mês, e a imprudência de Gómez gerou muitas críticas argentinas por sua suposta má-fé. Apesar da violência do golpe, Biglia não sofreu maiores problemas e é peça certa no grupo de Sampaoli para o Mundial.

Papu, por sua vez, não foi chamado para a Rússia. Ele disputou quatro jogos pela seleção de Sampaoli, atuando inclusive nos 90 minutos do 0x0 contra o Peru na Bombonera. No melhor estilo ''menino de colégio que te pega na saída'', Kun Agüero detonou Gómez: ''Se levo uma joelhada daquelas, fico muito irritado e o espero no túnel do vestiário para falar de tudo para ele'', comentou, sobre o colega. ''Iria perguntar se foi com má intenção ou não. Iria apertá-lo para me esclarecer.''

Na seleção argentina, como reforça hoje o ''Clarín'', há realmente uma ''mesa chica'' que influencia em tudo o que ocorre na equipe, e ela é formada por Agüero, Messi, Mascherano, Di María, Romero, Higuaín e o avariado Biglia. São os medalhões que Sampaoli precisa pensar mil vezes antes de contrariar até mesmo em detalhes.

Gómez, claro, não assimilou calado o discurso de Agüero: ''Me parece uma idiotice enorme que se fale desta jogada com tantos temas que têm a AFA e a seleção. Conheço o Kun faz tempo. Não posso responder o que ele disse. Não vale a pena''.

(Coleguismo, camaradagem, boa sorte na Copa? Olvídate. Pode esquecer.)

''Estou muito mal pelo que aconteceu com Biglia. Agora qualquer um me chama de maldoso. Escutei barbaridades.''

Outra barbaridade é a interna entre a AFA e o River Plate.

Histórica casa da seleção, o gigante de Núñez ainda não tolera ter sido preterido em favor da Bombonera, que organizou o confronto contra o Peru pelas Eliminatórias e vai receber agora um amistoso contra o Haiti, no próximo dia 29.

Segundo o ''Clarín'', há uma guerra fria entre as duas partes.

Para amenizar o clima ruim, a AFA cogitou um treino aberto da seleção no Monumental no dia 27, mas o clube afirmou que faria uma manutenção em seu gramado na véspera (!), se recusando a servir de palco para uma AFA que optou então pelo estádio do Vélez. O River nos bastidores é bem firme em sua postura: o Monumental é sede de jogos, não de treinos. Cai mal no clube também que o atual presidente da AFA, Chiqui Tapia, seja um torcedor tão assumido do Boca Juniors.

Em março, na decisão da última Supercopa Argentina, quando o River foi campeão em cima do Boca, os jogadores vestindo vermelho e branco subiram ao pódio aos palavrões e cantando todos juntos ''Chiqui Tapia Botón / Chiqui Tapia Botón / Vos sos hincha de Boca / La puta madre que te parió''. Botón é uma gíria equivalente a ''cagueta''. O restante não precisa de maiores traduções ou explicações.

O que é realmente necessário para Sampaoli e companhia é uma dose cavalar de paciência (e outra de maturidade) para superar as picuinhas e os desgastes que já começaram e não vão terminar até o fim da participação azul e branca na Rússia.


‘Passarella assume que errou com meu cabelo’, diz Caniggia
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Tales Torraga

Aconteceu há exatos 20 anos, então muitos dos brasileiros mais novos nem conhecem a história – e devem custar a acreditar que é verdade. Na preparação para a Copa do Mundo de 1998, o então técnico da Argentina, Daniel Alberto Passarella, simplesmente exigiu que a sua equipe cortasse o cabelo e ignorasse a então tradição de se portar cabeleiras. Era um resquício da rebeldia frente aos militares e da maneira de se viver de acordo com o rock, tão popular no país.

Passarella bateu de frente com três cabeludos de então: o volante Fernando Redondo e os atacantes Gabriel Batistuta e Claudio Caniggia. E com os três vivendo o auge de suas carreiras. Redondo foi o primeiro a pular fora: defenestrou Passarella, o chamou de mentiroso e se recusou a ir para a Copa.

Batistuta topou seguir o rigor marcial do Kaiser e aparou as madeixas. Caniggia teve uma negociação muito mais longa e complicada com Passarella – no fim das contas, por conta do desgaste e por querer provar ao técnico que estava errado, acabou se machucando, não podendo defender a Argentina naquele Mundial.

O assunto voltou a ganhar força em Buenos Aires nesta quarta (16) com a reveladora entrevista de Caniggia ao Fox Sports, esta aqui.

Caniggia bateu forte em Passarella – e colocou um ingrediente novo nos relatos a respeito. Com ambos cara a cara, o ex-técnico reconheceu que errou a mão naquele episódio. Os principais trechos da entrevista do eterno Pájaro Caniggia:

''Passarella me escalou nas Eliminatórias, mas sempre me falando do cabelo. E eu lhe perguntava: você está falando isso de verdade ou de brincadeira? Me parece uma situação ridícula, que importa o cabelo?''

''A dez dias da convocação para a Copa, ele me telefona e a gente começa a discutir. 'Tudo bem, Daniel, corto um centímetro, um centímetro e meio', e ele me respondia 'Não, precisa ser mais, três ou quatro'. Eu não acreditava que ele estava me falando aquela estupidez.''

''Eu vinha de uma lesão, mas estava treinando bem, tanto estava bem que acabei convocado até para a Copa seguinte, a de 2002.''

''Ele quis limpar [tirar] a mim, a Batistuta e Redondo. A verdade é essa. Redondo foi forte, a entrevista dele foi histórica. Mas até com o Batistuta ele se meteu.''

''Disse na cara dele quando Passarella era presidente do River: 'Você me cagou uma Copa. E isso é difícil de aceitar'. E ele me respondeu: 'Já foi, já passou, eu errei, vamos esquecer tudo isso'. Respondi dizendo que a explicação dele não tinha sentido, que não dava para fazer isso com um jogador, foi muito duro assimilar.''

Passarella jamais tocou no assunto publicamente. Hoje com 64 anos, ele vive recluso na Argentina desde que deixou a presidência do River, em 2013, acusado de crimes como faturar na revenda de ingressos para a barra brava.

Mesmo sem Redondo e Caniggia, a Argentina avançou até as quartas da Copa de 1998 e foi eliminada pela Holanda, com gol de Bergkamp no último minuto. Batendo a Laranja, a Argentina de Passarella faria a semifinal contra o Brasil de Zagallo.


Como um boato sobre a Aids quase acabou com a carreira do goleiro Goycochea
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Tales Torraga

Foi há 30 anos, muito antes de o termo ''fake news'' existir. Em 1988, um boato sobre a Aids quase acabou com a carreira do goleiro argentino Sergio Goycochea, que seria importante na Copa do Mundo de 1990 ao defender pênaltis contra Iugoslávia e Itália e ajudar a azul e branca a jogar a decisão daquele Mundial.

Goycochea era reserva do River desde 1982, e em 1988 entraria numa troca com o San Lorenzo, que repassaria ninguém menos que José Luis Chilavert ao gigante de Núñez. Foi quando Goyco ficou doente e precisou de meses para se recuperar.

Goycochea no inferno e no céu – Reprodução Gente/El Gráfico/Futebol Portenho

''Não houve um culpado por este rumor da Aids'', relembrou o goleiro em entrevista publicada pela revista ''El Gráfico'' em 2008. ''Tive um problema na clavícula, e os médicos preservaram o diagnóstico. Se pensassem que eu tinha artrite, o mundo do futebol poderia achar que eu não servia mais.''

''Criou-se um manto de dúvida, e aí surgiram os rumores. Tudo se potenciou com um título da El Gráfico, 'A estranha doença de Goycochea'. Era estranha porque ninguém explicava bem. O erro foi não dizer a verdade com todas as letras.''

De uma hora para outra, Goyco ficou isolado.

''Percebi quem era meu amigo e quem não era. Tomei consciência de que integrava um meio carniceiro. Poucos tiveram interesse em saber como eu estava, pensavam só na transferência para o San Lorenzo. Ainda bem que um ano e meio depois pude ter a minha revanche no Mundial. Caso contrário, não sei quanto tempo mais teria carregado esta cruz.''

Goyco relembra um momento difícil em particular: ''Minha mãe me ligou chorando pedindo para eu dizer a verdade. Aí eu me quebrei emocionalmente, larguei tudo o que tinha em Buenos Aires e fiquei perto da família. Sem querer discriminar, mas na época todos tinham a cabeça muito fechada e dizer Aids era dizer drogado ou homossexual. Fui e expliquei tudo a ela.''

O ex-goleiro precisou sair da Argentina para voltar a jogar – defendeu o Millonarios no auge da corpulência financeira do narcotráfico do esporte no país.

Hoje, Goycochea é um renomado comentarista e apresentador de TV na Argentina. ''Brasil e Espanha são as favoritas. Alemanha e Argentina aparecem depois'', crava o histórico tapa penales do Mundial de quase 30 anos atrás na Itália.


Opinião: Convocação argentina cheira a fracasso
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Tales Torraga

O blog cansou de elogiar a defesa da Argentina e lembrar que ela permitiu, por exemplo, que todos os jogos dos mata-matas da Copa de 2014 tivessem o arco invicto. Das oitavas em diante, o único gol sofrido no Mundial de quatro anos atrás ocorreu apenas e tão somente no segundo tempo da prorrogação da final. E contra uma Alemanha que havia humilhado o Brasil com sete gols. Outros exemplos de solidez na retaguarda? Não levar gols do Chile nas duas finais de Copa América. Ou os seis gols sofridos em nove jogos no primeiro turno das Eliminatórias.

Mas veio Jorge Sampaoli e tudo mudou. Arco invicto, seis gols em nove jogos?

A Argentina tomou logo dez em meros dois – 4 a 2 da Nigéria e 6 a 1 da Espanha.

Sampaoli foi bastante indagado em Buenos Aires nas últimas semanas para conferir a campanha das últimas seleções campeãs do mundo. E o que dava para perceber? Todas elas tinham a força na zaga como característica. A Alemanha levou apenas quatro gols em 2014. A Espanha? Só dois em 2010, mesmo número da Itália em 2006. O Brasil ofensivo e eficiente de 2002 tampouco se descuidava atrás: fechou a campanha com meros quatro gols sofridos.

El Pelado Sampa não quer saber de defender. Quem descreveu melhor o seu estilo foi (como quase sempre) o jornal ''La Nación'': Sampaoli gritou para o mundo com sua convocação que ele quer assumir riscos e agredir o rival até sufocá-lo. O discurso da ''soberania argentina'' está vivíssimo na sua careca e a Rússia não deve esperar outra coisa que não uma Argentina alucinada e quase kamikase.

Uma careca, uma bandeira e mil dúvidas – Montagem/Infobae

Os 35 nomes listados por Sampaoli não permitem outra análise. Os medalhões eram óbvios: Messi, Higuaín, Agüero e Di María. Mas também Dybala, Pavón e Centurión, aqueles que vão ficar entre os reservas. Até quem não surge como opção para a lista de 23 nomes tem esta fúria ofensiva indicada por Sampaoli. Estamos falando de Icardi, Perotti e Lautaro Martínez.

Outra percepção bem clara é que quase um terço da convocação é de atacantes. E olhando para os meio-campistas e laterais, o perfil agressivo é ainda mais evidente: Lanzini e Lo Celso, Salvio e Acuña, até Enzo e Pablo Pérez fazem dupla função, indo e vindo, como Banega e Pizarro. Meza vai além – é quase um atacante.

E o soldado, aquele que se joga no chão recuperando a bola? Biglia e Battaglia.

É pouco. Muito pouco.

Sampaoli rasgou o manual da Copa e resolveu impor o seu. A Argentina hoje não anda com humores para pensar nada diferente do que um fracasso. ''Não temos chances'', respondem dois a cada três torcedores perguntados sobre a seleção no Mundial. A esperança é, como sempre, Messi – com a ajuda de um verdadeiro Messi entre os goleiros como vem sendo este impressionante Armani no River.

Impressionante vai ser a Argentina reverter este prognóstico sombrio e triste.


Centurión vai dividir quarto com Messi na seleção
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Tales Torraga

E Ricardo Centurión foi convocado para a Copa do Mundo, como o blog antecipou em 1º de fevereiro. Há agora ótimas possibilidades de que o ex-são-paulino, hoje atuando muito bem no Racing, seja também um integrante da lista de 23 nomes como reserva de Ángel Di María. E as chances de Centurión jogar são grandes. Di María se machuca sempre na seleção.

Os 35 são esses:

Os convocados da Argentina na Copa – AFA/Reprodução

Sampaoli prometeu anunciar na próxima segunda (21) os 23 nomes que vão integrar a lista inicial para o Mundial da Rússia. Caso alguém se machuque, haverá a obrigação, então, de o substituto estar nesta relação divulgada hoje (14).

O caso de Centurión é realmente intrigante. De atuação bastante fraca sempre que atuou fora da Argentina – e sua passagem pelo São Paulo não deixa dúvidas -, ele é mais do que um simples nome perdido na lista. Sampaoli o vê como um sócio ideal para Messi, chamando a responsabilidade, buscando o drible e ''furando as linhas'', como dizem os argentinos. Não há nenhuma informação séria que o coloque fora da lista dos 23.

O que todos precisam fazer a partir de agora é realmente blindar o seu comportamento, pois Centurión fora de campo mostrou que é realmente uma bomba-relógio, com atos incompreensíveis como dirigir bêbado na madrugada, colocar zonas escolares em risco e oferecer suborno a policiais.

O blog apurou que Jorge Sampaoli e seus assistentes já têm uma estratégia para domar o meia-atacante do Racing: colocá-lo para dividir quarto com Lionel Messi na concentração, nos primeiros dias que seja.

A tática seria semelhante à que Carlos Alberto Parreira fez com Dunga e Romário na Copa de 1994. Como Parreira tinha dúvidas sobre a resistência de Romário aos rigores da preparação, colocou o camisa 11 para ficar sempre na companhia de quem era o capitão e a referência do esforço e da seriedade daquele time.

A ideia com Centurión é realmente situá-lo de onde ele está e mostrar que os deslizes não vão representar um problema particular, mas causar transtornos também para quem é ídolo de toda uma geração. Este deve ser o último Mundial de Messi que, claro, vai precisar dar seu aval e comprar a ideia de Sampaoli e dos seus assistentes – a princípio, não há nenhuma resistência sua.

Resta saber também se Centurión vai se esforçar e resistir às tentações durante dois meses. Estamos diante de semanas interessantíssimas nesta espera argenta até o pontapé inicial em Moscou, onde a azul e branca inaugura o seu sonho do tri contra a estreante Islândia, às 10h (de Brasília) de 16 de junho, um sábado.


Madre hay una sola
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Tales Torraga

Mamá sabe bien
Perdí una batalla
Quiero regresar
Sólo a besarla

No está mal ser mi dueño otra vez
Ni temer que el río sangre y calme
Al contarle mis plegarias

Tarda en llegar
Y al final
Al final hay recompensa

Mamá sabe bien
Pequeña princesa
Cuando regresé
Todo quemaba

No está mal sumergirme otra vez
Ni temer que el río sangre y calme
Sé bucear en silencio

Tarda en llegar
Y al final
Al final hay recompensa

En la zona de promesas

Zona de promesas – do gênio Gustavo Cerati, com a lendária Mercedes Sosa – é a música mais escutada da Argentina no Dia das Mães porque Gustavo a compôs em homenagem à sua, Lilian. A história da canção é hermosa. Está aqui.

Outro hino argentino/roqueiro do Día de la Madre é Madre hay una sola, do Bersuit Bergarabat, um tema triste e indecifrável até para as cabezas mais versadas.

** Post para Lenira, la mamá más joven de todas.


Ídolo do River chama técnico do Boca para a briga
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Tales Torraga

A rivalidade entre Boca Juniors e River Plate é a maior do mundo, segundo a respeitada revista inglesa ''Four Four Two''. E o que se vive em Buenos Aires nas horas seguintes ao bicampeonato do Boca na Argentina é algo para realmente se analisar sob muitos ângulos – social, esportivo e psicológico, para citar só três.

A hostilidade tanto já virou ódio mútuo que até quem deveria dar exemplo de conduta está com dificuldade para segurar a língua. O primeiro a metralhar o rival foi Beto Alonso, camisa 10 do River nos anos 70 e 80 e talvez o mais notório crítico do Boca em Buenos Aires. Em entrevista à Rádio Rivadavia, ele disparou sem dó: ''Torço para o Boca passar de fase na Libertadores e encarar o River logo depois. Seria bom pegá-los para dar-lhes un bife''. Na gíria, dar un bife significa acertar um tapa ou um soco na cara. E as críticas do capitán Beto não pararam por aí.

''O Boca não sabe o que faz em campo. O Tevez? Não está jogando nada. Nem deveria estar no Boca, quanto mais ir para a seleção, principalmente na Copa.''

Beto Alonso, hoje com 65 anos – Aníbal Greco/Reprodução La Nación

A resposta do técnico Guillermo Barros Schelotto veio na esteira da comemoração do título obtido com um 2 a 2 em La Plata contra o Gimnasia na última quarta (9). Visivelmente transtornado, ele dedicou o bicampeonato xeneize no Campeonato Argentino ao eterno ídolo do River.

''O Alonso está velho para ser mal-educado. Que ele respeite o Boca, como respeitamos o River quando perdemos a Supercopa e ficamos em campo para a premiação. Não me surpreende o que ele diz. Ele sempre foi um desencaixado'', disparou, ao vivo, no Fox Sports.

Alonso logo retrucou. Na noite desta quinta, à Rádio Cooperativa, mandou:

''Se ele quiser que a gente se encontre cara a cara, a gente se encontra. Eu vou até lá e vai acontecer o que tiver que acontecer'', falou, irritadíssimo, dizendo que as palavras do técnico do Boca eram uma forma de esconder o péssimo desempenho da equipe, que havia sido campeã na sorte e no descaso dos demais.

''Não vou permitir que me chame de mal-educado porque o melhor que meus pais me deram foi a educação. O que ele falou me machuca, porque nunca me meti com ele, só dei minha opinião sobre o futebol da equipe. O pai dele disse que o Guillermo é o Robin? Então eu sou o Superman'', vociferou.

Guillermo e Gustavo Barros Schelotto – Boca Juniors/Divulgação

O diário ''Olé'' procurou Alonso nesta sexta para ouvi-lo sobre sua pelea com Schelotto. E o ídolo no River não recolheu a artilharia. ''Vão ser dois contra um, aí não tem briga…'', finalizou Alonso, ironizando o fato de que Guillermo Barros Schelotto faz tudo – inclusive treinar o Boca – ao lado do irmão gêmeo, Gustavo.


Por que argentinos têm tantos títulos nacionais a mais que brasileiros?
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Tales Torraga

Buenos Aires amanheceu na ressaca da barulhenta festa dos torcedores do Boca Juniors. O clube conquistou na noite desta quarta (9) o seu bicampeonato argentino ao alcançar um suado 2 a 2 contra o Gimnasia de La Plata. Já era mais do que esperado. O Boca liderou todo o torneio e abriu uma vantagem essencial no ano passado, quando os principais oponentes estavam enroscados na Libertadores – competição que o time comandado por Guillermo Barros Schelotto não disputou.

O que coloca este título do Boca como algo especial com relação aos anteriores é a diminuição da vantagem histórica do River Plate na lista de títulos conquistados na Argentina. Somando os torneios de Copa (em mata-mata) ou de Campeonatos (os últimos em pontos corridos, por exemplo), a contagem hoje é de 47 a 45 para o River, e já há, óbvio, o calor mútuo sentido nessas ocasiões tão bélicas e parelhas.

A contagem de títulos na Argentina – Olé/Reprodução

O Brasil pode até estranhar a alta contagem de conquistas de ambos, mas a razão para tantas taças é bem simples. O primeiro título nacional considerado pelo River é de 1914, enquanto o Boca ergue troféus na Argentina desde 1919. E a contagem inclui os antigos campeonatos que se disputavam, por exemplo, no célebre formato Apertura/Clausura, terminando uma temporada, por exemplo, com dois títulos.

É mais ou menos o que ocorre no Brasil hoje com as somas de Brasileiro e Copa do Brasil, embora o recuo no tempo entre os argentinos seja muito maior. Se o River ergue taças desde 1914, o Palmeiras, time brasileiro que tem mais títulos nacionais, com 12, conquistou o seu primeiro em 1960, com a Taça Brasil, que entrou no calendário em 1959 – para se ter ideia do atraso, os clubes argentinos registram os seus campeões desde a era amadora, que começou a ser disputada em 1891.

Dos seus 47 troféus, o River tem 36 títulos de liga (como os argentinos chamam os campeonatos) e 11 de Copa. O Boca acumula 33 ligas e 12 Copas. Que loucura: ambos disputaram entre si a Supercopa Argentina há dois meses. O River foi campeão. Caso fosse o Boca, a contagem hoje seria de exatos 46 a 46.