‘Plano M’: como Mascherano ganhou força para ser o técnico da Argentina
Tales Torraga
O primeiro a soltar a bomba, vale reconhecer, foi o ótimo Mariano Closs, um dos melhores narradores da Argentina, em seu programa na Rádio Continental, de Buenos Aires. E estava na cara que um profissional da sua bagagem não mandaria a bola para longe: o blog apurou que é mesmo verdade que a AFA vai, sim, oferecer a Javier Mascherano para que ele seja o novo técnico da seleção.
E não será um convite qualquer: o presidente Chiqui Tapia em pessoa agendou para a próxima semana uma viagem à China, onde o Jefecito joga no Hebei Fortune, para trocar impressões sobre como deve ser a seleção daqui para a frente.
A AFA já fez sondagens pouco concretas a Mauricio Pocchetino e a Diego Simeone, e ambos deram o seu não. O interesse por Mascherano tem tudo a ver, óbvio, com uma questão de dinheiro. A associação ainda paga a rescisão de Jorge Sampaoli (cerca de US$ 1,5 milhão) e sofre para arcar com um débito em aberto de US$ 300 mil com Tata Martino. O acerto com Mascherano, que nem técnico ainda é, seria por um valor na casa dos US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) mensais, uma dádiva para uma AFA que reclama da falta de dinheiro em tudo o que faz e chega à Rússia para disputar o Mundial em um avião particular dos mais luxuosos (e pintado de Rolling Stones só para agradar o roqueiro Sampaoli, já demitido).
O segundo ponto que leva a seleção a Mascherano é a possibilidade de colocar em prática aquilo que Tapia sempre defendeu: ter um técnico jovem à frente da equipe nacional. Mascherano está com somente 34 anos, mas disputou quatro Copas pelo país e é o recordista de jogos com a azul e branca, e seria submetido ao auxílio determinante de alguém com as ''costas quentes'' que viriam de José Pekerman ou Alejandro Sabella, os dois nomes mais fortes para ser o novo diretor de seleções, cargo que Tapia também pretende criar. Pekerman e Sabella foram os dois técnicos mais determinantes na trajetória de Mascherano na seleção – o convívio entre eles, a princípio, seria fluído e sem os lamentáveis motins que resultaram no fracasso argentino na Copa e na saída de Sampaoli do comando da equipe.
Pronto três para o ''Plano M'': Messi. A sintonia entre o ex-camisa 5 e o camisa 10 sempre foi das mais poderosas, e a AFA não quer abrir mão dos negócios que deixariam de ser gerados com a ausência de Messi no elenco. Lionel, óbvio, está desgastado com toda a bagunça que virou a seleção argentina depois da morte de Julio Grondona, ex-presidente da AFA, mas jamais recusaria qualquer pedido vindo de um amigo de tão longa data. Estudos que circulam na imprensa argentina nos últimos dias mostram que há uma desvalorização de mercado de cerca de 50% da seleção sem Messi no que diz respeito às comissões de TV e de patrocinadores. Não é de se duvidar que a taxa real seja até um pouco superior a isso.
Mascherano já postou em seu Twitter – e mais de uma vez – que estava fazendo o curso de treinador da ATFA (Asociación de Técnicos de Fútbol Argentino). As primeiras postagens do Jefecito eram de 2016. O curso da ATFA dura exatamente dois anos, pelo que apurou o blog, e pode ser feito à distância. Apenas o exame final é presencial – três fatores que têm tudo a ver com a possibilidade de o ex-volante assumir a equipe a partir de janeiro.
O único senão em tudo isso seria uma recusa de Mascherano, mas não é o que o seu entorno indica. Sebastián, irmão do Jefecito, até já declarou que a família se prepara para que ele assuma o cargo.