Centurión testa fama de carrasco do River no ‘faroeste’ de Avellaneda
Tales Torraga
Ricardo Centurión jamais escondeu: é tão fanático pelo Boca que tem até um Maradona tatuado na perna. O imperdível clássico – podemos chamá-lo também de ''faroeste'' – das 19h30 (de Brasília) de hoje (9) no Cilindro de Avellaneda tem inúmeras atrações para onde quer que se olhe. Mas é justo, até pelo seu passado brasileiro, colocar os holofotes em cima de Ricky Centurión, hoje a grande carta de ataque da esforçada Academia treinada pelo explosivo técnico Chacho Coudet.
O amor pelo Boca – e a automática antipatia com relação ao River – faz de Centurión um verdadeiro pesadelo para o millonario de Núñez. Quando vê a banda vermelha do outro lado da cancha, Ricky costuma simplesmente arrebentar. Até hoje, enfrentou o River em seis ocasiões. Ganhou quatro (duas pelo Racing, uma pelo São Paulo e uma pelo Boca) e empatou uma. A única que perdeu, um 3 a 1 em plena Bombonera, quando ainda jogava pelo Boca, saiu de campo ainda no primeiro tempo, machucado. Ou seja: o River jamais derrotou Centurión com ele em campo até o fim.
O atacante não foge da pressão e diz que ''deu risada'' quando soube que o adversário nesta picante oitavas de final da Libertadores seria justamente o River. O atual desempenho do loco Centurión em campo é mesmo dos melhores já vistos em sua carreira. Fez 20 jogos pelo Racing desde que voltou ao clube em janeiro, marcando nove gols e servindo nove assistências. Estava jogando tão bem que seria levado por Jorge Sampaoli à Copa do Mundo da Rússia, mas uma ida sua a uma balada em uma hora pouco apropriada colocou tudo a perder. Ele tem só 25 anos. Pode ser uma boa aposta para o Catar-2022, mas vamos voltar ao mega clássico de hoje.
Centurión, claro, vai enfrentar um River muy fuerte – e que começa a série como favorito, até por decidir a classificação em Núñez no próximo dia 29.
O time comandado pelo brilhante técnico Marcelo Gallardo segue contando com uma seleção em vermelho e branco. O goleiro é Armani, um dos poucos sobreviventes do vexame argentino na Copa do Mundo. Os defensores são Montiel, Martínez Quarta, Pìnola e Casco – não é uma linha que costuma jogar sempre junta e que pode demonstrar fragilidade. O meio-campo tem os volantes Ponzio, Palacios e Nacho Fernández e a habilidosa e pensativa armação de Pity Martínez para servir o potente ataque com Scocco e Pratto.
O Racing vai a campo com um desfalque importante, o zagueiro Donatti. Lautaro Martínez está há tempos na Inter de Milão e já cedeu lugar ao ótimo Gustavo Bou, que está em grande fase. Os 11 de Coudet no Cilindro serão: Arias; Saravia, Sigali, Orban e Soto; Zaracho, Nery Domínguez, Neri Cardozo e Centurión; Licha López e Bou.
Que ninguém se espante se a partida virar um ''concerto de golpes e patadas'', como dizem os argentinos, e ser uma guerra em campo estilo River x Boca na Libertadores-2015. O River, insistimos, é favorito na série, mas um placar largo em favor do Racing no enlouquecido Cilindro pode destrozar este prognóstico.