O espantoso tabu que espera por Messi na Rússia
Tales Torraga
Os mais atentos têm tudo na ponta da língua: a Argentina não conquista a Copa do Mundo há 32 anos e não ergue um troféu sequer com a sua seleção adulta desde 1993 – e lá se vão 25 anos desde aquela Copa América disputada no Equador.
Mas há um outro dado, mais escondido, que é um praticamente um golpe baixo no orgulho argentino às vésperas deste Mundial da Rússia que vai ser encarado pela ''seleção de Lionel Messi'', como Jorge Sampaoli já cansou de dizer em referência (e reverência) àquele que considera o ''maior de todos, acima de Pelé e Maradona''.
Pois bem: desde o dia 24 de junho de 1990, quando venceu o Brasil por 1 a 0, que a Argentina não derrota uma seleção campeã do mundo em uma partida por Copas. Aquele encontro mesmo só terminou com vitória azul e branca por milagre. Teve a ''água batizada'' entregue a Branco e os atacantes brasileiros quase amassaram as traves de Goycochea, acertando três chutes nos postes e ainda perdendo um gol inacreditável nos pés de Müller, sozinho, quase na pequena área, no último minuto.
Este tabu sem vencer um campeão em um Mundial já dura 28 anos. E quando falamos vencer, falamos vencer no tempo normal ou na prorrogação, sem contar as decisões por pênaltis para tirar a Itália em 1990 e a Inglaterra em 1998 – e sem somar também a queda ante a Alemanha de Lehmann e o seu papelzinho em 2006.
Desde aquele épico de genialidade de Maradona contra o Brasil no Delle Alpi de Turim, a Argentina enfrentou campeões em Copas sete vezes. São três empates (já mencionados, contra a Itália 1990, Inglaterra 1998 e Alemanha 2006) e quatro derrotas – uma para a Inglaterra em 2002 (1 a 0) e três para a Alemanha, o injusto 1 a 0 de 1990, o lapidário 4 a 0 de 2010 e o cortante 1 a 0 de 2014, com gol de Götze.
A Argentina pode cruzar na Rússia com uma campeã logo nas oitavas, com a França que está no Grupo C, ao lado de Peru, Dinamarca e Austrália. Ou nas quartas, contra a Espanha que atropelou a azul e branca por 6 a 1 em março.
Para deixar tudo ainda mais nebuloso para Messi e companhia, é preciso ressaltar que a Argentina foi a única campeã que desde aquele junho de 1990 não venceu nenhuma outra. As líderes nos aproveitamentos em tais confrontos desde aquelas oitavas de final de 28 anos atrás são Alemanha (69,7%), Uruguai (53,3%) e Itália (50,0%). O Brasil? Duas vitórias (Inglaterra e Alemanha 2002), duas derrotas (França 2006 e Alemanha 2014) e um empate (Itália 1994): 46,6% de efetividade.