Ausência de Icardi provoca vazio que Copa não vê desde 1986
Tales Torraga
E Mauro Icardi realmente vai ver a Copa do Mundo pela TV. Já era esperado? Se olhar para a história – e não para a histeria argentina -, não, nada esperado.
É realmente raro demais que o artilheiro do Campeonato Italiano não tenha um espaço sequer como reserva no Mundial. Tal situação não ocorria desde 1986, quando o italiano Roberto Pruzzo, então na Roma, não foi levado pelo técnico Enzo Bearzot para a Copa do Mundo disputada no México e vencida pela Argentina.
(Muitos, claro, já ligam a ausência de Maurito ao tri argentino, só pela coincidência.)
Icardi, pela Inter de Milão, e o italiano Immobile, da Lazio, dividiram a condição de ''Capocannoniere'', como são chamados os artilheiros de cada edição do Campeonato Italiano. Cada um terminou a competição com 29 gols. Icardi jogou 34 vezes para atingir esta marca; Immobile atuou em 33 compromissos, mas não teria chances de Mundial porque a Itália caiu nas Eliminatórias.
E por que Sampaoli não levou Icardi no vigor dos seus 25 anos?
Por ele entender que Mauro não combina com o seu estilo de jogo. Icardi, na Inter de Milão, é responsável por aquilo que os argentinos chamam de ''último toque''. É um finalizador excelente, mas obriga que o restante do time jogue em sua função. Sampaoli não imagina a Argentina jogando desta forma. Higuaín e Agüero, os atacantes escolhidos pelo técnico, vão fazer um pouco de tudo – inclusive armar e marcar, dando o toque de agressividade que a Argentina quer impor na Rússia.
É claro que há versões que indicam que Icardi foi rejeitado pelos medalhões da seleção, que não toleram o seu relacionamento com Wanda Nara, a ex-mulher de Maxi López. O blog apurou que não houve tal rejeição – mas Icardi sim perdeu muitos pontos com Sampaoli ao pedir dispensa dos amistosos da seleção em novembro do ano passado ante Rússia e Nigéria. Icardi estava machucado, mas sua presença nos treinos e no convívio com o técnico eram fatores que ele deveria levar em consideração ao não correr o risco de ser preterido na convocação final.
Os últimos artilheiros do Italiano em anos de Copa – e como eles foram no Mundial:
1990 – Marco Van Basten (HOL/Milan) – eliminado nas oitavas pela Alemanha
1994 – Giuseppe Signori (ITA/Lazio) – vice diante do Brasil
1998 – Oliver Bierhoff (ALE/Udinese) – eliminado nas quartas pela Croácia
2002 – David Trezeguet (FRA/Juventus) – eliminado na primeira fase
2006 – Luca Toni (ITA/Fiorentina) – campeão ante a França
2010 – Antonio Di Natale (ITA/Udinese) – eliminado na primeira fase
2014 – Ciro Immobile (ITA/Lazio) – eliminado na primeira fase