Sampaoli e medalhões enfrentam novo atrito
Tales Torraga
Pobre Jorge Sampaoli. Até o que seria uma solução está lhe causando problemas.
O dilema em questão usa luvas e é a sensação do Campeonato Argentino neste 2018. Trata-se de Franco Armani, goleiro do River, que está – com justiça – sendo comparado a Pato Fillol com defesas inacreditáveis, como as do Cilindro de Avellaneda, no último domingo, para ajudar o Millonario a bater o Racing por 2 a 0.
Sampaoli esteve no Cilindro para ver de perto Lautaro Martínez e, claro, Armani. Não resta dúvidas de que o arquerazo do River não merece apenas a convocação, mas também ser o titular argentino na Copa do Mundo. Ele faz milagres a cada semana. E Chiquito Romero sequer joga pelo Manchester United.
A pressão sobre Sampaoli para convocar Armani é gigante. Todos os jornais portenhos deram nota dez ao goleiro do River depois do jogo contra o Racing, e uma enquete no site do diário ''Olé'' indicou que 75% dos internautas gostariam de ver Armani não no banco de reservas – mas como titular da Argentina no Mundial.
São poucas as vozes contrárias a esta tendência.
Uma delas é a de Diego Maradona, que disse sem rodeios: ''Armani não é um grande goleiro''. Pablo Caballero, ex-arqueiro da seleção, hoje manager do Vélez, também atacou: ''Pedir a sua convocação é uma falta de respeito com os goleiros das Eliminatórias e de todo o processo. Esta pressão soa como uma manobra do River para justificar os US$ 4 milhões que gastou em um jogador veterano''.
Armani tem 31 anos e construiu sua carreira no Atlético Nacional, de Medellín. Casado com uma colombiana, quer viver por lá depois de pendurar as luvas, e está a um passo de assinar a sua cidadania cafetera. E é essa a deixa para o argentino José Pekerman, técnico da seleção colombiana, ficar de olho bem aberto na possibilidade da sua convocação para o Mundial da Rússia.
A questão técnica é formalidade. Da maneira como está defendendo, Armani não deve (ou não deveria) ficar fora da Copa – tanto é assim que Sampaoli já agendou uma conversa pessoal com ele nesta sexta (13) em Buenos Aires.
A questão toda é: se Armani for convocado, vai ser titular. É impensável imaginá-lo no banco exercendo grande pressão sobre Romero em plena Copa do Mundo.
Mas se Romero ceder a titularidade, o problema vai estar armado.
Romero é da geração de Messi, Mascherano, Agüero, Biglia e companhia, uma figura valorizada por todos pela sua trajetória na seleção. Vai disputar sua terceira Copa, também a última, e sempre teve uma voz das mais pesadas nos bastidores.
Sampaoli mede riscos. Sem um time ainda definido e cada vez mais perto da Copa, avalia se vale a pena resolver seu problema no gol – mesmo que isso, segundo nos conta desde a seleção, signifique ''cravar uma faca no coração do grupo''.
O técnico e os jogadores já tiveram as suas primeiras desavenças depois do ''papelão de Madri'', o 6 a 1 para a Espanha. Criar um bom clima de trabalho na seleção argentina já é tão necessário quanto encontrar as respostas em campo.
Observação certeira de um parcerazo nosso, fanático pelo Charly García:
Essa panelinha dos amigos do Messi tem exigencia, veto, voto e opinião demais para quem nunca ganhou absolutamente nada na seleção, não? Ok, tem o peso do Pulga, a AFA parece um circo, mas a patota escolhe técnico, elege o grupo, seleciona o menu do almuerzo… Quem vê, pensa que ganharam as ultimas Copas.
Alguém consegue discordar?