Patadas y Gambetas

Opinião: Vitória argentina não deve iludir

Tales Torraga

¡Aleluya! A Argentina ganhou sem Lionel Messi pela primeira vez em quase dois anos (desde a estreia da Copa América Centenário contra o Chile em junho de 2016). Vamos ignorar o 6 a 0 do ano passado em Cingapura – Cingapura não vale.

Só não vamos desconsiderar que a grande figura em campo nesta sexta em Manchester foi o goleiro Willy Caballero, que provou merecer um lugar na Copa.

Comemoração do gol de Lanzini em Manchester – Reprodução/Olé

O gol de Banega, o do 1 a 0, saiu quando a Argentina estava entregue à Itália. E o gol de Lanzini, o 2 a 0, só ocorreu depois de um contra-ataque que nem deveria existir: a jogada italiana anterior só não terminou em 1 a 1 por milagre.

(A Argentina, aliás, poderia perfeitamente ser a deprimida Itália neste instante – poderia ser ela, a azul e branca, a grande ausente desta Copa, não fosse o salvador 3 a 1 nos reservas do entregue Equador em Quito. Não custa lembrar.)

Caballero não deve ser considerado o único ponto alto argentino. Os laterais – Bustos e Tagliafico – provaram que também podem ser boas opções aos titulares Mercado e Rojo. Fazio e Otamendi formam uma dupla de zagueiros de respeito.

Os problemas argentinos vêm do meio para a frente.

Biglia e Paredes, os dois volantes, oscilaram demais. A criação com Lanzini e Lo Celso também. Banega entrou bem. A Argentina só armou o suficiente para vencer depois que ele foi a campo.

Di María teve certa pressa na definição das jogadas, e Higuaín voltou a mostrar que na Juventus ele é um – e na seleção, ainda um pouco perturbado, outro.

O 2 a 0, visto de maneira crua, e ponderando a ausência de Messi, pode sugerir que a Argentina já está na trilha daqueles que apostam que a seleção é uma das favoritas ao título, e que Messi vai dar adeus às Copas erguendo o troféu do tri.

Não é para tanto. A Argentina ainda busca uma atuação mais auspiciosa.

Com Messi, ela pode vir contra a Espanha na próxima terça em Madri. Bater no peito e se iludir com o 2 a 0 sobre a Itália não vai ajudar em nada. Jorge Sampaoli ainda tem muito o que fazer para a Argentina merecer um espaço entre as favoritas.